Prólogo.
1. “O homem que tem muitos amigos pode congratular-se, mas há amigo
mais chegado do que um irmão” (Pv 18.24); esta sentença bíblica demonstra a
importância da amizade, pois, aquele que tem muitos amigos pode congratular-se,
pode se alegrar, pois, tem amigo que é mais chegado do que um irmão; e não
somente a sabedoria judaica evoca este singular ensinamento, a sabedoria grega
sempre teve a amizade em grande estima, tanto que os gregos falavam da amizade
como uma forma de amor, o amor phileo, que alguns consideravam uma forma
sublime de amor.
2. Aristóteles afirma que as coisas belas são louváveis, bem como são
louváveis as coisas que acompanham as virtudes (cf. De Virt. et Vit.
1249a); e, segundo o próprio Aristóteles, à virtude seguem coisas como:
honestidade, otimismo, amor ao lar e amor aos amigos, etc.; logo, para o
Filósofo, o amor aos amigos, ou mais propriamente, estão entre as coisas que se
seguem à virtude, e são nestas pressuposta e que acompanham as virtudes;
portanto, se pode acoplar a amizade entre as coisas belas, entre as coisas que
são louváveis; pois, a amizade, acompanha à virtude, isto é, somente aqueles
que possuem virtude e são virtuosos, é que são amigos; a amizade é uma virtude
primordial que se segue às virtudes cardeais; logo, a amizade é uma coisa bela,
louvável e virtuosa. A amizade é, em si mesma, algo possuinte de virtuose,
pois, acompanha à virtude e demonstra a virtude.
3. Portanto, se faz necessário compreender sobre a amizade; não somente a amizade, segundo a Escritura, mas primordialmente, a amizade no sentido racional, pois, se a amizade demonstra a virtude e o que acompanha a virtude, a não-amizade (ou a não-amigabilidade), demonstra os vícios e o que acompanha os vícios; logo, se faz necessário se compreender este excelente bem existencial, sobre o qual, o próprio Filósofo afirma, a amizade é sumamente necessária à vida, porque sem amigos ninguém escolheria viver, ainda que possuísse todos os outros bens (cf. Et. Nic. 1155a5-6); por isso, analisar o significado da amizade, é compreender algo sumamente necessário, que se reveste não somente de praticidade, mas principalmente, porque versa sobre um dos assuntos fundamentais da vida e do que significa viver neste mundo.
Capítulo I: O ser humano como um ser social.
4. A amizade, como diz o Filósofo, é sumamente necessária à vida; pois,
como o próprio Filósofo diz, o ser humano é um animal social; e a forma mais
adequada e mais frutífera de socialização é através da amizade; o ser humano,
sendo um ser social, necessariamente, na vida em sociedade, reflete este
caractere através da socialização, que se dá por vários meios e de diversas
formas; a forma mais eficaz e mais significativa do processo de socialização e
de vida em sociedade, é através da amizade, a partir da qual, se mostram as
virtudes e o que advêm após as virtudes; logo, a amizade é também parte de um
elo que edifica e fortifica a sociedade. Uma sociedade que não tem amizade, ou
que o verdadeiro sentido da amizade é desfigurado, é uma sociedade doente; pois,
as mais das vezes, a destruição da amizade significa a deificação da inveja.
5. Com isso, a amizade é parte da significação do ser humano como um ser
social; e, como parte de seu desenvolvimento pessoal, do desenvolvimento da
personalidade, há o contato e o diálogo com outros seres humanos, e neste
contato, principalmente através da amizade, se proporciona o meio de
desenvolver a personalidade do indivíduo diante da realidade para a vida em
sociedade; pois, a amizade serve como um canalizador que permite que os homens
encontrem em um mesmo objeto amado algo que os une e que permite que se
relacionem cordialmente uns com os outros.
Além disso, como o Filósofo diz a amizade parece unir os Estados (cf.
Et. Nic. 1155a23), isto é, parece contribuir para que Estados e Nações se
tornem amigos; e, se a amizade parece unir os Estados, então, certamente, a
amizade une uma sociedade; não a uniformidade doentia, mas a amizade social;
certamente, a amizade social, é uma forma de descrever esta amizade que une os
Estados, porque antes uniu suas sociedades no inter-relacionamento; e esta
forma de amizade, pode ser entendida através da comparação de que um ferro afia
outro ferro; do mesmo modo como o ferro afia o ferro assim um amigo afia o
outro (cf. Pv 27.17); ou no dizer de Heráclito, “o que se opõe é que ajuda”,
e, “todas as coisas são geradas pela luta” (Fragmento 8 [DK 22 B 8]; cf.
