Prefácio.
A
perspectiva do estudo teológico é algo que permeia as nuances da própria
reflexão teológica; pois, o estudo teológico é parte integrante da existência
eclesial, e por consequência, parte integrante da existência teológica; por
isso, elucubrar sobre o estudo teológico é preponderante em qualquer aspecto da
ciência teológica, já que é a porta de entrada ao conhecimento científico da
teologia.
As
perspectivas sobre o estudo teológico ganharam conotações diversas ao longo da
história; especificamente, na modernidade, o estudo teológico fora abalizado
por Schleiermacher; viera do pai da teologia moderna, a estrutura e o encargo
principal que tem guiado as elaborações do “curriculum” dos estudos
teológicos. Embora, tenha ocorrido desenvolvimentos significativos sobre o
estudo teológico, a base e o escopo continuam no que Schleiermacher
desenvolvera.
Por
isso, investigar o que Schleiermacher elaborou e sintetizou sobre o estudo
teológico é algo assaz importante; na verdade, imprescindível, pois, as
elaborações do pai da teologia moderna, continuam a imperar; não para dizer
especificamente se Schleiermacher estava certo ou errado, mas para explicar e
aclarar suas proposições e definições; pois, evidentemente, se se quiser ter
uma compreensão mais apurada sobre o estudo teológico, é necessário entender
como Schleiermacher o pensara e como o estabelecera, pois, é a influência dele,
e não de outro teólogo, que paira sobre as formas e os modos que o estudo
teológico é disposto na teologia moderna.
A
expressão de Neander, de que a partir de Schleiermacher se iniciaria uma nova
época na história da teologia, é assaz verdadeira e se cumpriu tal como uma
profecia; e, em se tratando do estudo teológico, ainda mais; pois, em
Schleiermacher iniciara uma nova época no desenvolvimento do estudo teológico.
Portanto,
eis este ensaio explicativo e descritivo, que procura investigar o que
Schleiermacher pensara e elucubrara sobre o estudo teológico.
Soli Deo Gloria!
In Nomine Iesus!
17 de dezembro de 2023.
I.
Schleiermacher e o Estudo Teológico.
1. A
noção do estudo teológico, fora trabalhada por muitos teólogos ao longo dos
anos; Melanchthon, escrevera uma breve oração, “Brevis discendae theologiae
ratio”, onde fala sobre o estudo teológico; Bullinger, escrevera um
opúsculo para falar sobre o estudo teológico, “Ratio Studiorum”;
Hyperius escrevera um monumental tratado para falar sobre a função do teólogo e
sobre o estudo teológico, “De Theologo”; no período da escolástica
luterana, muitos eminentes teólogos falaram sobre o estudo teológico, como Gerhard,
em “Methodus Studii Theologici”, e Calov, em “Isagoges ad. S. S.
Theologiam”; enfim, muitos foram os tratados significativos e de suma
importância que foram escritos nos sécs. XVI e XVII sobre o estudo da teologia.
2.
Mas, com exceção de algumas proposições de Gerhard (que atualmente ainda são
amplamente utilizadas), e das noções de Calov que foram alocada por Spener
através do “Pia Desideria”, estes textos ficaram esquecidos; e após o
iluminismo, com a formação da neologia por parte de muitos teólogos
protestantes, os principais e mais efusivos tratados sobre o estudo teológico
ficaram esquecidos, quando não completamente rejeitados; e isso é uma das
razões pelas quais a noção de estudo teológico adentra o final do séc. XVIII e
o início do séc. XIX de maneira desfigurada; foi devido a necessidade de
novamente se abalizar e fundamentar o estudo teológico, a partir de outra
perspectiva da que fora utilizada no séc. XVII, que Friedrich Schleiermacher
escreve um pequeno tratado, publicado em 1811 [1ª ed.; 2ª ed. em 1830], “Kurze
Darstellung des theologischen Studiums” (em inglês: Brief Outline of the
Study of Theology).
3.
Este tratado de Schleiermacher é a obra que abalizou novamente a perspectiva do
estudo teológico; o pai da teologia moderna reorientou o “programa” de estudo
teológico, o qual havia ficado perdido devido a influência do iluminismo desde
os anos finais da escolástica luterana (com a morte de Hollatz e Buddeus); e as
proposições de Schleiermacher, ainda que não sejam seguidas totalmente, a
estruturação que ele propõe é a que fundamenta e abaliza os modos e as formas
do “curriculum” dos estudos teológicos desde então; esta obra,
tornara-se o marco, na teologia moderna, do que é e do que se constitui o
estudo da teologia. Mesmo aqueles que criticam Schleiermacher neste quesito são
dele completamente dependentes.
