25/08/2022

O Cristão e a Política

Distinção n. 1: O que é Política?

Distinção n. 2: O que as pessoas de bem devem esperar dos governantes?

Distinção n. 3: Os verdadeiros fundamentos da Filosofia Política.

Distinção n. 4: A Filosofia Política de Platão.

Distinção n. 5: A Filosofia Política de Aristóteles.

Distinção n. 6: O problema das ideologias totalitárias.

Distinção n. 7: Sim e Não. Sim à Liberdade, Não à Ditadura Cultural.

 

Distinção n. 1: O que é Política?

Analisar-se-á questões envolvendo o tema “o cristão e a política”; e a primeira distinção - uma distinção basilar -, é a resposta à pergunta: o que é política?

1. A resposta à pergunta: “o que é política?”, é baseada no princípio fundamental daquilo que se estabelece como ordenação da vida social e cultural do ser humano; Aristóteles define o ser humano como um “animal político”, isto é, um ser que é e está envolvido na política; com isso, a política é tema fundamental da vida humana enquanto vida em comunidade; donde, é um erro alguns afirmarem que não se discute política por isso ou por aquilo; ou ainda, por aqueles que dizem que fulano ou ciclano não pode falar de política; não se pode falar de política se não souber de política; aliás deve ser fundamento de toda boa política prezar pelo ensinamento a todos sobre os fundamentos do que é a política. Se os seres humanos tem se viver em sociedade, o que é imperativo, então, é necessário falar de política.

2. A política pode ser entendida de dois modos: enquanto ciência e enquanto arte; enquanto ciência, é o estudo das relações de poder e dos princípios que constituem a governança pública; por isso, fala-se em ciência política, que por sua vez, desdobra-se também em filosofia política, que basicamente é uma análise filosófica da razão de ser da política. Enquanto arte, a política é o meio do bem governar, a arte do viver em sociedade, pois, enquanto arte, a política tem um determinado fim, isto é, a política é algo que vai além do mero jogo de poder e de intrigas que tem tomado conta do cenário hodierno; este fim, ou propósito, é o “para quê” a política existe.

3. Além disso, a questão da arte, da tékhne como os gregos a chamavam, envolve duas questões básicas, dois adjetivos que vem amalgamados a noção de arte, a saber: “oikonomiké” e “politiké” (Aristóteles, Econômicos, 1343a); “oikonomiké” significa basicamente a arte de administração doméstica, donde provêm o termo economia; e “politiké” significa basicamente a arte de administrar a pólis, a cidade, o estado. Por isso, a política enquanto arte, depende tanto da economia, pois, uma política que se oriente com vista ao progresso da economia, do crescimento econômico e do bem-estar geral disponível a todos, sempre será fruto de uma boa política e uma boa política há de fixar-se no crescimento e na liberdade econômica, na conhecida questão do livre-comércio. Este é um dos princípios fundamentais e constitutivos de um Estado de Direito que quer crescer, progredir e se desenvolver. E é também o princípio fundamental que nós cristãos devemos ter ao analisar a política que regula este ou aquele candidato, ou este ou aquele partido; pois, uma política que busca esclerosar os meios de produção, que busque interromper o livre-comércio e obnubilar o crescimento econômico, não é uma política verdadeira, e sim uma política sob a influência de ideologias nefastas; por isso, nós cristãos não podemos aprovar a política envolta em ideologias nefastas.

 

Distinção n. 2: O que as pessoas de bem devem esperar dos governantes?

1. A resposta à pergunta: “o que as pessoas de bem devem esperar dos governantes?”, necessita novamente de se voltar a definição de política. Política é “a arte de viver em comunidade” (a definição é de John Stott!); pois, na vivência das relações interpessoais e intercomunitárias, é necessário além da ordem, a manutenção desta ordem tanto com leis quanto com governantes que procurem velar por estas leis bem como procurem o bem estar de sua respectiva nação, sem ferir a justa-medida do bem estar de outra nação; mas, os magistrados e as potestades políticas, tem por função fundamental levar adiante este princípio da política, isto é, do da vivência comunitária com ordem e decência; evidentemente, sem utopias ou ideias mirabolantes, mas os princípios da ordem e da decência, são fundamentais no entendimento sobre a política e no exercício de uma política que não envergonhe aqueles a quem ela deve representar.

