18/12/2024

Breve Reflexão sobre os Símbolos

Prólogo.

1. “o homem produz símbolos”; esta sentença de Jung demonstra o que concerne a algo fundamentalmente humano, dir-se-ia, humano, demasiadamente humano, a saber, a produção de símbolos; mas por que o homem produz símbolos? Simples, porque não consegue abarcar de uma vez o todo, e por isso, ao produzir símbolos, produz uma parte que está em ordem ao todo e que demonstra algo do todo. Isto, em si, constitui-se de algo inerentemente humano; os símbolos são caractere indiscutível do que é realmente humano; por isso, sem símbolos, sem humanização.

2. Deste modo, se faz necessário investigar o que concerne aos símbolos, tendo em vista a importância e a utilidade deste assunto; pois, em tudo que é essencialmente produzido pelo ser humano, se tem algo simbólico; na verdade, todo o saber humano tem algo simbólico; portanto, a compreensão sobre os símbolos diz respeito tanto a própria natureza humana, quanto sobre a natureza do saber, bem como sobre o que concerne a vida humana como um todo. Por isso, no preceito jungiano, o que o homem é, diz respeito ao que produz a partir do que se é; assim, o ser humano em sua humanidade, produz símbolos.

 

Capítulo I: O homem como animal simbólico.

3. A pressuposição jungiana, demonstra o fato de que o ser humano é um animal simbólico; pois, o ser humano, é um ser moral-espiritual-cultural; e, como ser cultural, produz símbolos; portanto, é um animal simbólico em tudo o que é e faz; por isso, o ser humano está imbuído em símbolos e para produzir símbolos; pois, a função do homem em relação a cultura é produzir cultura; e ao fazê-lo, desenvolver o saber; e o saber só se desenvolve em consonância com a simbologia, já que pelo preceito dos sábios se compreende que todo conhecimento é simbólico.

4. Portanto, ao se referir ao homem como um animal simbólico, se fazem três coisas: primeiro, se evoca o modo de operar da inteligência; ora, a inteligência opera de modo a apreender os indivisíveis e combinar os divisíveis; ou dito segundo os termos utilizados por Piaget, por assimilação e acomodação; embora os termos de Piaget sejam incompletos, a descrição da dialógica assimilação-acomodação é mais facilmente entendida; pois, em seu operar, primeiro a inteligência capta o objeto, depois o acomoda a algum outro conhecimento já captado; e os símbolos sempre são os primeiros objetos a serem captados pela inteligência; logo, os símbolos existem e coadunam-se com o desenvolvimento da inteligência; por isso, sem símbolos, ou símbolos mal-feitos ou mal dispostos, a inteligência não se desenvolve e o ser humano é emburrecido.

Segundo, se estabelece o preceito concernente ao ajuste do homem ao objeto percebido; ora, ao assimilar e acomodar algum objeto inteligido, o ser humano faz seu próprio ajuste a este objeto; e observe-se bem, faz um ajuste ao objeto, e não ajusta o objeto a seu próprio gosto; pois, a inteligência ao acomodar algo, trata posteriormente, de ajustar este algo através não em sua totalidade, pois é algo impossível, mas o ajustar no máximo possível; assim, o ajuste do homem ao que ele percebe e conhece, é apenas parte do que se pode conhecer sobre este objeto; pois, como afirma Olavo de Carvalho, “na percepção isso jamais ocorre porque não posso me relacionar com nenhum ente na sua totalidade”. E este ajuste, por sua vez, demonstra que o homem ao ser um animal simbólico, ao se relacionar com a natureza, se relaciona com outros seres simbólicos, já que todos os seres vivos são, em suma, animais simbólicos.

Terceiro, a designação dos símbolos como “matriz de intelecções”; ora, se o homem se ajusta aos símbolos, ao realizar a acomodação de algum objeto inteligido, então, se deve compreender que nos símbolos se tem os gérmens necessários para a intelecção; assim, se observa a precisa definição de Susanne Langer, que chama os símbolos de “matriz de intelecções”; e realmente, os símbolos possuem os gérmens que atinam a assimilação de um objeto, ao este ser percebido, ao mesmo tempo em que proporciona que um objeto percebido seja acomodado com algum conhecimento já existente, para abalizar outras intelecções; na verdade, os símbolos fornecem os elementos necessários para todo o processo concernente a intelecção e ao operar da inteligência.

5. Deste modo, o ser humano, enquanto um animal simbólico, percebe os símbolos, se relaciona com outros entes simbólicos, bem como abaliza tudo quanto concerne ao operar da inteligência a partir dos símbolos; por isso, se pode afirmar que em tudo quanto é humano, demasiadamente humano, se tem uma ampla estrutura simbólica; e o ser humano vive e desenvolve tudo quanto diz respeito a vida natural neste amplo escopo simbólico; logo, o simbolismo natural é elemento inescapável da vida natural, e isto em todos os sentidos.

 

Capítulo II: A definição de símbolo.