4. E
é interessante porque este breve tratado de Schleiermacher, constitui-se,
conjuntamente com seus discursos sobre a religião, “Reden” (além dos
monólogos), e sua dogmática, a “Glaubenslehre”, um dos textos acadêmicos
mais influentes de Schleiermacher; certamente, poucos teólogos na história
tiveram uma influência tão grande em certos pontos da teologia acadêmica com
tão poucos escritos publicados (Schleiermacher publicou outros escritos, mas
estes foram os que fizeram mais “sucesso” e pelos quais ele se tornara
conhecido e respeitado); certamente, a influência de Schleiermacher viera por
outros motivos; embora o tratado sobre o estudo teológico seja um texto
singular, este texto só teve a influência que teve, para se tornar o marco na
teologia moderna sobre o estudo teológico, porque Schleiermacher era um “scholar”,
um acadêmico erudito, no sentido mais honroso do termo, em sua função como
professor na Universidade.
5.
Mas, principalmente, Schleiermacher obteve o êxito peculiar em sua publicação,
devido a sua exemplar atividade pastoral; Schleiermacher fora um pastor
exemplar, e sua invectiva sobre o estudo teológico era fruto tanto de sua
experiência com o pastoreio e a proclamação do evangelho, somada a experiência
acadêmica como professor universitário. Isto, perfez uma síntese grandiosa, na
confluência entre o rigor acadêmico, a vivência piedosa, e a erudição que deve
permear àqueles que se dedicam ao estudo da ciência sagrada.
6.
Schleiermacher indexou estes aspectos em sua perspectiva sobre o estudo
teológico, de tal modo que se tornara a base e o fundamento para o
desenvolvimento da perspectiva do estudo teológico; evidentemente,
Schleiermacher era um erudito, um homem enciclopédico, que podia falar nestes
termos que estabelecera, como um mestre por excelência, o qual elevara o estudo
teológico a uma padronização acadêmica impecável.
Charles
Hodge, tendo visto os labores acadêmicos de Schleiermacher, e daqueles que
foram orientados a partir da perspectiva dos estudos acadêmicos na Alemanha do
séc. XIX, constatou a superioridade acadêmica do ensino alemão em relação ao
ensino norte-americano; Hodge descrevera sua percepção numa carta a sua esposa:
“A grande superioridade do ensino alemão (e a superioridade é grande) não
decorre do modo de instrução nas universidades, mas da excelência das suas
escolas primárias. Um menino é tão bem versado em grego e latim que não tem
problemas com essas línguas. Como estes são os grandes instrumentos de
aprendizagem em todos os departamentos, nada lhes resta senão aplicá-los”[1].
7.
Esta superioridade deve ser levada em conta, ao se compreender as perspectivas
elencadas por Schleiermacher sobre o estudo teológico; pois, a elaboração de
Schleiermacher, foi feita a partir do que de melhor havia nas ciências e na
filosofia de sua época; contudo, aplicadas ao estudo da teologia, amparada pela
vivência da experiência das atividades pastorais.
Ao
mesmo tempo em que fazia semanalmente (quase que diariamente) as preleções
acadêmicas sobre filosofia e as disciplinas acadêmicas, e fazia as preleções
sobre teologia, Schleiermacher também pregava e cumpria as tarefas pastorais,
como ensino confirmatório, batismos, funerais, visitas pastorais, etc.
Schleiermacher elabora a concepção do estudo teológico como um pastor e
pregador dedicado e fervoroso, mas também como um acadêmico do mais alto nível,
como um erudito que podia falar de igual para igual com Goethe, Humboldt,
Hegel, Hölderlin, Schelling, entre outros, enquanto que edificava uma obra
teológica monumental, tanto em relação a teologia da cultura (a teologia do
testemunho cristão no mundo, na cultura, principalmente na alta-cultura),
quanto em relação a teologia eclesial, numa teologia do Espírito Santo.
II. A
Estrutura do Estudo Teológico.
8. A
estrutura que Schleiermacher propõe para o estudo teológico é tríplice: a
primeira parte, a parte filosófica; a segunda parte, a parte histórica; a
terceira parte, a parte prática; ou, respectivamente, teologia filosófica,
teologia histórica e teologia prática. O próprio Schleiermacher afirma: “Dentro
desta trilogia, — Teologia Filosófica, Histórica e Prática — está incluído todo
o curso do estudo teológico: e a ordem mais natural para o presente Esboço é,
indiscutivelmente, começar com a Teologia Filosófica e concluir com a Prática”.[2] Assim sendo, a tríplice
divisão estabelecida por Schleiermacher, procura açambarcar todo o estudo
teológico; para o pai da teologia moderna, toda a teologia se reduz a estas
três esferas, e, por isso, todo o estudo da teologia se configura ao redor destas
três orbitas.
9. A
primeira parte, é a teologia filosófica. A primeira parte do estudo teológico,
constitui-se do que Schleiermacher chama de teologia filosófica; e a teologia
filosófica é subdivida em duas partes: apologética e polêmica; Schleiermacher
afirma que a apologética é construída com vista aos de fora, em relação ao
exterior da Igreja (mundo), enquanto que a polêmica é construída com vista aos
de dentro, ao interior da Igreja (para burilar a fé)[3].
