05/07/2024

Sobre as Morbidades da Alma

Prólogo.

1. “Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma” (3Jo 1.2); a descrição bíblica, apresenta um pressuposto ineludível para a vida em ordem e em sobriedade, a saber, a saúde da alma; por isso, o evangelista dos segredos de Deus afirma: “assim como bem vai a tua alma”; logo, o conhecimento sobre o estado da alma, não somente é importante para a ciência sagrada, mas à todos os campos do saber, principalmente àquele que especificamente lida com a alma; e, para esta compreensão se faz necessário entender os aspectos filosóficos da compreensão sobre a alma.

2. No entanto, o estudo e a compreensão sobre a alma, não gera tanto interesse, salvo àqueles que dedicam-se especificamente a esta área de estudo; todavia, este interesse se renova, ou pelo menos, cresce em importância, a medida que se compreende os aspectos da insalubridade da alma, ou em contrapartida a asseveração do texto inicial, de quando a alma não vai bem; os antigos filósofos gregos se aperceberam de quando a alma não vai bem, e descreveram tal fenômeno como nosos ou nosema da psique; o qual, Cícero, depois de açambarcar estas descrições, os descrevera como morbus animi, como morbidades da alma; portanto, se faz necessário analisar o que é e qual a natureza das morbus animi.

Capítulo I: A saúde psíquica.

3. E, antes de propriamente adentrar a compreensão sobre as morbidades da alma, o que é e qual sua natureza, se faz necessário uma breve descrição sobre o que é saúde psíquica; evidentemente, a saúde psíquica, isto é, a alma estar bem e sóbria, se evidencia a partir do funcionamento natural das funções psíquicas e do equilíbrio destas funções com o contato com a realidade; portanto, a saúde psíquica, numa síntese breve, é o pleno funcionamento das funções naturais da alma no contato com a realidade e no equilíbrio destas funções entre a ordem e a desordem, ou respectivamente, entre a sobriedade e a loucura.

4. Deste modo, a natureza da psique pressupõe este equilíbrio como aferidor de medida da saúde psíquica; logo, onde há este equilíbrio se tem a saúde psíquica; e onde não há este equilíbrio, se tem a doença da alma, as morbidades da alma; deste modo, o equilíbrio que resulta da relação entre a ordem e a desordem; da ordem emanam as coisas boas e salutares, da desordem as coisas ruins e maléficas; da ordem surge a sobriedade; da desordem surge a loucura; e o equilíbrio que se cristaliza no confronto da ordem e da desordem, é o que abaliza a sobriedade e a saúde da psique.

5. E, a ordem, isto é, a racionalidade, e a desordem, isto é, a rejeição a razão, se inter-relacionam, pois, a consciência ao se cristalizar na ordem, também tem diante de si a desordem, mas o que difere a sobriedade da loucura é justamente o caminho da ordem; mas, a sobriedade também se manifesta no reconhecimento e entendimento da desordem, da rejeição a razão e de suas manifestações básicas, muitas das quais, por si mesmas evidentes de que são rejeição a razão; e a saúde psíquica também reponta nisso, em ter esta percepção correta e adequada, ao passo que as morbidades da alma se instauram justamente quando se nega deliberadamente esta percepção seja por qual motivo for.

Capítulo II: A raiz das morbidades da alma.

6. As morbidades da alma, quando não surgem diretamente como uma doença mental, são causadas pela recusa em se aperceber da realidade e/ou pela rejeição a razão; pois, os padrões da realidade demonstra uma distinção entre o real e o fenômeno da recusa em se aperceber do real; por isso, esta recusa, sempre amalgamada com a rejeição a razão, se demonstra na própria realidade; na verdade, é o que Voegelin chama de má vontade em distinguir entre sonho (não-realidade) e realidade; e esta má vontade, ao se tornar um hábito, cristaliza-se como morbidade na alma.

