Proêmio.
1. Com ardente preocupação, e com profunda tristeza,
se faz necessário vociferar contra a ortodoxia russa; as agitações, confusões e
problemas causados pelo apoio da Igreja Ortodoxa Russa (doravante, ortodoxia
russa) à guerra que sua nação trava contra a Ucrânia, demonstram que esta
Igreja, outrora uma das mais belas expressões da Ortodoxia, se tornou um
viveiro de prostituição espiritual.
Pois, àquilo que é afirmado no livro do Apocalipse, da
grande Babilônia (cf. Ap 17.1ss), pode ser afirmado de tempos em tempos das
Igrejas que se rendem as ideologias, as quais vendem sua primogenitura
espiritual e se prostituem espiritualmente e racionalmente sendo dominadas por
poderes de mando; no caso em voga, isso pode ser aplicado plenamente para
descrever o atual estado da ortodoxia russa.
2. A triste e lamentável situação a qual a ortodoxia
russa se submeteu, tornaram-na uma Igreja apostasiosa; e, embora o caminho
ortodoxo seja de paz, amor e misericórdia, quando necessário, se deve revolver
o antigo espírito polêmico dos teólogos bizantinos dos sécs. XIV e XV,
principalmente quando os tentáculos das ideologias a carranca da apostasia
começam a se assomar a vida eclesial.
Agora, não mais se luta apenas contra os inimigos externos, mas também com a própria obra maligna dominando a vida eclesial através de princípios ideológicos; a Igreja Ortodoxa Russa se tornou, sem sombra de dúvidas, uma Igreja Ideologizada; por isso, deixou de ser uma Igreja bíblica e deixou de ser uma Igreja embasada pela tradição dos Santos Padres.
Parte I: A Apostasia da Igreja Ortodoxa Russa.
3. Portanto, não é difícil de se perceber que a
unidade da ortodoxia é duramente golpeada pela situação a qual a ortodoxia
russa, consciente ou não, se submetera e/ou fora submetida, sem quase nenhuma
discordância, o que é ainda pior; parece que a verdadeira fé fora amordaçada em
nome da subserviência para com a vontade de poder do nacional-bolchevismo, a
doutrina do “mundo russo”, vituperando a esperança cristã.
Pois, o que se espera da Igreja, e é isso que os fiéis
em toda a parte também esperam, é que anuncie o evangelho de Jesus Cristo e
seja coluna e firmeza da verdade (cf. 1Tm 3.16); quando isso não ocorre, a
Igreja deixa de se sujeitar a Cristo, e passa se sujeitar a todos os poderes de
mando humano, corrompendo sua missão prescrita por Deus.
Por isso, a não-sujeição a Sagrada Escritura e a
Tradição, como normas para a vida da Igreja, faz com que a Igreja se sujeite as
bolotas de carne do chiqueiro das ideologias.
4. Novamente, agora não só na Igreja Católica ou na
Igreja Protestante, o estado de sonho ideológico volta a se atinar; e muito
pior, uma completa sujeição a um estado de sonho ainda mais maligno e hediondo
do que fora a ideologia nacional-socialista; o Patriarca Russo Kirill, em um
sermão em 06 de março de 2022, justificara o apoio a esta guerra imunda como “uma
luta metafísica”, preceito inalterável da ideologia do “mundo russo”.
Ora, isso além de sofisma, é uma monstruosa afronta
contra a Sagrada Escritura; não existe luta metafísica, pois não há dualismo
metafísico – e que não se busque embasar isso no que Platão estabelece em “A
República”, pois tal luta é uma perversão do real sentido do preceito
platônico; o mal não está na mesma medida que o bem, pois o Bem é infinitamente
superior, ainda que em alguns momentos o mal pareça dominar.
Na verdade, o que há é luta moral, e aqueles que estão
sujeitos aos grimórios da proposição da “luta metafísica”, como o
patriarca russo, estão na verdade contra a lei moral natural e contra a moral
revelada.
A pífia e inócua justificação teológica do patriarca
russo não tem base nem na reta razão nem na revelação; portanto, são aqueles
que apoiam a Rússia nesta guerra, que verdadeiramente estão contra a luz,
contra a verdade de Deus e contra os valores mais sagrados da vida humana.
Por isso, se afirma em alto e bom tom que a hierarquia
da ortodoxia russa se mostrou completamente contrária ao evangelho e aos
ensinamentos bíblicos e dos padres da Igreja ao se submeterem de maneira vil e
infame ao apoio e a justificação desta guerra assassina.
