Prefácio.
Depois da epístola III, onde analisa a questão da
possibilidade e da necessidade da Encarnação, se adentra a epístola IV, onde se
analisa a Encarnação propriamente dita; pois, este mistério da fé, inicia-se na
elucubração quanto ao vir-a-ser, e depois, adentra-se na reflexão sobre
o mistério da Encarnação em si mesmo; e, nesta epístola, Pseudo-Dionísio
novamente sobressai-se de maneira peculiar, pois, apresenta reflexões sobre a
Encarnação, de um modo em que conseguira sintetizar em poucas palavras quase
tudo quanto concerne a este singular mistério da fé.
Deste modo, esta epístola, que complementa a anterior,
pode ser tida como um pequeno tratado teológico a respeito da Encarnação;
portanto, compete analisar o que compete a mesma, a fim de aclarar as
perspectivas dionísicas sobre este tópico teológico; pois, o que Pseudo-Dionísio
houvera afirmado sobre o mistério da Encarnação, continua sendo um dos mais
belos e singulares textos teológicos a respeito deste assunto, mesmo que
dispostos em uma pequena epístola.
Pois, fundamentalmente, o mistério da Encarnação é um
mistério do amor de Deus, tal Georges Florovsky afirma: “O mistério da
Encarnação foi um mistério do amor divino”; por isso, o que concerne a
Encarnação diz respeito a manifestação do amor de Deus, que pela proposição
bíblica, é talhado pela expressão “de tal maneira” (cf. Jo 3.16);
portanto, a Encarnação diz respeito ao grande amor de Deus pela humanidade ao
ponto de outorgar Seu Filho para morrer no lugar dos pecadores. Por isso, o
mistério da Encarnação é um mistério do Amor.
Assim, na explicação desta epístola se consegue
aperceber de algumas distinções fundamentais na elucubração sobre a Encarnação,
as quais estão imbuídas na pressuposição fundamental desse mistério como
mistério do Amor; portanto, o que emerge da explicação desta epístola e da
solução das dúbias, demonstra os preciosos insights e as perspectivas que
surgem da pena de Pseudo-Dionísio no que concerne a este tópico, e que estão em
ordem ao preceito revelacional quanto a Encarnação do Verbo.
Soli Deo Gloria!
In Nomine Iesus!
13 de outubro de 2024.
Texto de Pseudo-Dionísio (Epist. IV).
“Como”, dizes, “Jesus, que está acima de todas as coisas, é coordenado essencialmente junto a todos os homens?” Pois não é dito aqui homem como causa dos homens, mas enquanto sendo em toda substância verdadeiramente homem. Nós, porém, não definimos Jesus humanamente, pois não é só homem, e nem seria supersubstancial se fosse só homem, mas é verdadeiramente homem Aquele que, sendo exímio amante dos homens, foi, acima dos homens e segundo os homens, substanciado a partir dos homens, embora fosse super-substancial – nada obstante, não é menos super-pleno de substancialidade Aquele que é sempre abundância supersubstancial de super-substancialidade. E, advindo verdadeiramente à substância, é substanciado super-substancialmente e opera as coisas humanas sobre-humanamente. E isso é demonstrado por uma virgem ter sobrenaturalmente dado à luz (cf. Mt 1.18-25; Lc 1.27-31; DN II, 9), e uma instável água não ter cedido quando sustentava o peso de pés materiais e terrenos (cf. Mt 14.25-33; Mc 6.45-52; Jo 6.16-21), mas permanecia reunida por certa virtude sobrenatural – e haverá quem recorde de todas as outras coisas, que são numerosíssimas? Através delas, se alguém as vir divinamente acima da mente, conhecerá também que aquelas coisas que são afirmadas daquela filantropia de Jesus possuem virtude de negação excelente (cf. CH IV, 4). Com efeito, para falarmos brevemente, nem era homem, nem não homem, mas, vindo dos homens, era além dos homens, e sendo superior aos homens, foi feito verdadeiramente homem. Além disso, não perfazia as coisas divinas como Deus, nem as humanas enquanto homem, mas, sendo Deus feito homem, demonstrava para conosco uma certa nova operação teândrica.