10. A
proposição de Schleiermacher em relação a teologia filosófica, pode ser
entendida a partir da distinção entre teologia filosófica geral (apologética) e
teologia filosófica especial (polêmica); evidentemente, tal distinção se
estabelece entre o propósito e a natureza da apologética e da polêmica;
portanto, se se tem uma teologia filosófica geral, se tem alguma forma de
apresentação puramente filosófica ou racional daquilo que se constitui a
teologia e/ou o cristianismo, àqueles que não fazem parte da Igreja, como o
próprio Schleiermacher faz nos “Reden”, e como estabelece na introdução
do “Glaubenslehre” (do § 7 ao § 10); e, se se tem uma teologia
filosófica especial, se tem alguma forma de apresentação do cristianismo, a
partir da orientação racional, que tenha em vista a realidade da fé, do
cristianismo enquanto comunhão religiosa e da vida cristã enquanto piedade,
àqueles que são parte da Igreja.
Em
relação ao procedimento da apologética, Schleiermacher assevera: “Mas a base
para tal procedimento é fornecida pelas investigações que se relacionam com o
caráter peculiar e essencial do Cristianismo e, da mesma maneira, com o do
Protestantismo; que constituem, portanto, a porção Apologética da Teologia
Filosófica – a primeira classe de investigações que sustentam esta relação com
o geral, a Teologia Filosófica Cristã, e esta última, à Teologia Filosófica
especial do Protestantismo”[4]. Por isso, a teologia
filosófica geral, é a partir do que Schleiermacher desenvolve como apologética;
e a teologia filosófica especial, é a partir do que Schleiermacher desenvolve
como polêmica. Estes dois aspectos, perfazem dois tipos de caminho; um na
defesa da religião, tal como Schleiermacher faz nos “Reden”; e o outro
na defesa do cristianismo, tal como Schleiermacher faz na “Glaubenslehre”;
o primeiro, é uma defesa puramente racional no âmbito da filosofia; o segundo,
é uma defesa racional no âmbito da teologia dogmática.
11.
Com isso, a teologia filosófica constitui-se de uma apresentação e defesa da
validação da religião, bem como de uma apresentação e defesa da validação
racional da religião, do cristianismo enquanto religião e do cristianismo
enquanto religião verdadeira; por isso, a teologia filosófica especial,
concentra-se na apresentação particular do protestantismo (ou do catolicismo,
ou da ortodoxia grega), como forma mais plausível do cristianismo.
12.
Deste modo, após apresentar a apologética, a teologia filosófica geral,
Schleiermacher passa a segunda parte da teologia filosófica, a polêmica, a
teologia filosófica especial; pois, a teologia filosófica geral (apologética) é
com vista aos de fora, e a teologia filosófica especial (polêmica) é com vista
aos de dentro. E a proposição de Schleiermacher em relação a polêmica é em
vista a necessidade de conscientização sobre o autoexame da vida da Igreja
pelos próprios cristãos; Schleiermacher assevera: “Visto que cada indivíduo,
em proporção à força e à clareza de sua convicção, deve necessariamente também
sentir insatisfação em relação aos desvios mórbidos que possam ter surgido na
Comunidade a que pertence; por isso, a Orientação da Igreja, em virtude do seu
objetivo intensamente conservador, deve ser concebida, em primeira instância,
para tornar este desvio, como tal, uma questão de consciência. Isto só pode ser
efetuado por meio de uma exibição correta do caráter essencial do cristianismo
– e, da mesma maneira, também do protestantismo; cujas exposições, portanto,
nesta aplicação, formam a divisão polêmica da Teologia Filosófica, - a
primeira, em relação à sua forma geral, - a segunda, em relação à sua forma
especial, protestante”[5]. Com isso, se pode
entender o verdadeiro objetivo da polêmica não é simplesmente aquilo que no
período da ortodoxia luterana se definia como teologia elêntica (que
Schleiermacher substitui por apologética), mas do burilar a fé na consciência
individual, da necessidade de análise sempre corrente da condição e do estado
da Igreja.
13.
Assim sendo, a polêmica adquire um caráter específico para a própria comunhão
eclesial, ao invés de o caractere de disputatione como tinha no período
da ortodoxia luterana; o próprio Schleiermacher afirma que o sentido que
emprega da palavra polêmica não tem a ver com estas disputas[6]; por isso, a polêmica é
uma forma própria dos cristãos, no âmbito da comunidade eclesial, de pensarem
sobre sua fé e sobre a condição espiritual e doutrinária da Igreja no decorrer
das épocas, uma autoanálise pessoal e uma autoanálise comunitária; por isso, a
polêmica, isto é, a investigação crítica e a análise crítica dos próprios
cristãos de como a Igreja está se organizando e vivenciando a fé, constitui-se
o verdadeiro propósito da teologia polêmica enquanto parte da teologia
filosófica - esse é o propósito de Schleiermacher ao delinear a teologia
polêmica. E, diga-se de passagem, é deste propósito que surge a necessidade da
teologia dogmática.