2. Demais, os princípios de ordem e da decência, devem permear a compreensão que nós cristãos devemos ter da política; uma política com ordem não deixará espaço para a desordem da da corrupção; uma política com ordem não se tornará elemento de manipulação ideológica como o marxismo-comunismo faz; uma política com decência, os próprios políticos hão de pelo menos ter um pingo de hombridade no exercício da função; uma política com ordem e decência, os políticos ditos conservadores, se darão pelos menos a tarefa primordial de também estudarem e lerem bastante, para ter com que falar com o povo e o que defender de seus valores e ideais. Esta é, em linhas gerais, a definição prática do que as pessoas de bem devem esperar de seus governantes sob o ponto de vista de uma consciência cristã.

3. Com isso, as pessoas de bem devem esperar dos governantes aquilo que de modo natural deve estar imbuído na contextura do exercício ou da magistratura ou da potestade política; a Escritura fornece muitos princípios de ajuizamento, entre os quais, vale mencionar, pelo menos seis aspectos básicos:

(I) é Deus quem estabelece reis e é Deus quem tira reis (Dn 2.21), portanto, os políticos devem estar conscientes que estão numa autoridade sob a soberania divina e não como déspotas, mas submissos ao Deus Todo-Poderoso, o soberano do universo.

(II) os líderes políticos devem buscar sabedoria (Pv 8.15-16), pois, sem a sabedoria não há como se governar de forma equilibrada e decente, para que o povo não venha a cair (Pv 11.14), isto é, para que o povo não venha a sofrer com as decisões políticas.

(III) sobre a liderança política sábia reponta a dissipação dos conselhos ímpios (Pv 20.26), isto é, sobre uma liderança política sábia os maus intentos e as tentativas de destruição são dissipados.

(IV) a verdade, a honra e a bondade guardam o líder político da desonra e da infâmia do mal (Pv 20.28).

(V) a liderança política não deve buscar riquezas e tesouros desonrados, pois, isso destrói a integridade requerida da liderança política, pois o líder político que aborrece a avareza e a ladroagem, certamente prolongará seus dias (Pv 28.16).

(VI) a liderança política deve ser justa e procurar a justiça, pois, quando os líderes são justos o povo se alegra, mas quando são ímpios e aborrecem a justiça o povo geme (Pv 29.2), isto é, o povo sofre.

 

Distinção n. 3: Os verdadeiros fundamentos da Filosofia Política.

1. A noção de política e do que se deve esperar das potestades políticas e dos magistrados, demonstra a necessidade de se falar sobre os verdadeiros fundamentos da filosofia política, isto é, os fundamentos que devem guiar e análise e entendimento do todo da política; quando se entende o que é política, e quando se entende o que se deve esperar dos governantes, logo, prepara-se o caminho para o entendimento do que é necessário se saber para uma sólida análise filosófica da política, ou pelo menos, numa análise da política de forma integra e concreta.

2. Os fundamentos de uma filosofia política podem ser entendidos de duas formas: a primeira, de forma teórica; a segunda, de forma prática; de forma teórica, nos princípios que constituem a análise filosófica da política, a saber: a política como elemento comum na vida humana, na sociedade organizada, requer uma análise racional para descrever como se atesta a política na verdade, isto é, em como a política está diante e para a verdade no todo da vida humana; de forma prática, nos princípios que constituem a concreção básica da política, a saber: a forma como o conceito e a estruturação da política se conflui na prática da vida de uma nação; portanto, uma filosofia política constitui-se de entendimento teórico, nas mais diversas formulações dos filósofos ao longo da história no que estes pensaram sobre a política (como por exemplo, filosofia política em Platão, em Aristóteles, etc.), mas também constitui-se de entendimento prático, na forma como o pensamento dos filósofos sobre a política se concretiza na vivência em sociedade.

3. E é muito importante se analisar isso, pois, quando os políticos fazem um discurso, ou pronunciam-se contra ou favor desta ou daquela questão, então, é necessário verificar o que está por detrás de tal discurso, que figura-se como a filosofia política de determinado governante. A filosofia política nada mais é a filosofia de grandes coisas que são simples; grandes coisas, porque refere-se a governança de uma nação; coisas simples, porque são expressões corriqueiras e comuns no cotidiano das pessoas de bem. Sir Winston Churchill assevera de forma inconfundível: “Todas as grandes coisas são simples. E muitas podem ser expressas numa só palavra: liberdade; justiça; honra; dever; piedade; esperança”.