A. Proêmio.
1. “Muitas coisas escondidas são
ainda maiores, pois vimos apenas poucas das suas obras” (Eclo. 43.36); ora,
estas palavras competem à matéria e ao assunto desta epístola; pois, a
Encarnação do Verbo, mistério altissonante da fé, mostra o Deus que se humanou,
mas também evidencia quão grandes mistérios ainda permaneceram ocultos; ora,
segundo a Escritura, se fossem contadas todas as coisas que Cristo fez, nem no
mundo inteiro caberiam os livros (cf. Jo 20.30-31), e isto quanto as Suas
obras, isto é, as coisas que foram manifestadas; agora, quanto ao Seu Ser, Sua
deidade, são velados muitos aspectos, que se fossem possíveis de serem
descritos, transcenderiam infinitamente a contagem de Suas obras.
2. Portanto, “muitas coisas
escondidas são ainda maiores”, isto é, são ainda mais excelsas e gloriosas;
pois, os mistérios concernentes a Encarnação, possui sua glória peculiar na
manifestação, mas possuem glória ainda maior no que está velado; pois, a
Encarnação é manifestação e ocultação; manifestação em carne, do Deus
humanamente substanciando (cf. 1Tm 3.16); e ocultação na carne da substância
divina (cf. Cl 2.9); pois, Ele que é super-substancial, fora humanamente
substanciado; logo, em Cristo, o Verbo Encarnado, se tornam conhecidos os
mistérios tanto que concernem a manifestação quanto os que concernem a
ocultação, isto é, tanto em relação a substanciação humana, quanto em relação a
Sua super-substancialidade.
3. Deste modo, a Encarnação,
considerada em si mesmo, diz respeito primordialmente a humilhação; e, a
respeito disso dois aspectos são salientados: primeiro, quanto ao preceito da
humilhação de Cristo. “porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua
pobreza, enriquecêsseis” (2Co 8.9). “De sorte que haja em vós o mesmo
sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não
teve por usurpação ser igual a Deus” (Fp 2.5-6). Segundo, quanto ao modo da
humilhação de Cristo. “mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu
Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4). “Mas aniquilou-se
a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; e,
achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e
morte de cruz” (Fp 2.7-8).
4. Ora, Pseudo-Dionísio evoca a
consideração da Encarnação considerada em si mesmo, justamente sob este prisma;
pois, o mistério da Encarnação é o mistério da auto-destituição, o mistério do
esvaziamento (cf. Fp 2.7); pois, Ele passara pela humilhação, justamente para
como homem, redimir o homem e o cosmos, e com isso, ser o perfeito redentor dos
fiéis. “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado,
separado dos pecadores e feito mais sublime do que os céus, que não
necessitasse, como os sumos sacerdotes, de oferecer cada dia sacrifícios,
primeiramente, por seus próprios pecados e, depois, pelos do povo; porque isso
fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo. Porque a lei constitui sumos
sacerdotes a homens fracos, mas a palavra do juramento,
que veio depois da lei, constitui ao Filho, perfeito para
sempre” (Hb 7.26-28).
Portanto, em Sua vida e obra, operou tanto como homem, naquilo que manifestou aos homens, quanto operou como Deus, em Seus prodígios gloriosos para dar eficácia naquilo que manifestou aos homens; e evidentemente, isso é feito sob a proposição de que ele “demonstrava para conosco uma certa nova operação teândrica”; e isto, é o que concerne a esta epístola, pois, a Encarnação, ao ser considerada em si mesma, demonstra a operação teândrica de Cristo para com os homens; logo, etc.