14.
Logo, a distinção estabelecida por Schleiermacher do propósito da teologia
filosófica vai além das distinções estabelecidas pelo período da ortodoxia luterana;
conquanto os termos sejam parecidos, Schleiermacher os estabelece em outra
perspectiva e abaliza novamente a utilização da teologia filosófica com duplo
propósito: um em relação a defesa da fé para com os que estão fora da Igreja,
com a apologética; e o outro em relação a burilação da fé para com os que estão
dentro da Igreja, com a polêmica.
15. E
esta estrutura é o que constitui o objetivo de Schleiermacher em estabelecer a
validação do cristianismo enquanto religião e na apresentação geral da fé
cristã (e da teologia) como algo racional, crível, aceitável e plausível. A
teologia de Schleiermacher enquanto procura ser uma defesa da fé e a
demonstração da plausibilidade do cristianismo enquanto religião, é orientada
no sentido de uma teologia filosófica plenamente estabelecida tanto como
apologética (defesa da fé) quanto como polêmica (burilação da fé). A teologia
de Schleiermacher, que em se tratando especificamente do encargo teológico, é
pura pneumatologia, em se tratando da racionalidade humana, e da validação da
religião e da teologia, é teologia filosófica em sua mais singular demonstração.
Para Schleiermacher, a teologia como pneumatologia não se distingue da teologia
enquanto filosofia, embora, a teologia como filosofia seja um preâmbulo à
verdadeira teologia, seja apenas uma forma introdutória e racional de se
preparar para o conhecimento das coisas celestes; neste sentido, pode-se
afirmar que a teologia filosófica de Schleiermacher está posta, em relação a
teologia, no mesmo sentido que a metafísica estava para Francisco Suarez, a
saber, como introdução à teologia.
16. A
segunda parte, é da teologia histórica. A segunda parte do estudo teológico,
constitui-se do que Schleiermacher chama de teologia histórica; a teologia
histórica é subdividida em três partes: teologia exegética, história da igreja
e o conhecimento histórico da condição atual do cristianismo. Como o próprio
Schleiermacher afirma: “A Teologia Histórica está completamente incluída
nestas três divisões: - o conhecimento do Cristianismo Primitivo, o
conhecimento de toda a história do Cristianismo e o conhecimento do estado do
Cristianismo no momento presente”[7].
17. A
proposição de Schleiermacher sobre a teologia histórica evidencia um aspecto de
fundamental importância, a saber, a historicidade do cristianismo; o
cristianismo é uma religião histórica; por isso, Schleiermacher coloca a
teologia histórica nos três aspectos essenciais da ciência histórica, a saber,
o conhecimento dos fatos originários (teologia exegética), o conhecimento do
decorrer da história após estes fatos originários (história da igreja) e o
conhecimento da atual situação do cristianismo (que Schleiermacher designa de
maneira científica como estatística eclesiástica). Por isso, Schleiermacher
estabelece o conhecimento do cristianismo primitivo como a base da teologia
histórica, porque é a primeira “fase” da teologia histórica; Schleiermacher
assevera: “Visto que o conhecimento do Cristianismo Primitivo que deve ser
obtido para o propósito especificado deve ser obtido apenas a partir de
documentos escritos que se originaram no referido período da Igreja Cristã, e
repousa inteiramente na compreensão correta desses escritos; a divisão da
Teologia Histórica que agora temos diante de nós também leva, especificamente,
o nome de Teologia Exegética”[8].
18.
Assim sendo, da teologia exegética brota a história inicial do cristianismo;
dos fatos do evangelho nasce o cristianismo; os quais, por sua vez permeiam
toda a existência do cristianismo na história. Portanto, a tríplice distinção
da teologia histórica é fundamentada no conhecimento dos fatos da Escritura e
em como estes fatos foram interpretados pelos primeiros cristãos dando início a
comunidade cristã e por consequência a continuidade destes fatos e de suas
interpretações em toda a história do cristianismo.
19. O
segundo aspecto da teologia histórica é o que propriamente se chama de história
da Igreja; o que Schleiermacher chama de o conhecimento da história posterior
do cristianismo (depois da existencialidade da teologia exegética que forma a
comunidade cristã). Schleiermacher afirma: “O conhecimento da carreira
posterior do Cristianismo pode ser exibido como um todo ou ser dividido na
História do Sistema de Doutrina e na História da Comunidade [Cristã]”[9].
20.
Assim sendo, o conhecimento da história posterior do cristianismo, se subdivide
em história da Igreja e história do dogma; em história do desenvolvimento da
igreja e em história do desenvolvimento da doutrina da igreja; pois, a medida
que a Igreja se desenvolve no solo da história, sua doutrina também se
desenvolve; portanto, história da igreja e história do dogma estão
indissoluvelmente ligados; logo, não se pode falar de história da igreja sem se
falar da história do dogma, e vice-versa.
