Apresentação.
Esta declaração foi escrita em setembro de 2022, de
quando me indagaram se um cristão pode ser marxista; e, ao paulatinamente
responder esta indagação em uma série de respostas contínuas e complementares,
também escrevi uma declaração teológica, para esclarecer de modo simples,
direto e embasado biblicamente e historicamente, as razões teológicas dos
cristãos serem contra o comunismo.
Deste modo, ao publicar esta declaração mais de dois
anos após ter sido escrita, pretende se estabelecer mais um escrito contra o
comunismo, só que agora não só do ponto de vista histórico-filosófico, mas a
partir do ponto de vista teológico.
No passado, os cristãos reunidos no Sínodo de Barmen,
aprovaram uma declaração teológica contra os erros do nacional-socialismo; todavia,
as Igrejas não pensarem em se reunir e fazer uma declaração teológica contra o
comunismo, ideologia pior e mais terrível do que o nacional-socialismo.
Pois, mesmo que tenham sido feitos tentativas a este
respeito, nenhuma declaração religiosa propriamente dita fora escrita contra o
comunismo, pelo menos não do ponto de vista teológico (salvo o engano!); e, em
consonância com o propósito supracitado, e para sanar esta necessidade, fora
escrito esta declaração; e com isso mais uma vez alertar os cristãos contra os
males terríveis do comunismo bem como para exortar severamente aqueles que se
dizem “cristãos” mas que tem doutrinas e ações manifestadamente
comunistas.
Assim, que esta declaração sirva para aclarar os fatos
mais do que evidentes do porque um cristão não pode ser comunista, e o porquê o
cristianismo é contra o comunismo; e com isso, que esta declaração possa ser
colocada como apêndice ou complemento as outras grandes declarações e
confissões de fé, não tanto para se igualar a estas confissões, mas para servir
como apêndice a questões políticas e sociais que requerem uma perspectiva
cristã firme e sólida, principalmente em se tratando de uma ideologia inegavelmente
carniceira.
Exórdio.
Tendo em vista as crescentes
agitações políticas, somadas a um escasso conhecimento por parte dos cristãos a
respeito de temas referentes a Política, e em como estes devem pensar a
Política segundo os parâmetros bíblicos, faz-se necessário um pronunciamento;
não um pronunciamento para glória pessoal; mas um pronunciamento que sirva de
testemunho aos cristãos sobre qual deve ser o posicionamento que os cristãos e
a Igreja deve ter, segundo as Escrituras e a teologia, a respeito dos assuntos
políticos.
Por isso, o autor escreveu estas
teses teológicas, explicadas e apresentadas brevemente, como artigos de uma
confissão, buriladas a partir de vários autores; todavia, esta não é uma
confissão, mas uma declaração teológica, que procura servir à Igreja e ao povo
de Deus; e uma declaração sempre é necessária em tempos com desequilíbrios que
assolam a cultura de uma nação; pois, quando filosofias aporéticas tornam-se
comuns, aceitas e divulgadas, a consequência inevitável é a morte da alma de
uma sociedade; e uma sociedade morta, será porta de entrada para a destruição.
Por isso, já que todo ser humano é
um ser religioso e cultural, tudo o que produz terá um motivo religioso e
influenciará a esfera cultural; e uma cultura só pode ser construída com Deus; na
conhecida proposição teológica: quando o homem constrói uma cultura sem Deus,
esta cultura se volta contra o homem.
Além disso, diante da crescente
afirmação por parte de muitos que se dizem cristãos que apoiam o
marxismo-comunismo, é ocasião mais do oportuna para um posicionamento teológico
afirmando com resoluta convicção, amparados na Sagrada Escritura, na teologia,
na história e na filosofia cristã, de que não existe cristão que seja comunista;
ou se é cristão ou se é marxista; um cristão comunista, um cristão socialista é
contradição de termos; portanto, esta declaração também procura ajuizar e
demonstrar aos cristãos que a razão da esperança do cristianismo (cf. 1Pe
3.15), nada tem a ver com as falsas esperanças do socialismo e do comunismo.
Diante desta situação, o autor
conclama a todos os cristãos e as pessoas de bem a refletirem sobre esta
declaração.
Soli Deo Gloria!
In Nomine Iesus!
25 de setembro de 2022.
Declaração Teológica contra o Comunismo.
