23/11/2025

Sobre a Autoridade da Sagrada Escritura

Proêmio.

 

1. “Buscai diligentemente no livro do Senhor e lede; (nada do que vos anuncio deixará de acontecer) nem uma só destas coisas faltará” (Is 34.16); ora, a Sagrada Escritura é o Livro do Senhor, é o Livro dos mandamentos de Deus (cf. Br 4.1), inspirada e inerrante (cf. 2Pe 1.21); por isso, “nem uma só destas coisas faltará”, isto é, tudo o que é transmitido na Sagrada Escritura nunca deixa de acontecer e nunca deixa de ter autoridade (cf. Mc 13.31), pois o que Deus dignou transmitir em Sua Palavra, Ele mesmo cumpre e atesta com sinais, prodígios e maravilhas (cf. Nm 23.19; Hb 2.4).

2. Deste modo, se faz necessário compreender no que concerne a autoridade da Sagrada Escritura; pois, ainda que se afirme e reafirme na cristandade hodierna a valoração da Sagrada Escritura, o que de fato há é ceticismo absoluto posto a desobediência obstinada contra o que é transmitido na Sagrada Escritura; e isso, por sua vez, atesta de maneira inconcussa que o cristianismo hodierno é um cristianismo que vitupera os ensinamentos bíblicos.

Assim sendo, ao se evocar novamente a autoridade da Sagrada Escritura e as nuances que nisto estão imbuídas, espera-se dissolver a doutrina islâmica sobre a Bíblia que se impregnou no protestantismo e que acabou por acabrunhar tanto os católicos quanto os ortodoxos num círculo vicioso de quando se elucubra sobre este tópico, como se o protestantismo de facto se embasasse na Escritura, o que é um dos maiores sofismas já inventados entre os homens.

Portanto, se explica as perspectivas concernentes a autoridade da Sagrada Escritura, tanto para demonstrar os sofismas que se impregnaram neste tópico, quanto para dissolvê-los, a fim de que novamente a fé cristã seja demonstrada em todo o seu fulgor, pois o cristianismo não é o povo do livro, mas é o povo da fé em Jesus Cristo que se fundamenta no que é transmitido na Sagrada Escritura, quanto ao conteúdo da fé (cf. 2Tm 3.15-17), e na tradição apostólica, quanto a disciplina eclesial (cf. 2Ts 2.15).

 

Capítulo I: A autoridade da Sagrada Escritura.

 

3. Ora, a elucubração sobre a autoridade da Sagrada Escritura impõe de antemão uma série de definições preambulares; a primeira e mais fundamental é justamente a explicação do que concerne o tópico autoridade; se sabe que em relação ao argumento de autoridade, que está disposto em toda elucubração racional, seja em qual assunto for, se tem dois princípios: em relação as disciplinas filosóficas, o argumento de autoridade é o argumento mais fraco.

No entanto, em relação a doutrina revelada, o argumento de autoridade é o único argumento suficiente e necessário, é o argumento mais forte; embora a doutrina revelada não rejeite o que concerne a reta razão, como as coisas da fé ultrapassam o limite do intelecto humano (cf. Eclo. 3.25), a doutrina sagrada baseia-se na autoridade da revelação de Deus, a qual é comprovada e confirmada pelo próprio Deus com sinais e prodígios (cf. Hb 2.4).

4. E, na doutrina revelada, se tem a distinção da autoridade em dois aspectos: primeiro, a autoridade da Sagrada Escritura; segundo, a autoridade da Sagrada Tradição.

Em relação ao primeiro, é o que concerne ao conteúdo da fé; por isso, a Sagrada Escritura é ao mesmo tempo infalível e inerrante, pois os livros bíblicos foram inspirados por Deus (cf. 2Pe 1.21), e quanto a autoridade que possui não possui falhas e quanto ao conteúdo que transmite não possui erros. Estas são as propriedades inerentes da revelação de Deus outorgada de forma escrita, a Sagrada Escritura.

Em relação ao segundo, é o que concerne a disciplina da fé, ou disciplina eclesial; por isso, a Sagrada Tradição é infalível, isto é, não falha na autoridade que Deus outorgou a Santa Igreja para ser o depósito da fé, a guardiã da fé; no entanto, a Sagrada Tradição não é inerrante, o que se comprova na própria Escritura, de quando se fala dos erros dos apóstolos quanto a disciplina eclesial, etc.

5. Assim sendo, a autoridade da Sagrada Escritura advém primeiro no quesito da compreensão sobre o conteúdo da fé; a autoridade da Sagrada Escritura e a autoridade da Sagrada Tradição não são auto-excludentes, mas subsequentes e complementares; a Sagrada Escritura é outorgada com um propósito, e a autoridade da Sagrada Tradição é outorgada para outro propósito; ambas se complementam de maneira dialógica, e não estão em confronto dialético como a doutrina protestante constantemente busca afirmar.