6. Ora, diante de afirmação do homem como um animal simbólico, surge a questão sobre o significado dos símbolos; e, sobre isso, duas coisas são afirmadas: primeiro, quanto a definição de símbolo; ora, definir o vocábulo símbolo não é coisa fácil; pois, este vocábulo adquire conotações diversas nos mais variados campos do saber; por isso, para definir símbolo é necessário estabelecer uma definição geral e englobante que permeie basicamente todo o amplo escopo da aplicabilidade deste conceito aos campos do saber.

Assim, se define símbolo como algo que representa algum objeto, o qual, nesta representação evoca a tensão entre o objeto representado e aquele que percebe este objeto; com isso, símbolo pode ser definido como um signo amplo, já que expressa a coisa representada em vários ângulos e modos, tal como um prisma que reflete a luz; o que o prisma reflete são efeitos da luz ao permeá-lo, mas não é propriamente a própria luz; o mesmo se dá com o símbolo e a coisa a que ele se refere.

Além disso, se compreende que o vocábulo símbolo, pode ser definido a partir da díade da relação fundamental do ser humano com o Ser Superior e com os outros seres vivos; logo, os símbolos são parte do que se compreende da realidade, mesmo que os símbolos não consigam se referir a um objeto em sua totalidade, o que per se é impossível; mas ao se referir a algo deste objeto, por si mesmo, reflete este objeto tal como o prisma ao receber a luz. E fundamentalmente esta é a natureza do símbolo em relação ao objeto significado.

7. Segundo, quanto aos sinônimos de símbolo; ora, ao definir símbolo desta maneira, e ao ter aclarado anteriormente algumas de suas propriedades, tal como na definição da Sra. Langer, se pode aferir alguns sinônimos para o vocábulo símbolo; e, entre as muitas possibilidades, dois aspectos são salientados.

Primeiro, a que pressupõe o símbolo como a percepção de um dado da realidade; ora, esta definição se estabelece em consonância com o processo inerente a percepção, a qual, por sua vez, demonstra que toda a realidade, uma totalidade, é percebida com os dados que da mesma emanam, os quais, são parte do todo e estão em relação com o todo; por isso, um dado percebido, é uma percepção sobre um ente existente, não em sua totalidade e nem na totalidade que lhe abarca, mas de parte de sua totalidade, a qual atinou a percepção e a esta se mostrou, e vice-versa; logo, um símbolo é como um dado percebido de um ente existente, e as mais das vezes, o símbolo é a expressão deste dado.

Segundo, a que define símbolo como círculo de latência; ora, esta definição provêm da significação feita aos símbolos por Olavo de Carvalho, ao este afirmar “que símbolo não é mais do que outro nome para círculo de latência”, e assim “podemos definir símbolo..., como uma parte que anuncia totalidades latentes”; com isso, símbolo traz em si a tensão inerente do objeto percebido e seu “intelector”, ao mesmo tempo em que anuncia uma totalidade maior deste objeto que não fora totalmente captada, a qual anuncia tanto que há mais a conhecer sobre o objeto percebido quanto em relação ao todo ao qual faz parte este objeto; portanto, se pode afirmar que símbolo tem por sinônimo os círculos de latência já que estes anunciam uma parte de uma “totalidade latente”.

8. Ora, nestas duas se abaliza uma definição de símbolo; mas não somente isso, pois, o que concerne aos símbolos permeia tudo quanto o ser humano faz; no laborar da vida cotidiana, se tem símbolos e mais símbolos, bem como se produzem símbolos de símbolos, e assim por diante; no entanto, ao se compreender que o símbolo é definido como um círculo de latência se compreende tudo quanto diz respeito a apreensão dos objetos reais na realidade; e, isto, por sua vez, demonstra as latências dos entes existentes, os quais, por isso mesmo, também são entes simbólicos; e se são entes simbólicos, então, são inteligidos por outros entes simbólicos; logo, etc.

 

Capítulo III: A importância e a utilidade do símbolo.

9. Assim, ao ter se evocado aspectos sobre a importância do símbolo, se pode então concluir ao se designar o que concerne a utilidade do símbolo; e, sobre isso, três aspectos são salientados: primeiro, a respeito da aplicabilidade dos símbolos; ora, os símbolos se aplicam em vários aspectos concernentes ao saber, já que a primeira abstração de um ente é justamente através de seu símbolo; no entanto, os símbolos ao funcionarem como uma “matriz de intelecções”, fornecerem os gérmens necessários para atinar o ato intelectivo para a abstração de um determinado ente; por isso, os símbolos se tornam efetivamente aplicáveis a toda expressão do ente assimilado.

Deste modo, a aplicabilidade dos símbolos refere-se não somente a significação de algo, mas fundamentalmente a utilização do elemento simbólico de um ente para a compreensão deste ente e para o desenvolvimento da própria percepção, a fim de aclarar a assimilação de um objeto pela inteligência; e isto, por sua vez, demonstra que os símbolos estão em conformidade com as concepções comuns da mente que todos conhecem e aprovam; logo, se constata que os símbolos são aplicáveis em tudo quanto diz respeito a este tipo de concepção comum da mente, tanto para a intelecção quanto para a compreensão do referente ao que o símbolo se refere; etc.

