Prólogo.
1. “Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas
saúde, assim como bem vai a tua alma” (3Jo 1.2); a descrição bíblica,
apresenta um pressuposto ineludível para a vida em ordem e em sobriedade, a
saber, a saúde da alma; por isso, o evangelista dos segredos de Deus afirma: “assim
como bem vai a tua alma”; logo, o conhecimento sobre o estado da alma, não
somente é importante para a ciência sagrada, mas à todos os campos do saber,
principalmente àquele que especificamente lida com a alma; e, para esta
compreensão se faz necessário entender os aspectos filosóficos da compreensão
sobre a alma.
2. No entanto, o estudo e a compreensão sobre a alma, não gera tanto interesse, salvo àqueles que dedicam-se especificamente a esta área de estudo; todavia, este interesse se renova, ou pelo menos, cresce em importância, a medida que se compreende os aspectos da insalubridade da alma, ou em contrapartida a asseveração do texto inicial, de quando a alma não vai bem; os antigos filósofos gregos se aperceberam de quando a alma não vai bem, e descreveram tal fenômeno como nosos ou nosema da psique; o qual, Cícero, depois de açambarcar estas descrições, os descrevera como morbus animi, como morbidades da alma; portanto, se faz necessário analisar o que é e qual a natureza das morbus animi.
Capítulo I: A saúde psíquica.
3. E, antes de propriamente adentrar a compreensão sobre as morbidades
da alma, o que é e qual sua natureza, se faz necessário uma breve descrição
sobre o que é saúde psíquica; evidentemente, a saúde psíquica, isto é, a alma
estar bem e sóbria, se evidencia a partir do funcionamento natural das funções
psíquicas e do equilíbrio destas funções com o contato com a realidade;
portanto, a saúde psíquica, numa síntese breve, é o pleno funcionamento das
funções naturais da alma no contato com a realidade e no equilíbrio destas
funções entre a ordem e a desordem, ou respectivamente, entre a sobriedade e a
loucura.
4. Deste modo, a natureza da psique pressupõe este equilíbrio como
aferidor de medida da saúde psíquica; logo, onde há este equilíbrio se tem a
saúde psíquica; e onde não há este equilíbrio, se tem a doença da alma, as
morbidades da alma; deste modo, o equilíbrio que resulta da relação entre a
ordem e a desordem; da ordem emanam as coisas boas e salutares, da desordem as
coisas ruins e maléficas; da ordem surge a sobriedade; da desordem surge a
loucura; e o equilíbrio que se cristaliza no confronto da ordem e da desordem,
é o que abaliza a sobriedade e a saúde da psique.
5. E, a ordem, isto é, a racionalidade, e a desordem, isto é, a rejeição a razão, se inter-relacionam, pois, a consciência ao se cristalizar na ordem, também tem diante de si a desordem, mas o que difere a sobriedade da loucura é justamente o caminho da ordem; mas, a sobriedade também se manifesta no reconhecimento e entendimento da desordem, da rejeição a razão e de suas manifestações básicas, muitas das quais, por si mesmas evidentes de que são rejeição a razão; e a saúde psíquica também reponta nisso, em ter esta percepção correta e adequada, ao passo que as morbidades da alma se instauram justamente quando se nega deliberadamente esta percepção seja por qual motivo for.
Capítulo II: A raiz das morbidades da alma.
6. As morbidades da alma, quando não surgem diretamente como uma doença
mental, são causadas pela recusa em se aperceber da realidade e/ou pela
rejeição a razão; pois, os padrões da realidade demonstra uma distinção entre o
real e o fenômeno da recusa em se aperceber do real; por isso, esta recusa,
sempre amalgamada com a rejeição a razão, se demonstra na própria realidade; na
verdade, é o que Voegelin chama de má vontade em distinguir entre sonho
(não-realidade) e realidade; e esta má vontade, ao se tornar um hábito,
cristaliza-se como morbidade na alma.
