Prólogo.
1. Tendo visto uma medonha
decadência espiritual em razão da apostasia de um ex-presbítero de uma Igreja
Evangélica de linha pentecostal, e das consequências inimagináveis desta
apostasia no seio da Igreja, não somente as pentecostais, mas de outras igrejas
evangélicas que se renderam a apostasia, resolvi elucubrar brevemente sobre
este assunto; pois, um apóstata é tão perigoso quanto um homem-bomba; a
diferença está que o homem-bomba mata as pessoas fisicamente se explodindo, e o
apóstata mata as pessoas espiritualmente bem como mata a alma das pessoas que
se deixam enfeitiçar pelas mentiras e pelos enganos do apóstata.
2. O perigo da apostasia, é que
pelas mentiras, calúnias e sentimentos medonhos que provêm de um único
apóstata, até mesmo toda uma cidade é contaminada e aos poucos vai sendo
destruída; a Escritura afirma: “Quando as pessoas honestas abençoam uma
cidade, ela se torna importante, mas as palavras dos maus a destroem” (Pv
11.11 NTLH). As palavras dos maus destroem uma cidade! A Escritura afirma isso
categoricamente; e um apóstata, ao contaminar os outros com sua apostasia,
torna-se a base para a destruição moral, e, por fim, a destruição de tudo de
bom que há numa cidade; a morte na cidade de que falara Francis Schaeffer, é
consequência direta da apostasia.
3. Além disso, tendo visto que um apóstata, mesmo maltratando a própria mulher, bem como batendo, maltratando e matando animais indefesos, e ainda, destruindo a natureza, o que per se demonstra a violência no coração do apóstata, o que mais chama a atenção é o fato que mesmo muitas pessoas de bem sabendo de tais atos, ainda sim apoiam e incentivam as atitudes malignas do apóstata. Por isso, é necessário compreender a apostasia para vigiarmos ao máximo com a pureza de nossa fé, pois, o tesouro maior que temos enquanto seres humanos é a vida e a nossa fé; e em sintonia com o lançamento do volume 14 das obras completas de John Owen, que fala sobre a apostasia do evangelho, eis-nos em uma série de breves e sintéticas meditações sobre o estado do coração de um apóstata, fazendo assim uma anatomia de um apóstata.
Capítulo I: O apóstata: instrumento de contaminação espiritual.
4. O apóstata é instrumento de
contaminação espiritual. O autor aos Hebreus adverte para que se tenha o
cuidado de que nenhuma raiz venenosa cresça no meio dos cristãos, a qual priva
os homens da graça de Deus os contaminando (cf. Hb 12.15); tal raiz venenosa é
semeada pelo apóstata, pois, todo apóstata semeia sentimentos medonhos e
venenos espirituais por onde quer que passe. Na verdade, o apóstata é
instrumento maligno para contaminar a alma e a vida espiritual dos cristãos.
5. Por isso, onde há um apóstata
começará a haver contaminação espiritual; um apóstata é carregado de sementes
ruins, para fazê-las germinar nos corações desavisados e símplices, a fim de
que estes sejam contaminados e estejam sujeitos a todo o lixo psicológico e
espiritual que possa contaminar as almas daqueles que tem fé; o cuidado para
que não se brote em meio ao solo do coração alguma erva venenosa é justamente
esta erva que é semeada pelos apóstatas, que tendo sido semeados pelo Diabo,
tornam-se ímpios e praticam a impiedade, e procuraram corromper o máximo
possível de pessoas a fim de torná-las instrumento de apostasia e degeneração
espiritual na propagação do mal e das práticas viciosas do apóstata, como a
calúnia, a mentira, a difamação, etc.
6. Portanto, onde há um apóstata, logo, haverá a decadência espiritual; um apóstata é sempre guiado e influenciado pela obra maligna; e a obra maligna que acompanha um apóstata é sempre “enfeitiçadora”, arrastando pessoas e mais pessoas para a prática do mal e das obras malignas; e observa-se um fato curioso, onde não havia práticas viciosas e medonhas, quando se tem a influência do apóstata, a simplicidade e a pureza natural da vida é corrompida e, então, tudo aquilo que antes era tido como virtuoso e como prática de boas-obras, torna-se vilipendiado, e estas pessoas influenciadas pelo apóstata passam a ridicularizar e maldizer algum cristão verdadeiro que pela luz de Cristo brilha contra as trevas semeadas pelo apóstata. O apóstata é instrumento de contaminação espiritual para obnubilar as gentes para a luz de Cristo presente na vida dos verdadeiros cristãos.
