Proêmio
A
poesia “O Violinista” (1837) é um dos textos mais impressionantes de Karl
Marx[1] (mesmo que seja uma de
suas obras de juventude); pois, Marx descreve a si mesmo, quem é e o que procurará
fazer, através da alegoria com um violinista; Marx compara sua vida, suas
capacidades, seus labores, ao laborar de um violinista; não porque não pudesse
falar de si mesmo de maneira aberta e desvelada, mas porque através dos
símbolos concernentes a atividade do violinista, ele poderia descrever melhor o
ímpeto que o moveria em tudo o que procuraria fazer e as consequências de seus
labores. E a procura por tais símbolos é evidência cabal de sujeição a Hegel.
Assim,
o “violinista” neste poema é um signo que se refere, em primeiro lugar,
ao próprio Marx, mas que, em segundo lugar e de maneira derivada, também diz
respeito a todos os marxistas. O violinista mor, Marx, e os violinistas
acompanhantes, os marxistas; a orquestra do marxismo só comporta violinos, não
só pela falta de pluralidade na verdade do pensamento marxista, mas
principalmente por causa do propósito que os move de maneira indivisa e
inconcussa, tal como é assustadoramente desvelado nesta poesia.
Expliquemos,
pois, alguns aspectos desse poema, o qual é a base para a exegese do pensamento
marxiano, do qual se origina o pensamento marxista. Então, a compreensão desse
poema (e de outros poemas de Marx) é o fundamento para quem busca entender e
compreender o marxismo como um todo; pois, quem quer compreender
filosoficamente e espiritualmente o propósito de Marx e do marxismo, deve
iniciar pela análise e estudo das obras poéticas de Marx.
§ 1
O
símbolo do violinista.
A busca por símbolos, seja através de metáforas seja através de alegorias,
demonstra ou a necessidade de encontrar meios de expressar sentimentos difíceis
de serem descritos em prosa narrativa, ou então demonstra a tentativa de
desvelar algo que está oculto, que se for expresso de maneira direta,
descortinará o propósito real de quem escreve; por isso, alguns autores,
movidos por propósitos hediondos, escondem seus verdadeiros propósitos através
de metáforas e figuras em obras poéticas.
No
caso de Marx, ele descortina quem é e o que faz através da figura do
violinista. O violinista é aquele que serra as cordas, isto é, quem exerce uma
arte com maestria: do mesmo modo é com Marx, é alguém que quer exercer sua arte
com maestria (a arte de Marx é a eficácia em estabelecer seus propósitos, os
propósitos do marxismo); pois, o violinista ao exercer sua arte com maestria,
torna a mesma um hábito pelo qual ele é reconhecido; do mesmo modo é com
aqueles que sabem exercer a arte a qual se dedicam de maneira maestrina.
Assim,
se Marx conseguir exercer sua arte com maestria, ele conseguirá colocar todos
aqueles a que influencia, de maneira direta ou indireta, conscientemente ou
não, sujeitos aos propósitos do marxismo; ao serrar as cordas do marxismo,
aqueles que são dominados pelos sons do violino da doutrina marxista, são por
este sujeitados ao propósito marxista.
Por
isso, o símbolo do violinista é para descrever alguém que exerce uma arte com
maestria, bem como para descrever aas consequências que este exercer uma arte com
maestria traz àquele que assim faz.
Mas,
por que Marx se utiliza da alegoria do violinista? Simples, assim como muitos
de sua época, alegorias com instrumentos musicais servia para demonstrar o que
concerne a execução da arte praticada e seus efeitos naqueles a quem é
direcionada.
Marx
não é o único que se utiliza desta alegoria, vários no séc. XIX também o
fizeram, mas Marx é o único que o faz com outros propósitos do que aqueles que
também se utilizaram da mesma alegoria; outros autores utilizam desta alegoria
apenas com propósitos poéticos, Marx além dos propósitos poéticos também a
utiliza com propósitos descritivos tanto de si mesmo quanto de seus labores.
Pois,
através da alegoria do violinista, Marx descreve a si mesmo e explica as
consequências de seus labores.
