28/05/2024

Sobre a Sujeira

Prólogo.

1. A sujeira é uma questão com qual o ser humano tem de lidar; pois, o ser humano, produz lixo e sujeira; portanto, compreender este “fenômeno” natural, inerente a própria vida requer alguns cuidados, devido a complexidade do assunto, que embora aparente certa simplicidade, permeia alguns aspectos importantíssimos da vida e da condição humana; pois, a sujeira tanto é uma realidade quanto é um problema; é uma realidade que o ser humano não consegue negar, mas se não for entendida corretamente pode se tornar um problema tanto para o indivíduo quanto para a sociedade.

2. Deste modo, analisar este “fenômeno” natural e compreendê-lo de maneira racional e com sobriedade, tanto ajuda a enfrentá-lo de maneira correta quanto proporciona o entendimento para se evitar que a sujeira se torne um problema; aliás, a sujeira serve de aferidor de medida para o estado espiritual de uma sociedade; pela sujeira se consegue medir e compreender o estado de alma de uma sociedade, e se consegue compreender o grau ou não da personalização de um indivíduo; e, com isso, se observa o quão importante é compreender a sujeira enquanto uma questão humana e enquanto um problema da humanidade, tanto para o bem humano, em benefício da saúde humana, quanto para se compreender aspectos que envolvem a sujeira e que destroem a dignidade humana. Portanto, compreender sobre a sujeira é uma das coisas naturalmente naturais que se fazem necessárias de serem entendidas.

Capítulo I: A sujeira como objeto de análise.

3. A sujeira, deve, portanto, ser colocada como objeto de análise; não da análise química da sujeira; mas, da análise da sujeira enquanto um “fenômeno” humano; pois, compreender sobre a sujeira, ajuda a compreender mais sobre a humanidade. A sujeira, se estabelece como objeto de análise, pelo simples fato de que o ser humano, em seu viver, produz sujeira, nas coisas que lhe são naturais; pois, as necessidades humanas básicas produzem sujeira, e a própria existência humana e dos animais também atesta este fato, a saber, todos os animais produzem sujeira.

4. Deste modo, se pode afirmar que a sujeira, é uma questão humana; pois, lida com o ser humano, mas também com o meio ambiente; e o ser humano, tem uma ordenança divina para cuidar e velar pela natureza; na verdade, é parte do que significa ser humano, velar e cuidar do meio ambiente, e nisto, está imbuído a correta compreensão sobre a sujeira; entre os pressupostos do cuidado para com a natureza, está a sobriedade com relação a natureza; e, por isso, o entendimento sobre a sujeira serve de aferidor sobre a dignidade humana do indivíduo e da dignidade de uma sociedade; onde não há sobriedade com relação a sujeira, se tem uma sociedade doente e adoecedora; e onde os indivíduos produzem sujeira com o intuito de prejudicar e destruir a natureza, se tem morbidades da alma. Então, compreender sobre a sujeira, racionalmente, afere aspectos racionais, psicológicos e sociais.

Capítulo II: Os três tipos de sujeira.

5. E, para se entender corretamente a sujeira, é necessário compreendê-la sob pelo menos três aspectos, que forma os três tipos de sujeira; pois, entender os três tipos de sujeira ajuda a entender o que é e qual a natureza da sujeira e como lidar com este “fenômeno” humano; e os três tipos de sujeira são: primeiro, a sujeira natural; segundo, a sujeira provocada; terceiro, a sujeira causada com propósitos nefastos.

Primeiro, a sujeira natural; o ser humano, em seu viver, produz sujeira; pois, como Tomás de Aquino afirma: “é preceito da natureza que o homem sustente o corpo”, logo, neste preceito da natureza, ao homem procurar sustentar seu corpo, também produz sujeira, tanto devido as suas necessidades básicas, quanto devido a alimentação e a manutenção e cuidado da vida; este tipo de sujeira surge naturalmente e é produzido todos os dias, cabendo a cada indivíduo o cuidado e a limpeza pessoal e de seu lar.