5. Deste modo, se observa que a ortodoxia russa fora
permeada por uma ideologia carniceira; logo, não há mais nela a genuína fé na
Santíssima Trindade, nem a verdadeira Igreja de Jesus Cristo; a genuína fé na
Santíssima Trindade requer aquiescência total e plena para com o que é
transmitido na Sagrada Escritura e pelos padres da Igreja; assim, onde há
sujeição ideológica, há um desprezo deliberado pela fé verdadeira. Pois, a
sujeição ideológica se move de acordo com a chamada “trindade infernal”:
Satanás, o anti-cristo e o falso profeta.
Portanto, quando a ortodoxia russa se tornara
subserviente ao nacional-bolchevismo, o melhoramento do antigo sonho de Lênin
que se tornara no passado em nacional-socialismo, se tornara um viveiro de
hipocrisia, em abominação a Deus, ao mesmo tempo em que está sendo movida pelos
enganos de Satanás, pelo espírito do anti-cristo e pelas hipocrisias do falso
profeta, e, por isso se tornaram em falsa religião; isso tudo é evidência de
apostasia da fé verdadeira.
Na verdade, toda esta subserviência se tornara como que uma sinfonia infernal, na qual uma antiga Igreja se tornara instrumento fundamental da obra de Satanás. E o mais triste de tudo isso é a defesa obstinada e insolente por parte da hierarquia da Igreja Ortodoxa Russa dos preceitos da ideologia do “mundo russo”.
Parte II: Os Princípios da Ideologia do “Mundo Russo”.
6. Ora, tendo compreendido a apostasia que tomou conta
da ortodoxia russa, também se faz necessário entender os princípios da
ideologia do “mundo russo”[1],
doutrina que corrompera a ortodoxia russa; e a ideologia do “mundo russo”,
propaga pelo menos cinco preceitos gerais, os quais são: primeiro, um centro
político comum (Moscou); segundo, um centro espiritual comum (Kiev); terceiro,
uma língua comum, o russo; quarto, uma igreja comum, a Igreja Ortodoxa Russa;
quinto, um patriarca comum, o patriarca de Moscou.
Ora, é mais do que evidente que estes princípios da
ideologia do “mundo russo” não somente violam a própria racionalidade,
mas são totalmente anti-eclesiais; ou seja, em todos os sentidos são evidência
da obra de Satanás.
Por isso, se afirma em ecos cósmicos que a ideologia
do “mundo russo” é uma séria e hedionda afronta contra a fé verdadeira,
o que se constata através dos princípios basilares que permeiam a doutrina do “mundo
russo”; portanto, analisar-se-á brevemente cada um destes cinco preceitos
gerais.
7. Quanto ao primeiro, a ideia de um centro político
comum, é um fundamento comum as ideologias totalitárias, posto que querem
efetuar o domínio sob a autoridade política de um Estado Total; a busca por um
centro político comum, além daquele já estabelecido, é na verdade uma busca por
um Estado Total; ora, o Estado Total é a deificação da vontade de poder de
alguém com autoridade de “deus”, que sempre é o cumprimento em um líder
político do axioma de César: “o estado sou eu”.
Na verdade, o preceito de um centro político comum
evidencia a busca por um poder absoluto, no estado de sonho onde as babaquices
da ideologia se tornam a nova realidade; outrossim, é que a ideia de um centro
político comum é a ideia da instauração de um reino sob a Segunda Realidade;
ora, a busca pela Segunda Realidade é evidência de morbidade na alma, da doença
espiritual que se assoma aos homens que buscam ser “deus”; os que
propagam ideias de acordo com a Segunda Realidade buscam a deificação sob a
vontade de poder; por isso, a ortodoxia russa ao se tornar subserviente a
ideias da Segunda Realidade leva ao vitupério a doutrina da verdadeira
divinização.
Ora, isto é uma forma de gnose em função de uma nova
espécie de gnosticismo; a gnose da ideologia, a busca pelo “mundo russo”,
em função do gnosticismo que se encarna na própria ideologia, o
nacional-bolchevismo.
