25/09/2022

Declaração Teológica contra o Comunismo

Apresentação.

Esta declaração foi escrita em setembro de 2022, de quando me indagaram se um cristão pode ser marxista; e, ao paulatinamente responder esta indagação em uma série de respostas contínuas e complementares, também escrevi uma declaração teológica, para esclarecer de modo simples, direto e embasado biblicamente e historicamente, as razões teológicas dos cristãos serem contra o comunismo.

Deste modo, ao publicar esta declaração mais de dois anos após ter sido escrita, pretende se estabelecer mais um escrito contra o comunismo, só que agora não só do ponto de vista histórico-filosófico, mas a partir do ponto de vista teológico.

No passado, os cristãos reunidos no Sínodo de Barmen, aprovaram uma declaração teológica contra os erros do nacional-socialismo; todavia, as Igrejas não pensarem em se reunir e fazer uma declaração teológica contra o comunismo, ideologia pior e mais terrível do que o nacional-socialismo.

Pois, mesmo que tenham sido feitos tentativas a este respeito, nenhuma declaração religiosa propriamente dita fora escrita contra o comunismo, pelo menos não do ponto de vista teológico (salvo o engano!); e, em consonância com o propósito supracitado, e para sanar esta necessidade, fora escrito esta declaração; e com isso mais uma vez alertar os cristãos contra os males terríveis do comunismo bem como para exortar severamente aqueles que se dizem “cristãos” mas que tem doutrinas e ações manifestadamente comunistas.

Assim, que esta declaração sirva para aclarar os fatos mais do que evidentes do porque um cristão não pode ser comunista, e o porquê o cristianismo é contra o comunismo; e com isso, que esta declaração possa ser colocada como apêndice ou complemento as outras grandes declarações e confissões de fé, não tanto para se igualar a estas confissões, mas para servir como apêndice a questões políticas e sociais que requerem uma perspectiva cristã firme e sólida, principalmente em se tratando de uma ideologia inegavelmente carniceira.

 

Exórdio.

Tendo em vista as crescentes agitações políticas, somadas a um escasso conhecimento por parte dos cristãos a respeito de temas referentes a Política, e em como estes devem pensar a Política segundo os parâmetros bíblicos, faz-se necessário um pronunciamento; não um pronunciamento para glória pessoal; mas um pronunciamento que sirva de testemunho aos cristãos sobre qual deve ser o posicionamento que os cristãos e a Igreja deve ter, segundo as Escrituras e a teologia, a respeito dos assuntos políticos.

Por isso, o autor escreveu estas teses teológicas, explicadas e apresentadas brevemente, como artigos de uma confissão, buriladas a partir de vários autores; todavia, esta não é uma confissão, mas uma declaração teológica, que procura servir à Igreja e ao povo de Deus; e uma declaração sempre é necessária em tempos com desequilíbrios que assolam a cultura de uma nação; pois, quando filosofias aporéticas tornam-se comuns, aceitas e divulgadas, a consequência inevitável é a morte da alma de uma sociedade; e uma sociedade morta, será porta de entrada para a destruição.

Por isso, já que todo ser humano é um ser religioso e cultural, tudo o que produz terá um motivo religioso e influenciará a esfera cultural; e uma cultura só pode ser construída com Deus; na conhecida proposição teológica: quando o homem constrói uma cultura sem Deus, esta cultura se volta contra o homem.

Além disso, diante da crescente afirmação por parte de muitos que se dizem cristãos que apoiam o marxismo-comunismo, é ocasião mais do oportuna para um posicionamento teológico afirmando com resoluta convicção, amparados na Sagrada Escritura, na teologia, na história e na filosofia cristã, de que não existe cristão que seja comunista; ou se é cristão ou se é marxista; um cristão comunista, um cristão socialista é contradição de termos; portanto, esta declaração também procura ajuizar e demonstrar aos cristãos que a razão da esperança do cristianismo (cf. 1Pe 3.15), nada tem a ver com as falsas esperanças do socialismo e do comunismo.

Diante desta situação, o autor conclama a todos os cristãos e as pessoas de bem a refletirem sobre esta declaração.

Soli Deo Gloria!

In Nomine Iesus!  

25 de setembro de 2022.