6. Segundo, a sujeira provocada; é a sujeira que vai além da natural, e que é provocada pelo ser humano por algum motivo, que faz surgir mais sujeira do que o normal, como é o caso de construções e coisas similares; este tipo de sujeira, geralmente não é nocivo, mas pode se tornar em instrumento de destruição da dignidade, se não for entendida com sobriedade; pois, quando um acúmulo maior de sujeira é provocado, seja por qual motivo for - desde que não seja por motivo e motivações nefastas -, deve ser com sobriedade e a fim de evitar o máximo possível de prejuízo ao próximo e à sociedade.

7. Terceiro, a sujeira causada com propósitos nefastos; este tipo de sujeira é o que mais preocupa; pois, é proveniente de doenças da alma, que se chega ao ponto de causar sujeira para trazer prejuízo ou para destruir outrem ou a propriedade privada de outrem; este tipo de sujeira além de demonstrar o estado de morbidade da alma, também demonstra a ação maligna, já que a sujeira provocada com propósitos nefastos é a sujeira do inferno; portanto, quando há sujeira provocada ou a sujeira manipulado para prejudicar e destruir a dignidade humana, que é o que este tipo de sujeira ocasiona, é sinal de uma sociedade adoecida e contaminada por práticas vis e infames.

8. Deste modo, se observa que os dois primeiros tipos de sujeira não são naturalmente nocivos, bastando apenas a sobriedade e o cuidado pessoal para estas sujeiras não se transformem em problema social; mas o terceiro tipo de sujeira é sinal de doença psíquica e de doença social, bem como é evidência de obra maligna e de despersonalização, pois, a sujeira causa com propósitos nefastos, para denegrir outrem e o que lhe é próprio, é sinal que o ser humano deixou de ser humano e se tornou em animal bestializado.

Capítulo III: A sujeira e a dignidade humana.

9. Com isso, ao se falar dos três tipos de sujeira, e ao se perceber quão grave e terrível é o terceiro tipo de sujeira, a sujeira causa com propósitos nefastos, se compreender que a sujeira interfere na dignidade humana; pois, a sujeira se não cuidada devidamente, denigre e corrompe a dignidade humana; portanto, a sujeira, principalmente a causada com propósitos nefastos, destrói a dignidade humana, e por isso é um atentado contra os direitos humanos; a sujeira enquanto problema também é questão dos direitos humanos.

10. Pois, se a sujeira for tornada em elemento de manipulação e de destruição, se torna, evidentemente, na destruição da dignidade do próprio indivíduo que causa a sujeira por propósitos nefastos, bem como ocasiona a destruição da dignidade de outrem; com isso, se pode afirmar que a sujeira, se torna elemento de manipulação e de desfiguração da humanidade; o verdadeiro humanismo sabe como lidar com a sujeira; a desumanização, pelo contrário, lida com a sujeira para destruir e vituperar a dignidade humana.

11. Portanto, o entendimento sobre a sujeira se coaduna racionalmente com o entendimento sobre a dignidade humana, bem como o entendimento sobre a sujeira se coaduna juridicamente com o entendimento sobre os direitos humanos; por isso, entender corretamente a sujeira, é princípio preponderante da racionalidade, da dignidade e dos direitos humanos. E, estes três aspectos, inferem diretamente e fundamentalmente no desenvolvimento do indivíduo e no funcionamento da sociedade. A sujeira, mesmo que um assunto que pareça simplório, diz muito sobre a alma do indivíduo e sobre a alma da sociedade.

Capítulo IV: A sujeira e a poluição.

12. E, em relação ao terceiro tipo de sujeira, e a compreensão que este tipo de sujeira corrompe a dignidade do indivíduo, há um outro aspecto que demonstra de maneira clarividente a sujeira provada com propósitos nefastos, a saber, a poluição; e duas são as formas de entender a poluição: primeiro, a poluição tida como “necessária”; segundo, a poluição provada com fins nefastos.

A primeira, diz respeito a poluição proveniente das fábricas, usinas, etc., que fala-se como necessárias devido aos elementos necessários que provêm destes, mas que, se estudadas com cuidado, pode ser diminuída em seu impacto e males.