8. Quanto ao segundo, a ideia de um centro espiritual
comum, é a busca pelo estabelecimento de uma religião global sob o domínio e a
autoridade da ideologia; tal busca, além de demonstrar impiedade no coração, é
evidência de soberba calcinada com ódio, pois se busca instaurar um “reino
espiritual” sob o domínio ideológico; é a busca do anti-cristo por instaurar um
falso profeta sob sua tutela, para ter uma religião para si e a partir de si;
por isso, se torna cada vez mais perceptível que o objetivo desta guerra imunda
é conquistar a capital da Ucrânia (Kiev), mesmo que para isso chegue a
destruí-la por completo, para servir de centro religioso do “mundo russo”.
Ora, a fé não está sujeita a centros espirituais; as
antigas sedes apostólicas são respeitadas e tem certa primazia porque foram o
berço da doutrina apostólica; mas mesmo essas, na dignidade e autoridade que
lhes convêm, não buscam ser um centro espiritual comum; a busca por um centro
espiritual comum é parte dos grimórios do Estado Total; na verdade, este centro
espiritual comum que a ideologia do “mundo russo” propaga terá apenas um
poder simbólico, pois todo o poder político e religioso se concentrará na
figura do líder da Santa Rússia.
Portanto, é a tentativa de sujeitar o poder espiritual
a uma figura e a um poder de mando humano, elevando esse homem a categoria de
nova revelação da história; é o estabelecimento de um Czar que é ao mesmo tempo
um líder político e um líder religioso: como líder político, torna-se um
imperador, e como líder religioso, torna-se um papa.
9. Quanto ao terceiro, a busca por uma língua comum, é
a busca pelo estabelecimento e domínio através da linguagem, onde todas as
expressões e declarações serão controladas através da manipulação da linguagem,
seja por simplificações linguísticas ideológicas seja por sujeição sistêmica
(por exemplo, como fora feito na China); por isso, a ideologia do “mundo
russo” ao buscar uma língua comum, busca ao mesmo tempo implementar na
fala, na hermeneia e na interpretação, aquilo que o nacional-bolchevismo
estabelece como os parâmetros para o pensamento e sua respectiva interpretação;
em todos os sentidos, é uma loucura total.
Com isso, se aclara uma tentativa de dominar o que as
pessoas pensam, falam e interpretam da realidade; é a inculturação plena e
absoluta da Segunda Realidade; embora a corrupção da língua russa ainda não
tenha chegado a este estágio, é para isso que caminham velozmente.
Portanto, a defesa e a propagação de uma doutrina que
vitupera o propósito divino para a linguagem como modo de expressar a
realidade, é ao mesmo tempo irracionalidade e desprezo pela revelação, já que o
dom da linguagem é algo que o próprio Deus prescreve ao homem, como é celebrado
na Sagrada Escritura (cf. Sl 45.1), bem como é atestado pela reta razão[2].
10. Quanto ao quarto, a busca por uma igreja comum, é
a tentativa de formar uma única igreja, não em vista da verdadeira unidade, mas
em busca de sujeição ideológica; a busca por uma igreja comum, em suma, é a
formação de uma igreja em razão de propósitos ideológicos e estatais,
configurada em torno da doutrina do “mundo russo”, doutrina que desfigurou
a face eclesial da ortodoxia russa; na verdade, esta busca nada tem do
verdadeiro ecumenismo e nem busca a verdadeira unidade; antes é a desfiguração
da unidade no vínculo do Espírito (cf. Ef 4.3), em razão de uma pútrida “teologia”
ideológica. Pois, a busca por uma igreja comum da ideologia do “mundo russo”
tem por objetivo perverter a verdadeira fé em nome da aquiescência ideológica
e/ou em função de um princípio teológico corrompido e corruptor.
11. Quanto ao quinto, a busca por um patriarca comum,
encarnado no patriarca de Moscou, não é a tentativa de honrar um líder
espiritual, mas a sujeição a um patriarca que não tem autoridade canônica para
arrolar-se tal autoridade eclesial e espiritual; além disso, a busca por um
patriarca comum pela ideologia do “mundo russo” é calcinada pelo
espírito de usurpação, tanto contrário a um sentimento fundamental da fé (cf.
Fp 2.5), quanto contrário aos cânones dos concílios antigos, que apresentam o
patriarca da sé de Constantinopla como o representante dignatário e espiritual
da Ortodoxia[3];
por isso, a busca da ideologia do “mundo russo” por um patriarca comum, encarnado
no patriarca de Moscou, também é usurpação da sucessão apostólica e da fé da
Igreja ao longo dos séculos.