 

Declaração Teológica contra o Comunismo.

I

[A Nossa Única Esperança na Vida e na Morte]

1. O único Senhor e Salvador da Igreja é Jesus Cristo. Ele é o cabeça da Igreja (Ef 4.15); e a Igreja pertence unicamente a Ele. Só Jesus Cristo é a nossa esperança seja na vida, seja na morte (Rm 14.8). Somente Jesus Cristo é o nosso consolo, nosso amigo (Jo 15.14-15) - e amigo mais chegado que um irmão (Hb 2.11). Somente Ele é o nosso guia até a morte (Gn 48.15-16; Sl 48.14). É a Ele que a Igreja obedece, pois, somente Ele é digno de receber honra, glória e louvor (Ap 5.9-10).

2. Portanto, não há outro Senhor sobre a Igreja que não seja Jesus Cristo; nem líderes, nem políticos, nem magistrados, nenhum homem tem autoridade para legislar ou interferir na vida interna da Igreja, senão aqueles que foram escolhidos por Deus para serem ministros de Seu Sagrado Evangelho (Ef 4.11-12), e que o fazem calcados sob o ensinamento bíblico; somente a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus, é que governa a doutrina e a vida da Igreja (1Tm 3.16-17); nada além das Escrituras deve servir de autoridade absoluta para a Igreja, pois tudo o que é necessário para a salvação e a correta ordenação da Igreja segundo a vontade de Deus se encontra nas Sagradas Escrituras.

3. Diante disso, nenhum homem tem autoridade para falar diante de Igreja, em momento de culto senão for chamado e vocacionado por Deus para proclamar as boas-novas do evangelho; o momento de culto é sagrado, e deve ser respeitado por todos aqueles que seguem o evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, bem como é protegido inviolavelmente pela Constituição dos países que prezam pela liberdade religiosa; não existe liberdade religiosa, onde políticos assolam o altar da Igreja com discursos políticos em momento de culto; e não existe liberdade religiosa onde os políticos utilizam-se da imagem de líderes religiosos sem a prévia permissão destes para algum fim nefasto.

II

[A Única Regra de Fé e Prática para a Igreja]

4. Afirmamos também que não há outra revelação que Deus possa outorgar a Igreja que não seja Jesus Cristo, como dizem as Escrituras. Somente Cristo é a revelação completa e final de Deus aos homens (Hb 1.1-2). Por isso, nenhuma outra revelação da história ou na história, tem mais autoridade e poder do que o zênite da revelação de Deus na plenitude dos tempos (Gl 4.4). Assim, rejeitamos toda e qualquer tentativa de líderes religiosos ou civis de tentar manipular as Escrituras e tentar torcê-la para proveito político ou algum outro meio.

A revelação de Deus não é palanque para promoção política, e deve ser respeitada e honrada. O Deus da Revelação, é o Soberano do Universo, e deve ser honrado e adorado, diante de quem todos os homens hão de prestar contas (Hb 4.13). Por isso, qualquer político que com discursos inflamados pelo ódio ou pela discórdia, queiram mudar os princípios estabelecidos na revelação de Deus e os princípios da reta razão e da natureza, devem ser rejeitados e condenados como hereges, desordeiros e mensageiros de Satanás.

5. Não há outro princípio de autoridade que a Igreja tenha senão a confiança e a completa obediência ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, como consta nas Escrituras, dividida em Antigo e Novo Testamentos, que teologicamente, são expressos em termos de Lei e Evangelho.

Por isso, se afirma que toda Escritura é Lei e Evangelho[1]: por isso, toda Escritura é mandamento e promessa; mandamento, porque atesta o que Deus requer dos homens; promessa, porque é a bendita promessa conferida a todo aquele que crê em Cristo, do perdão, da paz e da salvação proposta a todos os homens (Jo 3.16; Rm 5.1-2).

Esta Escritura, que é Lei e Evangelho, estabelece as normas, valores, princípios e diretrizes para a forma como a Igreja deve se desenvolver e se organizar segundo a vontade de Deus.