Por esta razão, ao se falar da autoridade da Sagrada Escritura, também se há de falar sobre a autoridade da Sagrada Tradição, e vice-versa; entretanto, aqui se deve explicar uma regra básica: em relação ao conteúdo da fé que é transmitido por Deus, a autoridade da Sagrada Escritura tem mais validade do que a autoridade da Sagrada Tradição; não que esta lhe seja inferior, mas o conteúdo da fé tem primazia em relação as formas exteriores da fé; portanto, o conteúdo da fé é o que embasa a vida na fé e na disciplina apostólica; por isso, a Sagrada Escritura é a base e o fundamento da Sagrada Tradição.

6. E que isso seja entendido corretamente; pois, devido as críticas sofísticas do protestantismo, tanto os ortodoxos quanto os católicos, começaram a afirmar outros sofismas para tentar defender a Igreja, e acabaram por desfigurar a autoridade da própria Escritura e impugnar a autoridade da Sagrada Tradição; as críticas protestantes produziram um terrível efeito dialético no catolicismo e na ortodoxia, principalmente após Hegel (a partir do que é chamado de protestantismo liberal).

Pois, a elucubração sobre a autoridade da Sagrada Escritura, tanto por parte dos católicos quanto por parte dos ortodoxos, foi submetida as perspectivas protestantes, as quais, em relação a este assunto, como em muitos outros, está permeada pela doutrina islâmica; assim, católicos e ortodoxos, sem se aperceberem, estão refletindo sobre a Sagrada Escritura a partir de princípios islâmicos.

E tanto a ortodoxia quanto o catolicismo aceitaram e assomaram tais críticas, as quais não têm fundamento adequado, nem de acordo com a reta razão nem de acordo com a revelação, e em razão da apologia da fé começou-se a afirmar uma série de sofismas impregnados de protestantismo, tais como: a Igreja é anterior a Escritura, a Escritura tem mais autoridade do que a Igreja ou a Igreja tem mais autoridade que a Escritura, etc.

E isto é algo assombroso: o protestantismo empreendeu uma grande e abrupta crítica, totalmente sofística, e a maior parte das sés apostólicas se submeteu a estas críticas sem filtragem crítica, e para se defender utilizaram justamente elementos da própria crítica protestante, o que serviu para “fortalecer” ainda mais o protestantismo mesmo que as críticas protestantes sejam sofismas imbecilizantes.

7. Portanto, não pode haver dubiedades quanto a autoridade da Sagrada Escritura, tanto em sua natureza quanto em sua função; as críticas protestantes tem por propósito acabrunhar o cristianismo apostólico justamente nos grimórios destas dubiedades; pois, mesmo que a Sagrada Tradição tenha errado em alguns aspectos, o que é absolutamente algo normal, posto a inerrância não ser propriedade da Sagrada Tradição, o que a própria Escritura demonstra ao evidenciar os erros dos apóstolos quanto a aspectos da tradição (cf. Gl 1.11-14, etc.), para com isso evidenciar que os sucessores dos apóstolos também poderão cometer os mesmos erros.

Os erros presentes na Sagrada Tradição não invalidam a autoridade da mesma, nem impugnam a autoridade da Sagrada Escritura; além disso, as críticas da suposta “não-biblicidade” da Sagrada Tradição estão totalmente fora de ordem; pois, os preceitos da Sagrada Tradição são oriundos da Sagrada Escritura, apenas não possuem a propriedade da inerrância; esperar inerrância da Sagrada Tradição é desconhecer a Sagrada Escritura – na verdade, é ser antibíblico.

Por isso, ao se reafirmar a autoridade da Sagrada Escritura não se pode decair no erro da doutrina islâmica sobre o Livro Sagrado, em dissociar sofisticamente e erroneamente Escritura e Tradição[1]; e para isso é necessário se entender a correta relação entre Escritura e Tradição, que foi desfigurada justamente pela compreensão errada sobre no que concerne a autoridade da Sagrada Escritura.

 

Capítulo II: A autoridade da Escritura segundo a Escritura.

 

8. Tendo entendido estes aspectos, cumpre compreender no que consiste a autoridade da Sagrada Escritura; e em primeiro lugar, se deve compreender a autoridade da Escritura segundo a Escritura; pois, o pressuposto hermenêutico mais fundamental é que o melhor interprete do texto interpretado é o próprio texto; ou aplicando isso na exegese da Escritura: a Escritura é a melhor intérprete da Escritura; portanto, o que é mais importante é compreender a autoridade da Escritura segundo a própria Escritura a fim de evitar erros demoníacos no tocante a compreensão da doutrina revelada.

Ora, ao se compreender a autoridade da Escritura segundo a Escritura, se entende que na própria Escritura estão descritas as propriedades da Palavra de Deus de forma escrita; ou seja, os atributos da Escritura são demonstrados na própria Escritura, os quais são confirmados e atestados por Deus, bem como são proclamados pela Santa Igreja que tem por tarefa cultivar e preservar a Santa Escritura.