21. O
terceiro aspecto da teologia história é o que Schleiermacher chama de o
conhecimento da condição atual do cristianismo; Schleiermacher afirma: “O
delineamento da condição social da Igreja em qualquer momento constitui o
problema da Estatística Eclesiástica”[10]. Assim sendo, o primeiro
aspecto do conhecimento do estado atual do cristianismo é o que Schleiermacher
chama, na concepção correta do termo, de estatística eclesiástica; estatística
é um modo de se conhecer o estado de coisas de algo, a partir da compreensão do
estado deste algo; estatística eclesiástica se refere a algo que açambarca a
compreensão do estado atual da igreja ou das comunidades eclesiásticas
(denominações).
22.
Mas, a compreensão do estado atual do cristianismo em determinada época se
delimita ainda mais pela compreensão do sistema de doutrina desta época; é
através da compreensão do sistema de doutrina que se apercebe como a situação
atual da igreja está em relação a sua existência história, abalizada tanto pela
teologia exegética quanto pela história anterior da igreja (pela história
eclesiástica e pela história do dogma). Deste modo, a estatística eclesiástica
pressupõe necessariamente a compreensão do estado atual da doutrina do
cristianismo, na exibição do sistema de doutrina, ou simplesmente, da teologia
dogmática. Schleiermacher diz: “A exibição conectada do Sistema de Doutrina
conforme atualmente recebido em qualquer momento, - seja pela Igreja em geral
(isto é, quando não existe separação), - ou, de outra forma, por qualquer
Comunidade Eclesiástica distinta - designamos pelo termo Dogmática ou Teologia
Dogmática”[11].
23.
Deste modo, a teologia histórica refere-se a algo que conflui-se como parte da
existência do cristianismo; pois, foca-se na existência histórica do
cristianismo (passado) e analisa a situação atual do cristianismo (presente), e
isto, evidentemente, abaliza para a existência do cristianismo no decorrer da
história subsequente (futuro); a compreensão do passado e a autoanálise do
estado atual abalizam a existência futura; desde modo, conjuntamente com a
teologia filosófica, as possibilidades da teologia histórica são inúmeras; tal
como Schleiermacher afirma: “Tanto a disciplina Estatística como a Dogmática
são igualmente de extensão infinita; e ocupa, portanto, a mesma posição com a
segunda divisão da Teologia Histórica”[12]. E, são de extensão quase
que infinita, pois cada geração é novamente chamada a laborar nestas questões
de forma renovada e com interesse cada vez mais intenso.
24. A
terceira parte, é a da teologia prática. A terceira parte do estudo teológico
constitui-se do que Schleiermacher chama de teologia prática; a teologia
prática é subdivida em duas partes: os princípios do governo da igreja e os
princípios do serviço na igreja; e a teologia prática não é objeto apenas
daqueles que querem uma praticidade maior ou apenas uma teologia pastoral;
Schleiermacher afirma: “A Teologia Prática, portanto, é apenas para aqueles
em quem existe uma combinação de um interesse no bem-estar da Igreja e um
espírito científico”[13]. A teologia prática é
somente para quem está plenamente envolvido com a teologia filosófica e a
teologia histórica; isto é, para aqueles que tanto no estudo científico quanto
na existência eclesial, procuram o bem-estar da Igreja, tanto na doutrina quanto
na existência litúrgica.
25.
Os conteúdos da teologia prática estão dispostos no modo de organização da
igreja, tanto no sentido da igreja como instituição como da igreja como
organismo; Schleiermacher afirma: “Os conteúdos da Teologia Prática estão
incluídos exaustivamente na Teoria do Governo da Igreja (no sentido mais
restrito) e na Teoria do Serviço na Igreja”[14]. Portanto, a teologia
prática se refere a Igreja como instituição, nos princípios do governo da
Igreja, bem como se refere a Igreja como organismo, nos princípios do serviço na
Igreja; e ambos estão indissoluvelmente ligados e dispostos em toda a
existência da comunidade. Embora, a Igreja enquanto organismo tenha
preeminência aos modos da Igreja como instituição; mas a Igreja como
instituição é uma forma visível e ordenada da existência da Igreja como
organismo, sob o mandamento de Cristo e sob a autoridade das Sagradas
Escrituras.
26. A
teoria do serviço na Igreja para Schleiermacher se estabelece como a atividade
na qual aqueles que se dedicam a comunidade estão envolvidos na edificação da
Igreja; Schleiermacher afirma: “A atividade orientadora no Serviço da Igreja
consiste por um lado na edificação, que se exerce em conexão com o Sistema de
Culto, ou na reunião da Congregação com o propósito de despertar e animar nos
devotos a consciência”[15]. O serviço na Igreja por
parte daqueles que dedicam a servi-la é em vista a edificação dos fiéis, para
despertar e animar nestes a consciência de dependência absoluta, isto é, a
piedade; logo, a teoria do serviço na Igreja tem uma função catequética
fundamental que visa a edificação de todos os membros da comunidade, como
função daqueles que foram vocacionados ao Sagrado Ministério, e que foram
devidamente preparados e separados para esta função.