Capítulo II: Os apóstatas: evidência da miséria da Igreja Evangélica.
7. A influência da apostasia na
igreja evangélica, se dá principalmente através de algum apóstata; e a influência
de um apóstata nas práticas da igreja evangélica, onde a própria igreja se
torna subserviente as práticas apostasiosas as quais desfiguram o propósito de
Cristo para a igreja, demonstram a miséria da igreja evangélica; as igrejas
locais que se rendem a práticas coniventes com a apostasia, logo, serão elas
próprias viveiros de apostasia.
8. A influência ignominiosa de um
apóstata nas práticas espirituais da igreja, torna a própria igreja uma agente
de apostasia; os apóstatas são inúteis espirituais, isto é, não tem nenhum bem
espiritual e nenhuma boa dádiva da comunhão com Deus; por isso, a igreja que se
rende a práticas ou a vícios dos apóstatas são desfiguradas espiritualmente e,
por consequência, morrem espiritualmente.
9. Por isso, uma igreja local, ou igrejas locais, que se rendem a apostasia se tornam em elementos de manipulação, ou então, em berços de práticas viciosas e/ou práticas diabólicas, que pelo engano maligno insuflado pelo apóstata se tornam parte da existência dos cristãos e torna estes sujeitos a obra demoníaca. Portanto, o cuidado com a apostasia deve ser absoluto, e a rejeição para com os vícios provenientes de um apóstata ainda mais, porque estes enganam e engodam sem que sequer alguém se aperceba. Logo, a influência de um apóstata nas práticas da igreja, é evidencia da miséria espiritual das igrejas que se rendem as calúnias, mentiras e maledicências dos apóstatas.
Capítulo III: A influência do apóstata e suas consequências.
10. A influência do apóstata tem
sérias consequências; aqui, menciona-se as mais comuns.
a. A destruição das virtudes.
11. A influência do apóstata se
estende até a destruição das virtudes; no apóstata as virtudes teologais são
desfiguradas: a fé deixa de ser elemento preponderante e se torna apenas
elemento de manipulação psiquista; a esperança perde-se em meio a ira, e a
esperança da ira sempre se perde (cf. Pv 11.7); a caridade, se torna esvoaçada
e é transformada em violência e ódio, a qual se manifesta na destruição da
natureza. Na apostasia as virtudes teologais são desfiguradas e aos poucos vão
desparecendo; como diz o Evangelho: “E, por se multiplicar a iniquidade, o
amor de muitos esfriará” (Mt 24.12). Na multiplicação da iniquidade, e a
iniquidade é sinal de apostasia, as virtudes são desfiguradas.
12. Mas a influência do apóstata
também ocasiona a desfiguração das virtudes cardeais: a temperança se torna em
intemperança e em desespero; a justiça torna-se e transmuta-se em injustiça e
na aceitação de tudo aquilo que infere a justiça; a fortaleza transforma-se em
fortaleza medonha, e é transmutada em medo e em consequência em violência para
proteger o próprio medo; a prudência se transforma em astúcia, na pressa em
correr para fazer o mal (cf. Pv 1.16). Portanto, quando há apostasia as
virtudes cardeais se transmogrifam em vícios cardeais.
13. E o apóstata passa a ser
instrumento para semear os vícios cardeais que contaminam as pessoas símplices
e as práticas das igrejas que deixam se enveredar pelos caminhos da apostasia;
e assim, as virtudes que antes eram cultivadas e incentivadas com honra e
pudor, passam a ser desmerecidas e escarnecidas por aqueles que tendo sido
capturados pelos laços da apostasia se formam como uma roda de escarnecedores
das virtudes de outras pessoas. Por onde os apóstatas deixam rastros de
influência pecaminosa e diabólica, logo, haverá a frutificação de tudo tipo de
escárnio contra as virtudes e de deboche enraivecido por causa da inveja
sobrelevada que contamina a muitas pessoas pelo crescimento da apostasia, e que
se manifestam contra todo tipo de bem natural.
b. O inferir deliberadamente a
liberdade.