Nesta expressão de Churchill estão os valores que devem ser buscados e correspondidos pelos políticos; políticos que não buscam estes valores e/ou estão filiados e ligados a partidos que estão impregnados com a filosofia marxista-comunista e coisas similares, ainda que digam o contrário, sempre se voltam contra os valores centrais da filosofia política racional, pois, os fundamentos do marxismo são delineados para a destruição dos valores eternos e de toda a ordem da criação. Deste modo, políticos ligados a filosofia marxista estão sempre mentindo e surrupiando a ordem da realidade em prol de mentiras as quais eles próprios são frutos. Por isso, não existe filosofia política racional no marxismo, apenas destruição e corrupção. Os verdadeiros valores da filosofia política são expressos por estes “vocábulos” delineados de forma sábia pelo gênio das letras inglesas: vocábulos estes, que devemos ouvir dos bons políticos, não apenas como expressão de frases e/ou palavras de efeito, mas como sinônimos de compromisso com a verdade, a integridade, a honra, a justiça, o dever, a piedade, a esperança e a liberdade; valores fundamentais que devem estar enraizados nos que estão inseridos na contextura política, e que devem sempre ser observados por todo o povo.

 

Distinção n. 4: A Filosofia Política de Platão.

Para interpretar, de forma bem sintética e introdutória o pensamento político de Platão, havemos de nos deter rapidamente em três de suas obras: (1) “Górgias”, onde Platão apresenta a retórica; (2) “A República”, onde Platão apresenta o Estado Ideal; (3) “As Leis”, onde Platão amadurece seu pensamento discorrido tanto no Górgias quanto na República (e em outros escritos) e apresenta uma síntese mais profunda e equilibrada. Analisemos rapidamente, pois, cada um destes escritos de Platão:

1. Platão, no Górgias, apresenta a questão sobre a retórica, onde Platão apresenta “Górgias” (por isso, o título do diálogo é Górgias), o antigo orador de Atenas, a partir da compreensão da disputa de Sócrates sobre a retórica; Górgias era um grande orador, mas era um eminente sofista. Por isso, Sócrates apresenta diferentemente de Górgias, o verdadeiro uso da linguagem, isto é, a linguagem como instrumento de verdade, em oposição a Górgias, que conquanto fosse um grande orador, apresenta a linguagem como instrumento de poder, e como consequência, como instrumento de manipulação. É também por isso que Platão apresenta a expressão de Sócrates, quando este considera-se como um único que entre os atenienses procura realizar a verdadeira arte política, e o único, entre aqueles que são seus contemporâneos que a prática. Por isso, as invectivas de Sócrates contra Górgias, fazem com que o verdadeiro valor da retórica, e o verdadeiro valor do político sejam demonstrados, a saber: a retórica, a linguagem, a política, o exercício da potestade política, devem ser instrumentos da verdade e não instrumento de poder tirânico. Esta diferença básica é percebida na confrontação entre os sofistas - entre os quais o próprio Górgias, e ainda no diálogo Polo e Cálicles -, e os filósofos - entre os quais Sócrates e Platão (e depois Aristóteles) -, no exercício do verdadeiro entendimento da linguagem; sem as demagogias sofistas e sem as safadezas marxistas.