10. Segundo, a respeito da comunicabilidade dos símbolos; ora, os símbolos comunicam algo; e, com isso, se constata que os símbolos possuem certa comunicabilidade; pois, se um símbolo representa algo, então, comunica algo sobre este algo representado; logo, em tudo o que é simbólico haverá comunicabilidade entre si, bem como com os seres humanos; pois, a percepção da comunicabilidade dos símbolos é algo inerente ao ser humano, mesmo que as mais das vezes não busca compreender os aspectos dialógicos desta comunicabilidade.

Por isso, Schelling afirma que a figura humana já é em si mesma uma imagem do universo (cf. Philosophie der Kunst, 608); pois, o ser humano sendo uma imagem do universo, possui em si mesmo o que concerne para entender o universo; logo, figura humano como uma imagem do universo se torna um símbolo que açambarca e se relaciona com outros símbolos, e que nesta inter-relação explica os símbolos; por esta razão que alguns autores antigos falam do homem como um microcosmo; e, com isso, se pode constatar que, sendo o homem um microcosmo, então, se relaciona com o macrocosmo, de modo a haurir uma imagem do universo que permeie toda as esferas da vida humana.

11. Terceiro, a respeito da disposição simbólica do saber; ora, se a figura humana é uma imagem do universo, então, nesta imagem e na inter-relação com outros entes, se conseguirá perceber a disposição simbólica do saber; pois, como “todo conhecimento é simbólico”, a própria disposição do saber também é; e, evidentemente, isto engendra tudo aquilo que diz respeito ao modo como os símbolos atinam a percepção para a intelecção de algo; o símbolo é o que primeiro é entendido a partir do conhecimento sensível; logo, onde houver um símbolo existe uma “matriz de intelecções”, as quais, por sua vez, aponta para toda uma ampla teia de fenômenos referentes a algo, que constituem este algo e demonstram sua essência, seja algo complexo seja algo incomplexo dizível.

12. Deste modo, concluo esta breve reflexão, onde pude delinear o que significa os símbolos, ao modo de introdução, a fim de responder o que vossa dileção me indagara; embora, a reflexão sobre os símbolos permeie uma ampla gama de assuntos e tópicos, e principalmente em tempos coevos onde se reveste de uma imensa dificuldade desde a implementação de uma inculturação anti-simbólica e de normas sociais anti-símbolos, a reflexão sobre os símbolos se tornou quase como um totem de épocas passadas; e mesmo diante deste cenário, se deve recuperar a reflexão sobre o símbolo, pois esta permeia tudo quanto diz respeito ao saber humano e a vida humana.

Então, no que fora dito, creio ter dito o suficiente para explicar o que concerne a este assunto; mas, se possível não deixe de ler os seguintes livros: (i) “O Homem e Seus Símbolos”, de Jung; (ii) “Imagens e Símbolos” de Mircea Elíade, entre outros do mesmo autor; (iii) “Philosophie der symbolischen Formen” de Ernst Cassirer - deste livro se tem uma edição espanhola muito boa; (iv) “Símbolos Fundamentais de la Ciência Sagrada” de René Guénon, e outros livros dele sobre os símbolos; (v) “Von Heiligen Zeichen” de Romano Guardini - deste livro se tem uma edição espanhola muito boa; (vi) “O Saber e o Enigma” de Olavo de Carvalho; entre tantos outros livros; mas se conseguir ler estes e compreendê-los, certamente, conseguirá melhor compreender os símbolos a partir deste texto introdutório que lhe escrevo.

13. E termina aqui esta breve reflexão a respeito dos símbolos. Bendito seja Deus por todas as coisas. Amém. 


Tomás de Aquino e a Imaculada Conceição

1. A compreensão sobre o dogma da imaculada conceição é um tema controverso; pois, é um dogma; todavia, a forma como se apresenta este dogma não está em conformidade com o que a Palavra de Deus afirma e nem com o que os Concílios Ecumênicos afirmaram sobre a regra de fé e prática da cristandade com respeito a este assunto.

2. E, para melhor compreender o que é a imaculada conceição, se volta as pressuposições de Tomás de Aquino; evidentemente, se sabe que Tomás não elaborou uma análise aprofundada, ordenada e específica sobre este assunto; todavia, deixou pressuposições e ponderações, as quais são suficientes para se compreender alguns aspectos do que concerne a imaculada conceição enquanto dogma em relação a cristandade latina; pois, todos os dogmas da fé estão em ordem a Santíssima Trindade, ou do contrário não são dogmas.