I
[A Nossa Única Esperança na Vida e
na Morte]
1. O único Senhor e Salvador da
Igreja é Jesus Cristo. Ele é o cabeça da Igreja (Ef 4.15); e a Igreja pertence
unicamente a Ele. Só Jesus Cristo é a nossa esperança seja na vida, seja na
morte (Rm 14.8). Somente Jesus Cristo é o nosso consolo, nosso amigo (Jo
15.14-15) - e amigo mais chegado que um irmão (Hb 2.11). Somente Ele é o nosso
guia até a morte (Gn 48.15-16; Sl 48.14). É a Ele que a Igreja obedece, pois,
somente Ele é digno de receber honra, glória e louvor (Ap 5.9-10).
2. Portanto, não há outro Senhor
sobre a Igreja que não seja Jesus Cristo; nem líderes, nem políticos, nem
magistrados, nenhum homem tem autoridade para legislar ou interferir na vida
interna da Igreja, senão aqueles que foram escolhidos por Deus para serem
ministros de Seu Sagrado Evangelho (Ef 4.11-12), e que o fazem calcados sob o
ensinamento bíblico; somente a Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus, é que governa
a doutrina e a vida da Igreja (1Tm 3.16-17); nada além das Escrituras deve
servir de autoridade absoluta para a Igreja, pois tudo o que é necessário para
a salvação e a correta ordenação da Igreja segundo a vontade de Deus se
encontra nas Sagradas Escrituras.
3. Diante disso, nenhum homem tem
autoridade para falar diante de Igreja, em momento de culto senão for chamado e
vocacionado por Deus para proclamar as boas-novas do evangelho; o momento de
culto é sagrado, e deve ser respeitado por todos aqueles que seguem o evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo, bem como é protegido inviolavelmente pela
Constituição dos países que prezam pela liberdade religiosa; não existe
liberdade religiosa, onde políticos assolam o altar da Igreja com discursos
políticos em momento de culto; e não existe liberdade religiosa onde os
políticos utilizam-se da imagem de líderes religiosos sem a prévia permissão
destes para algum fim nefasto.
II
[A Única Regra de Fé e Prática para
a Igreja]
4. Afirmamos também que não há outra
revelação que Deus possa outorgar a Igreja que não seja Jesus Cristo, como
dizem as Escrituras. Somente Cristo é a revelação completa e final de Deus aos
homens (Hb 1.1-2). Por isso, nenhuma outra revelação da história ou na
história, tem mais autoridade e poder do que o zênite da revelação de Deus na
plenitude dos tempos (Gl 4.4). Assim, rejeitamos toda e qualquer tentativa de
líderes religiosos ou civis de tentar manipular as Escrituras e tentar torcê-la
para proveito político ou algum outro meio.
A revelação de Deus não é palanque
para promoção política, e deve ser respeitada e honrada. O Deus da Revelação, é
o Soberano do Universo, e deve ser honrado e adorado, diante de quem todos os
homens hão de prestar contas (Hb 4.13). Por isso, qualquer político que com
discursos inflamados pelo ódio ou pela discórdia, queiram mudar os princípios
estabelecidos na revelação de Deus e os princípios da reta razão e da natureza,
devem ser rejeitados e condenados como hereges, desordeiros e mensageiros de
Satanás.
5. Não há outro princípio de
autoridade que a Igreja tenha senão a confiança e a completa obediência ao
evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, como consta nas Escrituras, dividida em
Antigo e Novo Testamentos, que teologicamente, são expressos em termos de Lei e
Evangelho.
Por isso, se afirma que toda
Escritura é Lei e Evangelho[1]:
por isso, toda Escritura é mandamento e promessa; mandamento, porque atesta o
que Deus requer dos homens; promessa, porque é a bendita promessa conferida a
todo aquele que crê em Cristo, do perdão, da paz e da salvação proposta a todos
os homens (Jo 3.16; Rm 5.1-2).
Esta Escritura, que é Lei e
Evangelho, estabelece as normas, valores, princípios e diretrizes para a forma
como a Igreja deve se desenvolver e se organizar segundo a vontade de Deus.
