14/07/2025

A Impiedade do Pacifismo

1. A apologia em prol do pacifismo sempre é permeada por desequilíbrio, inverdade e burrice; na verdade, seja de acordo com a reta razão seja de acordo com a fé, o pacifismo sempre é um caminho irracional e assaz perigoso; pois, a atitude mais correta, e é a que a Sagrada Escritura também ensina, a saber, de ser pacificador (cf. Mt 5.9), mas jamais pacifista; pois o pacifismo contradiz plenamente um preceito do Senhor Jesus: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34); o pacifismo é contra os ditames do Santo Evangelho.

2. Na verdade, há uma grande diferença entre o pacificador e o pacifista; pois, o pacifismo tem uma face bonita, e é agradável aos ouvidos encharcados com a cera das ideologias, mas traz efeitos terríveis, já que gera apatia quanto ao avanço da tirania; por isso, o pacifista que diz buscar a paz acaba por ajudar aqueles que buscam a guerra para matança e domínio. No entanto, o pacificador busca e propaga a paz, sem decair em indolência e sem deixar de ter a percepção correta quanto ao discernimento dos tempos.

Pois, o pacifismo sempre traz uma compreensão errada em relação aos problemas da vida humana, entre os quais a maldição da guerra; assim, se compreende que embora seja uma maldição terrível, a guerra é algo que faz parte da história da humanidade e continuará a ser parte desta história até a consumação dos séculos; portanto, negar este fato é incorrer em irracionalidade; e, pior, tentar transmogrifar este fato buscando uma paz de cemitério, é evidência de imbecilidade.

3. Deste modo, se constata que de acordo com a fé se deve ser a favor da guerra quando esta se mostra necessária; e há sim momentos onde a guerra é necessária; além do que, a Sagrada Escritura prescreve que há tempo de paz e tempo de guerra (cf. Ec 3.8b), demonstrando que goste-se ou não, aceite-se ou não, a guerra é um problema humano, que infelizmente nunca deixará de existir. Por isso, o pacifismo é contra um preceito da Sagrada Escritura.

E, neste mesmo sentido, se constata que não há nada de cristão no pacifismo; na verdade, o pacifismo é evidência de impiedade, porque busca uma solução divina sob mãos humanas para um problema humano; aliás, o que a fé prescreve, e também é atestado pela reta razão, é que os fiéis devem ser pacificadores; por isso, o pacifismo é contra a bem-aventurança proclamada pelo Senhor Jesus.

4. Todavia, nas circunstâncias onde a guerra é necessária, não se pode haver pacifismo; o pacifismo que querem evocar em nome da fé, além de demonstrar a soberba e a insolência dos falsos pacifistas, não consegue lidar com firmeza e esperança com um terrível problema; nenhum dos pacifistas consegue lidar com a guerra quando esta acontece; então, o problema é do pacifista; agora um pacificador, quando todas as tentativas pela paz são malfadadas, sabe como lidar com a guerra.

E isso se aclara com um exemplo, Sir Winston Churchill, um pacificador, mas não um pacifista; o lendário primeiro-ministro britânico sempre buscou a paz em todos os momentos, mas quando chegou a maldição da guerra, não se deixou vencer pela indolência e insolência dos pacifistas e batalhou para manter incólume e alçada a bandeira da liberdade; e este é apenas um entre tantos exemplos.  

5. Assim, se constata que a fé verdadeira também se coaduna com a possibilidade da guerra; não da guerra simplesmente pela guerra; mas também não do pacifismo pelo pacifismo; por isso, ser cristão também é ser favorável a guerra quando esta é necessária; e embora isso seja parte da absurdidade da vida, se for negado é negação da própria realidade; não se pode negar algo da vida humana, senão se decai na anti-realidade.

Portanto, o pacifismo que busca negar a guerra, na verdade é uma negação da própria realidade, pois a guerra, infelizmente, é parte da vida humana; por isso, o Pregador ao pensar sobre os absurdos da vida constatou que os períodos cíclicos da história se coadunam na dialógica paz e guerra, guerra e paz.