3. E, em relação a compreensão de Tomás sobre a imaculada conceição, se tem três textos, de momentos distintos da obra do aquinate, mas que mesmo que tenham sido de períodos diferentes de sua vida, se se compreender no contexto em que foram afirmadas tais pressuposições e a razão das mesmas, se observa que Tomás deixou vários aspectos importantes para a elucubração sobre a imaculada conceição. E diferentemente do que propugna Garrigou-Lagrange, Tomás não teve três diferentes posições sobre a imaculada conceição, mas três distintas ponderações, dado o contexto e o propósito de seus escritos que versam sobre este assunto.

I. A preservação da Virgem quanto a concepção de Cristo.

4. O primeiro texto de Tomás sobre este assunto é o do comentário as Sentenças de Pedro Lombardo, no qual o aquinate assevera: “Entendemos que se alcança a pureza mediante uma separação do contrário. Por isso, entre as realidades criadas pode haver algo criado em que nada pode ser mais puro nas coisas criadas, se não tem nenhuma contaminação do pecado. Tal foi a pureza da bem-aventurada Virgem, que foi imune ao pecado original e ao atual. No entanto, ela esteve debaixo da proteção de Deus, enquanto que nela existia a potência para pecar. Mas a bondade se dirige ascendendo ao fim que está infinitamente distante, isto é, ao sumo-bem. Entretanto, pode haver algo melhor do que um bem finito[1].  

5. Ora, a sentença de Tomás é clara e precisa: a Virgem foi imune ao pecado original e ao atual; mas, em que sentido Tomás se utiliza desta expressão? Ora, o aquinate faz tal comentário na distinção 44, a qual versa sobre a questão se Deus tem limitada qualitativamente sua onipotência; e, especificamente, o artigo 3 versa sobre a questão se Deus poderia fazer a humanidade de Cristo melhor do que é.

Ora, o artigo 3, está em ordem a Cristo, então a pressuposição sobre a Virgem também está em ordem a Ele, e não a si mesma (e isso é óbvio!); portanto, quando se refere a que a Virgem foi imune ao pecado original e ao atual, se refere a sua concepção de Cristo, isto é, em razão da humanidade de Deus.

6. Pois, ao se compreender o contexto de afirmação do aquinate se compreende a razão de sua afirmação; portanto, a imaculada conceição neste sentido, se refere a preservação da Virgem quanto a concepção de Cristo, sua gestação e nascimento, já que a santidade da Virgem se refere a Sua tarefa maternal quanto ao Filho de Deus.

E, mesmo que haja muitos que apliquem tal proposição a Virgem, mesmo alguns dos Padres, ou foi porque foram movidos pela excessiva “afetividade” teológica, ou então porque tiveram alguma desatenção quanto ao assunto.

II. O modo da preservação da Virgem quanto a concepção de Cristo.

7. O segundo texto de Tomás é da terceira parte (IIIa) da Suma Teológica, o qual evoca a questão de quando a Virgem fora santificada para ser a mãe do Filho de Deus; Tomás afirma: “Portanto, acredita-se razoavelmente que a virgem abençoada foi santificada antes de nascer do ventre” (STh IIIa, q. 27, a. 1, co.); e, noutro artigo afirma: “a santificação da bem-aventurada Virgem ocorreu após sua animação” (STh IIIa, q. 27, a. 2, co.).

8. Ora, estes dois aspectos parecem se contradizer, no que concerne a santificação da Virgem Maria; no entanto, não se contradizem, mas se referem a dois aspectos distintos na compreensão sobre a bem-aventurada Virgem Maria; pois, o primeiro aspecto, diz respeito a escolha da Virgem, isto é, a sua separação antes de nascer no ventre materno, o que toma o nome de eleição, mas que também pode ser chamado de santificação; neste sentido, a Virgem foi santificada antes de nascer do ventre, isto é, foi eleita para ser a mãe do Filho de Deus antes de nascer no ventre materno; quanto a isso, não há o que discutir, pois, a própria Escritura afirma que Deus assim procede, tal como afirma ao profeta Jeremias (cf. Jr 1.5); etc.

9. E o segundo aspecto, diz respeito a sua humanidade; ora, a santificação, isto é, a separação, se dá na alma; por isso, a Virgem fora santificada após sua animação, isto é, em Sua concepção; mas, foi santificada, quanto ao propósito de Sua eleição, assim como os patriarcas e os santos profetas da Velha Aliança, e como, por exemplo, ocorrera com João Batista; logo, neste sentido, a santificação da Virgem, isto é, sua separação para um propósito específico dado por Deus, em conformidade com Sua eleição, se dá após a animação, isto é, após Sua concepção, já que todo ser humano é concebido em pecado, tal como diz o salmista (cf. Sl 51.5, 58.3); e quanto a isso há somente uma exceção, o próprio Cristo (cf. Hb 4.15).

Ora, quanto a isso, também não há muito o que discutir, bastando apenas compreender o que concerne a santificação enquanto escolha soberana de Deus, isto é, a eleição, e a santificação quanto a separação do pecado; pois, tanto um quanto o outro, são efeito da graça de Deus. Por isso, a Virgem santa foi cheia da graça (cf. Lc 1.28); etc.