Assim, se constata, em linhas gerais, pelo menos cinco propriedades da Escritura segundo a própria Escritura, as quais são: (i) primeiro, a Escritura é produzida pela vontade de Deus; (ii) segundo, a Escritura é perfeita e completa; (iii) terceiro, a Escritura é útil e eficaz; (iv) quarto, a Escritura é a via para alcançar sabedoria; (v) quinto, a Escritura é a regra para se evitar erros pecaminosos.

9. [i] Primeiro, a Escritura é produzida pela vontade de Deus; a palavra escrita de Deus, as Sagradas Letras, não é produzida de acordo com a vontade de homens, mas de acordo com a perfeitíssima vontade de Deus; pois, homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (cf. 2Pe 1.21); estes homens, canais da revelação imediata de Deus, os profetas e os apóstolos, são os medianeiros da revelação; através destes vasos escolhidos por Deus, Ele outorgou Sua Palavra escrita para preservar todo o conteúdo da fé; por isso, a Bíblia é Palavra de Deus; aliás, a Bíblia, como Santo Agostinho afirma, é o documento escrito por Deus[2].

Portanto, se a Escritura é produzida de acordo com a vontade de Deus, no que concerne ao conteúdo do texto sagrado, não há manifestação de vontade humana pecaminosa para manipular este conteúdo ao bel-prazer; do mesmo modo não há particular interpretação da Sagrada Escritura (isto é, não há interpretação pecaminosa do texto sagrado, senão não é interpretação).

Assim, o Espírito Santo conduz aqueles que vocaciona para interpretar e dá a conhecer o significado do texto sagrado; pois, sem a revelação divina as palavras do Cristo são incompreensíveis, tal como Tomás de Aquino assevera: as palavras de Cristo são tão profundas e ultrapassam a compreensão humana, que não se pode compreendê-las senão a partir do que ele mesmo revela[3].

Por isso, como a Escritura é produzida pela vontade de Deus, somente de acordo com a vontade dEle é que a Escritura é corretamente interpretada, a revelação mediata; e isto a partir daqueles que Ele vocaciona e prepara para tal finalidade (cf. Jr 3.15; 2Pe 1.20-21); etc.

10. [ii] Segundo, a Escritura é perfeita e completa; a Escritura, como provém da vontade perfeitíssima e santíssima de Deus, é perfeita e completa (cf. Sl 19.7); é perfeita e por isso é completa, é completa e por isso é perfeita; a perfeição da Sagrada Escritura emana da perfeição do próprio Deus, que dignou escrever um livro com seus mandamentos a fim de que todos pudessem conhecê-Lo (cf. Is 34.16a; Lc 16.29-31).

Na verdade, a perfeição da Escritura é espelho da perfeição do próprio Deus, embora a Escritura não seja da mesma substância da divindade; no entanto, como é produzida de acordo com a vontade de Deus, e para os propósitos divinos, a Sagrada Escritura é permeada por perfeição, não perfeição por substância, mas perfeição por participação; e perfeição eterna, porque as palavras de Deus não vêm a faltar (cf. Is 34.16b).

Pois, as palavras de Deus são perfeitas desde o princípio e continuarão a sê-lo até a consumação dos séculos (cf. Sl 119.160); por isso, a Sagrada Escritura é perfeita naquilo que transmite (cf. Sl 12.6), e é completa quanto a sua forma (cf. Ap 22.18-19).

11. [iii] Terceiro, a Escritura é útil e eficaz; ora, a Escritura é útil para ensinar nas coisas concernentes a Deus; a Escritura é ao mesmo útil para ensinar a crença correta, bem como para ensinar o que concerne a vida correta (cf. 2Tm 3.16-17); na verdade, a Escritura desvela aos fiéis o que é necessário que creiam bem como ensina a como devem viver (cf. Fp 1.27), isto é, ensina a doutrina e prescreve o preceito.

Deste modo, a Escritura tem utilidade para ensinar, exortar e confortar os fiéis (cf. Rm 15.4), para santificar os fiéis (cf. Jo 17.17), bem como tem utilidade para converter os ímpios e incrédulos (cf. At 18.28; Tg 1.18). Pois, a Escritura é martelo que esmiúça a penha (cf. Jr 23.29), ou seja, é tanto martelo para edificar os fiéis quanto martelo para destroçar o orgulho do coração humano (cf. Hb 4.12).

Com isso, a utilidade e a eficácia da Escritura estão em ordem ao plano de redenção; na verdade, os preceitos bíblicos são uteis e eficazes em tudo quanto concerne a vida eclesial e nos ensinamentos do caminho da verdadeira divinização; por isso, a utilidade da Escritura tem uma função na vida pessoal do fiel e tem uma função na comunhão dos santos; etc.

12. [iv] Quarto, a Escritura é a via para alcançar sabedoria; ora, a Escritura é a via para alcançar sabedoria que vem do alto (cf. Eclo. 1.5), a qual o Pai das Luzes concede a todos quantos a pedem em sinceridade e verdade (cf. Tg 1.5); além disso, a sabedoria espiritual para a salvação só é obtida a medida do conhecimento da Sagrada Escritura (cf. 2Tm 3.15); portanto, como é necessário que os fiéis tenham conhecimento de tudo quanto concerne a piedade, o Deus Altíssimo dignou-se a dar este conhecimento de forma escrita, para que os homens pudessem alcançar a sabedoria revelada em Sua Palavra.