III

[A Igreja e o Estado]

6. A Igreja, enquanto Igreja do Deus vivo, fundada e estabelecida sob o fundamento dos apóstolos (Ef 2.22), reconhece como legítima a existência do Estado; porém, nem Estado, nem nenhuma das instituições do Estado legisla em temas espirituais e eternos. E a Escritura, traça as linhas e os limites da relação e da distinção entre a Igreja e o Estado; a Igreja é a comunidade redimida que se reúne para adorar ao Deus vivo e ouvir a proclamação do evangelho, e viver conforme a correta administração dos sacramentos; o Estado é a força que põe ordem, com leis a fim de manter o pecado dentro de limites da ordem e da decência, sendo correto ao Estado, se for necessário, o uso da força para manter esta ordem.

7. E uma das questões fundamentais que como cristãos devemos ter sempre em mente é a distinção entre Igreja e Estado, pois, em tempos de confusão de princípios, sempre ocorre que algum grupo político ou alguma ideologia nefasta, torna ou a Igreja ou o Estado desfigurado, quando não ambos, tornando-os então elementos de manipulação. Deste modo, a distinção bíblica e equilibrada entre Estado e Igreja faz-se necessária.

8. O Estado existe para o mantenimento da ordem e da justiça; a própria Escritura nos diz que os magistrados foram ordenados para que haja ordem e justiça, para zelar pela justiça e pela paz (Rm 13.1). Deste modo, o Estado tem a função importante de velar pelo bem comum e pela estrutura da ordem social tal como disposto na constituição e nos costumes fundamentais de cada nação. Por isso, em relação ao Estado, afirmamos: “Rejeitamos a falsa doutrina de que o Estado poderia ultrapassar a sua missão específica, tornando-se uma diretriz única e totalitária da existência humana, podendo também cumprir desse modo, a missão confiada à Igreja[2].

9. A Igreja, pois, é a congregação daqueles que creem em Cristo, a Igreja do Deus Vivo, que vive para adorar e servir a Deus e na prática de culto, estando culturalmente presente no mundo como coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.16); os cristãos, pois, devem obedecer aos magistrados e aos políticos, pois foram ordenados por Deus (Rm 13.1ss), mas só devem obedecê-los se os magistrados estiverem em pleno acordo com a lei, com a ordem, com a sobriedade requerida dos líderes públicos de uma nação, pois, se os políticos são corruptos, e não velam pelo cumprimentos de seus deveres e ainda tentam corromper os valores cristãos ou perseguem os cristãos por terem suas crenças, vale lembrar a asseveração apostólica: “importa mais obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). Por isso, também afirmamos: “Rejeitamos a falsa doutrina de que a igreja poderia e deveria, ultrapassando a sua missão específica, apropriar-se das características, dos deveres e das dignidades estatais, tornando-se assim, ela mesma, um órgão do Estado[3].

10. Nem o Estado pode querer se tornar Igreja, nem a Igreja querer ser o Estado; ambos, elementos distintos, existindo no mundo, o Estado para velar pela ordem e pela justiça, e a Igreja para velar pela Verdade. Respeitamos os líderes do Estado enquanto estes são conscientes do dever que têm para com Deus e os homens, na condução política do Estado, e enquanto estes não querem interferir na vida da Igreja, na tentativa de tornar a Igreja subserviente a eles. A Igreja é de Cristo, não de homens ou de políticos.

IV

[A Ordenação dos Magistrados e da Potestade Política]

11. A Igreja reconhece como bênção de Deus a liderança civil e a magistratura. E apoia, respeita e obedece as potestades políticas e aos magistrados como ordenados por Deus (Rm 13.1); as potestades políticas como aquelas que foram ordenadas por Deus para servi-lo e honrá-lo na governança de uma nação, para o crescimento e desenvolvimento necessário a vida humana; os magistrados como aqueles que foram ordenados para o estabelecimento e estudo das leis, para guardar a lei moral natural, e para salvaguardar o direito natural como base para o estabelecimento de leis para proteger e velar pela dignidade, liberdade e honra dos seres humanos através da jurisprudência, dom singular de Deus à inteligência humana para uma vivência adequada num Estado Democrático de Direito.