27.
Já a teoria do governo da Igreja para Schleiermacher se estabelece como as
normativas para aqueles que servem na Igreja e pela qual a ordem eclesiástica é
mantida de modo público e visível, através da autoridade eclesiástica;
Schleiermacher afirma: “A Autoridade Eclesiástica deve, portanto, combinar
os dois objetivos seguintes, e a Teoria [do Governo-Igreja] deve procurar
descobrir a fórmula necessária: [a observância de] suas obrigações
preponderantes, de manter, preservar e fortalecer o princípio que foi
constituído por meio da última época anterior - e, ao mesmo tempo, também
favorecer e proteger as manifestações do poder espiritual livre, o único que é
capaz de iniciar [novos] desenvolvimentos reformatórios”[16]. O governo da Igreja,
portanto, deve ser feito pela autoridade eclesiástica instituída; e assim, este
governo existe para manter as obrigações preponderantes da Igreja como
instituição, e ao mesmo tempo, favorecer e proteger a vida espiritual dos
cristãos através da pregação da Palavra e da correta administração dos
sacramentos, a fim de favorecer as manifestações de poder espiritual, o único
meio capaz de iniciar novos desenvolvimentos reformatórios. Para Schleiermacher
essa é a verdadeira função daqueles que foram verdadeiros chamados para o
sagrado ministério e que por isso estão imbuídos de autoridade eclesiástica.
28.
Por isso, para Schleiermacher, a teoria do governo da Igreja, evidentemente, é
abalizada pelas normativas institucionais e racionais que devem guiar a Igreja
como instituição; mas, fundamentalmente, a teoria do governo da Igreja deve ser
permeada pela existência espiritual da Igreja; pois, o governo da Igreja não
pode impedir as manifestações de poder espiritual, isto é, as ações soberanas
do Espírito Santo; na verdade, o governo da Igreja tem de ser guiado pelo
Espírito Santo pelos caminhos que Ele traça através das Escrituras; somente
assim, os desenvolvimentos reformatórios de que Schleiermacher fala são
possíveis e realmente ocorrem.
29. A teoria do governo da Igreja é apenas uma
forma humana e racional para se adequar a instituição eclesiástica como normas
e ordenações de organização; aqueles que exercem o governo da Igreja não são
donos da Igreja, mas apenas servos de Cristo que foram vocacionados para servir
a Igreja. Onde o governo da Igreja se porta como donos da Igreja, a teoria do
governo da Igreja é desfigurada e todo e qualquer desenvolvimento espiritual é “abafado”
pelos ares viciados dos poderes de mando humano sob a Igreja.
A
teoria do governo da Igreja é tanto para ensinar e adequar as questões
racionais e administrativos da Igreja como instituição, mas também para alertar
dos perigos iminentes que são corriqueiros dos homens quererem ser donos da
Igreja.
A
Igreja pertence a Cristo, e somente a Ele; Ele é o dono da Igreja; e, a teoria
do governo da Igreja é uma forma de demonstrar o senhorio de Cristo através da
organização e da ordem da Igreja enquanto instituição.
Estas
são, de maneira geral e sintética, as partes do estudo teológico, de acordo com
Schleiermacher; ou dito de outro modo, a estrutura do estudo teológico que
Schleiermacher estabelecera tanto em resposta a influência do iluminismo e de
Kant na teologia protestante, quanto para edificar um “curriculum”
teológico racional tendo em vista três grandes áreas do estudo teológico.
III.
Schleiermacher, Mestre do Estudo Teológico.
30. E
é algo interessante, pois, mesmo que as definições e algumas das distinções
particulares de Schleiermacher não sejam aceitas e/ou propugnadas,
principalmente no modo e na ordem que Schleiermacher as estabelece, a estrutura
básica que ele estabelecera permanece absoluta na teologia moderna; a estrutura
geral fora modificada e ampliada por muitos teólogos de muitas formas e de
diversas maneiras, mas o encargo estabelecido, as distinções básicas e as
definições fundamentais talhadas pelo pai da teologia moderna permanecem e
açambarcam todos aqueles que vieram após ele; isso é sinal da grandeza de
Schleiermacher como teólogo; pois, dos teólogos que vieram após ele (e até os
que vieram antes), ninguém dominou estas distinções e a encarnou de maneira
magistral quanto o próprio Schleiermacher (tendo apenas por rival a Edwards);
nem mesmo Barth, que escreveu muito mais do que Schleiermacher, conseguiu
vivenciar e encarnar de maneira total estas três áreas da teologia.
31.