7. Por isso, Cícero define este fenômeno como morbus animi; e, Cícero elenca uma série destas doenças, e as enumera sequencialmente; no entanto, o que chama a atenção na descrição de Cícero não é somente a precisão da descrição, mas principalmente o pressuposto que Cícero evoca para a natureza desta morbidade; Cícero a descreve como rejeição a razão; e as morbidades da alma, advêm fundamentalmente de atos e ações que deliberadamente demonstram a rejeição a razão, ou que são açambarcadas no bojo da descrição da má vontade em se aperceber da realidade, que vão desde as risadas até atos infames e vis.

8. Portanto, a raiz das morbidades da alma, aquelas morbidades que vão além das mais conhecidas doenças na alma, é sempre a má vontade em distinguir a realidade da não-realidade; esta má vontade cristaliza-se na mente e na vontade de maneira paulatina, de maneira a mover a alma em perturbações; e este mover, torna a pessoa que é movida alguém com várias patologias psíquicas, as quais, cada vez mais se manifestam; e a manifestação destas patologias se tornam, por assim dizer, evidentes de vários modos, muitos dos quais, aparentemente sem aparente patologia, mas que se analisados nos pormenores e em suas essências demonstram um estado de alma doentio e adoecedor.

Capítulo III: A morbus animi e sua natureza.

9. Mas, diante destas pressuposições, surge a questão: qual a natureza da morbus animi; pois, se as morbus animi se cristalizam a partir da formação do hábito oriundo da má vontade em distinguir entre realidade e não-realidade, esta morbus animi, logicamente, possui uma natureza; e, Cícero define a natureza da morbus animi como uma aspernatio rationis, uma rejeição a razão; assim sendo, toda morbus animi tem algo da rejeição a razão; e, que manifestação mais específica da aspernatio rationis, do que a cristalização da má vontade em distinguir entre realidade e não-realidade.

10. Portanto, é facilmente entendido que esta má vontade é uma rejeição a razão, porque é uma rejeição a realidade; e toda rejeição a realidade, ou gera a completa degeneração da percepção, ou então, cria-se um estado de sonho; nos dois aspectos, as morbus animi se manifestam de maneira alarmante; mas, principalmente no segundo aspecto, que se apercebe de maneira mais clarividente as consequências da rejeição a razão; pois, ao se rejeitar a razão se procurará evocar algum substituto para a razão; para aqueles que são dominados pela ideologia, a razão é substituída pela vontade de domínio da ideologia; já para aqueles que são dominados por algum “ismo”, logo tratam de deificar este “ismo” e torná-lo o ponto arquimédico da realidade; etc.

11. Deste modo, a natureza da morbus animi, sempre procura evocar algum substituto para a razão; e, em muitos casos, o substituto para a razão se torna o próprio ato anti-razão, ou anti-realidade que é praticado por aqueles que estão em estado de morbidade na alma; e, as mais das vezes, aqueles que estão em estado de morbidade na alma, praticam ações que se tornam hábitos, os quais, sempre são expressão ou da rejeição a razão ou da recusa em se aperceber da realidade, que, em muitos casos, também são atos contra os princípios indiscutíveis da dignidade humana e os princípios racionais invioláveis da vida em sociedade. Isto, é o que caracteriza a morbus animi em sua natureza e, consequentemente, em suas manifestações.

Capítulo IV: A rejeição a razão.

12. Com isso, antes de se prosseguir se faz necessário analisar estes dois aspectos através dos quais se entende a natureza da morbus animi, os quais são: primeiro, a rejeição a razão; segundo, a recusa em se aperceber da realidade. Em relação ao primeiro, se analisa dois aspectos: primeiro, as ações inconscientes de rejeição a razão; segundo, a impregnação passiva de hábitos anti-razão.

Primeiro, as ações inconscientes de rejeição a razão; em sua fase inicial até a cristalização, a rejeição a razão se estabelece através de ações inconscientes implementadas e/ou apreendidas pelo indivíduo; ações implementadas porque pode ser parte da guerra cultural evocada pelas ideologias nefastas para efetuar o domínio através da destruição do consciente; e ações apreendidas, porque podem ser ações que se tornam castificadoras, e assim aos poucos todos vão agindo da mesma maneira até a castificação completa das ações que inconscientemente se tornam ações praticadas por todos, mas que em sua natureza são morbus animi.

