30/11/2025

O Espírito Santo e a Lógica: Resposta aos Neopentecostais

Prólogo.

 

Ao tomar conhecimento, por meio de um dileto colega, de que alguns “cristãos” neopentecostais, que se arrolam “autoridade espiritual”, começaram a afirmar blasfêmias contra a obra do Espírito Santo, decidi respondê-los o mais rápido possível, para confutar estas blasfêmias demoníacas.

Na verdade, os tolos e fraudes que se arrolaram “autoridade espiritual” para afirmar isso, cometeram um pecado mortal, ao errarem em coisas espirituais simples demonstrando com isso que não possuem vivência espiritual, porque falam do que não vivem - ou seja, são hipócritas orgulhosos.

Pois, quem vive uma verdadeira espiritualidade não erra nestas questões, seja por prudência seja por humildade; e o que falta na corja neopentecostal (e num geral em todo o protestantismo) é justamente a prudência, isto é, o não falarem do que não possuem certeza e/ou não podem ter certeza, e falta humildade porque falam do que desconhecem, demonstrando que são jactantes (e a jactância é uma manifestação da soberba quando esta já apodreceu o coração).

Assim, escrevo esta resposta, a qual é mais do que suficiente para confutar estes terríveis neopentecostais, alguns dos quais até mesmo respeitados como “cristãos”, que falam aberrações sobre a obra do Espírito Santo, cometendo assim os pecados concernentes a blasfêmia contra o Espírito Santo.

 

Capítulo I: Cristo e a obra do Espírito Santo.

 

Inicia-se, portanto, explicando o que concerne a obra do Espírito Santo; pois, a maior parte das aberrações perversas que são afirmadas em pneumatologia provêm da compreensão errônea sobre este aspecto; o Senhor Jesus Cristo afirmou categoricamente que o Espírito Santo é o Consolador dos fiéis (cf. Jo 14.16); é o Espírito da Verdade (cf. Jo 14.17); é quem ensina os fiéis todas as coisas (cf. Jo 14.26); é quem converte o mundo do pecado, da justiça e do juízo (cf. Jo 16.8-11); é quem guia à verdade (cf. Jo 16.13); é quem anuncia o que convém a Cristo (cf. Jo 16.14); etc.

Em suma, estas são algumas descrições sobre a obra do Espírito Santo segundo o Senhor Jesus Cristo; portanto, o Santo Evangelho apresenta a obra do Espírito Santo como alguém enviado pelo Pai no nome de Cristo, tanto ao mundo (cf. Sl 104.30), quanto à Igreja (cf. Jo 20.22); por isso, o Espírito Santo procede do Pai, e Sua obra no plano de redenção se dá na regeneração (cf. Tt 3.5), na justificação (cf. 1Co 6.11), na santificação (cf. Ef 3.16), na glorificação (cf. Ef 1.13-14); etc.

Além disso, se pode compreender a obra do Espírito Santo em dois aspectos: primeiro, em relação a Sua obra no mundo; ora, o Espírito age no mundo de três modos: preservando a Criação renovando-a diariamente (cf. Sl 104.30), direcionando o caminho da ciência (cf. Is 40.14), e outorgando a todos os homens os dons naturais para o desenvolvimento da vida humana (cf. Êx 31.2-5); etc.

Segundo, em relação a Sua obra na Santa Igreja; ora, o Espírito age na Santa Igreja de quatro maneiras: na proclamação do evangelho (cf. At 18.28), na concessão de dons espirituais (cf. 1Co 12.4-11), no fortalecimento na fé (cf. Ef 3.16), na vocação de sacerdotes à Santa Igreja e na condução da liderança da Santa Igreja (cf. At 20.28); etc.

Portanto, em toda a Sagrada Escritura se tem o anúncio da obra do Espírito Santo; e, neste quesito, assim como em tudo quanto diz respeito a fé, deve-se orientar pelo que é transmitido na Sagrada Escritura, tal como Orígenes, no livro IV do De Principiis, assevera: “devemos tomar também, para a demonstração das coisas de que falamos, os testemunhos das Divinas Escrituras” (cap. I); assim, o que concerne a obra do Espírito é transmitido na Sagrada Escritura; e o que estiver contra a Escritura neste assunto tão delicado deve ser tido como anátema.

Pois, os erros pneumatológicos são justamente expressão de desconhecimento bíblico e de irracionalidade, onde se afirma que algo é obra do Espírito Santo enquanto que na Sagrada Escritura se demonstra que tal algo não é obra do Espírito Santo; a respeito disso, Eusébio de Cesareia, no livro V da História Eclesiástica, descreve os erros dos montanistas que servem para exemplificar isso: “aquele inefável Teodoto, o primeiro intendente, por assim dizer, de sua pretendida profecia, achando-se um dia como que elevado e alçado aos céus, entrou em êxtase e entregou-se por completo ao espírito do engano, e então, lançado com força, acabou desastrosamente” (cap. XVI, n. 14); e esta é apenas uma entre muitas histórias similares que se encontram no decorrer da história da Igreja.