7. Por isso, Cícero define este fenômeno como morbus animi; e,
Cícero elenca uma série destas doenças, e as enumera sequencialmente; no
entanto, o que chama a atenção na descrição de Cícero não é somente a precisão
da descrição, mas principalmente o pressuposto que Cícero evoca para a natureza
desta morbidade; Cícero a descreve como rejeição a razão; e as morbidades da
alma, advêm fundamentalmente de atos e ações que deliberadamente demonstram a
rejeição a razão, ou que são açambarcadas no bojo da descrição da má vontade em
se aperceber da realidade, que vão desde as risadas até atos infames e vis.
8. Portanto, a raiz das morbidades da alma, aquelas morbidades que vão além das mais conhecidas doenças na alma, é sempre a má vontade em distinguir a realidade da não-realidade; esta má vontade cristaliza-se na mente e na vontade de maneira paulatina, de maneira a mover a alma em perturbações; e este mover, torna a pessoa que é movida alguém com várias patologias psíquicas, as quais, cada vez mais se manifestam; e a manifestação destas patologias se tornam, por assim dizer, evidentes de vários modos, muitos dos quais, aparentemente sem aparente patologia, mas que se analisados nos pormenores e em suas essências demonstram um estado de alma doentio e adoecedor.
Capítulo III: A morbus animi e sua natureza.
9. Mas, diante destas pressuposições, surge a questão: qual a natureza
da morbus animi; pois, se as morbus animi se cristalizam a partir
da formação do hábito oriundo da má vontade em distinguir entre realidade e
não-realidade, esta morbus animi, logicamente, possui uma natureza; e,
Cícero define a natureza da morbus animi como uma aspernatio rationis,
uma rejeição a razão; assim sendo, toda morbus animi tem algo da
rejeição a razão; e, que manifestação mais específica da aspernatio rationis,
do que a cristalização da má vontade em distinguir entre realidade e
não-realidade.
10. Portanto, é facilmente entendido que esta má vontade é uma rejeição
a razão, porque é uma rejeição a realidade; e toda rejeição a realidade, ou
gera a completa degeneração da percepção, ou então, cria-se um estado de sonho;
nos dois aspectos, as morbus animi se manifestam de maneira alarmante;
mas, principalmente no segundo aspecto, que se apercebe de maneira mais
clarividente as consequências da rejeição a razão; pois, ao se rejeitar a razão
se procurará evocar algum substituto para a razão; para aqueles que são
dominados pela ideologia, a razão é substituída pela vontade de domínio da
ideologia; já para aqueles que são dominados por algum “ismo”, logo tratam de
deificar este “ismo” e torná-lo o ponto arquimédico da realidade; etc.
11. Deste modo, a natureza da morbus animi, sempre procura evocar algum substituto para a razão; e, em muitos casos, o substituto para a razão se torna o próprio ato anti-razão, ou anti-realidade que é praticado por aqueles que estão em estado de morbidade na alma; e, as mais das vezes, aqueles que estão em estado de morbidade na alma, praticam ações que se tornam hábitos, os quais, sempre são expressão ou da rejeição a razão ou da recusa em se aperceber da realidade, que, em muitos casos, também são atos contra os princípios indiscutíveis da dignidade humana e os princípios racionais invioláveis da vida em sociedade. Isto, é o que caracteriza a morbus animi em sua natureza e, consequentemente, em suas manifestações.
Capítulo IV: A rejeição a razão.
12. Com isso, antes de se prosseguir se faz necessário analisar estes
dois aspectos através dos quais se entende a natureza da morbus animi,
os quais são: primeiro, a rejeição a razão; segundo, a recusa em se aperceber
da realidade. Em relação ao primeiro, se analisa dois aspectos: primeiro, as
ações inconscientes de rejeição a razão; segundo, a impregnação passiva de
hábitos anti-razão.
Primeiro, as ações inconscientes de rejeição a razão; em sua fase
inicial até a cristalização, a rejeição a razão se estabelece através de ações
inconscientes implementadas e/ou apreendidas pelo indivíduo; ações
implementadas porque pode ser parte da guerra cultural evocada pelas ideologias
nefastas para efetuar o domínio através da destruição do consciente; e ações
apreendidas, porque podem ser ações que se tornam castificadoras, e assim aos
poucos todos vão agindo da mesma maneira até a castificação completa das ações
que inconscientemente se tornam ações praticadas por todos, mas que em sua
natureza são morbus animi.