B. Comentário.
1. Após na epístola III analisar
a questão do vir-a-ser da Encarnação, Pseudo-Dionísio prossegue, e na
epístola IV, analisa a Encarnação propriamente dito, sobre o Cristo encarnado,
o termo da Encarnação; Alberto afirma que a dúvida de Gaio surgiu a partir das
palavras de Pseudo-Dionísio nos livros “De Divinis
Hypotyposibus” e “De Divinis Nominibus” (cf. DN II), a respeito
da afirmação de que Cristo, enquanto homem, está coordenado a nós[1],
isto é, em relação a nossa humanidade.
2. E isso, pois que a reflexão
sobre a Encarnação ao refletir sobre a humanidade de Deus, necessariamente
volve-se também à compreensão do que isto infere a respeito da nossa
humanidade; por isso, sobre esta questão, Pseudo-Dionísio apresenta sete aspectos:
primeiro, estabelece a questão; segundo, estabelece a razão de se referir a
humanidade de Cristo; terceiro, apresenta a razão da humanidade de Cristo;
quarto, evoca a demonstração da humanidade de Cristo; quinto, evoca a virtude
da humanidade de Cristo; sexto, apresenta a relação entre a divindade e a
humanidade de Cristo; sétimo, evoca a operação teândrica de Cristo para com os
homens.
3. Primeiro, estabelece a
questão, onde diz: “‘Como’, dizes, ‘Jesus, que está acima de todas as
coisas, é coordenado essencialmente junto a todos os homens?’”; ora, aqui
se estabelece a dúbia, em consonância com algo que fora afirmado na epístola
II; pois, se Deus está acima de todas as coisas, e é Super-Teárquico e
Super-Bonárquico, então, ao se afirmar que o próprio Deus, ao ser “humanamente
substanciado” e que está coordenado aos homens, parece surgir uma
incongruência; pois, se Ele está acima de todos homens, então, como pode estar
junto a todos os homens? E, esta é a dúvida de Gaio; e, Pseudo-Dionísio,
prossegue para explicá-la, e ao fazê-lo versa sobre dois aspectos: primeiro, da
relação entre o mistério da divindade e o mistério da encarnação, tal fora
delineado na epístola III; segundo, evoca a necessidade de se compreender a
relação entre a natureza perfeitíssima de Deus, acima de toda e qualquer
compreensão e definição, e a humanidade de Deus, onde Deus em Seu Filho, se
torna plenamente conhecido, o que é o assunto da epístola IV. Logo, ao se
compreender sobre a humanidade de Deus, logicamente, há de se prosseguir a
compreender sobre o modo como Deus “humanamente substanciado” está
relacionado a nossa humanidade.
4. Segundo, estabelece a razão de
se referir a humanidade de Cristo, onde diz: “Pois não é dito aqui homem
como causa dos homens, mas enquanto sendo em toda substância verdadeiramente
homem”; ora, o primeiro aspecto evocado por Pseudo-Dionísio diz respeito a
razão de se referir a humanidade de Cristo, ao afirmar: “Pois não é dito
aqui homem como causa dos homens”, isto é, ao se referir a humanidade de
Cristo, Pseudo-Dionísio não se refere a causa, a criação dos homens, mas sim a
redenção, donde asseverar: “mas enquanto sendo em toda substância
verdadeiramente homem”, isto é, ao fato de que Cristo em sua humanidade é
totalmente homem, é verdadeiro homem. A Encarnação do Verbo, isto é, quando
Deus se humanou, refere-se a redenção da humanidade e não a criação da
humanidade. Logo, não se refere a “causa dos homens”, mas “enquanto
sendo em toda substância verdadeiramente homem”, isto é, em Sua obra como
redentor.