III
[A Igreja e o Estado]
6. A Igreja, enquanto Igreja do Deus
vivo, fundada e estabelecida sob o fundamento dos apóstolos (Ef 2.22),
reconhece como legítima a existência do Estado; porém, nem Estado, nem nenhuma
das instituições do Estado legisla em temas espirituais e eternos. E a
Escritura, traça as linhas e os limites da relação e da distinção entre a
Igreja e o Estado; a Igreja é a comunidade redimida que se reúne para adorar ao
Deus vivo e ouvir a proclamação do evangelho, e viver conforme a correta
administração dos sacramentos; o Estado é a força que põe ordem, com leis a fim
de manter o pecado dentro de limites da ordem e da decência, sendo correto ao
Estado, se for necessário, o uso da força para manter esta ordem.
7. E uma das questões fundamentais
que como cristãos devemos ter sempre em mente é a distinção entre Igreja e
Estado, pois, em tempos de confusão de princípios, sempre ocorre que algum
grupo político ou alguma ideologia nefasta, torna ou a Igreja ou o Estado desfigurado,
quando não ambos, tornando-os então elementos de manipulação. Deste modo, a
distinção bíblica e equilibrada entre Estado e Igreja faz-se necessária.
8. O Estado existe para o
mantenimento da ordem e da justiça; a própria Escritura nos diz que os
magistrados foram ordenados para que haja ordem e justiça, para zelar pela
justiça e pela paz (Rm 13.1). Deste modo, o Estado tem a função importante de
velar pelo bem comum e pela estrutura da ordem social tal como disposto na
constituição e nos costumes fundamentais de cada nação. Por isso, em relação ao
Estado, afirmamos: “Rejeitamos a falsa doutrina de que o Estado poderia
ultrapassar a sua missão específica, tornando-se uma diretriz única e
totalitária da existência humana, podendo também cumprir desse modo, a missão
confiada à Igreja”[2].
9. A Igreja, pois, é a congregação
daqueles que creem em Cristo, a Igreja do Deus Vivo, que vive para adorar e
servir a Deus e na prática de culto, estando culturalmente presente no mundo
como coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.16); os cristãos, pois, devem obedecer
aos magistrados e aos políticos, pois foram ordenados por Deus (Rm 13.1ss), mas
só devem obedecê-los se os magistrados estiverem em pleno acordo com a lei, com
a ordem, com a sobriedade requerida dos líderes públicos de uma nação, pois, se
os políticos são corruptos, e não velam pelo cumprimentos de seus deveres e
ainda tentam corromper os valores cristãos ou perseguem os cristãos por terem
suas crenças, vale lembrar a asseveração apostólica: “importa mais obedecer
a Deus do que aos homens” (At 5.29). Por isso, também afirmamos: “Rejeitamos
a falsa doutrina de que a igreja poderia e deveria, ultrapassando a sua missão
específica, apropriar-se das características, dos deveres e das dignidades
estatais, tornando-se assim, ela mesma, um órgão do Estado”[3].
10. Nem o Estado pode querer se
tornar Igreja, nem a Igreja querer ser o Estado; ambos, elementos distintos,
existindo no mundo, o Estado para velar pela ordem e pela justiça, e a Igreja
para velar pela Verdade. Respeitamos os líderes do Estado enquanto estes são
conscientes do dever que têm para com Deus e os homens, na condução política do
Estado, e enquanto estes não querem interferir na vida da Igreja, na tentativa
de tornar a Igreja subserviente a eles. A Igreja é de Cristo, não de homens ou
de políticos.
IV
[A Ordenação dos Magistrados e da
Potestade Política]
11. A Igreja reconhece como bênção
de Deus a liderança civil e a magistratura. E apoia, respeita e obedece as
potestades políticas e aos magistrados como ordenados por Deus (Rm 13.1); as
potestades políticas como aquelas que foram ordenadas por Deus para servi-lo e
honrá-lo na governança de uma nação, para o crescimento e desenvolvimento
necessário a vida humana; os magistrados como aqueles que foram ordenados para
o estabelecimento e estudo das leis, para guardar a lei moral natural, e para
salvaguardar o direito natural como base para o estabelecimento de leis para
proteger e velar pela dignidade, liberdade e honra dos seres humanos através da
jurisprudência, dom singular de Deus à inteligência humana para uma vivência
adequada num Estado Democrático de Direito.