10. Assim sendo, a Virgem foi preservada do Pecado, não porque deixou de ser humana, mas devido a eleição e a graça de Deus em escolhê-la para ser a mãe do Filho de Deus; donde, Tomás afirmar: “A bem-aventurada Virgem foi santificada no ventre do pecado original no que diz respeito a uma mancha pessoal, mas ela não foi libertada da culpa pela qual toda a natureza era responsável, a saber, que ela não poderia entrar no Paraíso, exceto através do sacrifício de Cristo; como também é dito dos santos padres que existiram antes de Cristo” (STh IIIa, q. 27, a. 1, ad. 3); ora, a Virgem foi preservada do Pecado original, quanto a transmissão, isto é, Ela foi preservada do Pecado original na concepção de Cristo porque fora a Virtude do Altíssimo que a fizera conceber (cf. Lc 1.35), para não transmitir o Pecado ao fruto de seu ventre já que era pecadora como todos os seres humanos.

11. Por isso, Tomás afirma que ela foi santificada no ventre do pecado original no que diz respeito a mancha pessoal, isto é, do efeito do Pecado original quanto a Sua concepção, pelo fato de que fora gerado pelo Espírito de Deus. Mas, não foi libertada da culpa pela qual todos os homens são pecadores (cf. Rm 5.12), pela qual somente foi liberta pelo sacrifício de Cristo, donde a própria Virgem afirmar que Deus é o Seu salvador (cf. Lc 1.47), etc. E isto também é dito dos patriarcas e santos profetas da Velha Aliança, no que concerne a salvação e a eleição dos mesmos para serem mensageiros da revelação de Deus.

12. Portanto, a Virgem foi preservada do Pecado quanto a concepção de Cristo; mas, em relação a Sua eleição, Ela foi santificada (eleita) antes de nascer; e em relação a Sua tarefa como mãe do Filho de Deus, Ela foi santificada (eleita) para que o fruto de seu ventre não recebesse o efeito do pecado original que a mesma contraiu assim como todo ser humano contrai ao ser concebido. Logo, a afirmação de Tomás na questão 27 da terceira parte da Suma Teológica apresenta o modo e a maneira da imaculada conceição de Maria quanto a concepção de Cristo.

13. E aqui se faz uma breve digressão, pois que muitas das questões concernentes a Suma Teológica, já que é teologia dogmática, versa a partir das autoridades; e, em algumas questões mariológicas, Tomás procurou embasar-se na autoridade que era atribuída a Agostinho, mas que verdadeiramente não eram de Agostinho; por isso, em questões onde Tomás evoca a autoridade de Agostinho, mas que não pertencem a Agostinho, deve-se ponderar que se na época houvesse a compreensão apurada sobre estes assuntos, certamente Tomás tomaria outra diretiva nestas questões; e, em se tratando da mariologia, certamente negaria alguns aspectos que afirmou embasado na autoridade atribuída a Agostinho.

III. A preservação da Virgem quanto a culpa do Pecado Original.

14. O terceiro texto de Tomás de Aquino sobre a imaculada conceição, é feito em sua exposição da saudação angelical, no qual Tomás afirma: “Ela é, pois, puríssima também quanto à culpa, pois nunca incorreu em nenhum pecado, nem original, nem mortal ou venial[2]; ora, esta afirmação está em consonância com a afirmação anterior; embora, seja no âmbito específico da saudação angelical; pois, a anunciação fora feita para demonstrar duas coisas: primeiro, a demonstração da eleição de Maria para ser a mãe do Filho de Deus (cf. Lc 1.28-31); segundo, o modo da concepção do Filho de Deus (cf. Lc 1.34-35).

15. Deste modo, a Virgem santa é pura, isto é, é eleita e santificada para conceber e dar a luz ao Filho de Deus; pois, em relação a Sua eleição e a Sua santificação para esta tarefa, a Virgem não incorreu em Pecado, pois, fora preservada da culpa do Pecado Original quanto a transmissão para o fruto de seu ventre, e das práticas dos pecados mortais e veniais também em relação a isso, já que a fonte da graça estava em seu ventre; por isso, Isabel ao vê-la afirmara: “Bendita és tu entre as mulheres, e é bendito o fruto do teu ventre!” (Lc 1.42); a Virgem Maria é bendita entre as mulheres por causa do fruto de seu ventre.  

Portanto, a Virgem fora preservada quanto a culpa do Pecado Original ao conceber o Filho de Deus, tanto porque a concepção fora obra divina, quanto para o fruto do ventre não recebesse os efeitos do Pecado original; pois, como diz o autor aos Hebreus em tudo Cristo foi sem pecado (cf. Hb 4.15); logo, também em Sua concepção, Cristo foi sem pecado.