13. Segundo, a impregnação passiva de hábitos anti-razão; após a
implementação das ações inconscientes de rejeição a razão, as quais são
implementadas justamente para iscar os indivíduos nas sementes da rejeição a
razão, então, passa a haver a impregnação passiva de hábitos; os quais, por sua
vez, castificam de forma plena e absoluta todos aqueles que não se apercebem
desta impregnação e que estão sujeitos e subservientes aos ditames da
ideologia, seja por qual meio for; portanto, a natureza da se torna de tal modo
efetivada, que se tornam hábitos sem que sequer haja a percepção e a
compreensão que são ações de rejeição a razão, que tanto cauterizam a
consciência quanto destroem a inteligência.
14. Em suma, estes são os frutos da rejeição a razão: consciência cauterizada e inteligência destruída; ou em termos mais específicos, a destruição da parte sensível-racional da alma, e a desfiguração total da consciência individual em nome da consciência coletiva. Com isso, o primeiro aspecto da natureza da morbus animi, é a rejeição a razão, que em si mesma já traz consequências nefastas para o ser humano, consequências maiores e mais terríveis do que as mais cruentas guerras.
Capítulo V: A recusa em se aperceber da realidade.
15. E, em relação ao segundo aspecto da natureza da morbus animi,
se analisa dois aspectos: primeiro, a instauração da recusa em se aperceber da
realidade; segundo, as evidências da recusa em aperceber da realidade.
Primeiro, a instauração da recusa em aperceber da realidade; em primeiro
lugar, se estabelece, de maneira gradual e paulatina, os gérmens que
implementam atos e ações contrárias a realidade, ações que são parte da própria
recusa do indivíduo em se aperceber da realidade; e, em consonância a isso, se
observa que a recusa em se aperceber da realidade, na verdade, é a obnubilação,
por ações e outros meios, que implementa no indivíduo os preceitos da
anti-realidade, isto é, o ódio contra a realidade e contra a ordem da
realidade; tanto que a partir da instauração da recusa em se aperceber da
realidade, o indivíduo cria aversão a toda ordem da realidade e contra toda
ordenação natural. A instauração da recusa em se aperceber da realidade, se
demonstra a partir do ódio e da aversão existencial contra toda a ordem da
realidade e contra toda ordenação natural.
16. Segundo, as evidências da recusa em se aperceber da realidade; após
a instauração da recusa em se aperceber da realidade, ocorre a cristalização na
consciência e na vontade do estado de anti-realidade; e todas as ações e
atitudes do indivíduo que é calcificado no estado de anti-realidade, serão
evidência da recusa em se aperceber da realidade, e serão ações propagadoras
dos efeitos terríveis desta recusa tanto no próprio indivíduo quanto na
sociedade que o rodeia; por isso, a recusa em se aperceber da realidade de
início adoece o indivíduo, e se não desembocar noutra doença mais grave e
incapacitadora (por exemplo, esquizofrenia, demência, etc.), torna este
indivíduo adoecido e com morbidade na alma, um elemento de contaminação na
sociedade; pois, como a recusa em se aperceber da realidade é parte da natureza
da morbus animi, então, as morbidades da alma terão algo da recusa em se
aperceber da realidade ou serão fruto da própria recusa em se aperceber da
realidade.
17. Portanto, se estabelece uma dupla natureza da morbus animi, a rejeição a razão e a recusa em se aperceber da realidade; com isso, da rejeição a razão se apercebe o desenvolvimento da irracionalidade e a cristalização da imbecilidade; e da recusa em se aperceber da realidade, se tem o desenvolvimento de práticas vis e infames que se tornam corriqueiras pois são tidas como se fossem parte da própria realidade ou como se estivessem em consonância com a própria realidade, bem como a cristalização de uma castificação anti-realidade, que busca desfigurar e/ou destruir tudo aquilo que está em consonância com a realidade e destruir tudo aquilo que existe para preservar a realidade. Esta é, em linhas gerais, a natureza da morbus animi.
Capítulo VI: As manifestações da rejeição a razão.