12. Diante disso, é função dos que
exercem a liderança civil, isto é, as potestades políticas, honrar a Deus e
reverenciá-lo com temor e tremor (Sl 96.7-9), sabendo que Deus é o Soberano do
Universo (Sl 24.1). Somente Deus é o Senhor da liberdade e da consciência, não
podendo nenhum homem, nem mesmo as potestades políticas interferirem na
liberdade de consciência e na liberdade constitutiva do ser humano, pois,
somente a Deus cabe o julgamento sob tal liberdade.
13. Deste modo, as potestades
políticas devem se guiar pautadas em princípios e valores comuns, hauridos da
lei moral natural, na conservação dos princípios e valores fundamentais da vida
humana; e auxiliados pela Sagrada Escritura, para o desenvolvimento desta lei
moral natural de acordo com os ensinamentos bíblicos. Somente assim, a lei
moral torna-se o que tem de ser; por isso, as potestades políticas devem sempre
ter diante de si os princípios da sabedoria bíblica, os quais, podem ser
sumariados da seguinte forma:
(1) É Deus quem estabelece reis e é
Deus quem tira reis (Dn 2.21), portanto, os políticos devem estar conscientes
que estão numa autoridade sob a soberania divina e não como déspotas, mas
submissos ao Deus Todo-Poderoso, o soberano do universo.
(2) Os líderes políticos devem
buscar sabedoria (Pv 8.15-16), pois, sem a sabedoria não há como se governar de
forma equilibrada e decente, para que o povo não venha a ser destruído (Pv
11.14).
(3) Sobre a liderança política sábia
reponta a dissipação dos conselhos ímpios (Pv 20.26).
(4) A verdade, a honra e a bondade
guardam o líder político da desonra e da infâmia do mal (Pv 20.28).
(5) A liderança política não deve
buscar riquezas e tesouros desonrados, pois, isso destrói a integridade
requerida da liderança política, pois o líder político que aborrece a avareza e
a ladroagem, certamente prolongará seus dias (Pv 28.16).
(6) A liderança política deve ser
justa e procurar a justiça, pois, quando os líderes são justos o povo se
alegra, mas quando são ímpios e aborrecem a justiça o povo geme (Pv 29.2).
14. Além disso, é função dos que
exercem a magistratura, o fazerem com honra, esmero e paciência, a fim de
castigar os maus e honrar os bons (Rm 13.4). A magistratura quando honra seu
compromisso primordial com Deus, e não se deixa levar pelas ideologias nefastas
que desonram e desfiguram a vocação da magistratura como ordenada por Deus, é
uma magistratura que contribui para o bem e para a liberdade.
15. Por isso, os magistrados devem
ser guiados primeiramente pelo direito natural, haurido da lei moral natural, e
que deve sempre fundamentar o direito positivo, o direito que emana do direito
natural a fim de proteger e salvaguardar a lei moral natural dos desvios e
excessos dos desequilíbrios filosóficos advindos de “deificações” de algum
aspecto da realidade criada. Nunca o direito positivo deve vir em primeiro
lugar, pois, senão, cria-se a possibilidade do “direito do mais forte”; quando
a ciência jurídica se rende ao “direito do mais forte”, o direito que é mais
forte perde sua essência e propósito[4].
Deste modo, com a regra de ajuizamento do direito natural, o direito positivo é
estabelecido com leis justas e honestas.
V
[O Propósito dos Magistrados e da
Potestade Política]
16. Por crermos que a potestade
política e a magistratura sejam ordenações divinas, rejeitamos toda e qualquer
tentativa de manipulação cultural e ideológica, que tentam destoar e desvirtuar
tanto a política quanto a magistratura de seus propósitos singulares. A
potestade política e a magistratura são bênçãos que Deus outorga a existência
terrena para que a mesma seja eficiente e preservada da corrupção pelos maus;
por isso, o propósito singular da magistratura e da potestade política é velar
pelo bem comum, e por este em consonância com a liberdade.
17. O propósito singular da
potestade política é governar para o bem, proteger a ordem, e se necessário,
com o uso da força, e velar pelo crescimento; a potestade política é o ministro
de Deus para liderar e governar uma nação, onde estes têm por responsabilidades
a integridade, a honestidade, a honra, e a inteireza de propósito para
cumprirem aquilo para o que foram chamados. A potestade política deve se
orientar pela Sagrada Escritura e pela religião, a fim de buscar uma ordenação
básica e comum a todos que dignifique a nação e honre a Deus.