5. Assim, se estabelecem três
aspectos, os quais se tornam evidentes ao Pseudo-Dionísio se referir a
humanidade de Cristo (cf. Fp 2.6-8): primeiro, Ele se esvaziou, como está
escrito: “Mas, aniquilou-se a si mesmo” (Fp 2.7). Segundo, Ele assumiu a
forma de servo, como diz a Escritura: “tomando a forma de servo” (Fp
2.7); e tal como o próprio Senhor Jesus afirma: “Porque o Filho do Homem
também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
de muitos” (Mc 10.45). Terceiro, Ele a si mesmo si humilhou, tal como o
Apóstolo diz: “e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até a morte e morte de cruz” (Fp 2.8); bem como, no que diz em
outro lugar: “porque já sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que,
sendo rico, por amor de vós se fez pobre, para que, pela sua pobreza,
enriquecêsseis” (2Co 8.9). Logo, a humanidade de Cristo se refere a Sua
humilhação, a qual, demonstra seu esvaziamento (kenosis), sua obra em
servir, e sua humilhação inominável. E, isto, para redimir e resgatar o gênero
humano e todo o cosmos do Pecado e do poder do Diabo (cf. 2Co 5.19; 1Jo 3.8b).
6. Terceiro, apresenta a razão da
humanidade de Cristo, onde diz: “Nós, porém, não definimos Jesus
humanamente, pois não é só homem, e nem seria super-substancial se fosse só
homem, mas é verdadeiramente homem Aquele que, sendo exímio amante dos homens,
foi, acima dos homens e segundo os homens, substanciado a partir dos homens,
embora fosse super-substancial – nada obstante, não é menos super-pleno de
substancialidade Aquele que é sempre abundância super-substancial de
super-substancialidade”; ora, após estabelecer a razão de se referir a
humanidade de Cristo, apresenta a razão da humanidade de Cristo, isto é,
apresenta as razões do porque se fala da humanidade de Cristo nos termos
evocados.
7. E, sobre isso, faz quatro
coisas: primeiro, delineia o aspecto fundamental de se falar sobre a humanidade
de Cristo; segundo, apresenta a razão de não se definir Cristo somente como
homem; terceiro, explica a razão de se falar de Cristo como verdadeiro homem e
como verdadeiro Deus; quarto, evoca a divindade de Cristo ao se falar sobre sua
humanidade.
Quanto ao primeiro, onde diz: “Nós,
porém, não definimos Jesus humanamente, pois não é só homem”, isto é, ao se
falar de Jesus como Homem, não se o define apenas como homem; pois, embora
sendo verdadeiro homem, também é verdadeiro Deus.
Quanto ao segundo, onde diz: “e
nem seria super-substancial se fosse só homem”, isto é, se Cristo fosse só
homem, não seria super-substancial, isto é, não estaria além de toda
substância, mas sendo “humanamente substanciado”, é homem, mas sendo
super-substancial, também é Deus.
8. Quanto ao terceiro, onde diz: “mas
é verdadeiramente homem Aquele que, sendo exímio amante dos homens, foi, acima
dos homens e segundo os homens, substanciado a partir dos homens, embora fosse
super-substancial”; pois, ao se falar de Cristo como homem, evidentemente,
se há de falar de Cristo como Deus, pois, somente sendo Deus e Homem, é “humanamente
substanciado”, embora fosse super-substancial; pois, somente sendo homem,
Ele pode realizar a obra que realizou; e somente sendo Deus, pode dar a
eficácia absoluta a esta obra.
E, sobre isso, dois aspectos são
salientados: primeiro, de noção de Cristo como verdadeiro homem, onde diz: “mas
é verdadeiramente homem Aquele que, sendo exímio amante dos homens”, isto
é, Cristo é verdadeiro homem, pois é o exímio amante dos homens, ou seja, em
seu insondável amor pelos homens, pois, somente assim é verdadeiro homem, pois
provou da mesma humanidade que os homens e dos mesmos sofrimentos, tal como diz
o autor aos Hebreus: “E, visto como os filhos participam da carne e do
sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que, pela morte,
aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse todos
os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão” (Hb
2.14-15).