12. Diante disso, é função dos que exercem a liderança civil, isto é, as potestades políticas, honrar a Deus e reverenciá-lo com temor e tremor (Sl 96.7-9), sabendo que Deus é o Soberano do Universo (Sl 24.1). Somente Deus é o Senhor da liberdade e da consciência, não podendo nenhum homem, nem mesmo as potestades políticas interferirem na liberdade de consciência e na liberdade constitutiva do ser humano, pois, somente a Deus cabe o julgamento sob tal liberdade.

13. Deste modo, as potestades políticas devem se guiar pautadas em princípios e valores comuns, hauridos da lei moral natural, na conservação dos princípios e valores fundamentais da vida humana; e auxiliados pela Sagrada Escritura, para o desenvolvimento desta lei moral natural de acordo com os ensinamentos bíblicos. Somente assim, a lei moral torna-se o que tem de ser; por isso, as potestades políticas devem sempre ter diante de si os princípios da sabedoria bíblica, os quais, podem ser sumariados da seguinte forma:

(1) É Deus quem estabelece reis e é Deus quem tira reis (Dn 2.21), portanto, os políticos devem estar conscientes que estão numa autoridade sob a soberania divina e não como déspotas, mas submissos ao Deus Todo-Poderoso, o soberano do universo.

(2) Os líderes políticos devem buscar sabedoria (Pv 8.15-16), pois, sem a sabedoria não há como se governar de forma equilibrada e decente, para que o povo não venha a ser destruído (Pv 11.14).

(3) Sobre a liderança política sábia reponta a dissipação dos conselhos ímpios (Pv 20.26).

(4) A verdade, a honra e a bondade guardam o líder político da desonra e da infâmia do mal (Pv 20.28).

(5) A liderança política não deve buscar riquezas e tesouros desonrados, pois, isso destrói a integridade requerida da liderança política, pois o líder político que aborrece a avareza e a ladroagem, certamente prolongará seus dias (Pv 28.16).

(6) A liderança política deve ser justa e procurar a justiça, pois, quando os líderes são justos o povo se alegra, mas quando são ímpios e aborrecem a justiça o povo geme (Pv 29.2).

14. Além disso, é função dos que exercem a magistratura, o fazerem com honra, esmero e paciência, a fim de castigar os maus e honrar os bons (Rm 13.4). A magistratura quando honra seu compromisso primordial com Deus, e não se deixa levar pelas ideologias nefastas que desonram e desfiguram a vocação da magistratura como ordenada por Deus, é uma magistratura que contribui para o bem e para a liberdade.

15. Por isso, os magistrados devem ser guiados primeiramente pelo direito natural, haurido da lei moral natural, e que deve sempre fundamentar o direito positivo, o direito que emana do direito natural a fim de proteger e salvaguardar a lei moral natural dos desvios e excessos dos desequilíbrios filosóficos advindos de “deificações” de algum aspecto da realidade criada. Nunca o direito positivo deve vir em primeiro lugar, pois, senão, cria-se a possibilidade do “direito do mais forte”; quando a ciência jurídica se rende ao “direito do mais forte”, o direito que é mais forte perde sua essência e propósito[4]. Deste modo, com a regra de ajuizamento do direito natural, o direito positivo é estabelecido com leis justas e honestas.

V

[O Propósito dos Magistrados e da Potestade Política]

16. Por crermos que a potestade política e a magistratura sejam ordenações divinas, rejeitamos toda e qualquer tentativa de manipulação cultural e ideológica, que tentam destoar e desvirtuar tanto a política quanto a magistratura de seus propósitos singulares. A potestade política e a magistratura são bênçãos que Deus outorga a existência terrena para que a mesma seja eficiente e preservada da corrupção pelos maus; por isso, o propósito singular da magistratura e da potestade política é velar pelo bem comum, e por este em consonância com a liberdade.

17. O propósito singular da potestade política é governar para o bem, proteger a ordem, e se necessário, com o uso da força, e velar pelo crescimento; a potestade política é o ministro de Deus para liderar e governar uma nação, onde estes têm por responsabilidades a integridade, a honestidade, a honra, e a inteireza de propósito para cumprirem aquilo para o que foram chamados. A potestade política deve se orientar pela Sagrada Escritura e pela religião, a fim de buscar uma ordenação básica e comum a todos que dignifique a nação e honre a Deus.