13. [v] Quinto, a Escritura é a regra para se evitar erros pecaminosos; ora, a Sagrada Escritura foi outorgada por Deus para que os homens pudessem ter um conhecimento sobre Ele que fosse livre de erros e de manipulações demoníacas; por isso, se estabelece a Sagrada Escritura como regra para se evitar erros pecaminosos, tanto no sentido moral ao se evitar pecar contra o Senhor (cf. Sl 119.11), quanto no sentido dogmático ao se evitar doutrinas e práticas contra a vontade revelada de Deus (cf. Ef 4.14; Jd 1.4-13).

Assim, a Escritura se torna uma regra que afere a medida de doutrinas e práticas, para compreender se as mesmas estão ou não em conformidade com o que é transmitido por Deus em Sua Palavra; se estiverem em conformidade, então tal prática é correta, se não estiver em conformidade tal prática é um erro pernicioso que conduz à perdição (cf. Gl 1.8).

E se tem esta regra, já que todo erro contra os preceitos bíblicos não é simplesmente erro, mas são erros que demonstram orgulho e vaidade, pois o orgulho no coração humano tende a rejeitar a vontade revelada de Deus, posto que a Sagrada Escritura é espada de dois gumes a ponto de demonstrar o que está no coração humano (cf. Hb 4.12).

Portanto, se o preceito bíblico confutar uma prática pecaminosa, e se houver soberba no coração do indivíduo confrontado, o mesmo de maneira obstinada há permanecer no erro e ainda há de escarnecer (com ou sem risos) do preceito sagrado.

Por isso, a Sagrada Escritura é regra, tanto para se evitar erros doutrinários e morais, quanto para demonstrar quando estes são propagados e praticados.

 

Capítulo III: O testemunho dos Padres da Igreja.

 

14. Além da compreensão da autoridade da Escritura segundo a própria Escritura, é necessário compreender a autoridade da Escritura segundo a Sagrada Tradição; e quanto a isso, especificamente, compreender a autoridade da Sagrada Escritura segundo o testemunho dos Padres da Igreja; pois, os Padres da Igreja corroboraram e reafirmaram de maneira cabal a autoridade da Sagrada Escritura tal como é transmitida na própria Sagrada Escritura; ou seja, os Padres da Igreja demonstraram e expuseram a fé verdadeira porque embasaram-se na autoridade revelada de Deus a partir do texto sagrado.

15. Assim, cumpre evocar o testemunho dos Padres da Igreja; embora sejam vários textos dos Santos Padres quanto a autoridade da Sagrada Escritura, se evoca apenas algumas sentenças dos Padres da Igreja, sumariadas em dois aspectos: (i) primeiro, a Escritura é a verdadeira regra da fé; (ii) segundo, a Escritura é a autoridade final sobre qualquer aspecto da fé.

16. [i] Primeiro, a Escritura é a verdadeira regra da fé; ora, a fé está disposta em artigos; e os artigos da fé foram legados aos fiéis pela autoridade da Sagrada Escritura e foram ensinados pelos santos apóstolos (cf. 2Ts 2.15); Tertuliano atesta isso ao afirmar que esta regra de fé foi transmitida desde o início do evangelho[4]; ou melhor, a regra da fé, confirmada no Santo Evangelho, é transmitida em toda a Escritura (cf. 2Tm 3.16-17).

Do mesmo modo, Santo Irineu afirma que o que é transmitido na Escritura, para nós cristãos, é coluna e fundamento de nossa fé[5]. Além disso, São Gregório de Nissa afirma que a Sagrada Escritura é a verdadeira regra e fundamento da fé reta e sólida (cf. Epis. V); por isso, tudo que é ensinado fora da Escritura e/ou contra a Escritura é falso e é heresia; e por esta razão o que está contra o que é transmitido na Sagrada Escritura é anátema (cf. Gl 1.8), pois quanto ao que é transmitido na Sagrada Escritura não se admite nem acréscimos e nem decréscimos (cf. Ap 22.18-19).

17. [ii] Segundo, a Escritura é a autoridade final sobre qualquer aspecto da fé; ora, sendo a Escritura a verdadeira regra da fé, tudo quanto diz respeito a fé deve passar pelo escrutínio da Sagrada Escritura; e em relação a fé, sejam erros, sejam heresias, devem ser analisados de acordo com a Sagrada Escritura; se forem erros, ao se evocar a autoridade da Sagrada Escritura, espera-se remover a ofensa a quem se corrige[6], posto ser a Escritura a regra da fé; e se forem heresias, o testemunho das Escrituras, como Orígenes assevera, são suficientes para refutar os argumentos dos hereges[7]; portanto, seja em erros seja em heresias, ou em qualquer outra coisa, a autoridade e o testemunho das Escrituras são a autoridade final sobre qualquer aspecto da fé, pois os Santos Padres ensinaram que a Sagrada Escritura é a regra e a medida de cada princípio[8].