Schleiermacher as viveu, as enobreceu e as sublimou de maneira singular, algo
que poucos conseguiram fazer ao longo da história; certamente, houve apenas um
que dominou as áreas da ciência teológica de maneira ainda mais magistral que
Schleiermacher, a saber, Tomás de Aquino; somente o doctor angelicus
fora quem dominara de maneira magistral e assombrosa toda a ciência teológica,
como nenhum antes e como nenhum depois; e após Tomás, somente Schleiermacher o
fizera de maneira magistral e também assombrosa. Certamente, por este fato, um
velho jesuíta, que tendo convivido com Schleiermacher durante muitos anos, pode
afirmar após a morte de Schleiermacher, que em genialidade e profundidade de
conhecimento, o pai da teologia moderna é excedido somente por Tomás de Aquino.
32. O
pai da teologia moderna dominara a teologia filosófica; fora mestre da técnica
filosófica e erudito conhecedor da filosofia antiga e da filosofia cristã; fora
gênio da síntese filosófica e da elaboração de proposições e formas de
interpretação correta dos filósofos antigos a partir de seus textos, da
hermenêutica plena na interpretação dos textos filosóficos; fora mestre da
estrutura dogmática e do domínio da teologia dogmática, a qual dignificou e
abalizou como poucos, mesmo que tenha escrito uma obra apologética de difícil
leitura e de difícil compreensão (Glaubenslehre).
O pai
da teologia moderna fora mestre da teologia histórica; fora mestre da história
da teologia; fora gênio da análise histórica dos fatos concernentes ao
cristianismo; fora magistral historiador eclesiástico e significativo
historiador bíblico.
O pai
da teologia moderna dominara a teologia prática; fora pregador erudito e
fervoroso; fora pastor atencioso e cuidadoso; fora um teólogo que encarnara sua
teologia na pregação de maneira plena, sob o púlpito, anos a fio, por décadas;
fora um pastor-teólogo e fora um teólogo-pastor.
33. E
sobre isso há um fato de suma importância, que é pouco mencionado; enquanto
Schleiermacher fora pastor, nenhum membro da igreja que pastoreava se desviou
ou esmoreceu no fervor evangélico; geralmente, entre os protestantes se
menciona os puritanos como exemplos de pastores, e cita-se costumeiramente o
exemplo de Richard Baxter, o qual como pastor não teve nenhum dos membros de
sua igreja que se desviaram; então, o que dizer de Schleiermacher? O pai da
teologia moderna é negligenciado e deixado de lado como pastor, mas foi tão
exemplar quanto qualquer dos puritanos; na verdade, devido as dificuldades de
sua época e contra as geniais invectivas filosóficas contra a religião cristã,
Schleiermacher foi mais heroico que os puritanos, ao se manter no fervor
moraviano no exercício do sagrado ministério, ao mesmo tempo em que fizera uma
magistral apologia da religião de maneira geral (Reden) e uma
incomparável apologia do cristianismo e da fé cristã (Glaubenslehre),
diante de alguns dos maiores gênios da humanidade.
34.
Por isso, Schleiermacher é, por honra mais do que devida, o pai da teologia
moderna; não que o pensamento de Schleiermacher não tenha algumas aporias e
problemas para a posteridade, pois as ínvias e obscuras categorias
romântico-idealistas tornam o pensamento de Schleiermacher de difícil acesso,
já que para sobrelevar-se sobre estas categorias é necessário um substancioso
conhecimento filosófico e um erudito conhecimento teológico; todavia, as
proposições de Schleiermacher, sua teologia, sua filosofia, sua crítica
histórica, sua vivência prática, sua tarefa querigmática exemplar, o tornam um
mestre por excelência do estudo teológico; somente quem viveu e experienciou o
estudo teológico e o encarnara de maneira vívida e brilhante pode ser um guia
seguro para se entender o que é e do que se constitui o estudo da teologia.
35.
No entanto, as críticas a Schleiermacher e ao que ele desenvolvera em relação
ao estudo teológico são muitas e muito pouco amigáveis; por exemplo, Barth
crítica Schleiermacher justamente neste aspecto: “considero provisoriamente
Schleiermacher, embora todo respeito que é devido à genialidade de sua obra de
vida, não um bom mestre teológico”[17]. A crítica de Barth,
embora possa ter seu valor, concentra-se na problemática das categorias pelas
quais é envolto o pensamento de Schleiermacher; realmente, se não se aperceber
da obscuridade destas categorias e a da dificuldade de se transpô-las, a proposição
de Barth se estabelece; contudo, ao se transpor estas dificuldades, se percebe
a genialidade da obra de Schleiermacher, bem como sua exemplar conduta e
procedimento em relação ao estudo teológico, tornando-o um exímio mestre
teológico.
Portanto,
as críticas feitas contra Schleiermacher, as mais das vezes, são por
desconhecimento destas categorias e do que elas representam ao pensamento
teórico; pois, ao se entender essas categorias, percebe-se que Schleiermacher
não estava errado como muitos de seus críticos falaram.
36.