§ 2
O
frenesi na música, expressão de alma em desordem. A primeira descrição é sobre o
frenesi da música; a indagação de Marx, “por que esse som frenético?”,
não é tanto em relação a um som dissonante; mas, é a indagação sobre a raiz do
frenesi; pois, se Marx se descreve como um violinista (e de fato, ele entendia
realmente de música), ele não indaga sobre a razão harmônica do som frenético,
mas sim sobre sua causa; por isso, Marx indaga: “por que você olha tão
descontroladamente em volta?”, isto é, indaga a causa do descontrole e da
inquietação; depois, indaga ainda: “por que salta seu sangue, como o mar
agitado?”, isto é, indaga a causa da ansiedade psíquica (música frenética
causa ansiedade na alma); e, por fim, indaga: “o que impulsiona seu arco tão
desesperadamente?”, isto é, indaga a causa do desespero.
Ou
seja, através da música frenética, o próprio Marx constatou os efeitos deste
tipo de música no indivíduo, a saber: descontrole, inquietação, ansiedade,
desespero. Por isso, o frenesi na música e o frenesi ocasionado pela música é
expressão de alma em desordem; assim, através da música frenética se consegue
colocar as massas populares em desordem, isto é, em inquietação, ansiedade,
desespero e similares.
Portanto,
Marx constata uma coisa através da alegoria do violinista, dos efeitos da
música frenética, isto é, da música ideologizada, da música utilizada com
propósitos ideológicos; com isso, ele se compara ao violinista não somente para
constatar isso, como de fato em poucos versos constatou de maneira magistral e
de modo muito mais apurado do que os mais eruditos críticos musicais, mas
principalmente para poder efetuar o mesmo através da impregnação ideológica nas
mais variadas artes, isto é, em todas as manifestações culturais (em suma, o
marxismo cultural é isso).
E,
com isso, se descortina outro propósito de Marx, a saber, o de propagar cabalmente
o que parece que ele na verdade critica; isso é fruto do sistema hegeliano,
apresentar algo com aparência de “crítica”, mas na verdade propagar justamente
este algo sob as máscaras da “crítica”; é isso que Marx descortina sobre si
nesta poesia, ao ponderar sobre o frenesi na música; pois, parece que Marx critica
ferrenhamente este frenesi, quando na verdade o próprio Marx desvela que é isso
o que ele pretende fazer, não somente na música e nas artes, mas em toda a
sociedade.
Por
isso, os efeitos do marxismo na vida sócio-cultural são da mesma espécie que os
efeitos do frenesi na música.
§ 3
A
alma em desordem é ordenada ao inferno.
A alma em desordem, pelo frenesi da música, tem um destino; pois, o frenesi, ao
ocasionar desordem, traz consigo as consequências desta desordem; por esta
razão, Marx indaga a razão dele tocar violino: “por que eu toco violino?”,
isto é, indaga a razão do porque utiliza deste ofício, ou seja, a razão de seu
laborar; e, na verdade, Marx não toca apenas o violino, ele produz ondas
selvagem; por isso, indaga: “ou as ondas selvagens rugem?”, isto é, Marx
compara o seu ofício como violinista, uma alegoria, como o rugir de ondas
selvagens; ou seja, as consequências do frenesi musical produzido pelo Marx
violinista é o rugir das “ondas selvagens”. O frenesi do pensamento
marxista é uma tsunâmi contra os fundamentos da ordem social.
Ora,
e por que Marx faz isso? Simples, ele mesmo responde: “para que eles possam
bater na costa rochosa”, ou seja, Marx toca o violino para levar as
embarcações – no caso aqui, alegoria para representa os seres humanos - a bater
nas costas rochosas, a naufragar na vida; o frenesi propagado por Marx tem dois
modos de levar as pessoas a naufragar na vida, como o próprio Marx assevera: “que
o olho fique cego, que o peito inche”, isto é, que cegue a visão, ou seja,
que cegue a capacidade de discernir racionalmente, e que seja inchado pela
soberba; o propósito de Marx ao executar sua arte é fazer com que as pessoas
naufraguem na vida através da cegueira da razão e da soberba no coração. E
estes são os efeitos do pensamento marxista: cegueira da razão e soberba no
coração.