18. O propósito singular da
magistratura é proteger as pessoas de bem com leis e ordenações que visem o bem
comum e proclamem a liberdade; a magistratura não existe para impor limites nas
consciências, mas apenas para velar pela liberdade desta no âmbito jurídico;
pois, a magistratura, dom maravilhoso de Deus aos homens, existe para servir de
ministro de Deus para o louvor dos bons e castigo dos maus.
VI
[A Condenação do Socialismo e do
Comunismo como totalmente anticristãos]
19. Diante destas afirmações, reiteramos
que rejeitamos completamente o marxismo-comunismo como algo contrário a fé
cristã, e incompatível com o ensino das Sagradas Escrituras; mas também
rejeitamos toda e qualquer tentativa de manipulação política nos redutos
sagrados com vista a promoção ideológica à custa da Igreja e da Palavra de
Deus. A Igreja não é trampolim de campanha política, mas é a Igreja do Deus
vivo, coluna e firmeza da Verdade (1Tm 3.15).
20. O marxismo é uma tentativa de
abolir a igreja e a família. Engels e Marx dizem no “Manifesto do Partido
Comunista” (1848) que para que a revolução comunista seja efetivada é
necessário abolir a igreja, a moral, as verdades eternas e a família[5];
portanto, o marxismo é uma filosofia que quer destruir a realidade das
instituições naturais como criadas por Deus, a família, e quer destruir a
realidade da comunidade redimida, a Igreja; a Igreja e a família são exemplos e
evidencias da existência de Deus e da autoridade da Palavra de Deus; quando o
marxismo se propõe a destruir isso, ele tenta destruir Deus, e a crença na
autoridade da Palavra de Deus. Quando famílias são destruídas, e as Igrejas
perdem o senso objetivo da existência, que é ser coluna e firmeza da verdade, a
sociedade é desintegrada, e é manchada pelo sangue das mortes morais,
intelectuais e espirituais das famílias e da Igreja, pois sem a força moral e
espiritual das famílias e da Igreja, todo o senso da verdade é corrompido,
tornando a sociedade jogada ao “vai-vem” e fragilizada contra as
invectivas comunistas.
21. O marxismo é uma tentativa, na
esfera socioeconômica, do ser humano tentar vedar as próprias noções de Pecado
e da Vida eterna; o marxismo abole o Pecado, abole Deus, abole a salvação, e
torna toda a vida humana apenas reflexo imediato da matéria; e isto faz com que
o marxismo seja tido como a eminência da práxis, que é outro efeito destrutivo
do marxismo, a tendência a práxis absoluta, e que, para tal práxis se faz de
tudo, inclusive a revolução violenta; a práxis violenta, que no marxismo ganha
conotações de expressão do “clamor de justiça social”, nada tem de justiça
social; mas, a práxis marxista é apenas a manipulação e destruição da
realidade. Não existe justiça social, aquém da doutrina cristã; e como o
marxismo é anticristão, qualquer invectiva do comunismo em falar da justiça
social é a destruição da própria justiça.
22. O marxismo é antes de tudo uma
filosofia religiosa; apesar de Marx e Engels, e todos os comunistas posteriores
dizerem-se ateus, todavia, o motivo básico do marxismo é religioso; até mesmo
porque, como o marxismo-comunismo tenta abolir a religião, é o próprio uma
filosofia com motivos religiosos. E os motivos religiosos do marxismo, são
muito bem definidos pela expressão de Richard Wurmbrand de que Marx era um
adorador de Satanás[6].
Portanto, o marxismo enquanto filosofia e sociologia é fruto do satanismo.
Logo, o marxismo é totalmente anticristão, e por isso deve ser rejeitado.
23. O marxismo é uma filosofia
satânica; e por isso, toda invectiva marxista também o é; o motivo religioso
por trás de uma filosofia é a força motora que guia esta filosofia; o motivo
religioso é o que guia a cosmovisão; sendo o satanismo presente na vida de
Marx, a filosofia que ele constrói evidentemente também será embebida pelo
satanismo; por isso, o motivo religioso do marxismo é oposição contra Deus,
contra a família e contra a Igreja; no livro do Apocalipse diz que Satanás luta
dia e noite contra os servos de Deus e contra Deus (cf. Ap 12.10); assim, a
tensão interior no seio do marxismo é a luta contra Deus e contra a Palavra de
Deus.