A segunda, diz respeito a poluição provocada com fins nefastos, desde queimadas, fumaças, etc., que são feitas especificamente para prejudicar e danificar a saúde do próximo; logo, este tipo de poluição, é açambarcado na descrição do terceiro tipo de sujeira, a sujeira provocada com propósitos nefastos; é a poluição que desfigura e destrói a dignidade humana e contamina a vida em sociedade.

13. Deste modo, este tipo de poluição, causa males à saúde, e, por consequência, vitupera a dignidade do indivíduo; a poluição causada com propósitos nefastos, que causa tanto a contaminação da natureza quanto a destruição das condições naturais para a vida ser desenvolvida, não somente atesta a destruição da dignidade proveniente da sujeira causada com propósitos nefastos, mas esta forma de poluição, fundamentalmente demonstra que este tipo de sujeira é uma morbidade, uma manifestação de uma doença da alma (morbus animi).

Capítulo V: A sujeira e a morbidade na alma.

14. Assim sendo, se pode definir a sujeira, a do terceiro tipo, bem como a poluição causada com propósitos nefastos, como uma espécie de morbidade da alma; pois, tudo aquilo que vitupera e denigre a dignidade humana, e que é provocado pelo próprio ser humano, é, na verdade, evidência de uma doença na alma; a sujeira causada com propósitos nefastos - entre as quais, acrescenta-se a poluição -, é expressão de uma doença da alma que causa uma doença na sociedade.

15. Com isso, se pode afirmar que a sujeira causada com propósitos nefastos, é uma morbidade da alma, por quatro razões: primeiro, porque vitupera a dignidade de outrem ao mesmo tempo em que se vitupera a própria dignidade; segundo, porque é expressão de cauterização da consciência; terceiro, porque é sintoma do apodrecimento do coração e da razão; quarto, porque é sinal de despersonalização e despessoalização.

Estas quatro razões são por si mesmas suficientes para descrever este tipo de sujeira como uma morbidade, a qual é expressão de outras morbidades bem como a fonte de outras morbidades terríveis e contaminadoras.

16. Portanto, a sujeira e a poluição causadas com propósitos nefastos, demonstram um estado de consciência com inúmeras mortandades; por isso, esta espécie de morbidade, produz também outras mortandades, não somente as que vituperam a integridade e a saúde física, mas também que destroem a natureza; logo, além de morbidade, este tipo de sujeira é crime contra a lei e crime contra os direitos humanos, porque destrói um dos princípios fundamentais dos direitos humanos, o direito a saúde - que também é um dos princípios constitucionais, como um dos direitos sociais, que emanam diretamente dos direitos fundamentais. Deste modo, a sujeira e a poluição causadas com propósitos nefastos, são tanto uma morbidade da alma quanto um crime perverso; e isso é algo que serve de alerta tanto para a saúde mental de uma sociedade quanto para a preservação e o cuidado com a natureza, fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade e de uma nação.

Capítulo VI: A sujeira como problema e o problema da sujeira.

17. A sujeira, pois, se estabelece como um problema; e a sujeira se torna um problema, quando o terceiro tipo de sujeira começa a se tornar mais evidente; na verdade, um grande e terrível problema, pois, além de ser evidência de morbidade da alma, também é evidência de um mal social, que aos poucos se avoluma, até castificar a sociedade sob um sistema (comunismo) que forma uma barreira quase que intransponível, ou em outros termos, se forma uma “muralha” que quase não permite se vencer este estado de castificação.

18. Mas também se estabelece o problema da sujeira; se a sujeira se torna um problema, logo, se terá o problema da sujeira; e o problema da sujeira, é tanto um problema moral quanto um problema social; e, num sentido teológico, também é um problema espiritual, ou de ação demoníaca no caso dos ímpios, ou de apostasia no caso de ditos “cristãos”; logo, o problema da sujeira infere em vários aspectos da vida individual e da vida social, pasme-se, até mesmo da existência eclesial, já que se aqueles que se dizem cristãos causam o terceiro tipo de sujeira são apóstatas e com isso contaminam a Igreja com a sujeira espiritual da apostasia calcificada pela sujeira causada com propósitos nefastos.