Segundo, a proposição fundamental
da humanidade de Cristo, onde diz: “foi, acima dos homens e segundo os
homens, substanciado a partir dos homens, embora fosse super-substancial”,
isto é, Cristo, como verdadeiro homem, foi segundo os homens e acima dos
homens, ou seja, está coordenado aos homens em relação a humanidade destes, mas
está acima destes porque não tem Pecado, tal como diz a Escritura: “Porque
não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas;
porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15).
Logo, Cristo é segundo os homens,
como verdadeiro homem, mas Cristo também está acima dos homens, como verdadeiro
Deus. Pois, fora “substanciado a partir dos homens”, isto é, de maneira
igual a todos os homens, embora fosse super-substancial, isto é, embora
estivesse acima dos homens pois é Deus, tal como diz o autor aos Hebreus: “vemos,
porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor
do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus,
provasse a morte por todos. Porque convinha que aquele, para quem são todas as
coisas e mediante quem tudo existe, trazendo muitos filhos à glória,
consagrasse, pelas aflições, o Príncipe da salvação deles” (Hb 2.9-10).
9. Quanto ao quarto, onde diz: “nada
obstante, não é menos super-pleno de substancialidade Aquele que é sempre
abundância super-substancial de super-substancialidade”; ora, após ter
evocado aspectos sobre a razão da humanidade de Cristo, evoca novamente o
aspecto sobre sua divindade, pois, embora Cristo tenha se tornado homem, Ele
continua sendo Deus, já que enquanto homem, “não é menos super-pleno de
substancialidade”, isto é, de Sua natureza divina; mas, ao se tornar homem,
“Aquele que é sempre abundância super-substancial de super-substancialidade”,
isto é, mesmo como homem, Ele conserva a plenitude da divindade, mais plena do
que toda plenitude já que se refere a Sua super-substancialidade. Logo, em
Cristo, como homem, também está demonstrado Sua divindade, tal como diz o
Apóstolo: “porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse”
(Cl 1.19), pois, “nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade”
(Cl 2.9). Portanto, em sua humanidade, Cristo também demonstrou sua divindade,
embora velada corporalmente, mas plena em todos os sentidos.
10. Quarto, evoca a demonstração
da humanidade de Cristo, onde diz: “E, advindo verdadeiramente à substância,
é substanciado super-substancialmente e opera as coisas humanas
sobre-humanamente. E isso é demonstrado por uma virgem ter sobrenaturalmente
dado à luz (cf. Mt 1.18-25; Lc 1.27-31), e uma instável água não ter cedido
quando sustentava o peso de pés materiais e terrenos (cf. Mt 14.25-33; Mc
6.45-52; Jo 6.16-21), mas permanecia reunida por certa virtude sobrenatural – e
haverá quem recorde de todas as outras coisas, que são numerosíssimas?”;
ora, após ter apresentação a razão da humanidade de Cristo, e isto em ordem a
dupla natureza de Cristo, Pseudo-Dionísio passa a demonstrar a humanidade de
Cristo a partir de características bíblicas que demonstram isso, bem como na
demonstração de que em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da
divindade. Logo, como Cristo é verdadeiro homem, então, em sua humanidade se
tem as características de Sua divindade, e isto se demonstra principalmente nas
obras que Cristo realizara.
11. E, sobre isso, faz três
coisas: primeiro, em sua obra em operar as coisas humanas sobre-humanamente;
segundo, evoca exemplos sobre o poder de Cristo; terceiro, evoca a virtude de
Cristo.
Quanto ao primeiro, onde diz: “E,
advindo verdadeiramente à substância, é substanciado super-substancialmente e
opera as coisas humanas sobre-humanamente”; ora, tendo Cristo sido feito
homem, isto é, ter “advindo verdadeira à substância”, ou seja, ao ser “humanamente
substanciado”, ao mesmo tempo em que também “é substanciado
super-substancialmente”, e, assim, opera as obras que o Pai lhe deu para
realizar, como o próprio Senhor Jesus diz: “Mas eu tenho maior testemunho do
que o de João, porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras
que eu faço testificam de mim, de que o Pai me enviou” (Jo 5.36). Por isso,
em Seu operar, Cristo demonstra seu poder, pois, “opera as coisas humanas
sobre-humanamente”, isto é, com poder além do poder humano, demonstrando
assim sua divindade, ao ponto de os homens ao verem a demonstração de Seu
poder, exclamarem: “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe
obedecem?” (Mt 8.27).