24. O marxismo quando domina uma
sociedade, esta se desintegra em doenças e mais doenças culturais, que no mais
das vezes, também acutilam a alma das pessoas, tornando grande parte do povo
simples um povo doente - mas não uma doença da alma particularmente (o que pode
ocorrer e geralmente também ocorre), mas a destruição de um dos maiores bens da
vida humana, a inteligência; o estado interior do marxismo é oposição total a
Deus, e assim, é entregue a si mesmo pelo próprio Deus, pois aqueles que mudam
a verdade de Deus em mentira e não adoram a Deus como Deus, são entregues as
próprias concupiscências (Rm 1.19-25); por isso, a psicopatia (entre outras
doenças psicológicas) dominara todos os grandes líderes marxistas, como bem
identificara o psiquiatra polonês Andrew Lobaczewski[7];
e tais doenças na alma, pelo estado de completo afastamento de Deus, tornaram
os povos que foram dominadas pelo marxismo-comunismo, em nações doentes e
sociedades doentes, pois, a destruição da inteligência torna as pessoas
suscetíveis de manipulação por psicopatas bem como por manipuladores
excessivos; manipulação excessiva gera pessoas doentes e apáticas.
Por isso, o marxismo é totalmente
anticristão, pois, uma das coisas que o cristianismo mais vela é pela dignidade
humana bem como pelo desenvolvimento e pelo cultivo da inteligência, através da
qual o ser humano capta e recebe a verdade; enquanto o marxismo destrói a
verdade e a própria inteligência.
25. O marxismo como religião pode
ser definido como a tentativa de tornar a vida humana expressão da luta
interior, da luta social, da luta de Satanás contra os servos de Deus e contra
a criação de Deus; isto se demonstra de dois modos, através de mudanças pela
instauração da revolução comunista, bem como, na destruição da Igreja e da
família e na suposta “propagação de uma sociedade mais justa”; não existe uma
sociedade mais justa com o marxismo, pois o mesmo destrói os fundamentos da
sociedade e da própria justiça. “Justiça” sem ordem, “justiça” a
partir da desordem: eis um lema do marxismo-comunismo.
A ordem que o marxismo propaga é uma
ordem cósmica diferente da estabelecida por Deus; o marxismo põe-se como a
filosofia de um novo-deus, no estabelecimento de outra ordem - a ordem
satânica; mas, tudo aquilo que é um não-deus, é elemento de engano e desencanto;
somente, o Deus verdadeiro é o Criador, somente Ele é o Redentor, somente em
Deus é o que o ser humano encontra sentido, não no marxismo.
26. O marxismo é uma forma de
filosofia que ao invés de buscar a verdade, destrói a noção de verdade, bem
como, destrói a inteligência humana; sem a verdade não há a padronização moral;
sem a inteligência não há possibilidade de recepção e percepção da verdade; o
marxismo destrói ambas, o que faz com a vida humana torne-se inepta através do
“emburrecimento programado”; deste modo, se não há verdade, não há padrão, se
não há inteligência não como receber e perceber a verdade, nem como entender e
perceber a destruição da verdade e da inteligência; isto forma uma estufa, que
somente aqueles que estudam e buscam o conhecimento conseguem se aperceber para
então alertar aos outros sobre os perigos do marxismo.
27. Por isso, com resoluta
convicção, amparados pela Sagrada Escritura, pelos doutores da Igreja, e pela
reta razão, condenamos o socialismo, o marxismo e o comunismo como totalmente
contrários a fé cristã; e os cristãos que, pelo engano da mentira, põem-se a
apoiar o socialismo e o comunismo, possam saber que tais atitudes não condizem
com o sagrado evangelho, nem com a consciência cristã; nunca existiu, nem nunca
existirá um verdadeiro cristão que seja marxista; não existe cristianismo de
esquerda; a esquerda quer destruir o cristianismo, e por isso, os cristãos não
podem apoiar tais práticas do socialismo e do comunismo, porque senão torna-se
participante de obras malignas e digno de condenação divina por consentir em
práticas errôneas (Rm 1.32).
VII
[A Influência dos Cristãos na
Política]
28. Aconselhamos que os cristãos
imbuídos na Política, devam seguir os preceitos da reta razão para formularem
princípios e pressupostos que os guiem no exercício da potestade política, e
que estes sejam orientados pelos conselhos bíblicos, tais como aparecem
diversas vezes e de diversos modos em toda a Palavra de Deus.