19. Portanto, se tem dois aspectos ao lidar com a sujeira: a sujeira como problema e o problema da sujeira; se a sujeira se estabelecer como um problema terrível, então, se terá o problema da sujeira, que é muito mais difícil de lidar; deste modo, se se estabelece o problema da sujeira, então, se terá a sujeira como um caractere que permeará a vida em sociedade, o que, em si, desfigura o verdadeiro propósito da vida em sociedade, e se torna em mais um elemento que enfraquece o múnus da vida social e que torna a sociedade sujeita a “vontade de domínio” de alguma ideologia nefasta. O problema da sujeira é uma semente das ideologias nefastas (e dos demônios) para domínio e propagação das maldades e dos males existenciais.

Capítulo VII: A solução para o problema da sujeira.

20. Deste modo, pergunta-se se existe uma solução para o problema da sujeira? E a resposta é sim, existe uma solução para o problema da sujeira; mas é uma solução demorada; na verdade, é bom que se evite que a sujeira se torne um problema; todavia, se for calcinado o problema da sujeira, então, se deve fazer três coisas principais: primeiro, se descobrir a procedência da sujeira; segundo, os meios que tem causado esta sujeira; terceiro, as formas de se solucionar o problema da sujeira.

Primero, se descobrir a procedência da sujeira; evidentemente, em primeiro lugar há de se descobrir a procedência da sujeira, isto é, donde provêm a sujeira; pois, a sujeira causada com propósitos nefastos não é causada simplesmente por motivos naturais; mas esta sujeira é, fundamentalmente, uma sujeira causa para destruir, contaminar e adoecer; ou dito de outro modo, o problema da sujeira é proveniente de alguma fonte, ou de algum elemento causador - geralmente algum indivíduo maldoso e vil que causa a sujeira para prejudicar outrem.

21. Segundo, os meios que tem causado esta sujeira; em segundo lugar, há de se identificar os meios que tem sido utilizados para causar esta sujeira; seja por meio de poluentes que adoecem e fazem mal a saúde, seja por meios que causam lixo e que produzem lixo para prejudicar outrem, etc.; os meios que causam a sujeira geralmente são utilizados para tornar esta sujeira ainda mais prejudicial e ainda mais terrível para a vida humana; na verdade, os instrumentos utilizados para causar esta sujeira (inclusive a poluição, como fumaças, queimadas, venenos, contaminação de solo, destruição do bioma, etc.), são expressão do estado de alma do indivíduo que os causa e que os propaga na sociedade.

22. Terceiro, as formas de se solucionar o problema da sujeira; em terceiro lugar, há de se verificar as formas de se solucionar o problema da sujeira, pois, se identificou a procedência da sujeira, e os meios que tem causado a sujeira, então, soluciona-se este problema sob o rigor da lei; pois, a sujeira causada com fins nefastos, é entendida na lei como aquilo que prejudica e vilipendia a dignidade do próximo e de sua propriedade; então, se alguém causa este tipo de sujeira, tendo sido verificado e comprovado, a solução é a punição sob o rigor da lei e a limpeza imediata desta sujeira; a única forma de se vencer a sujeira causada com propósitos nefastos, é o cumprimento da lei e dos preceitos jurídicos consoante a preservação da vida e do meio ambiente, os quais, em si mesmos, são suficientes para conter o problema da sujeira, pelo menos em relação a vida em sociedade.

23. Com isso, se observa que não fáceis os meios para se solucionar o problema da sujeira; na verdade, é mais fácil falar do problema da sujeira, do que de fato solucioná-lo; todavia, os labores civis hão de se focar na solução deste problema, pois, é em função do bem comum; no entanto, como os causadores deste tipo de sujeira são, na verdade, indivíduos como morbidades na alma, certamente, a utilização do rigor da lei deve servir de estalo de consciência para que este problema seja solucionado; do contrário, se terá caos moral e caos na ordem da própria sociedade, pois, a sujeira causada com propósitos nefastos é um instrumento de desordem social.

24. Termina aqui esta explicação sobre a sujeira. Bendito seja Deus por todas as coisas. Amém.

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