Além disso, esta busca por um patriarca comum, não tem a ver apenas com propósitos ditos religiosos, mas é parte de um plano de poder político onde um líder religioso se submete e presta adoração a um líder político com autoridade divina absoluta; é como se diz no livro do Apocalipse sobre o falso profeta (segunda besta) que adora e conduz a adoração ao anti-cristo (primeira besta) [cf. Ap 13.11-18].
Parte III: Conclusões Contra a Ortodoxia Russa.
12. E, diante destes aspectos, e em função de que a
doutrina do “mundo russo” tem devastado e dividido a Santa Igreja ao
redor do mundo, se reafirma, com resolução e convicção, inspirado na Sagrada
Escritura e na tradição viva da Santa Igreja, as seguintes verdades:
13. [i] “Dai, pois, a César o que é de César e a
Deus, o que é de Deus” (Mt 22.21). A distinção entre Igreja e Estado é
princípio fundamental da vida eclesial e da vida estatal; Igreja não é Estado,
e Estado não é Igreja; ambos têm missões específicas e distintas; transformar a
Igreja em aparato estatal ou formar elementos eclesiais no Estado, é criar um
eclesiasticismo estatal ou um estado eclesiástico que viola plenamente os
mandamentos bíblicos para a existência da Igreja e para a função do Estado; não
se pode confundir as funções de ambos e nem aceitar a transmogrifação de um no
outro; na verdade, a função dos governantes civis é estabelecida por Deus (cf.
Rm 13.1ss), com o propósito de manter uma vida tranquila e ordenada, em razão
do bem comum; e a função da Igreja é proclamar o evangelho, com liberdade
absoluta, e ser coluna e firmeza da verdade (cf. 1Tm 3.16).
Portanto, não há nenhum líder, político, governante ou
rei, que possa querer colocar o Estado acima de tudo, nem que possa querer
reivindicar da Igreja a adoração que é devida somente a Deus (cf. Is 40.8); não
há ninguém superior a Jesus Cristo (cf. Fp 2.9-11; Ap 5); por isso, se rejeita
totalmente a ideia de querer fundar um “mundo” no qual se tem uma Igreja que é
serviente aos nefastos propósitos ideológicos-estatais e no qual se tem um
Estado eclesiasticista; na verdade, rejeita-se completamente qualquer
doutrina que torne o Reino de Deus subserviente aos propósitos dos poderes de
mando humano ou a questões puramente seculares, seja de senhores eclesiásticos
seja de senhores civis.
Além disso, se rejeita resolutamente qualquer forma de
governo que deifica o Estado numa teocracia absoluta e que acaba por absorver a
Igreja, privando e/ou coagindo-a a não se manifestar livremente e
profeticamente contra as injustiças e vilezas cometidas por líderes civis e/ou
eclesiásticos.
14. [ii] “Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste
mundo; se o meu Reino fosse deste mundo, lutariam os meus servos, para que eu
não fosse entregue aos judeus; mas, agora, o meu Reino não é daqui” (Jo
18.36). O Reino de Deus não é deste mundo; pois, o reino de Deus é justiça, paz
e alegria no Espírito Santo (cf. Rm 14.17); logo, é evidente que o Reino de
Deus não é um reino no sentido dos reinos humanos; é um reino que transcende
completamente as aspirações políticas e ideológicas; a participação neste reino
é outorgada a todos quantos creem, independente de raça, cor ou nacionalidade;
assim, é um reino já presente, através da graça, mas ainda não totalmente
realizado, o que se dará somente na glória.
Deste modo, se condena e se rejeita totalmente
qualquer doutrina que busque substituir ou usurpar a autoridade do Reino de
Deus, seja qual reino terreno for: seja o Reich, seja o império comunista, seja
a Santa Rússia, ou outro qualquer; ninguém pode usurpar a autoridade e o poder
do Reino de Deus querendo arrolar para si tal autoridade.
15. [iii] “Nisto não há judeu nem grego; não há
servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo
Jesus” (Gl 3.28). A fé não se baseia em grupos étnicos ou raciais; a fé
verdadeira está além de divisões de etnia, raça ou cor; por isso, se reafirma
que as “distinções da carne”[4], como
afirmara São Gregório Nazianzeno, são uma consequência da vida neste mundo, as
quais jamais devem ser abolidas, pois são parte da grande e bela pluralidade
humana.
Portanto, a afirmação de uma “suposta” superioridade
racial da Santa Rússia, como propaga a ideologia do “mundo russo”, é uma
afronta a fé bem como um atentado contra a dignidade humana; a inviolável
dignidade da pessoa humana não está em sua etnia, ou raça, ou cor, mas pura e
simplesmente em ser pessoa, criada a imagem de Deus (cf. Gn 1.26).