2. Já em “A República”, Platão apresenta o Estado Ideal; este diálogo parte da busca pelo conceito de justiça, o qual, faz com que o diálogo gire em vários círculos concêntricos, desde o antônimo de justiça, a injustiça, até os mais diversos aspectos, pelos quais se pode compreender a justiça bem como a injustiça, isto é, através de temas políticos, psicológicos, etc. Deste modo, Platão ascende na compreensão e na explicação dos diversos regimes políticos, os quais são também expressão singular das características da alma humana, e discorre sobre eles, a fim de demonstrar a própria contribuição, o que Platão define como o Estado Ideal, ou a cidade bela. E esta cidade bela para Platão existe a partir da harmonia na alma dos homens, que se concretiza então na expressão do que os cultores da vida social e política devem fazer para que esta harmonia seja preservada e assim se forme e se mantenha a cidade bela. E esta harmonia, é fruto das livres-decisões nas quais tanto os políticos quanto os cidadãos a exercem em função e a partir da razão natural. Nesta harmonia, que depois, em “As Leis”, Platão chamará de justa-medida, é que nasce a verdadeira saúde, tanto na alma quanto na pólis, sendo a cidade expressão do estado de alma de seus cidadãos, o que, por sua vez, se concretiza também no conceito de justiça. São por estas características que fazem com que “A República” de Platão seja considera utópica, ou um idealismo sonhador. Enfim, sendo ou não idealismo - não se vai entrar neste mérito aqui -, em “A República”, Platão esboça o pensamento político que estabelecera desde a juventude e na fase de transição de seu pensamento, sob a influência de Sócrates, para, então, prosseguir para a fase de maturidade, para a elaboração de suas próprias ideias.

3. E por fim, na obra “As Leis”; esta obra, do período de maturidade de Platão, onde o próprio faz concessões que no utopismo de “A República” parecia impensável; assim, Platão, perfaz o caminho em “As Leis” na justa-medida para a vivência no Estado, através do que ele chama de “constituição-mista”, e também ao que ele chama de “igualdade proporcional”. Giovanne Reale diz que esta distinção demonstra que para Platão, o poder excessivo produz o absolutismo tirânico e a liberdade demasiada (em termos bíblicos, a libertinagem) acarreta em demagogia ou em sofismas libertários; por isso, em “As Leis”, Platão mescla, faz uma “síntese”, a justa-medida, entre a liberdade com a ordenação, da liberdade sob o princípio de autoridade, ou seja, da liberdade sob os auspícios das leis. Por isso, em “As Leis”, Platão como que estabelece uma “fórmula matemática”, a saber: o respeito a liberdade, em confluência com o respeito às leis, pois, só existe liberdade no respeito às leis.

Nesta obra também, Platão ascende no ponto mais alto que um filósofo, um pensador racional pode ascender, a saber: a compreensão racional que existe um ser superior, que existe Deus; e que Deus é a “justa-medida” para todas as coisas. Por isso, o “idealismo” de Platão, principalmente no que diz respeito a sua ética e a sua doutrina política, ganha conotações singulares de um “realismo” (realismo, mas realismo platônico), quando Platão apresenta a questão da “justa-medida” e do princípio da liberdade na existência política e na vida comum no Estado. Por isso, podemos falar da filosofia política de Platão como um idealismo teórico e funcional, que torna-se, em linhas gerais, em realismo prático de um ideal sonhador.

 

Distinção n. 5: A Filosofia Política de Aristóteles.

Aquilo que Platão fizera em relação a filosofia política em “As Leis”, no desenvolvimento de sua filosofia política, apresentou-se como um idealismo teórico, que torna-se, ao fim da vida de Platão, em realismo prático de um ideal sonhador. Mas, a concreção plena da filosofia na prática, num realismo que se integra em todo os campos do saber, Platão não conseguira fazer, porque também não foi seu objetivo. Todavia, foi o que guiara o seu discípulo mais famoso, Aristóteles. Por isso, é necessário entender a filosofia política de Aristóteles, talvez o homem mais inteligente de todo o ocidente, e por isso, chamado pelos escolásticos medievais de o Filósofo.

1. O Filósofo, fala que o homem é um animal político; isto é, o ser humano é um ser que em sua existência vive em comunidade, e tal vivência, fazem dele um animal político; e esta vivência, que perfaz toda a vida humana, seja a vida privada, na administração doméstica, a oikonomiké, até a vida social, na administração da pólis, a politiké; pois, a casa, o lar, é o fundamento da vida na pólis; donde o ser humano, na existência de sua vida, ser tanto um animal “oikonomiké”, quanto um animal “politiké”. Por isso, estão amalgamados tanto o bem do ser humano quanto o bem do Estado, sendo este proveniente daquele. O Filósofo fala que o bem do ser humano é da mesma natureza que o bem do Estado, donde, se formar aquilo que Aristóteles intitula “o mais belo e o mais divino” fim da “cidade bela”, porque sai da esfera da vida privada, da vida pessoal, e vai para a esfera da vida social, da vida comunitária; Platão dissera que a pólis é expressão da alma humana; Aristóteles pega este princípio e torna-o em singular distinção aplicando-o de forma realista àquilo que se coaduna como o bem do ser humano, a saber: a felicidade; portanto, se existe o bem do ser humano, tudo aquilo que emana da vida humana, as relações domésticas, e as relações sociais e intercomunitárias, formar-se-á o Estado, que por sua vez, também deve velar por este bem. E o Estado só é realmente um Estado propriamente dito quando vela por este bem.