Portanto, se o que é transmitido na Escritura fornece a regra de nossa fé, como bem afirma Tertuliano[9], então, tudo quanto diz respeito a fé está em ordem a Sagrada Escritura; assim, é mais do que evidente que a Escritura é a autoridade final sobre qualquer aspecto da fé, tanto para que a fé seja fundamentada na autoridade de Deus, quanto para que ninguém, movido por orgulhosa perversidade, queira colocar a fé de acordo com as próprias vontades pecaminosas a respeito do que a própria Escritura alerta com várias exortações (cf. 1Tm 4.1-5; Jd 1.4ss).

Ora, num geral, este é o testemunho dos Padres da Igreja a respeito da autoridade da Sagrada Escritura.

 

Capítulo IV: O testemunho de Santo Agostinho.

 

18. Além do testemunho dos Padres da Igreja supramencionados, considerei por bem também evocar, de maneira mais específica, o testemunho de Santo Agostinho; pois, o bispo de Hipona enfrentou vários erros, muitos dos quais teve de confrontar demonstrando no que concerne a autoridade da Sagrada Escritura; assim, a partir da vasta obra de Santo Agostinho se evoca quatro sentenças: (i) primeiro, tudo o que é transmitido na Sagrada Escritura é digno de crédito; (ii) segundo, a autoridade da Sagrada Escritura atesta a autoridade da Santa Igreja; (iii) terceiro, a Sagrada Escritura tem a autoridade mais eminente na Santa Igreja; (iv) quarto, qualquer opinião que seja contra o que é transmitido na Sagrada Escritura deve ser rejeitada pois é orgulhosa perversidade.

19. [i] Primeiro, tudo o que é transmitido na Sagrada Escritura é digno de crédito; ora, sendo a Sagrada Escritura a verdadeira regra de fé, posto ser inspirada por Deus, então, como Santo Agostinho afirma, nada é digno de crédito exceto o que está nas Escrituras[10]; portanto, a fé assente sua base na verdade revelada e se fia a esta verdade porque provém de Deus.

Deste modo, tudo o que é transmitido na Sagrada Escritura é digno de crédito, tanto por seu conteúdo quanto por seus efeitos; seu conteúdo, que é majestoso (cf. Sl 119.18), quanto por seus efeitos, que atinam a alma à perfeição (cf. Sl 19.7). Ora, sendo a Sagrada Escritura digna de crédito, a fé tem sua base no que nela é transmitido; por isso, a crença correta é a que está em conformidade com o que é transmitido na Sagrada Escritura.

20. [ii] Segundo, a autoridade da Sagrada Escritura atesta a autoridade da Santa Igreja; ora, sendo a Sagrada Escritura a base da crença correta, a própria Sagrada Escritura atesta a autoridade da Santa Igreja; Santo Agostinho afirma que não creria no Evangelho se fosse impulsionado a isso pela autoridade da Igreja[11]; na verdade, a autoridade da Santa Igreja atesta e confirma a autoridade da Sagrada Escritura; por isso, na Sagrada Escritura se tem o testemunho inconfundível e inalterável da autoridade da Santa Igreja.

Outrossim, é que não há ambiguidade nem dissociação entre a autoridade da Sagrada Escritura e a autoridade da Santa Igreja; quem inventa esta dissociação é a doutrina islâmica e quem a propaga cabalmente é a doutrina protestante; mas, quanto a isso, não deve existir ambiguidade na Santa Igreja, pois, a Santa Igreja é coluna da verdade (cf. 1Tm 3.15), e por esta razão proclama e testemunha da Sagrada Escritura, na qual se institui a Santa Igreja também para esta finalidade.

Na verdade, a Igreja não vem antes nem depois da Sagrada Escritura, pois a Sagrada Escritura é tanto anterior a Santa Igreja (os textos do Velho Testamento) quanto é posterior a Santa Igreja (os textos do Novo Testamento); logo, não é correto querer validar ou não a autoridade da Santa Igreja a partir de argumentos de anterior e/ou posterior em relação a Sagrada Escritura (pois, tal argumento provém de preceitos alcorâmicos e é somatizado pela doutrina protestante).

Por isso, a relação entre a Sagrada Escritura e a Santa Igreja deve ser tida em concórdia plena com tudo quanto concerne ao testemunho dos Santos Apóstolos, os quais tanto são canais de transmissão da Sagrada Escritura quanto são autoridades primárias para instituir costumes inalteráveis para a Santa Igreja (cf. 2Ts 2.15); ou seja, de acordo com os preceitos neotestamentários não se pode nem as dissociar e nem as confundir.

Portanto, a autoridade da Sagrada Escritura atesta a autoridade da Santa Igreja, e vice-versa; assim, a autoridade da Santa Igreja tem por propósito inalterável proclamar, preservar, conservar e instituir tudo quanto concerne a autoridade da Sagrada Escritura.