14. A influência do apóstata se
evidencia no inferir deliberadamente a liberdade; sendo a liberdade uma
doutrina fundamental, e uma crença fundamental de todo aquele que é cristão, a
inferência da liberdade, constitui-se pecado, e a inferência deliberada da
liberdade demonstra a consciência cauterizada, e, portanto, a inferência
deliberada da liberdade é sinal pleno de apostasia. Por isso, onde a influência
de um apóstata se demonstra, logo começa a haver a inferência deliberada da
liberdade.
15. E é de se espantar como que
muitos cristãos inferem a liberdade deliberadamente; isto, é fruto da crescente
apostasia entre aqueles que se dizem cristãos; pois, do mesmo modo como é
doutrina a crença na imortalidade da alma, e a crença na existência de Deus, a
liberdade é doutrina que não pode ser inferida, porque a inferência da
liberdade é o mesmo que negar a fé, e vituperar esta dádiva concedida por Deus
aos homens; por isso, onde há a influência de um apóstata, logo, se observa que
as pessoas símplices e/ou desavisadas começam a inferir a liberdade,
demonstrando que a contaminação proveniente do apóstata infectara a muitas
pessoas.
16. A simples acepção do termo
liberdade demonstra que é um princípio inalienável da vida humana; tanto que é
princípio jurídico imovível da Constituição e da Declaração de Direitos
Humanos, talhado como inviolável. A liberdade não somente é doutrina, também é
lei; e como que cristãos inferem a lei e continuam se dizendo cristãos?
Simples, a apostasia tomara conta das pessoas e tornaram estas sujeitas a
práticas hediondas; a inferência da liberdade é o início de práticas
monstruosas que se fazem no seio da sociedade; os “cristãos alemães” que no
século passado aceitaram o nazismo e a Igreja do Reich em adoração a Hitler,
começaram a ser contaminados com uma ideologia totalitária através da
inferência deliberada da liberdade, fato esse que está totalmente documentado e
bem explicado nos anais da história.
Portanto, onde há inferência da
liberdade, há a influência de algum apóstata destruindo e desfigurando as
consciências, bem como incentivando os cristãos a cometerem práticas hediondas.
Onde há um apóstata, logo haverá quem infira a liberdade.
c. A contaminação dos jovens.
17. A influência do apóstata se
demonstra na contaminação dos jovens; tanto na contaminação dos rapazes, quanto
na sensualização das moças; o apóstata que após perder a presença do Espírito
no coração, trata de contaminar e desvirtuar aqueles que podem superar e vencer
a apostasia; e geralmente, são os jovens, com a força característica da
juventude, com o vigor da juvenilidade, que rompem as barreiras deixadas pelos
hipócritas e pelos apóstatas das gerações anteriores. Por isso, o Diabo
utiliza-se de algum apóstata para contaminar e corromper a juventude.
18. O apóstata contamina e
sensualiza os rapazes e as moças. Contamina os rapazes, tornando-os fracos na
vontade e trôpegos nos ideais; sensualiza os rapazes deixando-os sujeitos a
espíritos malignos que tornam-nos sujeitos a sexualidade desenfreada e desequilibrada;
e assim, os rapazes que antes eram permeados pelo ideal e pela força de
vontade, se tornam em instrumento de destruição espiritual e de degradação
moral, sendo fortes fisicamente, mas sendo fracos intelectivamente e fracos na
vontade e imbecilizados no ideal. Contamina as moças, despersonalizando-as,
tornando-as objetos, ou quando não transmutando-as em coisas objetificáveis;
sensualiza as moças fazendo com que as mesmas percam o recato e a beleza da
verdadeira feminilidade; e assim, as moças que antes eram recatadas e tinham
pudor, perdem o recato e o pudor, e em alguns casos, as moças passam a querer
se transmogrifar em rapazes; ou em outros casos, os rapazes passam a querer se
transmogrifar em moças; e todas as loucuras que disto provêm.