Ora, aquilo que erroneamente se atribui ao Espírito Santo, na verdade, é obra de um espírito de engano, que pode manifestar até prodígios no céu (cf. Ap 13.13-14), mas sempre induz ao engano e a mentira (cf. Is 19.14), e não traz honra a Cristo.

Por isso, se tomar como obra do Espírito Santo o que não é, na verdade isso é total falta de discernimento espiritual; os insolentes neopentecostais, as mais das vezes, atribuem ao Espírito Santo algo que na verdade é obra de demônios, cometendo assim várias blasfêmias contra o Espírito da Verdade.

Em suma, esta deve ser a orientação a respeito de como entender e compreender a obra do Espírito Santo segundo o ensinamento da Sagrada Escritura, conforme o Senhor Jesus Cristo nos ensina no Santo Evangelho.

 

Capítulo II: Os sofismas sobre a unção.

 

No entanto, mesmo que estas palavras sejam mais do que clarividentes, ainda sim, entre a corja neopentecostal, existem aqueles que arrolam sofismas blasfemos contra o Espírito Santo, principalmente ao se utilizarem do vocábulo unção; o vocábulo unção se tornou a palavra da moda entre aqueles que dizem possuir “autoridade espiritual”, enquanto na verdade são apenas instrumentos do espírito de engano.

Ora, se compreende muitos erros sobre a Pessoa e a Obra do Espírito Santo a partir do que a casta neopentecostal afirma sobre a unção; com isso, se evoca os principais e mais bizarros sofismas que os neopentecostais (e grande parte do pentecostalismo hodierno) afirma sobre a unção, os quais são:

1. A primeira e a mais corriqueira bizarrice hedionda que os neopentecostais afirmam sobre a Unção está na interpretação desvairada de Is 61.1-3; ora, para os neopentecostais o termo “ungiu” neste texto refere-se a todos os fiéis, em especial os líderes das “denominações” neopentecostais, para designar uma espécie de “unção” especial que os difere dos demais e os coloca como autoridade absoluta sobre outras pessoas; no entanto, tanto no sentido literal quanto no sentido místico, este texto sagrado aponta para Cristo e somente para Cristo; esta unção anunciada em Is 61.1-3 é somente para o Cristo, o ungido de Deus; portanto, querer afirmar algo diverso deste texto é incorrer em heresia monstruosa, já a interpretação do texto sagrado delimita o modo como o mesmo deve ser aplicado, principalmente em textos que descreverem características exclusivas das Pessoas da Santíssima Trindade. Esta unção de Is 61.1-3 é a unção de Cristo; querer arrolar tal unção para si ou para outrem é querer usurpar o lugar de Cristo. Então, os neopentecostais ao promoverem sofismas sobre a unção acabam por propagar o espírito de usurpação.

2. Ademais, os neopentecostais afirmam loucuras sobre a interpretação de 1Jo 2.27; ora, os neopentecostais afirmam isso tanto para desmerecer a necessidade do estudo, quanto para arrolar uma “autoridade” de saber no qual não precisam aprender nada, a não ser o que recebem como “unção”; ora, isso é orgulhosa perversidade; pois, o significado da unção em 1Jo 2.27 é a presença do Espírito Santo no coração que ensina os fiéis tudo quanto concerne a Cristo (cf. Jo 16.14); e isto não impugna a necessidade do estudo e nem é certificado de autorização para ilogicidade e irracionalidade, como os líderes neopentecostais gostam de arrolar para si “autoridade espiritual” enquanto servem lixos espirituais para o séquito que os acompanha. Portanto, de acordo com 1Jo 2.27 se entende, tanto no sentido literal quanto no sentido místico, que a unção se refere a obra do Espírito Santo em conduzir e abrir o entendimento dos fiéis para as coisas espirituais transmitidas nas Sagradas Escrituras.

3. Ademais, as heresias abjetas sobre a unção que os neopentecostais gostam de afirmar de maneira obstinada, são talhadas a partir de alegorias irracionais a partir destes dois textos, tanto o de Is 61.1-3 quanto o de 1Jo 2.27; na verdade, a partir de Is 61.1-3 os neopentecostais, movidos pelo espírito de engano, criam uma enorme série de “unções”: unção do riso, unção de reconstrução, unção que despedaça o jugo, unção de libertação, unção de cura, unção de conquista, unção de ousadia, unção de coragem, unção disto ou daquilo, etc.; na verdade, esta série maléfica de “unções” são todas blasfêmias contra a verdade, pois não estão na verdade revelada e nem podem ser pressupostas a partir de algum dos sentidos da Sagrada Escritura; portanto, estas “novas unções” são formas diversas através das quais o demônio engana e engoda para velar o modo como agem para induzir os homens a pensarem que tais “manifestações” são obra do Espírito Santo.