21. [iii] Terceiro, a Sagrada Escritura tem a autoridade mais eminente na Santa Igreja; ora, sendo a autoridade da Santa Igreja atestada e confirmada pela Sagrada Escritura, a própria Sagrada Escritura é a que tem a maior autoridade na Santa Igreja; quanto a isso, Santo Agostinho diz que a Sagrada Escritura possui autoridade eminentíssima[12]; ou seja, em questões referentes a fé, a Sagrada Escritura é a Autoridade entre as autoridades; ou dito em outros termos, possui autoridade suprema ou autoridade eminentíssima; na ordem de eminência no quesito autoridade, quanto ao conteúdo da fé, a Sagrada Escritura tem a primazia absoluta ou a mais autorizada autoridade.

22. [iv] Quarto, qualquer opinião que seja contra o que é transmitido na Sagrada Escritura deve ser rejeitada pois é orgulhosa perversidade; ora, sendo que a Sagrada Escritura tem autoridade eminentíssima na Santa Igreja, então tudo que é contra a Sagrada Escritura deve ser rejeitado e declarado como anátema; pois, qualquer opinião que se manifeste contra os preceitos divinos é expressão de orgulho e soberba, algo inerente a natureza de Satanás; portanto, tudo que está contra os ensinamentos bíblicos deve ser confutado e anematizado para que a fé seja preservada incólume (cf. Jd 1.3).

E em relação a isso, Santo Agostinho exortara: “não podemos aceitar nenhuma acusação contra as palavras de Deus...”, e “nem se deve ouvir os bispos católicos, se se enganam alguma vez ao ponto de pensar algo contra as Escrituras canônicas de Deus...”, pois, “são tão claras estas vozes divinas sobre a Igreja Católica, que somente os hereges em sua orgulhosa perversidade e cego furor podem ladrar contra elas[13]; e os soberbos não somente ladram contra as Escrituras canônicas de Deus em palavras e doutrinas, mas principalmente em práticas que estão contra os preceitos bíblicos; na verdade, a orgulhosa perversidade dos ímpios é demonstrada quando eles ladram contra as Escrituras canônicas de Deus através de práticas pecaminosas, e ainda o fazem com risadas (cf. Jr 5.7-9).

Ora, estas ponderações são suficientes para explicar de maneira geral o testemunho de Santo Agostinho em relação a autoridade da Sagrada Escritura.

 

Capítulo V: O testemunho de Tomás de Aquino.

 

23. Ademais, após evocar o testemunho dos Padres da Igreja em geral, e de Santo Agostinho em específico, também é bom evocar o testemunho de Tomás de Aquino, sábio inspirado por Deus (a expressão é de São Genádio Escolário!); pois, Tomás de Aquino honrou plenamente a autoridade da Sagrada Escritura, ao mesmo tempo em que desenvolveu uma obra como filósofo.

Por isso, algumas sentenças de Tomás quanto a autoridade da Sagrada Escritura, são assaz importantes e elucidativas, pois Tomás dominou plenamente as disciplinas filosóficas sem deixar de lado sua função como teólogo e sempre mantendo-se fiel a autoridade da Sagrada Escritura.

Na verdade, Tomás dominou as duas esferas da busca pela verdade (verdade revelada ou teologia, e verdade racional ou filosofia), sem deixar de compreender o que concerne a cada uma, sem sincretizá-las, e sempre em fidelidade absoluta para com o princípio bíblico (principium biblicum).

Portanto, se evoca três pressuposições tomasianas sobre a Sagrada Escritura: (i) primeiro, a Sagrada Escritura é útil para produzir fé; (ii) segundo, a Sagrada Escritura é o fundamento da fé; (iii) terceiro, a Sagrada Escritura manifesta a verdade.

24. [i] Primeiro, a Sagrada Escritura é útil para produzir fé; ora, segundo Tomás de Aquino toda Escritura é útil para produzir fé[14]; pois, a Sagrada Escritura é outorgada para conduzir os homens a Cristo a fim de que estes creiam que Ele é o Filho de Deus (cf. Jo 20.31); a este respeito, Orígenes afirma que a Sagrada Escritura foi concedida pela liberalidade divina para a salvação dos homens[15]; outrossim, a Sagrada Escritura é útil para fortificar a fé dos fiéis (cf. 2Pe 3.18), etc.; portanto, toda a Escritura é útil para produzir fé nos pecadores (cf. At 18.28), e é útil para fortificar e fortalecer a fé dos fiéis (cf. Rm 15.4).

25. [ii] Segundo, a Sagrada Escritura é o fundamento da fé; ora, sendo a fé cristã fundamentalmente fé em Jesus Cristo, e sendo que a Escritura em tudo testemunha de Cristo (cf. Jo 5.39), então, a Sagrada Escritura é fundamento da fé; por isso, Tomás de Aquino afirma que a fé tem seu fundamento na Sagrada Escritura (cf. STh IIIa, q. 55, a. 5, co.); pois, como a Sagrada Escritura é infalível e inerrante, então a Escritura é âncora da fé, tanto no sentido da firmeza e verdade do no que se crê (cf. Tg 1.18), quanto no sentido da edificação pessoal (cf. Sl 19.7-9). A Sagrada Escritura é âncora firmíssima da fé, pois sua verdade é imutável e atemporal (cf. Sl 119.160; Mc 13.31).