13. Segundo, a impregnação passiva de hábitos anti-razão; após a implementação das ações inconscientes de rejeição a razão, as quais são implementadas justamente para iscar os indivíduos nas sementes da rejeição a razão, então, passa a haver a impregnação passiva de hábitos; os quais, por sua vez, castificam de forma plena e absoluta todos aqueles que não se apercebem desta impregnação e que estão sujeitos e subservientes aos ditames da ideologia, seja por qual meio for; portanto, a natureza da se torna de tal modo efetivada, que se tornam hábitos sem que sequer haja a percepção e a compreensão que são ações de rejeição a razão, que tanto cauterizam a consciência quanto destroem a inteligência.

14. Em suma, estes são os frutos da rejeição a razão: consciência cauterizada e inteligência destruída; ou em termos mais específicos, a destruição da parte sensível-racional da alma, e a desfiguração total da consciência individual em nome da consciência coletiva. Com isso, o primeiro aspecto da natureza da morbus animi, é a rejeição a razão, que em si mesma já traz consequências nefastas para o ser humano, consequências maiores e mais terríveis do que as mais cruentas guerras.

Capítulo V: A recusa em se aperceber da realidade.

15. E, em relação ao segundo aspecto da natureza da morbus animi, se analisa dois aspectos: primeiro, a instauração da recusa em se aperceber da realidade; segundo, as evidências da recusa em aperceber da realidade.

Primeiro, a instauração da recusa em aperceber da realidade; em primeiro lugar, se estabelece, de maneira gradual e paulatina, os gérmens que implementam atos e ações contrárias a realidade, ações que são parte da própria recusa do indivíduo em se aperceber da realidade; e, em consonância a isso, se observa que a recusa em se aperceber da realidade, na verdade, é a obnubilação, por ações e outros meios, que implementa no indivíduo os preceitos da anti-realidade, isto é, o ódio contra a realidade e contra a ordem da realidade; tanto que a partir da instauração da recusa em se aperceber da realidade, o indivíduo cria aversão a toda ordem da realidade e contra toda ordenação natural. A instauração da recusa em se aperceber da realidade, se demonstra a partir do ódio e da aversão existencial contra toda a ordem da realidade e contra toda ordenação natural.

16. Segundo, as evidências da recusa em se aperceber da realidade; após a instauração da recusa em se aperceber da realidade, ocorre a cristalização na consciência e na vontade do estado de anti-realidade; e todas as ações e atitudes do indivíduo que é calcificado no estado de anti-realidade, serão evidência da recusa em se aperceber da realidade, e serão ações propagadoras dos efeitos terríveis desta recusa tanto no próprio indivíduo quanto na sociedade que o rodeia; por isso, a recusa em se aperceber da realidade de início adoece o indivíduo, e se não desembocar noutra doença mais grave e incapacitadora (por exemplo, esquizofrenia, demência, etc.), torna este indivíduo adoecido e com morbidade na alma, um elemento de contaminação na sociedade; pois, como a recusa em se aperceber da realidade é parte da natureza da morbus animi, então, as morbidades da alma terão algo da recusa em se aperceber da realidade ou serão fruto da própria recusa em se aperceber da realidade.

17. Portanto, se estabelece uma dupla natureza da morbus animi, a rejeição a razão e a recusa em se aperceber da realidade; com isso, da rejeição a razão se apercebe o desenvolvimento da irracionalidade e a cristalização da imbecilidade; e da recusa em se aperceber da realidade, se tem o desenvolvimento de práticas vis e infames que se tornam corriqueiras pois são tidas como se fossem parte da própria realidade ou como se estivessem em consonância com a própria realidade, bem como a cristalização de uma castificação anti-realidade, que busca desfigurar e/ou destruir tudo aquilo que está em consonância com a realidade e destruir tudo aquilo que existe para preservar a realidade. Esta é, em linhas gerais, a natureza da morbus animi.

Capítulo VI: As manifestações da rejeição a razão.