16. No entanto, parece que tal afirmação apoia a proposição de que a Virgem santa foi sem pecado quanto a sua vida como um todo; todavia, a teologia da saudação angelical, a mariologia concernente a este aspecto, diz respeito a este aspecto demonstrado e não em relação a vida da Virgem antes ou após a concepção de Cristo; mas, a imaculada conceição está em ordem a Cristo; ou pelo menos, biblicamente e dogmaticamente, assim deveria ser, e não a desordem doutrinária que se mantém velada neste assunto tão maltratado pela má compreensão do assunto, o que, infelizmente, alguns dos santos católicos também contribuíram para tal má compreensão.

17. E que a compreensão adequada sobre este assunto seja novamente reestabelecida, tanto para livrar a cristandade latina da aporia da ambiguidade em um dogma proclamado, quanto para que esta aporia não gere mais crises no âmbito da vida interna do catolicismo; pois, todo dogma que é proclamado com ambiguidade gera crises internas terríveis no catolicismo; e com o dogma da imaculada conceição não foi diferente. 

E que as perspectivas ora evocadas sejam observadas com atenção, tanto para evitar criticas passionais quanto para que o assunto seja corretamente entendido. 

θεῷ χάρις



[1] Tomás de Aquino, Commentarium in Librum Sententiarum, livro I, d. 44, q. 1, a. 3, ad. 3.

[2] Tomás de Aquino, Expositio Salutationis Angelicae, art. 1. 


16/12/2024

Sobre as Esferas da Natureza

Prólogo. 

1. “Como são desejáveis todas as suas obras, até a menor centelha do que se possa contemplar!” (Eclo. 42.23); ora, esta sentença de Sirach demonstra duas coisas: primeiro, a maravilha da contemplação da criação; pois, das criaturas, se chega a ver, por analogia, o seu Criador (cf. Sb 13.5). Segundo, a grandeza da criação, pois o Criador dignara suas obras em grandes e pequenas, em visíveis e invisíveis, donde afirmar: “todas as suas obras”.

2. Deste modo, em todas as obras da criação, desde as maiores, as maiores estrelas, até a menor centelha, tudo, absolutamente, são desejáveis, isto é, são belas e boas para serem contempladas e estudadas, tal como diz o salmista: “Grandes são as obras do Senhor, procuradas por todos os que nelas tomam prazer” (Sl 111.2).

Portanto, a criação, ou para se utilizar um termo filosófico, a natureza, na própria sentença sapencial de Sirach, possui duas esferas gerais: a primeira, das coisas visíveis, a das operações visíveis da natureza; a segunda, das coisas invisíveis, a das operações ocultas da natureza.

Logo, tudo quanto concerne a criação está imbuído nestas duas esferas, já delineadas no preceito de Sirach.

Capítulo I: As esferas da natureza.

3. E, a respeito das esferas da natureza, duas coisas são afirmadas: primeiro, a respeito da distinção entre estas esferas; segundo, a respeito da relação entre as esferas.

3. Ora, quanto ao primeiro, se afirma que são distinguidas duas esferas da natureza, porque os entes naturais possuem causas ocultas de efeitos naturais em suas próprias essências; e isto se dá com todos os entes naturais, principalmente com relação aos corpos físicos, onde a presença de elementos ocultos se tornam mais facilmente perceptíveis; logo, se afirma duas esferas gerais na natureza (além é claro, das várias esferas modais).

4. E, quanto ao segundo, se observa que há uma inter-relação entre as operações visíveis e as operações ocultas da natureza; e, embora pouco tenha sido descoberto a respeito dos modos desta inter-relação, se pode afirmar com absoluta certeza, que muitas das causas das operações visíveis se dá no âmbito das operações ocultas, como, por exemplo, no princípio movente que move os corpos físicos, pois se sabe que são movidos, mas não se vê o que os move; etc.

5. Deste modo, se compreende que estas duas esferas gerais são facilmente percebidas como existentes; assim, se pode afirmar que existem operações que concernem as manifestações visíveis, e existem operações que concernem as manifestações ocultas; mas, estas operações funcionam de modo tão perfeito, que é quase impossível se elucubrar sobre as mesmas de modo a distinguir na realidade um aspecto de outro. Mas, é justamente isso que demonstra a amalgama destas operações.

6. Assim, se compreende que se percebe três coisas quanto a estas operações: primeiro, os modos destas operações; segundo, os meios destas operações; terceiro, os efeitos destas operações.

7. Quanto ao primeiro, se compreende que toda operação natural é imbuída de um modo, tal como as peças de um motor; por isso, os antigos falavam da “maquina mundi”, a máquina do mundo; logo, as operações da natureza se dão tal modo que se concatenam tal como peças de um motor, tanto no modo da operação como na forma que as mesmas tem nestas operações. E as operações da natureza demonstra a ordem e o preceito ordenacional na natureza, que sempre é o mesmo nas mais diversas operações visíveis, tal como Sirach afirmara: “determinou para sempre suas tarefas” (Eclo. 16.27a).