Por
isso, ao frenesi da música causar desordem na alma, ele causa desordem em todo
o ser; e alma em desordem é alma gritante, é alma que ao ser dominada pela
desordem, tem por consequência ser dominada pelo reino da desordem (aliás, pode-se
explicar este grito aqui através de uma comparação com a explicação da obra “O
Grito” de Edvard Munch); assim, alma em desordem é alma ordenada ao
inferno, tal como Marx afirma: “o grito dessa alma desce para o inferno”;
ora, a alma que desce ao inferno é a alma que entrou em desordem pelo frenesi
propagado, seja por qual meio for (na alegoria de Marx neste poema, através da
música).
E a
guisa de complemento a explicação da sentença desta estrofe, se entende que
tudo no pensamento marxiano tem dois sentidos: um literal e outro alegórico (um
sentido além da letra); e isso, que não é mera coincidência, se assemelha muito
com a exegese das coisas sagradas; por isso, o pensamento marxista busca
substituir a religião e os dogmas religiosos; na verdade, o pensamento marxista
busca substituir a Sagrada Escritura pelos textos de Marx; os sentidos do
pensamento marxista buscam transmogrifar os sentidos da exegese religiosa; e
embora não façam isso de jure, de facto conseguem açambarcar
muitos nesta invectiva, até aqueles que se dizem “cristãos”.
Além
do que, é por esta razão que é de ínvia dificuldade compreender o marxismo, já
que não se entende o que está por detrás do texto escrito, isto é, não se
entende as entrelinhas (os alegorismos marxianos); e nisso Marx segue a risca o
que Hegel fizera, a saber, esconder seu real propósito através de figuras,
alegorias, símbolos, signos, etc.
Outrossim,
é que Marx compreende o que concerne ao destino eterno das almas; no entanto, o
que ele propugna em seu laborar é para colocar uma desordem tal nas almas dos
indivíduos que os leve para o inferno. Isso é o próprio Marx quem afirma de
maneira direta e sem dubiedades. Portanto, o pensamento marxista tem por
propósito encaminhar as almas para o inferno.
§ 4
O
desprezo aos dons divinos.
Após ter designado seu propósito, Marx passa a indagar a si mesmo como
violinista; na verdade, não uma indagação do eu para com o próprio eu, mas
utiliza-se da função do narrador, para indagar ao próprio violinista (no caso o
próprio Marx indagando a si mesmo); por isso, Marx afirma: “violinista, com
desprezo você rasga seu coração”, isto é, o violinista desvela a si mesmo,
rasga o próprio coração, mas o faz com desprezo; não desprezo por si, mas
desprezo por Deus. Marx despreza a Deus. Este é o sentido deste verso.
Ora,
desprezar a si mesmo no “rasgar” do coração é o que Nietzsche chamara de
niilismo, ou o que Dostoiévski chama de doença em “O Homem do Subsolo”;
e essa doença é algo grave, pois, se “um Deus radiante emprestou-te a tua
arte”, ou seja, se suas capacidades provém da bondade divina, então rejeitá-las
é o mesmo que rejeitar a si mesmo; e Deus outorga tais capacidades para
conduzir à beleza: “para deslumbrar com ondas de melodia”, isto é, para
comover e deleitar, e também “para voar para a dança das estrelas no céu”,
isto é, para encantar. Por isso, rejeitar estas capacidades é o mesmo que
rejeitar a comoção, a deleição e a admiração.
Na
verdade, nestes versos Marx descortina o propósito dos dons e capacidades de
cada um, e num sentido geral, acerta; pois, Deus outorga os dons para as artes,
a fim de que os homens conheçam a verdade, e conduzam os homens a comoção, a
deleição e ao encantamento.
No
entanto, Marx o faz não somente para designar no que consiste isso; se assim
fosse, seria uma definição assaz útil; Marx delineia esta concepção para
demonstrar não o que ele de fato busca fazer, mas para mostrar que vai fazer
completamente o contrário.
Nesta
concepção, Marx propugna outra forma da encarnação do “espírito dialético”,
isto é, aquele estado de alma que ao compreender algo da verdade, por ter
compreendido este algo, passa a se portar contra este algo. E o “espírito
dialético” é a pior forma de descaro já instituída entre os seres humanos.