Et. Nic. 1155b5); este tipo de amizade, é que fortalece uma sociedade, gerando
o que se chama de “amizade social”.
A amizade social é o que torna uma sociedade forte, e que permite,
posteriormente, uma nação ser amiga de outra nação, em prol do bem comum. Ou
dito de outro modo, uma sociedade que valora e valoriza a verdadeira amizade, é
uma sociedade que se desenvolve de maneira forte.
6. Assim sendo, se compreende o porquê a amizade é sumamente necessária à vida humana, bem como para a vida em sociedade; a amizade, serve de aferidor de medida do estado de um indivíduo, bem como do estado de uma sociedade; uma sociedade que possui em suas entranhas a amizade social, tende a ser uma sociedade que cresce de maneira sóbria e virtuosa; e uma sociedade que não possui em suas entranhas a amizade social, sempre é uma sociedade que desemboca em vícios e doenças sociais (que podem se tornar em doenças psíquicas).
Capítulo II: A riqueza da amizade.
7. A amizade é um dos bens da vida; não um dos bens materiais, mas um
dos bens existenciais; por isso, Aristóteles afirma que sem amigos ninguém
escolheria viver, ainda que possuísse todos os outros bens (cf. Et. Nic.
1155a5-6); portanto, a amizade é uma riqueza existencial que transcende a
riqueza dos bens; na verdade, a riqueza da amizade reponta justamente nisso, já
que transcende o excessivo apego aos bens materiais, para demonstrar o amor na
vida, que partilhado no mesmo objeto, proporciona amizade; a amizade é uma das
formas de demonstrar o amor na vida, nas coisas boas da vida, que transcende o
apego as coisas materiais, para demonstrar que o mais importante na vida é o
amor, e isto, nas mais variadas esferas da vida.
8. E, a riqueza da amizade pode ser entendida a partir de três
princípios: primeiro, porque a amizade é bênção na hora das vicissitudes;
segundo, porque a amizade é tão próxima quanto o laço familiar; terceiro,
porque a amizade é uma fonte de correção e exortação; quarto, porque a amizade
é uma forma de aperfeiçoamento mútuo; quinto, porque a amizade é fortalecimento
na caminhada da vida.
Primeiro, porque a amizade é bênção na hora das vicissitudes; a
verdadeira amizade se conhece na hora da tribulação, de quando das
vicissitudes; está escrito: “em todo o tempo ama o amigo; e na angústia
nasce o irmão” (Pv 17.17); é na hora da angústia, que o verdadeiro valor da
amizade se mostra, pois, na angústia o verdadeiro amigo se torna como que
irmão. E nisto está uma das belezas da amizade, se estabelecer e se tornar
ainda mais forte em meio a angústia.
9. Segundo, porque a amizade é tão próxima quanto o laço familiar; a
verdadeira amizade se torna tão próxima quanto o laço familiar; se na angústia
nasce o irmão, então, ao se desenvolver a amizade a mesma se torna um elo tão
forte quanto um laço familiar; por isso, “há amigo mais chegado do que um
irmão” (Pv 18.24); a verdadeira amizade se desenvolve, e a medida que se
desenvolve se torna tão forte quanto um laço familiar; e, em alguns casos, se
torna até mais forte do que o laço familiar, se tornando o amigo até mais
chegado do que um irmão.
10. Terceiro, porque a amizade é uma fonte de correção e exortação; a
verdadeira amizade, é instrumento de correção e exortação; o verdadeiro amigo
exorta e repreende com vê aqueles com quem tem amizade enveredando por caminhos
tortuosos; pois, “fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do
que aborrece são enganosos” (Pv 27.6); fiéis são as feridas provenientes da
verdadeira amizade, isto é, as correções e as exortações de um amigo são mais
fiéis do que as bajulações.
11. Quarto, porque a amizade é uma forma de aperfeiçoamento mútuo; a
verdadeira amizade é uma forma de aperfeiçoamento mútuo; está escrito: “Como
o ferro com o ferro se aguça, assim o homem afia o rosto de seu amigo” (Pv
27.17); a amizade é um amolador existencial, é um amolador para fortalecer o
que há de bom e limpar o que há de ruim; logo, da verdadeira amizade é um
elemento afiador do caráter e do desenvolvimento da personalidade.