8. Quanto ao segundo, se compreende que tendo as operações um modo estabelecido, as mesmas são permeadas por vários meios naturais para alcançar o fim natural para o qual foram designadas; logo, os meios das operações da natureza, são naturais e comportam a maleabilidade necessária para comportar tudo quando concerne a determinada operação natural ou operações naturais; pois, tudo que diz respeito as operações naturais são operadas por algum meio, o que se exemplifica através do movimento: existe o movimento, o que é movido, e aquele que move ou aquilo pelo qual algo é movido; o mesmo se dá em todas as operações da natureza, numa concatenação precisa e matemática.

9. Quanto ao terceiro, se compreende que toda operação da natureza, produz efeitos; pois, não são operações isoladas, mas operações que são açambarcadas num conjunto muito maior, o que se explica na proposição sobre a máquina do mundo; assim, as operações da natureza são causadas em ordem a ordenação natural; pois, na natureza, causa, causado e aquilo que causa, estão inter-ligados de modo a que os efeitos de cada um contribuam no todo da operação natural que concerne a cada coisa ou a cada ser.

10. Portanto, os efeitos das operações da natureza, serão de dois tipos: primeiro, efeitos operantes; segundo, efeitos operadores. Ou seja, serão tanto efeitos que são operantes e operam, quanto efeitos que causam alguma coisa na operação. Logo, são efeitos que são operados, operam em si mesmos e em conjunto com outra coisa operante, bem como que operacionam o que concerne a natureza no que lhes compete; donde, se constatar que a natureza não falha nas coisas necessárias (cf. De An. 432b20; Eclo. 16.27b).

11. Assim, ao se elucubrar sobre as esferas das operações da natureza, se compreende estes aspectos, que também podem ser compreendidos a partir dos adjuntos da natureza; pois, do mesmo modo como a natureza como um todo possui alguns adjuntos naturais - os quais, segundo o Filósofo são cinco: matéria, forma, lugar, tempo, movimento; e estes adjuntos, por sua vez, são contributos para os modos, os meios e os efeitos das operações da natureza; assim sendo, concerne a tudo quanto diz respeito as operações da natureza o estar açambarcadas por estes adjuntos e com estes adjuntos. E isto também abaliza que as coisas da natureza, muitas das quais coisas incomplexas, se defrontam com os predicamentos ao de modo de serem predicadas e compreendidas, pois, todos os entes da natureza se defrontam com estes aspectos: substância, quantidade, relação, qualidade, lugar, etc.

Capítulo II: A combinação das esferas da natureza.

12. Assim sendo, compete elucubrar se é possível combinar as esferas da natureza; pois, se estas esferas se inter-relacionam, cumpre investigar sobre esta combinação, já que há uma inter-relação numa espécie emaranhado perfeito; conquanto isso seja verdade, e esta combinação exista na realidade, ainda não se conseguiu explicar a relação entre as duas esferas da natureza, dada a inconstância das leis concernentes as operações ocultas da natureza, as quais ainda não foram corretamente entendidas; no entanto, antes de propriamente se poder formular com mais exatidão as leis das operações ocultas da natureza, cumpre investigar o modo desta inter-relação a partir do que é perceptível e conhecível das operações visíveis da natureza. Pois, quanto a natureza, se conhece algo das operações ocultas a partir das operações visíveis.

13. E, quanto a isso, se afirmam três coisas: primeiro, que há uma inter-relação em ordem dos atributos próprios dos elementos naturais; segundo, que há uma inter-relação em ordem a comunicabilidade dos elementos naturais; terceiro, há uma inter-relação em ordem a princípios mais elevados.

14. Deste modo, se constata que a combinação entre as esferas da natureza há de levar em conta estes três aspectos; pois, estão amalgamados, e são inter-relacionados de modo subsequente, complementar e cíclico; com isso, as inter-relações na natureza, estão em ordem aos atributos próprios dos elementos naturais, na comunicabilidade destes elementos, e de acordo com a compreensão sobre os movimentos ocultos da natureza; e, com isto se constata que estão em ordem a princípios mais elevados, como afirmara Tomás no De Operationibus Occultis Naturae.

15. Assim, se compreende que uma coisa é a combinação destas esferas que funcionam naturalmente; outra é o entendimento preciso sobre esta combinação; e outra ainda, é a unificação teórica em campo único desta inter-relação; logo, a combinação das esferas da natureza permanece um mistério a ser elucubrado e a ser investigado, pois, tal como Sirach afirmara até mesmo a menor centelha da criação é algo desejável (cf. Eclo. 42.23).

Capítulo III: O método da resolução e da composição.

16. Ora, um modo de se compreender ou pelo menos se elucubrar sobre a combinação das esferas da natureza, é através do que Roberto Grosseteste afirmara sobre o método da resolução e da composição; pois, Grosseteste afirma que existem dois modos para o pensamento científico, respectivamente um modo para cada esfera da natureza, a saber: primeiro, a observação e experimentação das leis universais; segundo, a aplicação das leis universais a situações particulares.

