1. A produção por escrito, as mais das vezes, chamada de produção intelectual, conquanto possa ter algum proveito e alguma utilidade, nunca é por si suficiente, tanto pela limitação do intelecto humano quanto pela própria falta de atenção e/ou falta de busca por tais conhecimentos; assim, quando algum autor, seja em que área do saber for, produz algo por escrito, a humildade que convém ao intelectual prescreve de maneira indiscutível o caminho da revisão dos próprios escritos; muitos o fazem ao fim da vida, e é o mais correto a se fazer, tal como Agostinho fizera em suas “Retratações”, e que permanece sendo um exemplo grandiloquente de humildade intelectual.
2. No entanto, ainda não cheguei e longe estou de
escrever retratações ou revisões; no entanto, já escrevi muito, tanto em
relação a teologia quanto em relação a filosofia; observando o meu itinerário
pessoal quanto a escrita, isso me leva a surpresa; pois, muito foi produzido em
muitos poucos anos; e, somando-se a isso a decisão de tornar pública, sem
nenhum impedimento e/ou coerção, a mudança que ocorreu em meu pensamento desde
os 19 anos, quando meu coração se virou para a ortodoxia, quando então
compreendi os grimórios do protestantismo e me defrontei com a beleza da
ortodoxia.
3. Com isso, sendo o tempo de finalmente - e louvado
seja Deus por isso -, de declarar publicamente e por escrito esta virada em meu
pensamento que me orientará até o fim da vida, sob a boa mão do Senhor, resolvi
escrever uma pequena nótula, ainda não retratações, a respeito de tudo aquilo
que produzi até o presente momento; não para vaidade ou vanglória, mas para
pelo menos dar um panorama de tudo aquilo que o Senhor me conduziu a refletir e
a pensar, o que gerou muitos bons frutos por escrito.
4. Certamente, em se tratando da teologia jamais
pode-se resumi-la a apenas a produção intelectual; pois, mesmo homens ímpios
produzem algo de valor intelectual, o que não é nenhum mistério; no entanto, em
relação a teologia, a produção intelectual tem sua utilidade, mas apenas
derivada, já que o cerne, o núcleo e a seiva da verdadeira teologia é a
experiência de Deus; portanto, tudo aquilo que produzi por escrito, em seus
mais variados gêneros literários da ciência sagrada, tem importância apenas
derivada, pois foram frutos imperfeitos e parciais da experiência de Deus; e,
quanto aos escritos em filosofia possuem valor naquilo que refletem em ordem a
apurar a compreensão em seus respectivos assuntos.
5. Deste modo, se pode afirmar que o que mais importa
na teologia, retomando a sentença de São Nicolau Cabásilas, é a vida em Cristo;
nada mais importante, nada mais útil, nada mais excelente, pois, nEle, em
Cristo, “estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência”
(Cl 2.3), pois, Ele, Cristo, “foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e
santificação, e redenção” (1Co 1.30). Assim, a verdadeira teologia é
anunciação da vida em Cristo, fundamentalmente pelo exemplo; e, somente após, e
apenas como apêndice, por escrito. Pois, a vida santa fala muito mais e muito
mais alto do que milhares de páginas escritas.
6. E, tendo diante de mim este caminho, e procurando
segui-lo, como aquele que está a caminho, theologia viatorum, produzi os
mais variados escritos durante os anos, tais como: meditações, lições, estudos,
reflexões, sermões, análises, artigos, exposições, e mais propriamente nos
últimos quatro anos ensaios, questões, comentários teológicos e filosóficos;
tudo o que produzi foi ao mesmo tempo fruto do meu testemunho de fé, sustentado
pela graça de Deus, e fruto de procurar glorificar ao Senhor em doutrinas
quanto as questões racionais; na verdade, estes escritos, em centenas e mais
centenas - provavelmente já ultrapassaram os milhares (ainda não contabilizei,
pois isso é algo sem importância) -, são uma forma de testemunhar, de modo
parcial e imperfeito, o esplendor da fé em Jesus Cristo e tudo o que isto
significa.
7. Com isso, considerei por bem descrever estes breves aspectos, tanto no intuito de informar sobre esta parte do que desenvolvi como “atividade” teológica, não só diante de mim mesmo, mas também diante de Deus e à todos aqueles que se interessam por aquilo que tenho escrito; portanto, esta nótula estabelece uma apresentação básica do que produzi por escrito, bem como esclarece brevemente a razão desta produção; com isso, após as declarações públicas desta virada em meu pensamento, que já geraram algumas calúnias e maledicências por parte de homens ímpios e vis, alguns dos quais responderei noutro escrito, espero que continue o interesse pelo que escrevo, mas agora com uma peculiaridade a mais, a saber, ser fiel em tudo a fé ortodoxa.
θεῷ χάρις!
Nenhum comentário:
Postar um comentário