2. Para o Filósofo, o fim, o propósito do Estado, é moral; portanto, a vida orgânica da sociedade tem um fim, a saber: um fim moral; e todo fim moral é um fim em direção as virtudes, na prática destas por aqueles que fazem parte da sociedade, a saber, os próprios seres humanos; é isto que para o Filósofo é o ideal supremo do Estado; em linhas platônicas, porém num realismo mais dinâmico, o Filósofo fala sobre o ideal supremo que o Estado deve almejar, que por sua vez, é abalizado pela moral, na busca as virtudes, o que leva ao caminho do “justo-meio”, a fim de que haja paz e a vivência leve todos os cidadãos a fazer as coisas belas, o que também remete o que diz Platão em “A República”. Por isso, o Filósofo diz que o fim do Estado é o bem supremo do homem, a felicidade na vida moral e intelectual. Esta é a função positiva do Estado; o Estado existe em função do ser humano, e não o ser humano em função do Estado; o Estado está para o bem dos homens; por isso, o ser humano como animal político, está no Estado, porque vive em comunidade, e nesta vivência, o Estado, que existe para o bem dos seres humanos, também é visto como suporte, isto é, como fornecedor daquilo que pode proporcionar este bem dos homens, a saber: através da educação, da justiça e da segurança - características fundamentais de um Estado saudável e que visa o crescimento. Esta é, em linhas gerais, a filosofia política em linhas platônicas-aristotélicas, que influenciará toda a filosofia política posterior.

 

Distinção n. 6: O problema das ideologias totalitárias.

1. Após se entender o idealismo de Platão, que torna-se um realismo de um ideal sonhador, e entender o realismo de Aristóteles, que torna-se um idealismo de um realista-idealista, pode-se perceber, em linhas gerais o problema das ideologias totalitárias, porque elas ferem tanto o idealismo quanto realismo necessário a vida humana, pois, as ideologias totalitárias, ou criam uma utopia inimaginável como o socialismo-comunismo, ou então, um realismo desumano, um realismo puramente materialista, que fazem as pessoas definharem sem as necessidades básicas para a sobrevivência, que matam tanto os valores quanto os ideais presentes na alma humana, tornando assim os seres humanos, em seres imbecilizados. Por isso, as ideologias totalitárias - o comunismo, o fascismo e o nazismo -, colocam ou as pessoas em um estado de sonho, enganando as pessoas sobre as verdadeiras razões de tal ideologia, tal como aconteceu com o nazismo na Alemanha; ou então em um fanatismo materialista, como aconteceu com o comunismo na Rússia.

2. Mas o problema das ideologias totalitárias não é somente em questão de destruição da inteligência, o que por si só já é o maior dos males; mas também, é o enfraquecimento da religião, da verdadeira religião, do cristianismo, a religião da inteligência; pois, as ideologias totalitárias, querem destruir as bases da civilização, para então, implantarem a revolução; deste modo, a religião, particularmente o cristianismo, torna-se empecilho a revolução marxista; por isso, o marxismo tenta destruir o cristianismo; todavia, o marxismo não tenta destruir o cristianismo fazendo frente a frente como numa trincheira; o marxismo tentou fazer isso, e perdeu; todavia, na mudança de estratégia marxista no século XX, o marxismo passou a tentar destruir o cristianismo e a sociedade a partir das entranhas dos mesmos; com infiltração no cristianismo, e tentativa de destruir o cristianismo por dentro, e com manipulação na cultura a fim de destruir a célula-mater da sociedade, a família. Por isso, os políticos que seguem ideologias totalitárias sempre tentam dissimular as mesmas, sob pretexto de bondade, ou por isenção fingida, tal como acontece em países dominados pelo marxismo cultural, como aquilo que se chama de “centro”, entre a direita e a esquerda - só existe “centro” entre a direita e a esquerda, em países culturalmente sóbrios, sem a dominação cultural, pois, em países onde há a dominação cultural, o “centro” é sempre massa de manobra do marxismo; todavia, aqueles que seguem ideologias e filosofias que tentam destruir a religião e a família, nada tem de bom para trazer para a sociedade e para a vida das pessoas.