26. [iii] Terceiro, a Sagrada Escritura manifesta a verdade; ora, sendo a Sagrada Escritura palavra inspirada por Deus, então, a Escritura manifesta a verdade; e como Tomás de Aquino assevera, o objeto da fé é a verdade primeira (cf. STh IIaIIae, q. 1, a. 1, s. c.), a qual é manifestada pela Sagrada Escritura (cf. STh IIaIIae, q. 5, a. 3, co.); portanto, como a Sagrada Escritura testemunha de Cristo, e sendo Cristo a verdade (cf. Jo 14.6), então, a Sagrada Escritura testemunha da verdade, da verdade revelada; por isso, aqueles que querem conhecer a verdade encontrarão na Sagrada Escritura o mais útil e confiável instrumento para guiá-los até a verdade primeira.

Ora, em suma, estas são algumas das assertivas de Tomás de Aquino quanto a autoridade da Sagrada Escritura, as quais são muito úteis e muito eficazes para se compreender no que concerne a autoridade do Livro dos Livros (cf. Br 4.1).

 

Capítulo VI: A doutrina da Palavra de Deus.

 

27. E tendo compreendido o que concerne a autoridade da Sagrada Escritura, tanto segundo a própria Escritura quanto segundo os Padres da Igreja, se deve explicar o que concerne a doutrina da Palavra de Deus; pois, conquanto muito dos testemunhos dos Santos Padres seja costumeiramente evocado sobre este aspecto, ao se elucubrar e/ou explicar a doutrina da Palavra de Deus, geralmente se tem decaído em equívocos e erros pueris, alguns dos quais mencionados anteriormente, os quais acabam por desfigurar a autoridade da Sagrada Escritura.

28. Por isso, ao se elucubrar sobre este assunto do ponto de vista dogmático se deve fazer uma simples, mas importantíssima distinção, a saber: a Palavra de Deus não é um livro, mas uma Pessoa; portanto, quem é a Palavra de Deus? Será a Sagrada Escritura? Não; pois, quem é a Palavra de Deus é Jesus Cristo; assim sendo, a Sagrada Escritura não é a Palavra de Deus, mas a Sagrada Escritura é Palavra de Deus.

Ora, esta simples e ao mesmo tempo profunda distinção, dissolve muitos erros e aporias que foram assomadas na doutrina da Palavra de Deus desde a baixa escolástica, e que se tornaram mais graves desde a reforma protestante (devido a influência da vontade de poder dos otomanos no protestantismo).

Pois, a não compreensão sobre este aspecto de maneira correta, fez com que se atribuísse divindade substancial a Sagrada Escritura, o que é uma heresia monstruosa (que em suma é uma mistura de todas as mais terríveis heresias do passado).

Portanto, é bom que se afirme e reafirme que a Sagrada Escritura é Palavra de Deus, mas não é a Palavra de Deus; pois, a Sagrada Escritura só é Palavra de Deus porque testemunha de Cristo (cf. Jo 5.39), Aquele que é a Palavra de Deus (cf. Jo 1.1).

A Bíblia contém o testemunho sobre a Palavra de Deus (Cristo), e por esta razão é Palavra de Deus - por causa da inspiração divina deste testemunho que é infalível e inerrante.

29. Assim, dois aspectos são evocados: primeiro, se deve entender que Cristo é a Palavra de Deus; a Palavra de Deus é uma Pessoa, Jesus Cristo, que é o próprio Deus (cf. Jo 1.1-3); com isso, toda a revelação de Deus aponta para uma Pessoa (cf. Jo 1.45), tem seu cumprimento em uma Pessoa (cf. Hb 1.1-2), e é levada a cabo por uma Pessoa (cf. Ap 5.5), a saber, o Senhor Jesus Cristo. Por isso, toda a revelação de Deus se resume a Palavra-Pessoa, por meio de quem Deus fez todas as coisas e as sustenta (cf. Hb 1.3).

E segundo se deve entender que a Sagrada Escritura é Palavra de Deus, a Palavra de Deus de forma escrita, que é inspirada, infalível e inerrante, mas não possui a mesma substância da divindade; as Escrituras são divinas, mas não são “deusas”; assim, a Sagrada Escritura não é Deus, mas provém da vontade de Deus; pois, Deus dignou-se a conceder Sua revelação de forma escrita para que os homens tivessem um conhecimento sobre Ele do qual não tivessem dúvidas e fosse livre de erros; ora, este conhecimento é transmitido na Sagrada Escritura, e deve ser preservado sem acréscimos e sem decréscimos (cf. Ap 22.18-19), como nos ensina plenamente a fé dos Santos Padres.