18. O propósito singular da magistratura é proteger as pessoas de bem com leis e ordenações que visem o bem comum e proclamem a liberdade; a magistratura não existe para impor limites nas consciências, mas apenas para velar pela liberdade desta no âmbito jurídico; pois, a magistratura, dom maravilhoso de Deus aos homens, existe para servir de ministro de Deus para o louvor dos bons e castigo dos maus.

VI

[A Condenação do Socialismo e do Comunismo como totalmente anticristãos]

19. Diante destas afirmações, reiteramos que rejeitamos completamente o marxismo-comunismo como algo contrário a fé cristã, e incompatível com o ensino das Sagradas Escrituras; mas também rejeitamos toda e qualquer tentativa de manipulação política nos redutos sagrados com vista a promoção ideológica à custa da Igreja e da Palavra de Deus. A Igreja não é trampolim de campanha política, mas é a Igreja do Deus vivo, coluna e firmeza da Verdade (1Tm 3.15).

20. O marxismo é uma tentativa de abolir a igreja e a família. Engels e Marx dizem no “Manifesto do Partido Comunista” (1848) que para que a revolução comunista seja efetivada é necessário abolir a igreja, a moral, as verdades eternas e a família[5]; portanto, o marxismo é uma filosofia que quer destruir a realidade das instituições naturais como criadas por Deus, a família, e quer destruir a realidade da comunidade redimida, a Igreja; a Igreja e a família são exemplos e evidencias da existência de Deus e da autoridade da Palavra de Deus; quando o marxismo se propõe a destruir isso, ele tenta destruir Deus, e a crença na autoridade da Palavra de Deus. Quando famílias são destruídas, e as Igrejas perdem o senso objetivo da existência, que é ser coluna e firmeza da verdade, a sociedade é desintegrada, e é manchada pelo sangue das mortes morais, intelectuais e espirituais das famílias e da Igreja, pois sem a força moral e espiritual das famílias e da Igreja, todo o senso da verdade é corrompido, tornando a sociedade jogada ao “vai-vem” e fragilizada contra as invectivas comunistas.

21. O marxismo é uma tentativa, na esfera socioeconômica, do ser humano tentar vedar as próprias noções de Pecado e da Vida eterna; o marxismo abole o Pecado, abole Deus, abole a salvação, e torna toda a vida humana apenas reflexo imediato da matéria; e isto faz com que o marxismo seja tido como a eminência da práxis, que é outro efeito destrutivo do marxismo, a tendência a práxis absoluta, e que, para tal práxis se faz de tudo, inclusive a revolução violenta; a práxis violenta, que no marxismo ganha conotações de expressão do “clamor de justiça social”, nada tem de justiça social; mas, a práxis marxista é apenas a manipulação e destruição da realidade. Não existe justiça social, aquém da doutrina cristã; e como o marxismo é anticristão, qualquer invectiva do comunismo em falar da justiça social é a destruição da própria justiça.

22. O marxismo é antes de tudo uma filosofia religiosa; apesar de Marx e Engels, e todos os comunistas posteriores dizerem-se ateus, todavia, o motivo básico do marxismo é religioso; até mesmo porque, como o marxismo-comunismo tenta abolir a religião, é o próprio uma filosofia com motivos religiosos. E os motivos religiosos do marxismo, são muito bem definidos pela expressão de Richard Wurmbrand de que Marx era um adorador de Satanás[6]. Portanto, o marxismo enquanto filosofia e sociologia é fruto do satanismo. Logo, o marxismo é totalmente anticristão, e por isso deve ser rejeitado.

23. O marxismo é uma filosofia satânica; e por isso, toda invectiva marxista também o é; o motivo religioso por trás de uma filosofia é a força motora que guia esta filosofia; o motivo religioso é o que guia a cosmovisão; sendo o satanismo presente na vida de Marx, a filosofia que ele constrói evidentemente também será embebida pelo satanismo; por isso, o motivo religioso do marxismo é oposição contra Deus, contra a família e contra a Igreja; no livro do Apocalipse diz que Satanás luta dia e noite contra os servos de Deus e contra Deus (cf. Ap 12.10); assim, a tensão interior no seio do marxismo é a luta contra Deus e contra a Palavra de Deus.