3. Assim, qualquer ideologia totalitária além de ser anti-cristã também é anti-racional; toda ideologia totalitária luta contra a revelação de Deus e contra a razão humana; por isso, toda ideologia totalitária é uma esquizofrenização moral, intelectual e cultural; as ideologias totalitárias colocam as pessoas em estado de sonho para destruí-las; por isso, jamais podemos aceitar nenhuma ideia ou filosofia política aliada a ideologias totalitárias; ainda que, no julgamento de muitos não se tenha um político ou líder magistrado em quem possam confiar politicamente, todavia, não é motivo para se render a políticos com ideologias totalitárias; não é defesa ou apologia em prol de algum político, mas a valorização daqueles que ao exercerem a vocação pública, a fazem com dignidade e respeito aos valores fundamentais do ser humano; pois, não se pode relegar a displicência de se apoiar políticos que apoiam ideologias totalitárias pelo simples fato de um outro político não agradar os gostos pessoais; os políticos não tem de agradar os gostos pessoais, ou caprichos peculiares de cada um, mas sim tem de ser homens e mulheres honrados que buscam conservar os valores fundamentais (lembrando a expressão de Churchill: justiça, honra, esperança, piedade, liberdade) que transmitem e velam pela dignidade humana como seres criados a imagem de Deus, e que foram criados para viver em liberdade, e não sob o chicote de alguma ideologia totalitária.

 

Distinção n. 7: Sim e Não. Sim à Liberdade, Não à Ditadura Cultural.

Na estrutura destas reflexões simplórias sobre o cristão e a política, chegamos a derradeira distinção, pronunciando: sim e não; uma estrutura dialética que permite-nos demonstrar o “Sim”, como resposta afirmativa e positiva à liberdade; e o “Não”, como resposta negativa e com veemente rejeição à ditadura cultural. Portanto, “Sim” à Liberdade, e “Não” à Ditadura Cultural.

1. Sim. Sim à liberdade; sim ao livre-comércio; sim a liberdade econômica; sim ao crescimento; sim a liberdade de consciência; sim a justiça; sim a honra; sim a esperança; sim a piedade; sim a verdade; sim a intelectualidade saudável e viçosa; sim a religião; sim a Igreja; sim ao progresso equilibrado; sim a educação (isto é, sim a educação plena e as artes clássicas); sim a segurança; sim a saúde; sim a família; sim ao casamento entre homem e mulher, tal como Deus criou; sim aos partidos e políticos que buscam conservar os valores e os ideais fundamentais da vida humana; sim para as pessoas de bem que procuram viver e que trabalham para sustentar suas famílias; e muitos outros “sims” para todas coisas boas e simples da vida, que proclamam a dignidade humana e velam pelo bem-estar geral e pela ordem e a decência.

2. Não. Não à ditadura cultural; não ao intervencionismo absoluto; não a destruição; não a proibição do livre-comércio; não a dissimulação hipócrita por partes das potestades políticas; não a injustiça; não a ladroagem; não a desonra; não a destruição da inteligência pelas ideologias marxistas; não a tentativa de destruir os valores fundamentais da vida humana; não a destruição da educação (isto é, não, não, não, não a Paulo Freire!); não a destruição da saúde; não a ideologia de gênero; não ao aborto; não aos partidos e políticos com filosofia marxista; não para aqueles que querem roubar os direitos fundamentais e dignitários dos seres humanos; e muitos outros “nãos” para tudo aquilo que provêm da filosofia marxista e do comunismo.

Por isso, pronunciamos “Sim” e “Não”; sim para as coisas boas e belas da vida; não para as coisas ruins que tentam destruir os seres humanos. E que possamos integrar tanto o “Sim” quanto o “Não” em nossas preferências e análises políticas, que certamente nos livrará nos erros perniciosos das ideologias políticas. 


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