Outra questão a ser salientada, é que Schleiermacher não é um teólogo dogmático
na expressão precisa do termo, mas um pastor-teólogo, que como teólogo
procurou, através da dogmática, da história, da teologia filosófica, etc.,
defender e explicar a fé cristã de maneira introdutória de acordo com seu
contexto e sua época (numa dogmática-apologética).
Se se
pensar em Schleiermacher apenas nos moldes da teologia dogmática, certamente,
se desembocará na crítica de Barth, que Schleiermacher não é um bom mestre
teológico; mas se se entender o verdadeiro propósito de Schleiermacher em fazer
uma apologia da religião e uma apologia da fé, se percebe Schleiermacher como
apologista (filósofo da religião) e como teólogo, respectivamente nos “Reden”
e na “Glaubenslehre”, traçando estas apologias de maneira magistral e
genial, a partir das quais percebe-se o mestre do estudo teológico demonstrando
o caminho para a valoração da religião de maneira vívida e brilhante contra as
invectivas de alguns dos maiores gênios da humanidade.
37.
Entretanto, saiba-se que o encargo fundamental da teologia de Schleiermacher
são os sermões, e por isso o pai da teologia moderna é um mestre no estudo
teológico; pode-se até discordar de Schleiermacher, e até se “desconcertar” com
alguns aspectos de seu pensamento no que tange as obras acadêmicas, mas não
reconhecer sua grandeza e importância é sinal de inveja e analfabetismo
teológico.
E a
grandeza de Schleiermacher está principalmente em sua atividade como pastor e
pregador. Portanto, a prática sermonária, na Igreja, em praça pública ou em
qualquer outro local, deve ser uma das principais tarefas daqueles que se
dedicam ao estudo da ciência sagrada; do mesmo como com Schleiermacher, o
sermão, a proclamação do evangelho, deve ser o aspecto central no exercício do
sagrado ministério, exercício esse amalgamado ao estudo teológico.
38.
Certamente, uma expressão que demonstra o verdadeiro mestre teológico que
Schleiermacher foi, é o emocionante discurso que ele fizera no ofício fúnebre
da morte de seu filho de 9 anos; a expressão de Schleiermacher neste discurso
serve para evidenciar o porquê Schleiermacher é um bom mestre teológico, quando
entendido corretamente suas posições e proposições; na verdade, o que
Schleiermacher afirma, deve ser também o ideal e o caminho a ser seguido por
todos aqueles que se dedicam ao estudo teológico e a existência teológica, de
serem nada mais do que simples e humildes “servos da Palavra”, mesmo diante das
mais terríveis vicissitudes; Schleiermacher assevera: “Agora tu, Deus, que
és amor, deixa-me não apenas me submeter à tua onipotência, não apenas me
submeter à tua sabedoria inescrutável, mas também reconhecer o teu amor
paterno! Faça deste difícil teste uma nova bênção em minha profissão! Para mim
e para todos os meus, deixe a dor comum se tornar um novo vínculo de amor ainda
mais sincero, se possível, e traga-o para toda a minha casa à uma nova
compreensão do seu Espírito! Concedei que esta hora difícil seja também uma
bênção para todos os que aqui estão presentes. Vamos todos amadurecer cada vez
mais na sabedoria, que, olhando além do trivial, vê e ama apenas o eterno em
tudo o que é terreno e transitório, e em todos os seus decretos também encontra
sua paz e vida eterna”[18].
Este é Schleiermacher, dando o
testemunho de sua fé e do fundamento de sua teologia na conclusão de um dos
seus mais belos sermões; por isso, é mais do que justo em falar de
Schleiermacher como um mestre por excelência do estudo teológico.
39. E termina aqui esta explicação o sobre a invectiva de Schleiermacher sobre o estudo teológico. Bendito seja Deus por todas as coisas. Amém.
[1]
cf. A. A. Hodge, The Life of Charles Hodge [New York: Charles Scribner’s
Sons, 1899], pág. 117.
[2]
Friedrich Schleiermacher, Brief Outline of the Study of Theology
[Edimburgo: T. & T. Clark, 1850], § 31, pág. 103.
[3] Ibidem, § 41, pág. 107.
[4] Ibidem, § 39, pág. 106-107.
[5] Ibidem, § 40, pág. 107.
[6] Ibidem, § 41, pág. 107-108.
[7] Ibidem, § 85, pág. 125.
[8] Ibidem, § 88, pág. 127.
[9] Ibidem, § 90, pág. 127s.
[10] Ibidem, § 95, pág. 129.
[11] Ibidem, § 97, pág. 130.
[12] Ibidem, § 99, pág. 131.
[13] Ibidem, § 258, pág. 187.
[14] Ibidem, § 275, pág. 194.
[15] Ibidem, § 279, pág. 196.
[16] Ibidem, § 314, pág. 209.
[17] Karl Barth, Dádiva e Louvor:
Ensaios Selecionados [3ª edição. São Leopoldo, RS: Sinodal/EST, 2006], pág.
73.
[18] Friedrich
Schleiermacher, Sämmtliche Werke II/4 [Berlin, 1835], pág. 840.