10/06/2024

As Formas da Proclamação do Evangelho

Pregues a Palavra” (2Tm 4.2). Esta é a exortação do Apóstolo sobre a função específica da Igreja, de anunciar ao mundo a Palavra de Deus. E isto é feito através da proclamação do evangelho. 

E a proclamação do Evangelho é um imperativo à Igreja; e a pregação da Palavra de Deus constitui-se o centro da vida cúltica e litúrgica do povo de Deus; só há verdadeira liturgia onde há a pregação da Palavra de Deus; a pregação da Palavra constitui-se o elemento central e preponderante da existência litúrgica da Igreja. E, nesta tarefa inalienável da Igreja, de pregar a Palavra de Deus, existem formas diferentes da proclamação, embora todas sejam propriamente dito parte da pregação da Palavra. 

1. A primeira destas formas é a lição (lectio); geralmente se aplica este tipo de lição naquilo que nas Igrejas Protestantes ficou conhecido como Escola Bíblica, onde, de acordo com um ciclo de tempo, semestres ou trimestres (ou outro ciclo), se estuda determinado assunto bíblico ou que tem alguma importância para a vida cristã e para a vida extra-eclesial. As lições dominicais são pregação da Palavra ou ensino concernente a alguma aplicação dos princípios da Palavra; por isso, são parte do que concerne a Igreja na pregação do evangelho. Todavia, a lição difere do sermão no modo e no propósito; a lição é o ensino paulatino que visa a apresentação de conteúdo e de conhecimento, e com isso, gerar um acumulo de conhecimento que sirva tanto ao desenvolvimento do indivíduo enquanto pessoa quanto ao desenvolvimento e fortalecimento da fé a partir de ensinamentos racionais, para o crescimento no conhecimento das coisas divinas. Mas, a lição, embora de outra forma que o sermão, também é pregação da palavra de Deus. 

2. A segunda destas formas é a prédica; que pode ser feita tanto em ocasiões que sejam necessárias durante o período das lições, como em comemorações de datas especiais ou datas importantes do calendário litúrgico; a prédica é a mesma coisa que a lição, com a diferença de não seguir um cronograma preparado ou algum modo de estudo direcionado como geralmente se ocorre nas escolas bíblicas ou nos grupos de estudo bíblico; além disso, as prédicas dominicais ou em dias da semana, são uma excelente ferramenta na proclamação do evangelho, principalmente para explicação de livros inteiros ou porções sequenciais das Sagradas Escrituras. A prédica é a mesma coisa que o sermão, com a diferença de que é feita num momento onde geralmente somente a comunidade local está reunida, conquanto não seja em uma liturgia pública, embora seja aberto ao público; pois, geralmente as prédicas são feitas em reuniões onde as Igrejas geralmente não recebem muitos visitantes, tal como nas reuniões de estudo bíblico ou escola bíblica. Aliás, a prédica, no ensino paulatino das Escrituras, é uma das melhores ferramentas para o ensino da Palavra de Deus, pois, é o meio termo entre a lição e o sermão; não é a lição, porque versa diretamente sobre um tema bíblico, e nem é o sermão, porque não é feito num culto público e nem tem o propósito específico do sermão. Mas, a prédica, embora de outra forma que a lição e o sermão, também é pregação da Palavra de Deus; a prédica é uma das formas mais límpidas e eficazes da pregação da Palavra de Deus. 

3. A terceira destas formas é o sermão; é a mais conhecida das formas da proclamação do evangelho; o sermão é a proclamação da Palavra, que visa ensinar e confirmar os aspectos da fé, mas, diferentemente da lição e da prédica, tem outro propósito mais específico, que é trazer o enfoque no momento da pregação para que através da pregação os efeitos da proclamação do evangelho se tornem mais visíveis e sejam tal qual estalo no momento que se ouve o sermão; o sermão além de ensinar, traz a mensagem da Palavra de Deus, de modo ou a corrigir e exortar aqueles que estão errados, ou a consolar e animar os fracos e desfalecidos, ou então a chamar os pecadores ao arrependimento; o bom sermão faz tudo isso conjuntamente, com as aplicações do evangelho trazendo o alcance das necessidades do povo de Deus que escuta e entende a proclamação da Palavra. O sermão difere da prédica no propósito e no modo de execução; a prédica não é feita em reuniões de liturgia pública, embora sejam reuniões abertas ao público, enquanto que o sermão é feito em liturgia pública no momento onde a communio sanctorum adora a Deus de maneira correta; e ainda, o sermão tem um propósito para a necessidade do momento, em tudo aquilo que a Palavra de Deus traz de benefícios àqueles que creem (cf. 2Tm 3.16–17); e a prédica, também faz isso, mas com o enfoque em propriamente explicar o texto sagrado com mais minúcias e de maneira mais paulatina. As mais das vezes, o sermão pode adquirir forma de prédica, ao se fazerem sermões sequenciais, mas, o propósito do sermão mesmo em forma de lectio continua, sempre tem o enfoque da necessidade do momento da Igreja na hora da pregação, o qual, sendo guiado pelo Espírito Santo, traz a mensagem que Deus quer transmitir ao Seu povo. 

Estas são as três formas da proclamação do Evangelho; a primeira e a terceira são muito utilizadas; embora, em muitos casos, mal utilizadas, o que enfraquece a fé e torna muitas Igrejas sujeitas a qualquer vento de doutrina (cf. Ef 4.14); a segunda não é tão conhecida e precisa ser recuperada, em benefício do crescimento e amadurecimento do povo de Deus. Mas, em qualquer uma destas formas, que se não se esqueça, que a pregação é sempre da Palavra de Deus; no lugar comum da teologia da pregação: a proclamação do Evangelho, seja em forma de lição, prédica ou sermão, é sempre pregação da parte de Deus na presença de Deus; donde, ser deveras certeiro afirmar o antigo preceito, de que a pregação da Palavra de Deus é Palavra de Deus, mas que seja em forma de lição ou prédica, ou mais propriamente, através do sermão. 

θεῷ χάρις


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