19. Deste modo, a influência do
apóstata permeia e contamina a juventude com males fatais e medonhos; a
juventude que fica sujeita a apostasia, se torna a própria juventude em
instrumento do apóstata para fazer males e praticar iniquidade; e não há nada mais
medonho do que a juventude contaminada pela apostasia; nem mesmo uma doença
grave que tira as forças físicas de um jovem se compara com os graves efeitos
da contaminação que um jovem sofre ao se sujeitar a um apóstata; pois, o
apóstata é instrumento de destruição das virtudes inerentes a juventude.
d. A despersonalização.
20. A influência de um apóstata
se demonstra na despersonalização; é um termo pouco utilizado, mas que tem uma
significação muito importante; pois, a despersonalização é o que de pior pode
ocorrer com um ser humano, já que despersonalizar é desumanizar (e existem
outros significados); e desumanizar sempre ocasiona ou coisas horrendas, ou
ocasiona uma série interminável de práticas viciosas, onde se quer mudar o
estado natural do ser humano; a Escritura não utiliza o termo
despersonalização, mas apresenta fatos do que acontece quando ocorre a
despersonalização.
21. No livro de Provérbios
fala-se da mulher má; na contextura do livro de Provérbios, é a mulher que fora
despersonalizada e que se tornara em poço de maldade, a ponto de ser tornar uma
mulher adúltera. E a mulher adúltera anda a caça de vida preciosa (cf. Pv
6.26); a mulher má que anda a caça de vida preciosa, seja em conotações
sexuais, para prostituição ou adultério, seja em conotações de fazer maldade, é
uma mulher despersonalizada, a qual, por detrás se tem uma forte influência de
um apóstata ou de apóstatas; e o caso se aplica também aos homens, aos homens
que ficam despersonalizados, e assim ficam a caça de vida preciosa, seja para a
prostituição, seja para ficar a espreita para fazer maldade (cf. Pv 1.10-19).
22. Por isso, sempre que houver
um homem ou uma mulher que estão despersonalizados, logo, haverá nestes a
prática de coisas contrárias a natureza, como a prostituição ou a torpeza (cf.
Rm 1.26-27); é sinal mais do que evidente que há influência de um apóstata
quando há a prática veemente e constante de “coisas que não convém”, ou para
utilizar de uma outra expressão, onde há a influência do apóstata há
engenhosidade em baixezas. E onde há baixeza já é ruim; mas com a
despersonalização, os homens e as mulheres que ficam sob a influência de um
apóstata se tornam engenhosos em baixeza, se tornam formados na faculdade da
baixaria das coisas que desagradam a Deus; pois, um apóstata se torna
instrumento de Satanás para semear baixaria e tornar as pessoas símplices em
engenheiros da baixeza. Esta é a obra do apóstata.
Pois, a despersonalização é
influência direta de um apóstata, ocasionando todo tipo de prática hedionda. O
Apóstolo diz: “E, como eles se não importaram de ter conhecimento de Deus,
assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não
convém; estando cheios de toda iniquidade, prostituição, malícia, avareza,
maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade; sendo
murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos,
presunçosos, inventores de males, desobedientes ao pai e à mãe; néscios,
infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;
os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais
coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem”
(Rm 1.28-32). Esta descrição do Apóstolo é um testemunho de que, onde há estas
práticas, é porque houvera a despersonalização. E é um fato, onde os homens e
as mulheres não se importam com o conhecimento de Deus, isto é, não se importam
em praticar coisas hediondas, não se importam em inferirem a liberdade e coisas
similares, é porque houvera a despersonalização ocasionada pela influência
nefasta e nefanda de um apóstata.
E isto basta quanto a uma compreensão geral sobre a influência nefasta de um apóstata, pelo menos no que concerne a uma descrição geral.
23. E termina aqui esta descrição. Bendito seja Deus por todas as coisas. Amém.
Nenhum comentário:
Postar um comentário