18. Assim sendo, se evoca a proposição de que a rejeição a razão, sendo
a natureza da morbus animi, também é a porta de entrada dos vícios na
alma; o ato de não obedecer a razão, isto é, de rejeitar a razão, é um vício
(cf. Discussões Tusculanas, IV, 39), e um vício, que abre a porta para
outros vícios, os quais, por sua vez, são a evidência da rejeição a razão;
pois, o ato de rejeitar a razão, se transforma num vício, que por sua vez, é
manifesto em ações e atitudes que advêm após a rejeição a razão; aliás, esta é
a raiz das perturbações na alma.
19. Deste modo, ao se averiguar o aspecto duplo da natureza da morbus
animi, surge a pergunta: como reconhecer a morbus animi? Simples, a morbus
animi, no primeiro aspecto de sua natureza - a rejeição a razão -, tem
algumas manifestações, as quais, Cícero bem descreve nas “Discussões
Tusculanas” (IV, 23-32), as quais são: ganância, procura desenfreada de
status, garanhice, glutonaria, vício de guloseimas, vício de lanches, bebericar
habitual de vinho, irascibilidade, ansiedade, desejo de fama, e de reconhecimento
público, rigidez de atitude, misoginia e misantropia; estas são as
manifestações da rejeição a razão segundo a descrição de Cícero; e tal como diz
Voegelin, um catálogo de sintomas iluminador.
20. E, a partir desta descrição de Cícero, se pode subdividir as
manifestações da rejeição a razão a partir de duas classes distintas: primeiro,
no indivíduo em si mesmo; segundo, na atitude do indivíduo em relação aos
outros. E, do mesmo modo como estas manifestações estão interligadas entre si,
algumas dizem respeito somente ao indivíduo, enquanto que outras dizem respeito
ao indivíduo e em relação aos outros, enquanto outras diz respeito em relação
aos outros; mas, todas estas doenças são elemento de contaminação, de todo o
ser, e dos outros; é um ciclo vicioso que se instaura no indivíduo, e depois,
se torna elemento viciante, gerando a contaminação social.
21. Portanto, estas são as manifestações da rejeição a razão; embora, a
desobediência a razão, muitas vezes passe desapercebida como tal, nas
manifestações da doença, tal como o catálogo de sintomas evocados por Cícero,
se consegue compreender as morbidades na alma que surgem a partir da rejeição a
razão; e ainda que não consiga propriamente dito se perceber a rejeição a razão
em si mesma, se compreende a mesma a partir destes sintomas; logo, onde há
estes sintomas, e onde há um destes sintomas sempre se tem outros sintomas, se
pode com certeza apodítica se constatar a rejeição a razão.
22. E, aqui faz-se uma digressão; pois, este catálogo de sintomas evocado por Cícero, a partir da junção dos saberes dos antigos, dos estoicos, etc., ao ser evocado em tempos modernos, se constata uma série de outros sintomas; as variedades contemporâneas da doença mental, são ainda maiores; o catálogo de sintomas ao ser analisado a partir da vida hodierna, principalmente a partir do sistema da ciência de Hegel, é assustadoramente maior e mais terrível, pois, enumera-se os mesmos tipos de doença com agudeza ainda pior, e enumera-se outras doenças ainda mais terríveis, provenientes do que fora definido com o segundo aspecto da natureza da morbus animi, a saber, a recusa em se aperceber da realidade.
Capítulo VII: A recusa em se aperceber da realidade e as variedades contemporâneas da doença.
23. E, ao se observar as variedades contemporâneas da doença, se vai ao
segundo aspecto da natureza da morbus animi; este segundo aspecto, a
recusa em se aperceber da realidade (Apperzeptionsverwegerung), termo
estabelecido por Heimito von Doderer, é um diagnóstico, daquilo que Voegelin
chama de “cerne patológico na estrutura da consciência”; por isso,
segundo o próprio Voegelin, “com o desenvolvimento da recusa de aperceber
como um termo diagnóstico, Doderer praticamente reconquistou a aspernatio
rationis ciceronia”; e a análise de Voegelin está correta, pois, as
variedades contemporâneas da doença, são açambarcadas de maneira cirúrgica a
partir da descrição da recusa em se aperceber da realidade.