4. Ademais, nem se precisa adentrar em pormenores nestas bizarrices neopentecostais, já que se dá para comprovar as heresias sobre o significação da “unção” a partir dos critérios lógicos; se alguma sentença afirmada sobre a unção contradizer algum princípio lógico, então tal sentença é errada e não provém da obra do Espírito Santo; aliás, se alguma sentença afirmada sobre a unção não provém da Sagrada Escritura tal sentença deve ser tida como anátema; novamente, se afirma em alto e bom tom, as heresias sobre o significado do vocábulo “unção” propagadas pelos neopentecostais e por outros são todas permeadas por ilogicidade.

E, em suma, estes são os mais bizarros e os mais corriqueiros sofismas a respeito da designação bíblica sobre a Unção; e pior, estes sofismas foram impregnados de tal modo que se afirmar algo contra eles é o mesmo que mexer com as mãos num ninho de vespas venenosas.

Entretanto, estes sofismas apregoados com tanto gosto pela corja neopentecostal, são na verdade expressão de obra demoníaca, porque esses ao serem corrigidos são ainda mais propagados por aqueles que são confutados, demonstrando assim que são instrumentos das fortalezas diabólicas que se instauram através de sofismas espirituais, pois são altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus (cf. 2Co 10.4-5); a altivez contra a logicidade é demonstração de soberba no coração; é próprio dos soberbos se levantarem contra a logicidade, e/ou permanecerem de modo obstinado em ilogicidade quando são confrontados.

 

Capítulo III: A obra do Espírito Santo é perfeitamente lógica.

 

Ademais, se constata que muitos dos sofismas propagados sobre assuntos espirituais são na verdade fruto de ilogicidade, são práticas ilógicas; e ao contrário do que se afirma, o Espírito Santo não age de forma ilógica; pois, Jesus Cristo é Logos; portanto, o que concerne a fé, em tudo, é algo lógico.

Portanto, o Espírito Santo, que testemunha de Cristo (cf. Jo 16.13-14), em Sua obra age de maneira lógica; pois, o cristocêntrismo, a órbita da pneumatologia, é permeado pela lógica; na verdade, só existe cristocêntrismo onde há logicidade, e a cristologia em tudo é algo lógico; na verdade, onde há ilogicidade se tem o espírito do anticristo.

Pois, a ilogicidade é própria dos demônios; por isso, onde há obra do Espírito Santo se tem perfeita concórdia lógica, mesmo nos dons e maravilhas operados pelo Espírito Santo. Com isso, se constata que os sofismas sobre a obra do Espírito Santo são todos eles, em maior ou em menor grau, calcinados na ilogicidade; pois, a falsa experiência espiritual é permeada totalmente pela ilogicidade.

E, por isso, se criou uma pseudo-doutrina no protestantismo (e que infelizmente acabou por permear também as sés apostólicas) de que a obra do Espírito Santo é contrária a lógica ou de que o Espírito Santo age contra a lógica; e isto é um dos maiores sofismas já inventados pelos demônios quanto aos assuntos espirituais; aliás, tudo quanto concerne a obra do Espírito Santo está em ordem a lógica, pois o próprio Espírito Santo criou a mente humana para funcionar de maneira lógica e o próprio Espírito Santo demonstra pelas Divinas Escrituras que age de maneira lógicas.

Na verdade, o Espírito Santo, como diz Hans Urs von Balthasar, o “administrador fiel da revelação de Deus e seu livre intérprete em todas as formas humanas de pensamento”, administra a revelação e conduz a sua adequada interpretação de maneira perfeitamente lógica; toda a revelação divina é lógica, e toda a interpretação da revelação é permeada pela lógica. Por isso, a perfeição lógica é uma propriedade inspiracional das Sagradas Escrituras.

Portanto, a obra do Espírito Santo, seja no mundo seja na Santa Igreja, é uma obra perfeitamente lógica; a perfeição lógica é um atributo glorioso da obra do Espírito Santo, e através disso se sabe no que consiste verdadeiramente a obra do Espírito de Deus.

Aliás, este é um critério racional para se constatar se algo provém ou não de Deus, a saber: se é algo lógico provém de Deus, se é algo ilógico provém dos demônios; e esta regra é apodítica e infalível para se averiguar qualquer assunto espiritual.

Outrossim, é que os critérios lógicos são uma eficaz e apodítica ferramenta para se demonstrar os tolos e fraudes que se arrolam “autoridade espiritual”, enquanto na verdade são apenas homens e mulheres orgulhosos que promanam engano e mentira do altar da própria imbecilidade; a falsa “autoridade espiritual” é calcinada na ilogicidade.

***

E conclui-se esta breve resposta, escrita a fim de confutar alguns erros terríveis que têm sido propagados costumeiramente pela corja neopentecostal em assuntos que tocam a própria intimidade do Ser de Deus; portanto, se faz necessário sempre que possível, e de maneira adequada e sóbria, confutar e confrontar estes erros hediondos que tem levados milhões para o caminho da perdição, posto tais erros serem blasfêmias contra o Espírito Santo. 

θεῷ χάρις


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