12. Quinto, porque a amizade é fortalecimento na caminhada da vida; a
verdadeira amizade é fortalecimento; está escrito: “porque se um cair, o
outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; pois, caindo, não
haverá outro que o levante” (Ec 4.10); a amizade fortalece a caminhada da
vida, porque, se um cair, há outro que levante, se o outro cair, há o que o
levanta; portanto, a verdadeira amizade fortalece a caminhada, porque ajuda e
serve de encorajamento diante das quedas e das batalhas da vida; a amizade
fortalecer o caminhar, ajuda a levantar os que caem, e ajuda a cuidar das
feridas que são provenientes das escarpas da vida.
13. Estas são a descrição da amizade, a partir da sabedoria judaica; a qual muito contribui e abaliza a compreensão sobre a amizade muito antes do tempo áureo dos gregos; assim sendo, a riqueza da amizade está delineada nestes e em outros aspectos, uma riqueza existencial preciosíssima, ao ponto de Aristóteles, que conheceu e dominou todas as sendas do saber, e reuniu e verificou aquilo que de melhor havia nos grandes feitos dos povos, pode afirmar de maneira categórica: sem amigos ninguém escolheria viver, ainda que possuísse todos os outros bens. Esta é a excelência da amizade.
Capítulo III: As três espécies de amizade.
14. E, em relação ao entendimento racional sobre a amizade, Aristóteles
fala sobre três tipos de amizade; e, a partir deste entendimento, se
compreender a diferença entre a verdadeira amizade e as falsas amizades; embora
as falsas descrições da amizade não possam ser propriamente definidas como
amizade, são tidas como “amizade”; mas, a compreensão sobre os três tipos de
amizade, abaliza o entendimento sobre a verdadeira amizade, e sobre as falsas
amizades. Aristóteles, primeiro, fala sobre a amizade em vista da utilidade;
segundo, sobre a amizade com vista ao prazer; terceiro, sobre a amizade
embasada na virtude.
15. Primeiro, a amizade em vista da utilidade; são aqueles que dizem
amar a outrem, mas “amam” enquanto lhes oferecem algum bem, isto é, “amam” pelo
que é bom e útil para eles mesmos; este tipo de amizade é adoecedor, pois,
chega ao ponto de esvair um a força do outro, em busca de um bem próprio, ou
mais propriamente em busca da utilização do outro para algum bem egoísta; este
tipo de amizade funda-se as mais das vezes na maldade. Esta espécie de amizade
é uma falsa amizade.
Segundo, a amizade com vista ao prazer; são aqueles que dizem amar a
outrem apenas por algum prazer, isto é, enquanto são agradáveis; e este
agradável não diz respeito a gentileza, mas em relação ao que é agradável para
outrem, sem que se faça alguma reprimenda e/ou correção; a amizade baseada no
prazer vai diretamente contra o ensino da sabedoria judaica, que afirma que a
amizade é um afiando o outro; portanto, a amizade que visa somente ao prazer é
uma falsa amizade, embora possa ter a aparência de amigabilidade. Esta espécie
de amizade é uma falsa amizade.
Terceiro, a amizade embasada na virtude; são aqueles que realmente amam
a outrem por causa da virtude, e não somente por causa da utilidade e do
prazer; é a amizade baseada no bem pelo bem, na bondade pela bondade, na
virtude pela virtude; a amizade baseada na virtude é evidência da nobreza de
caráter e de virtude, e por isso, se torna como o próprio Filósofo afirma,
invulnerável; pois, este tipo de amizade é baseada na confiança, na firmeza de
caráter e sobrevive a prova do tempo; e somente entre os bons, como diz
Aristóteles, é que é encontrada a confiança; logo, somente entre estes, é que é
possível a amizade embasada na virtude. Esta espécie de amizade é a verdadeira
amizade.
16. Portanto, no entendimento sobre estas três espécies de amizade, na qual as duas primeiras apenas trazem algo de similar a amizade, enquanto que a terceira é a verdadeira amizade, é que se pode chegar realmente a uma compreensão racional sobre a amizade; logo, se compreende o que é a verdadeira amizade, e com isso, se pode entender quais são as falsas amizades; por isso, como diz o Filósofo: “os maus serão amigos com vistas na utilidade ou no prazer, e a esse respeito se assemelharão um ao outro; mas os bons serão amigos por eles mesmos, isto é, em razão de sua bondade” (Et. Nic. 1157b1-3). Nisto também se compreende a diferença entre a falsa amizade e a verdadeira amizade.
Capítulo IV: A amizade como virtude.
17. A amizade, só é possível, em seu sentido
verdadeiro, entre pessoas virtuosas; a amizade pressupõe a virtude; na verdade,
a própria amizade é virtude; logo, a verdadeira amizade, é embasada na virtude;
pois, aqueles que são virtuosos, encontrarão em outros que são virtuosos
objetos de interesse comum; uma pessoa interesseira não encontrará objeto de
interesse comum com alguém virtuoso; pelo contrário, aqueles que se abalizam
apenas pela utilidade para satisfação egoística, não conseguem firmar amizade com
aqueles são virtuosos, e vice-versa; pois, a virtuosidade é exigente, e requer
uma certa semelhança em relação a virtude.
18. Deste modo, a amizade pode ser entendida como virtude em três
princípios: primeiro, pelo mesmo querer; segundo, pelo mesmo não querer;
terceiro, em função dos frutos da virtude.
Primeiro, pelo mesmo querer; o primeiro caractere da verdadeira amizade
é o mesmo querer; e o querer que tende a virtude e as coisas boas e louváveis;
este querer é o que está presente na verdadeira amizade; o querer que aponta e
busca as coisas boas e louváveis, através do qual, as pessoas virtuosas
cultivam a amizade e através do qual, a verdadeira amizade cresce, se
desenvolve e se fortifica; sempre é pelo mesmo querer que a verdadeira amizade
mostra sua vitalidade e veracidade.
19. Segundo, pelo mesmo não querer; o segundo caractere da verdadeira
amizade é o mesmo não querer; pois, se se tem o mesmo querer em relação as
coisas boas e louváveis, se tem o mesmo não querer em relação as coisas más e
repreensíveis; e o não querer das coisas más e viciosas, demonstra o
qualificativo da verdadeira amizade a partir da rejeição de atos viciosos;
logo, também é pelo mesmo não querer que a verdadeira amizade mostra sua
veracidade.
20. Terceiro, em função dos frutos da virtude; sob estes dois caracteres
da verdadeira amizade, reponta um terceiro, a saber, os frutos da virtude; a
verdadeira amizade frutifica em frutos virtuosos e em virtuosidade; na verdade,
a verdadeira amizade não tem limite para o crescimento em virtudes, pois, a
medida que um afia o outro, os verdadeiros amigos crescem em virtudes, passando
a querer a mesma coisa e passando a não querer a mesma coisa; por isso, a
partir dos frutos da virtude é que se demonstra a amizade que se define como o
mesmo querer e o mesmo não querer; somente pessoas virtuosas entendem o mesmo
querer e o mesmo não querer.
21. Com isso, se entende a sentença clássica da amizade como mesmo querer e o mesmo não querer; realmente, nesta sentença, se define de maneira bem prática o que é a amizade, bem como se compreende o porquê a verdadeira amizade só se encontra entre pessoas virtuosas; pois, a falta da virtude inclina a vontade para o querer coisas viciosas, ao passo que a virtude inclina a vontade para o querer coisas virtuosas; logo, a verdadeira amizade só existe e se desenvolve onde há virtude, de modo tal, que a partir da própria amizade, até mesmo a virtude se desenvolve e torna-se mais burilada.
Capítulo V: A amizade como uma forma de amor.
22. A amizade é uma virtude, porque a amizade é uma forma de amor; e,
sabe-se que existem quatro formas de amor: o amor ágape, o amor de Deus,
chamado de amor incondicional; o amor eros, o amor de um para com uma
mulher e de uma mulher para com um homem, o amor romântico; o amor estorge,
o amor para com a família, o amor fraternal; e o amor philia, o amor
entre pessoas que compartilham um interesse ou vida comum, chamado de amizade.
Esta é a descrição clássica fornecida por C. S. Lewis no clássico “Os Quatro
Amores”.
23. O amor philia, a amizade, é o mais raro entre estes amores; e
também um dos mais fortes, que chega até a superar o amor familiar (storge);
por isso, a philia só existe sob a base da virtude (arete); como
o próprio Lewis afirma, este tipo de amor só existe embasado, e embasado na
virtude; e este tipo é o mais raro segundo Lewis justamente porque não tem os
princípios das outras formas do amor: não é o amor incondicional, que é o amor
divino; não é o amor da afeição familiar, pois, não tem laços sanguíneos; e não
é o amor romântico, que tem o desejo físico-sexual por outrem; o amor philia,
é o amor embasado unicamente na virtude e na busca do bem comum na partilha de
um interesse ou vida em comum.
24. Por isso, este amor era tido, como o mais admirável; pois, segundo Lewis, o amor philia não olha o amado, tal como no amor eros, ou olha a família, tal como no amor storge, mas olhe embasado na virtude, pois, fora desta que surgira este amor. Logo, se entende o porquê Aristóteles afirmar que a amizade está como o bem maior que os homens podem alcançar; pois, é um amor que flexiona-se e impulsiona-se a partir da virtude e nos interesses comuns (o mesmo querer e o mesmo não querer); portanto, a amizade é a forma mais rara de amor, bem como é o maior dos bens que o ser humano pode encontrar nesta vida.
Capítulo VI: A importância da amizade.
25. Deste modo, se constata, a importância indiscutível da amizade;
pois, além de ser uma forma de amor, o amor storge, e de ser um bem
existencial preciosíssimo, a amizade é um elemento que ajuda a viver e a
enxergar a própria beleza da vida; por isso, Aristóteles afirma que sem amigos
ninguém escolheria viver, ainda que possuísse todos os outros bens (cf. Et.
Nic. 1155a5-6); pois, a amizade ajuda a viver e ensina a viver, além do que,
através da amizade, se consegue enxergar algumas belezas da vida, as quais,
muitas das vezes, se não fosse pela amizade não seriam enxergadas e conhecidas
adequadamente.
26. Portanto, se fala da importância da amizade de dois modos: primeiro,
da importância para o indivíduo; segundo, da importância para a sociedade.
Primeiro, da importância para o indivíduo; a amizade é de suma
importância para o indivíduo; na verdade, a amizade é parte do desenvolvimento
do “eu”, é parte do desenvolvimento sóbrio e integrado da personalidade; a
amizade é elemento imprescindível para a formação da personalidade e o
desenvolvimento integrado da própria personalidade; por isso, a amizade é
elemento importante da pessoalização do indivíduo, além do que, a amizade, ao
indivíduo crescer e se desenvolver é elemento de aperfeiçoamento do caráter.
Segundo, da importância para a sociedade; se a amizade é importante para
o indivíduo, então, também é importante para a sociedade; na verdade, a
amizade, é elemento de edificação de uma sociedade; uma sociedade sóbria terá a
verdadeira amizade como um de seus pilares, e uma de suas manifestações
existenciais mais belas e sinceras; no entanto, uma sociedade adoecida, não
terá a verdadeira amizade como uma de suas manifestações existenciais; e uma
sociedade só é edificada nos valores realmente humanos, em conformidade com a
amizade, uma nobre virtude que demonstra a qualidade de uma sociedade.
27. Com isso, se pode afirmar, tanto no sentido bíblico quanto no
sentido filosófico, que a amizade é um dos bens da vida, porque é uma forma de
amor e uma forma de amar e entender a beleza da vida; no sentido filosófico, a
partir do Filósofo, ganha uma conotação de uma virtude singularíssima, que só é
experienciadas entre aqueles que possuem virtude; e no sentido bíblico, é um
preceito sapencial e que ensina, através da sabedoria prática do dia a dia, a
viver de maneira adequada e honrada; além disso, o Senhor Jesus ensina sobre a
amizade, sendo Ele mesmo o Amigo Verdadeiro; o Senhor Jesus, ensina a amizade
como virtude e como ventura, que Ele mesmo encarnara em sua vida e
ensinamentos; logo, tanto o Filósofo mesmo que de maneira falha e imperfeita,
quanto o próprio Deus dão testemunho do valor e da importância da amizade; o
Filósofo, na pura reflexão racional, se apercebeu da importância da amizade, e
o próprio Deus revelou de maneira cristalina a adamantina a importância e o
valor da amizade. A razão e a revelação estão em acordo sobre a importância e
sobre o valor da amizade.
28. Termina aqui esta explicação sobre a amizade. Bendito seja Deus por
todas as coisas. Amém.
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