24. O marxismo quando domina uma sociedade, esta se desintegra em doenças e mais doenças culturais, que no mais das vezes, também acutilam a alma das pessoas, tornando grande parte do povo simples um povo doente - mas não uma doença da alma particularmente (o que pode ocorrer e geralmente também ocorre), mas a destruição de um dos maiores bens da vida humana, a inteligência; o estado interior do marxismo é oposição total a Deus, e assim, é entregue a si mesmo pelo próprio Deus, pois aqueles que mudam a verdade de Deus em mentira e não adoram a Deus como Deus, são entregues as próprias concupiscências (Rm 1.19-25); por isso, a psicopatia (entre outras doenças psicológicas) dominara todos os grandes líderes marxistas, como bem identificara o psiquiatra polonês Andrew Lobaczewski[7]; e tais doenças na alma, pelo estado de completo afastamento de Deus, tornaram os povos que foram dominadas pelo marxismo-comunismo, em nações doentes e sociedades doentes, pois, a destruição da inteligência torna as pessoas suscetíveis de manipulação por psicopatas bem como por manipuladores excessivos; manipulação excessiva gera pessoas doentes e apáticas.

Por isso, o marxismo é totalmente anticristão, pois, uma das coisas que o cristianismo mais vela é pela dignidade humana bem como pelo desenvolvimento e pelo cultivo da inteligência, através da qual o ser humano capta e recebe a verdade; enquanto o marxismo destrói a verdade e a própria inteligência.

25. O marxismo como religião pode ser definido como a tentativa de tornar a vida humana expressão da luta interior, da luta social, da luta de Satanás contra os servos de Deus e contra a criação de Deus; isto se demonstra de dois modos, através de mudanças pela instauração da revolução comunista, bem como, na destruição da Igreja e da família e na suposta “propagação de uma sociedade mais justa”; não existe uma sociedade mais justa com o marxismo, pois o mesmo destrói os fundamentos da sociedade e da própria justiça. “Justiça” sem ordem, “justiça” a partir da desordem: eis um lema do marxismo-comunismo.

A ordem que o marxismo propaga é uma ordem cósmica diferente da estabelecida por Deus; o marxismo põe-se como a filosofia de um novo-deus, no estabelecimento de outra ordem - a ordem satânica; mas, tudo aquilo que é um não-deus, é elemento de engano e desencanto; somente, o Deus verdadeiro é o Criador, somente Ele é o Redentor, somente em Deus é o que o ser humano encontra sentido, não no marxismo.

26. O marxismo é uma forma de filosofia que ao invés de buscar a verdade, destrói a noção de verdade, bem como, destrói a inteligência humana; sem a verdade não há a padronização moral; sem a inteligência não há possibilidade de recepção e percepção da verdade; o marxismo destrói ambas, o que faz com a vida humana torne-se inepta através do “emburrecimento programado”; deste modo, se não há verdade, não há padrão, se não há inteligência não como receber e perceber a verdade, nem como entender e perceber a destruição da verdade e da inteligência; isto forma uma estufa, que somente aqueles que estudam e buscam o conhecimento conseguem se aperceber para então alertar aos outros sobre os perigos do marxismo.

27. Por isso, com resoluta convicção, amparados pela Sagrada Escritura, pelos doutores da Igreja, e pela reta razão, condenamos o socialismo, o marxismo e o comunismo como totalmente contrários a fé cristã; e os cristãos que, pelo engano da mentira, põem-se a apoiar o socialismo e o comunismo, possam saber que tais atitudes não condizem com o sagrado evangelho, nem com a consciência cristã; nunca existiu, nem nunca existirá um verdadeiro cristão que seja marxista; não existe cristianismo de esquerda; a esquerda quer destruir o cristianismo, e por isso, os cristãos não podem apoiar tais práticas do socialismo e do comunismo, porque senão torna-se participante de obras malignas e digno de condenação divina por consentir em práticas errôneas (Rm 1.32).

VII

[A Influência dos Cristãos na Política]

28. Aconselhamos que os cristãos imbuídos na Política, devam seguir os preceitos da reta razão para formularem princípios e pressupostos que os guiem no exercício da potestade política, e que estes sejam orientados pelos conselhos bíblicos, tais como aparecem diversas vezes e de diversos modos em toda a Palavra de Deus.