Assim, a afirmação e/ou a propagação da ideia da
superioridade racial, é uma afronta aos mais sagrados valores defendidos pela Santa
Igreja durante toda a história; não se pode resumir a fé a um grupo étnico; por
isso, se rejeita qualquer afirmação que arrole para uma raça em específico uma
superioridade outorgada por Deus ou algo similar, pois todos os homens, em
todas as raças, em todas as cores, são objeto da mesma dignidade e sujeitos dos
mesmos direitos fundamentais.
16. Por isso, a superioridade racial defendida e
propagada pelo nacional-bolchevismo e que se assomou como doutrina à ortodoxia
russa é um vilipêndio da Sagrada Escritura, pois a Igreja de Jesus Cristo está
presente em qualquer nacionalidade, seja grega, siríaca, jordaniana, russa,
ucraniana, georgiana, americana ou de qualquer outra raça ou nacionalidade;
onde se tem crentes em Jesus Cristo que vivem a liturgia corretamente e estão
em conformidade com a fé comum da Igreja ao longo dos séculos, ai há uma Igreja
verdadeira.
Portanto, os critérios do verdadeiro cristianismo não
são raciais ou étnicos; aliás, o falso cristianismo, a religião calcinada nas
labaredas do anti-cristo, é que se baseia em argumentos religiosos a partir de
questões raciais ou étnicas. Deste modo, a santidade e/ou dignidade de um ser
humano não está em sua etnia, ou raça, ou cor, mas em ser pessoa; e a
veracidade da fé não está ligada a etnia, ou raça, ou cor, mas na vida em
virtude, na verdade e de acordo com a santidade, sem a qual ninguém verá o
Senhor Jesus Cristo (cf. Hb 12.14).
17. Com isso, se constata que em tudo o que propaga a
ideologia do “mundo russo” é contrária aos preceitos invioláveis da fé bem como
é contrária aos preceitos mais sagrados da vida humana; pois, em suma, a
ideologia do “mundo russo” é etnofiletismo; e onde há etnofiletismo ou
filetismo não há fé verdadeira, e onde há fé verdadeira não há etnofiletismo;
por isso, diante da infâmia provocada pela ortodoxia russa, uma igreja que se
tornara subserviente e sujeita ao etnofiletismo, se reafirma categoricamente o
que fora afirmado em 1872 no Sínodo de Constantinopla: “Rejeitamos, condenamos e
condenamos o filetismo, isto é, a discriminação racial, a discórdia étnica, a
discórdia e a divisão na Igreja de Cristo como uma contradição ao ensinamento
do Evangelho e aos santos cânones de nossos piedosos padres, que sustentam a
Santa Igreja, ordenam toda a Cristandade e a guiam ao culto”.
Assim
sendo, se pronúncia como anátema o etnofiletismo propagado pela ortodoxia
russa, e se anematiza a própria ortodoxia russa por estar sujeita a práticas
contrárias a Sagrada Escritura e contrárias a tradição dos Santos Padres.
18. E termina aqui esta breve apologia contra a ortodoxia russa. Bendito seja Deus por todas as coisas. Amém.
[1] Os princípios aqui evocados estão
todos embasados nos ideólogos e teóricos da ideologia do “mundo russo”;
portanto, são elucidados a partir dos intelectuais que fundamentaram estas
aberrações. Pode parecer até loucura, mas literalmente estes intelectuais
buscam fundamentar e discorrer sobre uma série de babaquices, algumas das quais
são mencionadas.
[2] Por
exemplo, Platão (cf. Crátilo) e Aristóteles (cf. Peri Hermeneias).
[3] Eis as proposições dos Concílios
Antigos que comprovam isso: “O Bispo de Constantinopla, no entanto, deve ter
a prerrogativa de honra, após o Bispo de Roma porque Constantinopla é Nova Roma” (1º Concílio de Constantinopla,
can. 3); inicialmente foi conferida honra abaixo apenas do bispo de Roma; e
depois, isso foi melhor abalizado e fora conferida a mesma honra e a mesma dignidade
que o bispo de Roma: “O bispo de Nova Roma (Constantinopla) gozará dos
mesmos privilégios que o bispo da Roma Antiga” (Concílio da Calcedônia,
can. 28).
[4] cf. São Gregório Nazianzeno, Oratio VII, n. XXIII.
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