Assim
sendo, se compreende que Marx indaga a si mesmo enquanto violinista, não para
mostrar que a arte que executa provém das capacidades que Deus lhe outorgou,
mas sim para mostrar que a maestria que ele possui não provém do “Deus
radiante”, mas de outro alguém.
Por
isso, Marx descortinará o que está por detrás dele enquanto violinista, ou sem
a alegoria, o que o conduz no que ele faz e labora. Assim, Marx não somente
demonstra seu total desprezo para com os dons divinos, mas também seu total
desprezo aos transcendentais; por isso, o pensamento marxista é um pensamento
anti-transcendental.
§ 5
O
que está por detrás do violinista, o Demônio. Ao indagar a si mesmo, Marx então passa a resposta
pessoal a esta indagação com uma sentença exclamativa: “como assim!”,
isto é, como se pode perguntar algo deste tipo, como se pode fazer tal
indagação, pois o que ele faz está mais do que evidente do porque faz e para
quem faz; Marx diz: “Eu mergulho, mergulho sem falhar”, isto é, ele
exerce sua arte sem falha, pelo menos no que ele se propõe a fazer; no entanto,
ele não diz que toca as cordas do violino, mas que mergulha; ou seja, no
exercício de sua arte, o violinista Marx não o faz a fim de tirar os sons belos
do violino, mas de mergulhar algo.
Mas o
que é este algo? O próprio Marx afirma: “Meu sabre de sangue negro em sua
alma”; Marx não toca as cordas do violino apenas, isto é, ele não apenas
executa sua arte, mas mergulha o sabre negro dele (sabre negro é específico
para ser usado em rituais de bruxaria, ainda mais sendo sabre de sangue), na
alma de outrem, ou seja, este é o real propósito de Marx; ou dito de outro
modo, Marx executa sua arte para colocar um sabre de sangue negro na alma dos
indivíduos.
Por
isso, ele mesmo constata: “Essa arte Deus não quer nem deseja”, ou seja,
este tipo de arte Deus abomina (a arte imbuída de feitiçaria); pois, não é uma
arte que cumpre seu propósito natural, mas a arte que Marx executa é a arte em
função da bruxaria, com o sabre de sangue negro em suas mãos para adentrar as
almas das pessoas.
Portanto,
aquele que assim o faz não vai deslumbrar ou encantar; mas, antes, como o
próprio Marx assevera: “Salta para o cérebro das névoas negras do Inferno”,
isto é, aquele que exerce sua arte com o sabre de sangue negro para mergulhá-lo
na alma de outrem, salta para a as névoas negras do inferno; ou seja, o destino
da arte que não cumpre seu propósito é o inferno.
A
arte que é anti-arte é permeada pelas névoas negras do inferno, pois estas
névoas já dominaram o cérebro, a mente daquele que executa a arte deste modo. E
é esta espécie de arte que Marx propaga; então, o pensamento marxista tem a
mente permeada pelas névoas negras do inferno.
§ 6
O
acordo do violinista com Satanás.
E Marx assim o faz não somente tal como o mergulhar, isto é, como algo rápido e
feroz, mas “até que o coração esteja enfeitiçado”, ou seja, até que o
coração seja dominado pela bruxaria do sabre de sangue negro; e mais: “até
os sentidos cambalearem”, isto é, até os sentido serem corrompidos de seu
propósito natural; ora, em suma este é o linguajar da magia, da feitiçaria; por
isso, quando Marx diz que ele usa o sabre de sangue negro para mergulhar nas
almas, ele dá a entender que o propósito real é outro, e assim a alegoria com o
violino desvela-se em seu real significado, a saber: evidenciar a feitiçaria
que Marx propaga.
Por
isso, o próprio Marx afirma: “Com Satanás eu fiz meu acordo”, isto é,
Marx descreve em rodeios e sem metáforas, em meio a uma alegoria, que ele faz
um acordo com Satanás; por isso, ao invés de usar o arco de violinista, ele usa
o sabre negro dos rituais de bruxaria. O Marx violinista não é aquele que toca
o violino, mas aquele que usa o sabre de sangue negro para os propósitos da
bruxaria. E nisto o pensamento marxista se engendra: propaga bruxaria e
impregna bruxaria não só nas artes, mas em todo o ímpeto das manifestações
culturais.