Aliás, este também foi o dístico que Tolstói utilizara para escrever seu grande clássico “Guerra e Paz”; ora, até na literatura se consegue ter esta compreensão, e ainda existem pessoas de fé que se tornam subservientes aos grimórios do pacifismo.

6. Com isso, se constata que o pacifismo, um desequilíbrio anti-realidade, não se coaduna com a fé e nem com a reta razão. Portanto, se reafirma que ser cristão também é ter de entender, ainda que isso seja assaz doloroso, que se deve ser favorável a guerra quando esta é necessária. Isto, em si, não contradiz os preceitos do Evangelho, mas simplesmente evita que em nome de uma falsa compreensão do Evangelho, se crie um instrumento anti-realidade que não consegue lidar com um dos mais terríveis problemas humanos, a guerra; pois, estranhamente, o pacifismo acaba por influenciar ainda mais os tiranos na guerra por domínio; isto, a história testemunha de forma incontestável; etc.

7. A fé e a reta razão prescrevem a doutrina pacificadora, mas não prescrevem a doutrina pacifista. Ser pacificador é buscar sempre a paz, mas também saber que quando a guerra é necessária não se adianta buscar uma paz de cemitério, o tótem dos pacifistas; no entanto, ser pacifista é querer paz quando é necessário a guerra, além do que os pacifistas sempre não conseguem discernir os tempos: quando é tempo de guerra buscam a todo custo transmogrifá-lo em tempo de paz (o que jamais ocorre, mas em compensação os que assim buscam, acabam por se calcinar na anti-realidade); o pacifismo é uma ilusão, e os cristãos que buscam o pacifismo buscam uma paz ilusória e utópica; a flor frágil da paz não é preservada por aqueles que não sabem discernir quando é tempo de paz e quando é tempo de guerra.

8. Ademais, a babaquice do pacifismo se tornou costumeiramente aceito depois da publicação do ensaio de Immanuel Kant, “À Paz Perpétua” (1795); embora, as razões de Kant sejam até certo ponto plausíveis do ponto de vista de um filósofo, a existência concreta das nações não pode se enveredar por utopismo, mesmo proveniente de sentenças de grandes filósofos; o utopismo kantiano no projeto da paz perpétua preparou o terreno para o desenvolvimento da doutrina pacifista na contemporaneidade.

No entanto, este utopismo causou males terríveis; pois, é um utopismo que não leva em conta a experiência real da vida das nações; por isso, um preceito de Kant, de que os exércitos permanentes deveriam desaparecer completamente com o tempo, que parecia ser algo bom, tornou-se em instrumento de permissividade para o domínio de tiranos e carniceiros; e a resposta definitiva a tal utopismo veio de George Washington: “estar preparado para a guerra é a melhor maneira de preservar a paz”.

9. Deste modo, o pacifismo é um utopismo; um utopismo kantiano; pois, se sabe que neste mundo nunca haverá paz perpétua; portanto, querer buscar uma paz perpétua é um grimório kantiano, que nada tem de piedoso; por isso, o pacifismo, ética da doutrina da paz perpétua, além de estar contra os preceitos racionais e da experiência da vida humana, na qual infelizmente sempre se tem a maldição da guerra, também está contra um preceito da Sagrada Escritura, o qual ensina que a paz perpétua, a paz sem fim, será trazida por Cristo, quando este reinar eternamente (cf. Is 9.6-7); antes disso, que ocorrerá apenas no fim dos tempos, não haverá paz perpétua, pois a vida do homem sobre a terra é uma constante guerra (cf. Jó 7.1). Portanto, a fé cristã jamais se pode deixar levar pelo pacifismo, mas sempre deve permanecer uma fé pacificadora; isto é o que convém a um fiel diante dos problemas humanos. 

θεῷ χάρις


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