17. Quanto ao primeiro, se chama método da resolução; quanto ao segundo, se chama método da composição. E os dispôs em inter-relação subsequente e complementar; logo, em primeiro lugar se estabelece o método da resolução, e, depois, se estabelece o método da composição; e, a partir disso, se compreender melhor o que concerne a compreensão das operações ocultas da natureza.

18. Vejamos, pois, estes dois aspectos. Em relação ao primeiro, o método da resolução, se afirmam duas coisas: primeiro, que a natureza possui uma ordem; pois, a natureza como um todo, está em perfeita ordem quanto ao funcionamento das coisas naturais; logo, esta ordem demonstra que na natureza tudo tem um propósito e tudo segue uma lei para o que foi designado (cf. Eclo. 16.26-29).

19. Segundo, que desta ordem emanam leis gerais ou universais; ora, a ordem da natureza está prescrita em leis naturais; destas leis, se constata a existência de algumas leis gerais ou universais da natureza; e o conhecimento destas leis constitui-se da base e do fundamento da ciência; logo, as leis gerais referem-se a ordem das coisas visíveis da natureza, que governa de maneira geral as operações ocultas da natureza; por isso, o conhecimento e entendimento sobre as leis universais da natureza, abaliza a busca pela compreensão das leis particulares da natureza, isto é, das leis inerentes as operações ocultas da natureza.

20. Em relação ao segundo, o método da composição, se afirmam três coisas: primeiro, que das leis universais da natureza se chega a compreensão das leis quânticas da natureza; ora, se se tem leis universais, que governam toda a natureza, no âmbito destas leis, se tem outras leis, que governam a esfera das operações ocultas da natureza, as leis quânticas; logo, das leis universais se pode haurir algo que abalize o conhecimento sobre as leis quânticas; por isso, daquilo que fora haurido em resolução das leis universais da natureza, pode ser composto, de vários modos e formas, quanto a esfera das operações ocultas da natureza.

21. Segundo, que as leis das operações ocultas da natureza são diferentes quanto ao modo de operação; pois, as leis universais são tidas como universais pois estão em todos os âmbitos da natureza e em todas as operações naturais; no entanto, as leis das operações ocultas não são universais neste sentido; pois, em se tratando das operações ocultas da natureza se tem dois aspectos: primeiro, as leis quânticas gerais, que concernem as operações quânticas mais gerais e mais facilmente em composição com as operações visíveis; segundo, as leis quânticas específicas, que concernem as operações quânticas mais específicas e mais difíceis de serem entendidas pois versam sobre inúmeros aspectos que não são facilmente entendíveis, mesmo aqueles em que se compreende alguma coisa quanto a sua forma e modo.

22. Terceiro, que as leis das operações ocultas da natureza estão em ordem aos princípios primeiros das operações naturais; pois, as operações ocultas da natureza não se dão simplesmente ao acaso; as mesmas são governadas em sabedoria e foram estabelecidas em sabedoria; e, no estado atual de conhecimento, se pode afirmar que as operações ocultas da natureza estão em ordem aos princípios primeiros das operações naturais, os quais são: luz, matéria, movimento, tempo; e estes princípios são suficientes para se entender que todas as operações ocultas da natureza estão em ordem aos mesmos, isto é, em relação subsequente, complementar e circular de geração, participação e processão com os mesmos ou a partir dos mesmos.

Portanto, as operações ocultas da natureza estão em relação com a luz, quanto a forma; em relação com a matéria, quanto a composição das coisas visíveis; em relação com o movimento, quanto ao modo das operações tal como na resolução; e em relação ao tempo, quanto a velocidade concernente aos efeitos das operações, as mais das vezes em relação com um ou mais dos outros três aspectos.

23. Deste modo, se constata que a partir dos dois preceitos metodológicos formulados por Grosseteste na primeira metade do séc. XIII, se pode pensar e elucubrar a respeito dos modos da combinação das esferas da natureza, quanto a explicação e formulação teórica desta combinação.

Portanto, a partir dos preceitos evocados se consegue melhor pensar este assunto, principalmente em sua aplicabilidade na ideia da teoria de campo unificado em relação as duas físicas, a clássica e a quântica; especialmente, a partir da ideia da teoria das cordas, que embora incompleta, sua aplicabilidade serve para compreender esta inter-relação; ou então, na ideia de dupla hélice aplicada a inter-relação entre as duas físicas; etc.

No entanto, o que fora dito basta por ora quanto a explicação sobre o que concerne as esferas gerais da natureza.

24. E termina aqui esta explicação a respeito das esferas da natureza. Bendito seja Deus por todas as coisas. Amém. 


Explicação do “Epigrama sobre Hegel” de Karl Marx

Proêmio   O “ Epigrama II ” ou “ Epigrama sobre Hegel ” (1837) [1] é um texto fundamental da filosofia marxiana, e é um dos textos mais...