“Pregues
a Palavra” (2Tm 4.2). Esta é a exortação do Apóstolo sobre a função
específica da Igreja, de anunciar ao mundo a Palavra de Deus. E isto é feito
através da proclamação do evangelho.
E a
proclamação do Evangelho é um imperativo à Igreja; e a pregação da Palavra de
Deus constitui-se o centro da vida cúltica e litúrgica do povo de Deus; só há
verdadeira liturgia onde há a pregação da Palavra de Deus; a pregação da
Palavra constitui-se o elemento central e preponderante da existência litúrgica
da Igreja. E, nesta tarefa inalienável da Igreja, de pregar a Palavra de Deus,
existem formas diferentes da proclamação, embora todas sejam propriamente dito
parte da pregação da Palavra.
1. A
primeira destas formas é a lição (lectio); geralmente se aplica este
tipo de lição naquilo que nas Igrejas Protestantes ficou conhecido como Escola
Bíblica, onde, de acordo com um ciclo de tempo, semestres ou trimestres (ou
outro ciclo), se estuda determinado assunto bíblico ou que tem alguma importância
para a vida cristã e para a vida extra-eclesial. As lições dominicais são
pregação da Palavra ou ensino concernente a alguma aplicação dos princípios da
Palavra; por isso, são parte do que concerne a Igreja na pregação do evangelho.
Todavia, a lição difere do sermão no modo e no propósito; a lição é o ensino
paulatino que visa a apresentação de conteúdo e de conhecimento, e com isso,
gerar um acumulo de conhecimento que sirva tanto ao desenvolvimento do
indivíduo enquanto pessoa quanto ao desenvolvimento e fortalecimento da fé a
partir de ensinamentos racionais, para o crescimento no conhecimento das coisas
divinas. Mas, a lição, embora de outra forma que o sermão, também é pregação da
palavra de Deus.
2. A
segunda destas formas é a prédica; que pode ser feita tanto em ocasiões que
sejam necessárias durante o período das lições, como em comemorações de datas
especiais ou datas importantes do calendário litúrgico; a prédica é a mesma
coisa que a lição, com a diferença de não seguir um cronograma preparado ou
algum modo de estudo direcionado como geralmente se ocorre nas escolas bíblicas
ou nos grupos de estudo bíblico; além disso, as prédicas dominicais ou em dias
da semana, são uma excelente ferramenta na proclamação do evangelho,
principalmente para explicação de livros inteiros ou porções sequenciais das
Sagradas Escrituras. A prédica é a mesma coisa que o sermão, com a diferença de
que é feita num momento onde geralmente somente a comunidade local está
reunida, conquanto não seja em uma liturgia pública, embora seja aberto ao
público; pois, geralmente as prédicas são feitas em reuniões onde as Igrejas
geralmente não recebem muitos visitantes, tal como nas reuniões de estudo
bíblico ou escola bíblica. Aliás, a prédica, no ensino paulatino das
Escrituras, é uma das melhores ferramentas para o ensino da Palavra de Deus,
pois, é o meio termo entre a lição e o sermão; não é a lição, porque versa
diretamente sobre um tema bíblico, e nem é o sermão, porque não é feito num
culto público e nem tem o propósito específico do sermão. Mas, a prédica,
embora de outra forma que a lição e o sermão, também é pregação da Palavra de
Deus; a prédica é uma das formas mais límpidas e eficazes da pregação da
Palavra de Deus.
3. A
terceira destas formas é o sermão; é a mais conhecida das formas da proclamação
do evangelho; o sermão é a proclamação da Palavra, que visa ensinar e confirmar
os aspectos da fé, mas, diferentemente da lição e da prédica, tem outro
propósito mais específico, que é trazer o enfoque no momento da pregação para
que através da pregação os efeitos da proclamação do evangelho se tornem mais
visíveis e sejam tal qual estalo no momento que se ouve o sermão; o sermão além
de ensinar, traz a mensagem da Palavra de Deus, de modo ou a corrigir e exortar
aqueles que estão errados, ou a consolar e animar os fracos e desfalecidos, ou
então a chamar os pecadores ao arrependimento; o bom sermão faz tudo isso
conjuntamente, com as aplicações do evangelho trazendo o alcance das
necessidades do povo de Deus que escuta e entende a proclamação da Palavra. O
sermão difere da prédica no propósito e no modo de execução; a prédica não é
feita em reuniões de liturgia pública, embora sejam reuniões abertas ao
público, enquanto que o sermão é feito em liturgia pública no momento onde
a communio sanctorum adora a Deus de maneira correta; e ainda,
o sermão tem um propósito para a necessidade do momento, em tudo aquilo que a
Palavra de Deus traz de benefícios àqueles que creem (cf. 2Tm 3.16–17); e a
prédica, também faz isso, mas com o enfoque em propriamente explicar o texto
sagrado com mais minúcias e de maneira mais paulatina. As mais das vezes, o
sermão pode adquirir forma de prédica, ao se fazerem sermões sequenciais, mas,
o propósito do sermão mesmo em forma de lectio continua,
sempre tem o enfoque da necessidade do momento da Igreja na hora da pregação, o
qual, sendo guiado pelo Espírito Santo, traz a mensagem que Deus quer
transmitir ao Seu povo.
Estas
são as três formas da proclamação do Evangelho; a primeira e a terceira são
muito utilizadas; embora, em muitos casos, mal utilizadas, o que enfraquece a
fé e torna muitas Igrejas sujeitas a qualquer vento de doutrina (cf. Ef 4.14);
a segunda não é tão conhecida e precisa ser recuperada, em benefício do
crescimento e amadurecimento do povo de Deus. Mas, em qualquer uma destas
formas, que se não se esqueça, que a pregação é sempre da Palavra de Deus; no
lugar comum da teologia da pregação: a proclamação do Evangelho, seja em forma
de lição, prédica ou sermão, é sempre pregação da parte de Deus na presença de
Deus; donde, ser deveras certeiro afirmar o antigo preceito, de que a pregação
da Palavra de Deus é Palavra de Deus, mas que seja em forma de lição ou
prédica, ou mais propriamente, através do sermão.
θεῷ χάρις!
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