18. Assim sendo, se evoca a proposição de que a rejeição a razão, sendo a natureza da morbus animi, também é a porta de entrada dos vícios na alma; o ato de não obedecer a razão, isto é, de rejeitar a razão, é um vício (cf. Discussões Tusculanas, IV, 39), e um vício, que abre a porta para outros vícios, os quais, por sua vez, são a evidência da rejeição a razão; pois, o ato de rejeitar a razão, se transforma num vício, que por sua vez, é manifesto em ações e atitudes que advêm após a rejeição a razão; aliás, esta é a raiz das perturbações na alma.

19. Deste modo, ao se averiguar o aspecto duplo da natureza da morbus animi, surge a pergunta: como reconhecer a morbus animi? Simples, a morbus animi, no primeiro aspecto de sua natureza - a rejeição a razão -, tem algumas manifestações, as quais, Cícero bem descreve nas “Discussões Tusculanas” (IV, 23-32), as quais são: ganância, procura desenfreada de status, garanhice, glutonaria, vício de guloseimas, vício de lanches, bebericar habitual de vinho, irascibilidade, ansiedade, desejo de fama, e de reconhecimento público, rigidez de atitude, misoginia e misantropia; estas são as manifestações da rejeição a razão segundo a descrição de Cícero; e tal como diz Voegelin, um catálogo de sintomas iluminador.

20. E, a partir desta descrição de Cícero, se pode subdividir as manifestações da rejeição a razão a partir de duas classes distintas: primeiro, no indivíduo em si mesmo; segundo, na atitude do indivíduo em relação aos outros. E, do mesmo modo como estas manifestações estão interligadas entre si, algumas dizem respeito somente ao indivíduo, enquanto que outras dizem respeito ao indivíduo e em relação aos outros, enquanto outras diz respeito em relação aos outros; mas, todas estas doenças são elemento de contaminação, de todo o ser, e dos outros; é um ciclo vicioso que se instaura no indivíduo, e depois, se torna elemento viciante, gerando a contaminação social.

21. Portanto, estas são as manifestações da rejeição a razão; embora, a desobediência a razão, muitas vezes passe desapercebida como tal, nas manifestações da doença, tal como o catálogo de sintomas evocados por Cícero, se consegue compreender as morbidades na alma que surgem a partir da rejeição a razão; e ainda que não consiga propriamente dito se perceber a rejeição a razão em si mesma, se compreende a mesma a partir destes sintomas; logo, onde há estes sintomas, e onde há um destes sintomas sempre se tem outros sintomas, se pode com certeza apodítica se constatar a rejeição a razão.

22. E, aqui faz-se uma digressão; pois, este catálogo de sintomas evocado por Cícero, a partir da junção dos saberes dos antigos, dos estoicos, etc., ao ser evocado em tempos modernos, se constata uma série de outros sintomas; as variedades contemporâneas da doença mental, são ainda maiores; o catálogo de sintomas ao ser analisado a partir da vida hodierna, principalmente a partir do sistema da ciência de Hegel, é assustadoramente maior e mais terrível, pois, enumera-se os mesmos tipos de doença com agudeza ainda pior, e enumera-se outras doenças ainda mais terríveis, provenientes do que fora definido com o segundo aspecto da natureza da morbus animi, a saber, a recusa em se aperceber da realidade.

Capítulo VII: A recusa em se aperceber da realidade e as variedades contemporâneas da doença.

23. E, ao se observar as variedades contemporâneas da doença, se vai ao segundo aspecto da natureza da morbus animi; este segundo aspecto, a recusa em se aperceber da realidade (Apperzeptionsverwegerung), termo estabelecido por Heimito von Doderer, é um diagnóstico, daquilo que Voegelin chama de “cerne patológico na estrutura da consciência”; por isso, segundo o próprio Voegelin, “com o desenvolvimento da recusa de aperceber como um termo diagnóstico, Doderer praticamente reconquistou a aspernatio rationis ciceronia”; e a análise de Voegelin está correta, pois, as variedades contemporâneas da doença, são açambarcadas de maneira cirúrgica a partir da descrição da recusa em se aperceber da realidade.