Quanto ao segundo, onde diz: “E
isso é demonstrado por uma virgem ter sobrenaturalmente dado à luz (cf. Mt
1.18-25; Lc 1.27-31; DN II, 9), e uma instável água não ter cedido quando
sustentava o peso de pés materiais e terrenos (cf. Mt 14.25-33; Mc 6.45-52; Jo
6.16-21)”; ora, ao ter afirmado que Cristo opera as coisas humanas de
maneira sobre-humana, Pseudo-Dionísio prossegue e evoca dois exemplos, entre
vários, que demonstram esta verdade: o primeiro exemplo, é o fato de ter sido
concebido por uma virgem de maneira sobre-humana, pois, a Virgem santa ficou
grávida pela obra da Virtude do Altíssimo (cf. Lc 1.35), e concebeu em seu
ventre o Filho de Deus; e este é, segundo Pseudo-Dionísio, o mistério mais
manifesto de toda a teologia (cf. DN, § 9), pois, demonstra de maneira excelsa
o maior dos milagres e o maior dos acontecimentos. E, o segundo exemplo, é de
quando o Senhor Jesus caminhara por sobre as águas (cf. Mt 14.25), o que
demonstra Seu poder, pois, a água que é instável suportou o peso de pés
materiais e terrenos sem ter cedido; e isto é algo que somente Deus pode fazer,
isto é, demonstrar o domínio absoluto sobre os elementos da natureza. Logo, se
evoca dois grandes exemplos do poder de Cristo, para demonstrar sua divindade.
Quanto ao terceiro, onde diz: “mas
permanecia reunida por certa virtude sobrenatural – e haverá quem recorde de
todas as outras coisas, que são numerosíssimas?”; e, tendo demonstrado o
poder de Cristo, evoca a virtude de Cristo, isto é, a compreensão sobre Seu
poder; pois, Cristo em Suas obras, naquilo que Ele viera para realizar,
permaneceu reunido “por certa virtude sobrenatural”, isto é, por certa
virtude que está além da natureza; e esta virtude, é demonstrada em Suas obras
que demonstram Seu poder; e estas, são inúmeras; donde, ao ter evocado dois
exemplos, pode esclarecer de maneira contundente este exemplo; donde,
Pseudo-Dionísio afirmar: “e haverá quem recorde de todas as outras coisas,
que são numerosíssimas?”, isto é, haverá quem consiga enumerar todas as
coisas que Cristo fez, para compreender as maravilhas de Seu poder; e, sobre
isso, diz a Escritura: “Há, porém, ainda muitas outras coisas que Jesus fez;
e, se cada uma das quais fosse escrita,
cuido que nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem”
(Jo 21.25). Portanto, ao evocar os exemplos sobre o poder de Cristo, demonstra Sua
virtude, isto é, Sua deidade.
12. Quinto, evoca a virtude da
humanidade de Cristo, onde diz: “Através delas, se alguém as vir divinamente
acima da mente, conhecerá também que aquelas coisas que são afirmadas daquela
filantropia de Jesus possuem virtude de negação excelente”; ora, após
demonstrar a humanidade de Cristo, Pseudo-Dionísio passa a evocar a virtude da
humanidade de Cristo; pois, se se demonstrara exemplos do poder de Cristo,
então, através destas demonstrações, “se alguém as vir divinamente acima da
mente”, isto é, se alguém compreender que são obras feitas por Deus, então,
se “conhecerá também aquelas coisas que são afirmadas daquela filantropia de
Jesus”, isto é, conhecerá plenamente o que é afirmado da filantropia de
Jesus, de seu amor insondável para com os homens.