Portanto,
ao fazer seu acordo com Satanás, ao fazer seu pacto com Satanás, Marx desvela
que é Satanás quem o conduz em sua arte, ao afirmar: “Ele risca os sinais,
marca o tempo para mim”, isto é, Marx afirma que é Satanás quem o conduz em
sua arte, ou seja, é Satanás quem o conduz no que ele faz e labora.
Assim,
a arte que Marx propaga, e as artes que são influenciadas pelo marxismo,
produzem um efeito terrível, tal como o próprio Marx afirma: “Eu toco a
marcha da morte rápido e grátis”, isto é, ao ter Satanás como seu condutor,
Marx afirma que o exercício de sua arte é a marcha da morte, ou seja, é o que
conduz a morte, e isto de maneira “rápida e grátis”; por isso, o
pensamento marxista é uma orquestra em função da marcha da morte, isto é, em
função da propagação da morte e do inferno.
E
Marx o faz totalmente consciente disso; por isso, o próprio Marx evoca a
contradição hegeliana: “Devo jogar escuro, devo jogar luz”, isto é, ao
mesmo tempo em que desvela o que concerne ao exercício da arte, também desvela
que seu propósito está além disso, a saber, ao mostrar no que concerne a arte
na verdade vela o que faz através da arte. E, ao ter feito diametralmente o
oposto nos versos anteriormente, ao evocar esta contradição hegeliana,
demonstra sua total sujeição a Hegel.
Além
do que, Marx faz isso até que todo o seu ser seja dominado completamente: “Até
que as cordas do arco partam meu coração completamente”, isto é, até que
ele não tenha mais sentimentos, até que ele morra; Marx propugna ser um
serviçal de Satanás enquanto viver, até a hora de sua morte, ou seja, até que
seu coração seja partido pelo próprio sabre que ele se utiliza como arco.
Outrossim,
é que esta última sentença evoca uma síntese com o sistema hegeliano; assim
como em Hegel, a meta (Ziel), só é alcançada na morte; por isso, no
último capítulo do sistema da ciência de Hegel, morre-se a própria determinação
individual, ou seja, morre o homem para Deus, e Deus morre para o homem; esta é
a dialógica hegeliana; e Marx a segue a risca: não que Deus de fato tenha
morrido, mas ao propugnar a própria morte para Deus e a morte de Deus para o
homem, o homem pode partir seu coração completamente, isto é, pode ser
completamente despessoalizado e despersonalizado.
E Marx
faz isso: propugna a própria morte, e a morte de Deus para ele, para pode ser
totalmente um serviçal de Satanás. Pois, tal como Hegel, somente assim Marx
alcança seus reais objetivos, tal como já fora descrito. Mas, Marx não propugna
a própria morte através de figuras fúnebres, mas através da alegoria do coração
completamente partido.
E a
guisa de conclusão, se deve explicar que a morte de Deus descrita por
Nietzsche, fora propugna e sistematizada por Hegel, e vivenciada plenamente por
Marx e pelos marxistas.
***
Ora,
não se fizera uma explicação muito aprofundada deste poema, mas apenas
explicou-se os principais aspectos alegóricos que servem para entender o real
propósito de Marx e do marxismo; pois, Marx, na alegoria do violinista, um tipo
de alegoria corriqueira em sua época, desvelou o real propósito de seus
labores; por isso, compreender as nuances deste poema é o fundamento para a
interpretação e compreensão do marxismo, dos fenômenos inerentes ao marxismo, já
que neste poema é desvelado o motivo-base de todo o pensamento de Marx e, por
consequência, de todos os marxistas.
E termina aqui esta explicação. θεῷ χάρις!
[1]
In: Karl Marx e Friedrich Engels, Marx-Engels Collected Works Vol. 1: Karl
Marx 1835-1843 [Lawrence & Wishart, 1975], pág. 22-23.
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