Por esta razão, se afirma que a Sagrada Escritura é majestosa, pois é o conteúdo perfeito, completo e eficaz de tudo quanto o Deus Altíssimo quisera transmitir sobre Si aos homens; por isso, Santo Ambrósio afirmara que tão grande é a majestade da palavra de Deus, que nada deve ser retirado ou acrescentado a ela[16]; pois, tão grande é a preciosidade da Sagrada Escritura que a faz ser mais doce do que o mel, a fim de dignar a docilidade (cf. Sl 19.10), e mais valiosa do que as muitas riquezas em ouro e prata, a fim de comover a inteligência (cf. Sl 119.72).

30. Ademais, a verdade perfeita e imutável que é transmitida na Sagrada Escritura, não é de forma alguma contrária a verdade alcançada pelo lume da reta razão, pelo lume da luz interior; pois, o que é demonstrado pela verdade racional faz parte da fé; e a verdade revelada não contradiz a verdade racional, e vice-versa; por isso, Santo Agostinho assevera que aquilo que é manifesto pela verdade não é de forma alguma contrário aos livros sagrados, sejam os do Antigo seja os do Novo Testamento[17].

Portanto, tudo o que está em conformidade com a verdade e é demonstrado pela verdade, não é impugnado pela Sagrada Escritura; antes, por esta é valorada; pois, a verdade da Escritura não impugna a verdade alcançada pelo lume da razão natural; na verdade, a verdade revelada enobrece a verdade racional com um conteúdo certíssimo e veraz, através do qual as verdades demonstradas pela reta razão são enriquecidas e plenamente valoradas.

Assim sendo, a autoridade da Sagrada Escritura atesta, confirma e comprova a verdade demonstrada pela razão natural. Por isso, as verdades conhecidas pelo lume da razão natural fazem parte da fé, pois como Tomás de Aquino afirma, a fé pressupõe o conhecimento natural (cf. STh Ia, q. 2, a. 2, ad. 1).

31. E ao se reafirmar no que consiste a autoridade da Sagrada Escritura, se observa que se extraiu vários princípios, tanto da própria Escritura quanto dos Santos Padres, a respeito dos aspectos concernentes a autoridade eminentíssima do Livro Sagrado na Santa Igreja.

E que ninguém ouse, em sua orgulhosa perversidade e jactância, afirmar o que quer que seja contra a Santa Palavra de Deus; pois, a fé verdadeira é a fé que está fundamentada na Sagrada Escritura, é a fé que é demonstrada na obediência dos mandamentos divinos; ser cristão é estar e viver em conformidade com a Sagrada Escritura.

Nisto, pois, está delineado a verdadeira fé cristã. Agora, se alguém em sua orgulhosa perversidade quer se levantar contra o conhecimento de Deus que é transmitido na Sagrada Escritura que seja anátema.

32. E termina aqui esta explicação sobre a autoridade da Sagrada Escritura. Bendito seja Deus por ter nos outorgado Sua Santa Palavra de forma escrita. A Ele glória e majestade para sempre. Amém. 



[1] A doutrina islâmica pressupõe isso ao se reafirmar constantemente que os judeus e os cristãos são os povos do Livro (cf. Al-Qur’án, 3.98-101, 3.187, 4.47-48, 5.59-68, 9.29, 42.13-14, 98.1-8, etc.); esta perspectiva se assomou de maneira consciente ou não em Lutero e no protestantismo, donde surgiram inúmeras críticas infundadas e errôneas sobre a autoridade da Sagrada Escritura e a autoridade da Sagrada Tradição, e sobre a relação entre ambas; aliás, em primeira instância, essa é a proveniência da doutrina protestante de sola scriptura.

[2] cf. Santo Agostinho, Enarrationes in Psalmos, In Psal. CXLIV, n. 17.

[3] Tomás de Aquino, Super Evangelium S. Ioannis Lectura, cap. 13, lect. 5.

[4] cf. Tertuliano, Adversus Praxeam, cap. II.

[5] cf. Santo Irineu de Lyon, Adversus Haereses, livro III, cap. 1, n. 1.                 

[6] cf. Tertuliano, Adversus Praxeam, cap. XXIX.

[7] cf. Orígenes, De Principiis, livro II, cap. 5, n. 3.

[8] cf. São Gregório de Nissa, De Anima et Ressurrectione Dialogus.

[9] cf. Tertuliano, Adversus Praxeam, cap. XI.

[10] cf. Santo Agostinho, De Doctrina Christianae, livro II, cap. 9.

[11] cf. Santo Agostinho, Contra Epistolam Manichaei, cap. 5.

[12] cf. Santo Agostinho, De Civitate Dei, livro XI, cap. 3.

[13] Santo Agostinho, Epistula ad Catholicos De Secta Donatistarum, cap. 11, n. 28.

[14] cf. Tomás de Aquino, Super Evangelium S. Ioannis Lectura, cap. XX, lect. 6.

[15] cf. Orígenes, De Principiis, livro IV, cap. 2, n. 4.

[16] cf. Santo Ambrósio, De Officis Ministrorum, livro I, cap. 23.

[17] cf. Santo Agostinho, De Genesi ad Litteram, livro II, cap. XVIII. 


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