Pois, aqueles que foram vocacionados por Deus para o exercício da potestade política devem fazê-lo com honra, ordem e decência, calcados nos princípios bíblicos e orientados pela reta razão, ordenando-se assim, com valores fundamentais para o exercício de nobre função; formando a partir destes valores, um todo ordenado e coeso na conservação da sociedade.

Os princípios da reta razão são aqueles que ordenam-se à verdade; que buscam expressar a verdade na esfera política; sem a verdade, não pode haver política racional e decente; sem a verdade, a política torna-se apenas elemento de manipulação.

Deste modo, os bons políticos, aqueles que com o coração firmado na fé em Jesus Cristo, hão de procurar estabelecer e se guiar por princípios morais justos, honestos, equilibrados e racionais, sem com estes contradizer a Palavra de Deus.

O exercício da potestade política deve ser feito sob a orientação da Palavra de Deus e dos princípios hauridos da reta razão.

VIII

[Conclusão desta Declaração]

29. Desta forma, podemos concluir esta breve declaração rogando a Deus suas bênçãos gloriosas, a todos aqueles que com fé, amor e esperança buscam agradá-Lo e honrá-Lo, a fim de proclamar as boas-novas de salvação e perdão; além disso, rogamos a Deus que aqueles que se dizem cristãos e estão enganados pelo engodo do socialismo e do comunismo, sejam libertos pela glória do evangelho de Cristo. Pois, confessamos e defendemos a vida, a piedade, a esperança, a justiça, a honra, a liberdade, tudo para a honra e a glória do Deus Altíssimo, diante de quem todas as gentes, grandes e pequenos, hão de prestar contas (Ap 20.11ss).

Laudate Deo!

E com isso, concluímos, com uma antiga oração:

“Misericordioso Deus e Senhor! Tu fizeste grandes coisas por nós; e neste momento, ao chamar nossa pátria para lutar por uma existência livre e honrada, na qual possamos avançar em Tua obra. Concede-nos, além disso, segurança e graça. A vitória vem de Ti, e sabemos bem que nem sempre sabemos o que fazemos ao Te pedir o que nos parece bom. Mas com maior confiança do que nunca, mesmo com uma fé forte, nós Vos suplicamos prosperidade e bênçãos para aqueles que honrando vossa Soberania, possam governar de maneira justa e honrada, porque parece-nos quase como se Vosso reino e os mais nobres dons que os séculos passados ganharam para nós estaríamos em perigo, se esses esforços fossem em vão. Proteja aqueles que governam sobre esta terra de modo justo e todos aqueles que lutam e defendem nossa terra. Concede sabedoria e força aos comandantes, coragem aos soldados, firmeza fiel a todos. E conceda também, como Tu podes mudar e transformar a sorte de nossa terra, que suas bênçãos não nos sejam perdidas; que cada um se purifique e cresça no homem interior; que cada um faça o que puder, seja muito ou pouco; para que possamos crescer mais forte na confiança em Ti e na obediência à Tua vontade. Em nome de Jesus Cristo! Amém!”.




[1] cf. Abraham Calov, Systema Locorum Theologicorum Vol. 1 [Wittenbergae, 1655], cap. IV, pág. 456.

[2] Declaração Teológica de Barmen, § 5.

[3] Ibidem.

[4] Joseph Ratzinger diz: “o que deve prevalecer não é o direito do mais forte, e sim a força do direito” (In: Jürgen Habermas e Joseph Ratzinger, Dialética da Secularização: Sobre razão e religião [Aparecida, SP: Ideias e Letras, 2017], pág. 65).

[5] Marx e Engels dizem: “o comunismo abole as verdades eternas, abole a religião e a moral, em vez de lhes conferir nova forma; portanto, contradiz todos os desenvolvimentos históricos ocorridos até hoje” (Karl Marx e Friedrich Engels, Manifesto do Partido Comunista [Porto Alegre, RS: L&PM, 2001], pág. 58).

[6] cf. Richard Wurmbrand, Marx e Satã [Brasília, DF: Monergismo, 2020].

[7] cf. Andrew Lobaczewski, Ponerologia: Psicopatas no Poder [1° edição. Campinas, SP: Vide Editorial, 2014].


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