Pois, aqueles que foram vocacionados
por Deus para o exercício da potestade política devem fazê-lo com honra, ordem
e decência, calcados nos princípios bíblicos e orientados pela reta razão,
ordenando-se assim, com valores fundamentais para o exercício de nobre função;
formando a partir destes valores, um todo ordenado e coeso na conservação da
sociedade.
Os princípios da reta razão são
aqueles que ordenam-se à verdade; que buscam expressar a verdade na esfera
política; sem a verdade, não pode haver política racional e decente; sem a
verdade, a política torna-se apenas elemento de manipulação.
Deste modo, os bons políticos,
aqueles que com o coração firmado na fé em Jesus Cristo, hão de procurar
estabelecer e se guiar por princípios morais justos, honestos, equilibrados e
racionais, sem com estes contradizer a Palavra de Deus.
O exercício da potestade política
deve ser feito sob a orientação da Palavra de Deus e dos princípios hauridos da
reta razão.
VIII
[Conclusão desta Declaração]
29. Desta forma, podemos concluir
esta breve declaração rogando a Deus suas bênçãos gloriosas, a todos aqueles
que com fé, amor e esperança buscam agradá-Lo e honrá-Lo, a fim de proclamar as
boas-novas de salvação e perdão; além disso, rogamos a Deus que aqueles que se
dizem cristãos e estão enganados pelo engodo do socialismo e do comunismo,
sejam libertos pela glória do evangelho de Cristo. Pois, confessamos e
defendemos a vida, a piedade, a esperança, a justiça, a honra, a liberdade,
tudo para a honra e a glória do Deus Altíssimo, diante de quem todas as gentes,
grandes e pequenos, hão de prestar contas (Ap 20.11ss).
Laudate Deo!
E com isso, concluímos, com uma
antiga oração:
“Misericordioso Deus e Senhor! Tu
fizeste grandes coisas por nós; e neste momento, ao chamar nossa pátria para
lutar por uma existência livre e honrada, na qual possamos avançar em Tua obra.
Concede-nos, além disso, segurança e graça. A vitória vem de Ti, e sabemos bem
que nem sempre sabemos o que fazemos ao Te pedir o que nos parece bom. Mas com
maior confiança do que nunca, mesmo com uma fé forte, nós Vos suplicamos
prosperidade e bênçãos para aqueles que honrando vossa Soberania, possam
governar de maneira justa e honrada, porque parece-nos quase como se Vosso
reino e os mais nobres dons que os séculos passados ganharam para nós
estaríamos em perigo, se esses esforços fossem em vão. Proteja aqueles que
governam sobre esta terra de modo justo e todos aqueles que lutam e defendem
nossa terra. Concede sabedoria e força aos comandantes, coragem aos soldados,
firmeza fiel a todos. E conceda também, como Tu podes mudar e transformar a
sorte de nossa terra, que suas bênçãos não nos sejam perdidas; que cada um se purifique
e cresça no homem interior; que cada um faça o que puder, seja muito ou pouco;
para que possamos crescer mais forte na confiança em Ti e na obediência à Tua
vontade. Em nome de Jesus Cristo! Amém!”.
[1] cf. Abraham Calov, Systema
Locorum Theologicorum Vol. 1 [Wittenbergae, 1655], cap. IV, pág. 456.
[2]
Declaração Teológica de Barmen, § 5.
[3]
Ibidem.
[4]
Joseph Ratzinger diz: “o que deve prevalecer não é o direito do mais forte,
e sim a força do direito” (In: Jürgen Habermas e Joseph Ratzinger, Dialética
da Secularização: Sobre razão e religião [Aparecida, SP: Ideias e Letras,
2017], pág. 65).
[5]
Marx e Engels dizem: “o comunismo abole as verdades eternas, abole a
religião e a moral, em vez de lhes conferir nova forma; portanto, contradiz
todos os desenvolvimentos históricos ocorridos até hoje” (Karl Marx e
Friedrich Engels, Manifesto do Partido Comunista [Porto Alegre, RS:
L&PM, 2001], pág. 58).
[6]
cf. Richard Wurmbrand, Marx e Satã [Brasília, DF: Monergismo, 2020].
[7] cf. Andrew Lobaczewski, Ponerologia: Psicopatas no Poder [1° edição. Campinas, SP: Vide Editorial, 2014].