24. Pois, diferentemente, dos antigos estoicos que focaram unicamente na rejeição a razão, a mesma, no mundo contemporâneo toma outras formas, as quais, são açambarcadas não somente na definição de rejeição a razão, mas principalmente, na contemporaneidade, a partir da descrição da recusa em se aperceber da realidade; portanto, as variedades contemporâneas da doença são descritas e definidas a partir do amplo escopo da recusa em se aperceber da realidade; e, neste sentido, formam-se três classes de doenças: primeiro, do indivíduo em relação a si mesmo; segundo, do indivíduo em relação ao próximo; terceiro, dos indivíduos em relação a sociedade. E, nota-se, que é um escopo mais amplo do que a rejeição a razão, pois, a complexidade aporética e terrível da modernidade, tornara a manifestação da doença em grau e estágios ainda mais avançados do que os do mundo antigo.

25. Assim sendo, em consonância com o catálogo fornecido por Cícero, e a partir das variedades contemporâneas da doença, se evoca os seguintes sintomas: a ganância doentia, o consumismo, a busca de status, a garanhice (homens), galinhice (mulheres), a despersonalização por práticas sexuais anti-naturais, feminismo, homossexualismo, bebericar habitual de vinhos, cervejas e refrigerantes, irascibilidade, parcimônia desequilibrada, entusiasmo abrasador, ansiedade, ansiedade cultural e social, desejo de fama, desejo de reconhecimento público, desejo de poder, vontade de domínio, rigidez de atitude, fraqueza de atitude, atitudes sem racionalidade, impregnação passiva de hábitos pré-configurados, as manipulações na linguagem, misoginia, misantropia, as diversas fobias contra as coisas naturais, estado de sonho, ativismo sonhador, a magia do extremo, a idealização de inverdades, a transmutação da consciência individual em consciência coletiva; etc. Um catálogo de sintomas não somente iluminador, mas cirúrgico e aterrador; pois, num geral, a vida na contemporaneidade é definida por estes sintomas.

26. E, estes sintomas estão interligados entre si, e nos tipos de classes de doenças; com a diferença de que, as variedades contemporâneas da doença, ao se manifestarem pela recusa em se aperceber da realidade, conduzem não somente o indivíduo a partir de um “cerne patológico na estrutura da consciência”, mas tornam toda a sociedade em expressão deste cerne patológico, formando assim uma sociedade como cerne patológico na estrutura da consciência; e isto pode ser definido através de outra expressão, a saber, a castificação da sociedade a partir de um cerne patológico na estrutura da consciência, gerando uma sociedade em que praticamente todo mundo este inserido neste cerne patológico na estrutura da consciência.

Capítulo VIII: As morbidades na alma e a sociedade.

27. Assim sendo, tendo compreendido o amplo escopo das morbidades na alma, se pode evocar a proposição auto-evidente das consequências que estas morbidades trazem à vida em sociedade; pois, as morbidades da alma, como se observa no catálogo de sintomas que foram evocados, além de serem viciosas são também viciante; além de causar outros vícios, torna os homens sujeitos a inúmeros vícios. E onde se tem alguém que apresenta os sintomas descritos, logo, estes sintomas contaminarão todos aqueles que estiverem a volta ou sob a influência de quem possui o estado de alma mórbido; e, afirma-se, sem incorrer em erros hiperbólicos, a medida desta contaminação é muito maior do que o mais contagioso vírus.

28. Com isso, se pode descrever que uma sociedade com pessoas com doenças na alma, será uma sociedade doente e adoecedora; uma sociedade que semeia em si mesma as consequências destas doenças, ao passo que adoece ainda mais aqueles que a compõem; por isso, o estado de alguém com a alma mórbida, é um estado deplorável; a morbidade na alma causa males terríveis tanto na alma do indivíduo quanto na alma da sociedade; por isso, ao se compreender sobre as morbidades na alma, se compreende a razão da situação alarmante que se encontra aqueles que são dominados por tais variedades da doença; e, a compreensão sobre as morbidades da alma, a partir da doença descrita e de sua natureza em duplo escopo, e a compreensão as manifestações variadas desta doença, constitui-se uma tarefa preponderante da psicologia e do encargo dos estudos inerentes a ciência da alma.

29. Termina aqui esta explicação sobre as morbidades na alma. Bendito seja Deus por todas as coisas. Amém. 

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