24. Pois, diferentemente, dos antigos estoicos que focaram unicamente na
rejeição a razão, a mesma, no mundo contemporâneo toma outras formas, as quais,
são açambarcadas não somente na definição de rejeição a razão, mas
principalmente, na contemporaneidade, a partir da descrição da recusa em se
aperceber da realidade; portanto, as variedades contemporâneas da doença são
descritas e definidas a partir do amplo escopo da recusa em se aperceber da
realidade; e, neste sentido, formam-se três classes de doenças: primeiro, do
indivíduo em relação a si mesmo; segundo, do indivíduo em relação ao próximo;
terceiro, dos indivíduos em relação a sociedade. E, nota-se, que é um escopo
mais amplo do que a rejeição a razão, pois, a complexidade aporética e terrível
da modernidade, tornara a manifestação da doença em grau e estágios ainda mais
avançados do que os do mundo antigo.
25. Assim sendo, em consonância com o catálogo fornecido por Cícero, e a
partir das variedades contemporâneas da doença, se evoca os seguintes sintomas:
a ganância doentia, o consumismo, a busca de status, a garanhice (homens),
galinhice (mulheres), a despersonalização por práticas sexuais anti-naturais,
feminismo, homossexualismo, bebericar habitual de vinhos, cervejas e
refrigerantes, irascibilidade, parcimônia desequilibrada, entusiasmo abrasador,
ansiedade, ansiedade cultural e social, desejo de fama, desejo de
reconhecimento público, desejo de poder, vontade de domínio, rigidez de
atitude, fraqueza de atitude, atitudes sem racionalidade, impregnação passiva
de hábitos pré-configurados, as manipulações na linguagem, misoginia,
misantropia, as diversas fobias contra as coisas naturais, estado de sonho,
ativismo sonhador, a magia do extremo, a idealização de inverdades, a
transmutação da consciência individual em consciência coletiva; etc. Um
catálogo de sintomas não somente iluminador, mas cirúrgico e aterrador; pois,
num geral, a vida na contemporaneidade é definida por estes sintomas.
26. E, estes sintomas estão interligados entre si, e nos tipos de classes de doenças; com a diferença de que, as variedades contemporâneas da doença, ao se manifestarem pela recusa em se aperceber da realidade, conduzem não somente o indivíduo a partir de um “cerne patológico na estrutura da consciência”, mas tornam toda a sociedade em expressão deste cerne patológico, formando assim uma sociedade como cerne patológico na estrutura da consciência; e isto pode ser definido através de outra expressão, a saber, a castificação da sociedade a partir de um cerne patológico na estrutura da consciência, gerando uma sociedade em que praticamente todo mundo este inserido neste cerne patológico na estrutura da consciência.
Capítulo VIII: As morbidades na alma e a sociedade.
27. Assim sendo, tendo compreendido o amplo escopo das morbidades na
alma, se pode evocar a proposição auto-evidente das consequências que estas
morbidades trazem à vida em sociedade; pois, as morbidades da alma, como se
observa no catálogo de sintomas que foram evocados, além de serem viciosas são
também viciante; além de causar outros vícios, torna os homens sujeitos a
inúmeros vícios. E onde se tem alguém que apresenta os sintomas descritos,
logo, estes sintomas contaminarão todos aqueles que estiverem a volta ou sob a
influência de quem possui o estado de alma mórbido; e, afirma-se, sem incorrer
em erros hiperbólicos, a medida desta contaminação é muito maior do que o mais
contagioso vírus.
28. Com isso, se pode descrever que uma sociedade com pessoas com
doenças na alma, será uma sociedade doente e adoecedora; uma sociedade que
semeia em si mesma as consequências destas doenças, ao passo que adoece ainda
mais aqueles que a compõem; por isso, o estado de alguém com a alma mórbida, é
um estado deplorável; a morbidade na alma causa males terríveis tanto na alma
do indivíduo quanto na alma da sociedade; por isso, ao se compreender sobre as
morbidades na alma, se compreende a razão da situação alarmante que se encontra
aqueles que são dominados por tais variedades da doença; e, a compreensão sobre
as morbidades da alma, a partir da doença descrita e de sua natureza em duplo
escopo, e a compreensão as manifestações variadas desta doença, constitui-se
uma tarefa preponderante da psicologia e do encargo dos estudos inerentes a
ciência da alma.
29. Termina aqui esta explicação sobre as morbidades na alma. Bendito seja Deus
por todas as coisas. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário