As obras e a teologia de
Pseudo-Dionísio tem influenciado a cristandade por séculos; poucos autores
influenciaram tanto como Pseudo-Dionísio, e, soma-se a isso, o fato de que
Pseudo-Dionísio fora amplamente estudado e comentado tanto na teologia latina
quanto na teologia grega; o Corpus Dionysiacum, como é formalmente
conhecido a obra de Pseudo-Dionísio, exerceu grandíssima influência na história; na teologia apenas Santo Agostinho exercera uma influência
maior do que Pseudo-Dionísio.
E isso é um fato curioso; pois, a
verdadeira identidade deste autor fora pelo mesmo ocultada; escolheu um
pseudônimo para indicar o caminho de sua obra e seu propósito teológico, a
saber, o nome Dionísio; pois, como Bento XVI afirma: “a sua intenção era pôr
a sabedoria grega ao serviço do Evangelho, ajudar o encontro entre a cultura e
a inteligência gregas e o anúncio de Cristo”[1];
e, por isso, ocultou sua verdadeira identidade, em função do programa teológico
que iria desenvolver, e que desenvolvera com maestria.
Mas, conquanto a isso, as
dificuldades do Corpus Dionysiacum são várias, por muitos motivos:
algumas obras estão ou foram completamente perdidas; os ínvios e obscuros
caminhos de argumentação; a utilização de termos filosóficos gregos para
explicar os mistérios da revelação; etc.; por isso, compreender Pseudo-Dionísio
não é tarefa simples; mas, é algo sumamente necessário; pois, a teologia de
Pseudo-Dionísio continua refulgindo com luminosidade e limpidez, ao procurar
explicar a glória de Deus, manifesta em Seu Ser e em Seus atributos (e nomes),
tanto quanto manifesta de maneira plena em Jesus Cristo.
E, para compreender
Pseudo-Dionísio, é necessário analisar suas obras; e Corpus Dionysiacum
tal como se encontra no estado atual da pesquisa é composto por quatro livros,
e por dez epístolas; a dificuldade em relação aos livros é a mesma; Tomás de
Aquino descreve muito bem a razão desta dificuldade: “é preciso considerar
que o bem-aventurado Dionísio usa um estilo sombrio em todos os seus livros. Na
verdade, ele não fez isso por inexperiência, mas por diligência, a fim de
esconder os dogmas sagrados e divinos do escárnio dos infiéis”[2].
Por isso, é necessário de antemão
estabelecer uma forma de analisar as obras de Pseudo-Dionísio; e a melhor
maneira de iniciar a análise de suas obras se dá pela compreensão sobre suas
cartas, algumas das quais sumariam aspectos das obras de maneira mais simples,
já que algumas delas foram explicações sobre dúvidas surgidas a partir de
algumas de suas obras. Logo, analisar e compreender as epístolas, constitui-se
a melhor forma de se adentrar ao estudo do Corpus Dionysiacum.
Portanto, como as epístolas versam
sobre temas teológicos importantes, através da compreensão destas epístolas se
tem o melhor modo de apresentar e se conhecer o efusivo programa teológico
dionísico. Assim, as epístolas são a melhor maneira de se introduzir ao
programa teológico dionísico.
Por isso, ao adentrar a
compreensão de Pseudo-Dionísio, que possamos orar para entender o propósito que
o guiara, e que também deve ser o propósito a nos guiar, tal como Bento XVI
ensinara: “Oremos ao Senhor a fim de que nos ajude inclusivamente hoje a pôr
ao serviço do Evangelho a sabedoria dos nossos tempos, descobrindo novamente a
beleza da fé, o encontro com Deus em Cristo”[3].
Este é o propósito de se analisar as obras de Pseudo-Dionísio, bem como o
propósito que deve permear a existência teológica e o testemunho da fé entre os
pagãos, acoplando a sabedoria filosófica em tudo aquilo que não impugna os
assuntos da fé.
Soli Deo Gloria!
In Nomine Iesus!
28 de agosto de 2024.
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