13. E, esta é a virtude da
humanidade de Cristo, através da qual se demonstra Seu grande amor para com os
homens, a qual se manifesta de maneira total na Encarnação; logo, esta virtude
de Cristo, possui o que Pseudo-Dionísio chama de “virtude de negação
excelente” (cf. CH IV, 4), isto é, o sentido de uma negação por
transcendência, ou seja, um não-conhecimento transcendente, que por ser
transcendente, transcende a toda compreensão, e, por isso é a negação de todo
conhecimento (um dos preceitos da teologia apofática[2]).
Ora, tal negação é excelente, portanto, por esta negação adentra-se ao
verdadeiro conhecimento, atingido não pela elucubração racional, mas pela
experiência com Deus em meio a caligine divina, tal como acontecera com Moisés
(cf. Êx 20.21b).
Pois, ao mesmo tempo em que
parece ser não-conhecível, se torna conhecível através de sua “filantropia”;
e, ao mesmo tempo em realiza obras sobre-humanas, que estão além do poder
humano, as faz como ser humano, como no caso de ter andado sobre as águas: o
ato de andar, é algo humano; mas o andar sobre as águas, sem submergir, é obra
divina[3].
Portanto, a filantropia de Cristo
possui virtude de negação excelente, pois, está além de toda afirmação, e por
isso, é verdadeiramente uma afirmação, e se torna positivamente assertiva em
relação a Seu amor para com os homens demonstrado em Sua Encarnação, em Suas
obras e em Seu sacrifício vicário.
14. Sexto, apresenta a relação
entre a divindade e a humanidade de Cristo, onde diz: “Com efeito, para
falarmos brevemente, nem era homem, nem não homem, mas, vindo dos homens, era
além dos homens, e sendo superior aos homens, foi feito verdadeiramente homem”;
ora, após apresenta a virtude da humanidade de Cristo, uma “virtude de
negação excelente”, Pseudo-Dionísio passa a apresentar a relação entre a
divindade e a humanidade de Cristo; pois, se a virtude da filantropia de Cristo
é essa, então, necessariamente, a mesma apresenta a relação entre a divindade e
a humanidade de Cristo, a partir da qual, se compreende essa negação por
transcendência. Por isso, diz: “Com efeito, para falarmos brevemente”,
isto é, sobre a virtude de negação excelente, e então expõe a doutrina que
concerne a esta proposição (a qual é parte da teologia apofática).
15. Deste modo, apresenta o
aspecto que concerne a humanidade de Cristo e o aspecto que concerne a sua
divindade. Pois, “nem era homem, nem não homem”, isto é, não era somente
homem, mas era homem; por isso, “vindo dos homens, era além dos homens”,
isto é, sendo verdadeiramente homem, era além dos homens, ou seja, também tem
uma natureza além da humana; e, assim, “sendo superior aos homens, foi feito
verdadeiramente homem”, isto é, sendo além dos homens, ou seja, tendo uma
natureza além da natureza humana, por isso mesmo, foi feito verdadeiramente
homem, isto é, foi humanamente substanciado, para que como homem, pudesse
mostrar Seu poder em redimir a humanidade, o que só fizera eficazmente estando
além dos homens, isto é, sendo verdadeiro Deus. Por isso, Cristo é homem e é
Deus; é o homem-Deus, e é o Deus-homem, com o propósito específico de redimir a
humanidade como homem, isto é, para salvar o homem, e como Deus para poder
realizar esta obra como homem de maneira eficaz e completa. Esta é a dialógica
da virtude de negação excelente do amor de Cristo pelos homens.
