Hoje acordamos com a triste notícia da morte do Papa
Francisco; um dia lúgubre; um dia após a Páscoa; o Papa da esperança faleceu; o
Papa dos marginalizados faleceu; o primeiro pontífice latino-americano da
história termina seu pontificado; silencia no trono de São Pedro a mais
contundente voz, nas últimas três gerações, em defesa dos mais pobres.
E o que dizer deste momento? Como homenagear
Francisco?
Certamente, as palavras de Bartolomeu, Patriarca
de Constantinopla, são assaz oportunas: “Nós sempre nos lembraremos dele”.
Sim, quem pode viver durante seu pontificado,
certamente, sempre se lembrará do Papa Francisco.
Um homem simples, de gestos simples, mas de uma
memória eterna; e isto não só para católicos, mas para todas as pessoas de bem.
Mas, quem é Francisco? Com certeza, a melhor forma de
homenagear o falecido papa é ponderar sobre sua vida e obra, isto é, sobre seu
legado.
E, quanto a isso, são feitas algumas considerações:
1. Primeiro, um sacerdote dedicado a sua missão de
cuidar das almas e ajudar a todos os homens; e o fizera com maestria, no
espírito evangélico e sob o zelo e o ardor dos exercícios espirituais de Inácio
de Loyola.
Como sacerdote, seja como padre, seja como bispo, ou
por fim como papa, sempre foi exemplar; uma verdadeira glória da companhia de
Jesus. Um homem que mostrou ao mundo o evangelho de Cristo no cumprimento de
sua vocação sacerdotal.
2. Segundo, o sábio Papa da literatura; um aspecto
pouco conhecido do legado de Francisco; um mestre da literatura; um erudito
conhecedor das letras; e que soube acoplar o conhecimento e a importância da
literatura a sua vocação sacerdotal, com simplicidade e destreza.
O papa da poesia, do tango, que gostava de deixar
claro sua admiração pelo futebol; e não só por meras palavras, mas em verdade;
o papa que amava o futebol.
Assim, soube concatenar o que de melhor a cultura
argentina produziu em sua vida e em sua vocação; o papa cervantiano.
O papa que pregou: “Deus é Jovem!”. O papa que
mesmo octogenário manteve-se jovem.
O papa que exclamou: “Viva a Poesia!”.
E, querido irmão Francisco, sua vida e dedicação também foram uma poesia, um verdadeiro canto de pescador.
E que poesia! Uma poesia de sabedoria; sua sabedoria,
querido irmão Francisco, em vários aspectos lembrou a de Leão XIII; embora, também dele divirja no
estilo; enquanto Leão XIII fora o homem das letras clássicas, Francisco é o
homem das letras da simplicidade.
Mas, de grande legado no tocante a doutrina social.
Por assim dizer, e com toda a honra, querido irmão Francisco, tu honraste e
enobreceste o legado de Leão XIII no tocante a doutrina social.
3. Terceiro, o Papa do bom humor; era diária sua
oração: “Senhor, dá-me um bom humor”; e quem não se lembrará da
brincadeira com um político brasileiro: “onde está minha cachaça?”; e o
bom humor durante uma reunião com os jovens, com uma jovem brasileira, ao
perguntar para a mesma: “quem é melhor, Maradona ou Pelé?”; entre tantas
outras histórias.
Com efeito, o bom humor é expressão de uma
inteligência aguçada somada a uma compreensão realista da vida; com efeito,
Francisco não é tido como um papa da inteligência; certamente, é tido como um
papa realista e de “pés no chão”.
No entanto, por ser um papa realista, é por isso também um papa da inteligência; não da inteligência que se expressa pela erudição, mas da inteligência que se expressa na simplicidade das ações.
Aliás, como os sábios já afirmaram, a forma mais
sofisticada de inteligência e erudição é a simplicidade.
Quem não se lembrará que iniciaste seu pontificado com
a “Lumen Fidei”; e foi a luz da fé que o guiara em todo o seu
pontificado; a preocupação com a casa comum, com a ecologia, com a
fraternidade, com o respeito pela dignidade humana, com os mais pobres, com a vida santa, entre
outras coisas, tudo foi iluminado pela luz da fé que o guiara em toda a sua
vida.
Deste modo, querido irmão Francisco, seu legado será sempre lembrado e rememorado mesmo diante de algumas ambiguidades que rondaram seu pontificado; sua memória, como dissera o irmão Bartolomeu, será eterna; alguém já disse que a mais importante qualidade humana não é o que se fala, mas o como se toca a alma humana; e isto tu fizera de maneira incomparável.
E quantas pessoas foram tocadas pelo seu exemplo e
proximidade; no passado dizia-se que os fiéis e as pessoas de bem iam a praça
São Pedro para ver João Paulo II, e que iam para ouvir Bento XVI; e isso é
verdade; entretanto, querido irmão Francisco, os fiéis e as pessoas de bem
foram a praça São Pedro para estarem próximas a ti; a proximidade foi uma marca
distintiva de seu pontificado, a qual sempre será lembrada.
Por isso, ao elogiá-lo de forma simples e rápida, como certamente tu gostaria, também encomendamos a misericórdia e a graça de Deus a todos quantos estão tristes, enlutados e macambúzios por seu falecimento.
Ah! Querido irmão, se tu pudesses ver a tristeza que tomou conta do mundo, certamente, isso o emocionaria; até os animais estão tristes; mas, diante desta tristeza, se nos renova a esperança da fé e da caridade, a fim de que sua memória seja honrada com dignidade e respeito por aqueles que irão sucedê-lo; sua vida marcou para sempre a cátedra de São Pedro.
Querido irmão, tu que sempre disseste “obrigado!” as mais distintas pessoas; mas, neste momento lúgubre, são os fiéis e todas as pessoas de bem, na verdade, “todos, todos, todos”, que lhe dizem em uníssono: “Muito Obrigado Papa Francisco!”.
Requiem aeternam dona eis,
Domine, et luz perpetua luceat eis.
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