16. Sétimo, evoca a operação
teândrica de Cristo para com os homens, onde diz: “Além disso, não perfazia
as coisas divinas como Deus, nem as humanas enquanto homem, mas, sendo Deus
feito homem, demonstrava para conosco uma certa nova operação teândrica”;
ora, a relação entre a humanidade e a divindade de Cristo demonstra essa
virtude de negação excelente, a qual, por sua vez, atesta a operação teândrica
de Cristo para com os homens, isto é, sua operação humano-divino para com os
homens, ou seja, Seu operar como homem e como Deus para com os homens.
Pois, Cristo, “não perfazia as
coisas divinas como Deus”, isto é, enquanto verdadeiro Deus em sua
humanidade não tinha por usurpação o ser igual a Deus (cf. Fp 2.6); do mesmo
modo, “nem as humanas enquanto homem”, isto é, enquanto verdadeiro homem
não operava somente como homem, mas fazias as obras que o Pai lhe dera para
fazer (cf. Jo 5.39), isto é, como Deus. Mas, operava as obras de cada natureza
conjuntamente, sem deixar de ser homem e sem deixar de ser Deus; por isso, “sendo
Deus feito homem, demonstrava para conosco uma certa nova operação teândrica”,
isto é, enquanto Deus-homem em Suas obras demonstrava Seu poder, e enquanto
homem-Deus operava as coisas humanas como homem, mas com o poder divino.
Logo, é clarividente que Cristo -
como se constatara nos dois exemplos evocados na demonstração de Sua humanidade
-, operava as coisas humanas acima da natureza humana, isto é, operava as
coisas humanas sobre-humanamente, donde, sua operação ser dita teândrica (theos-andrós),
isto é, Cristo operava de modo divino e de modo humano a uma só vez, ou seja,
de maneira humana-divina.
17. Assim, Pseudo-Dionísio
soluciona a dúvida de Gaio no que concerne a afirmação de que Cristo enquanto
homem está coordenado a nossa humanidade, embora seja Deus; e a epístola IV, em
ordem a epístola anterior, evoca o aspecto central do mistério da teologia, a
questão sobre a Encarnação; logo, a questão sobre o Cristo Encarnado evoca o
pressuposto da operação teândrica de Cristo, isto é, o agir e o atuar de Cristo
como Deus feito homem; ou seja, Cristo age ao mesmo tempo como homem e como
Deus, sem misturar as propriedades de cada natureza, e sem enquanto homem ter
por usurpação o ser igual a Deus (cf. Fp 2.6).
E, isto, constitui-se um dos mais
belos e efusivos mistérios da fé, o qual Pseudo-Dionísio descreveu com límpidas
e cristalinas palavras; o qual, constitui-se do mistério da revelação de Deus
em Jesus Cristo, que segundo Barth: “consiste no fato de que o eterno Verbo
de Deus escolheu, santificou e assumiu a natureza e a existência humana em
unidade consigo mesmo, para assim, como verdadeiro Deus e verdadeiro homem,
tornar-se o Verbo de reconciliação falada por Deus ao homem. O sinal deste
mistério revelado na ressurreição de Jesus Cristo é o milagre do Seu
nascimento, que Ele foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria”[4].
Ora, quanto a este mistério da
fé, o mistério mais manifesto da teologia, o milagre dos milagres, o
acontecimento dos acontecimentos, tal como engendrado a partir de dúvida de
Gaio, e que fica bem explicado na epístola IV, basta o que fora dito.
18. E, com isso, conclui-se as epístolas direcionadas a Gaio.
C. Dúbias.
Em relação as pressuposições estabelecidas ao se explicar
a epístola IV, surgiram quatro dúbias:
Primeiro, se Cristo está
coordenado essencialmente junto de todos os homens.
Segundo, se Cristo, substanciado
super-substancialmente, opera as coisas humanas sobre-humanamente.
Terceiro, se ter nascido de uma
virgem, demonstra que Cristo opera as coisas humanas sobre-humanamente.
Quarto, se Cristo, em seu operar
para com os homens, opera ao mesmo tempo como Deus e como homem.
<Dúbia I>
Acerca da primeira, procede-se
assim: se Cristo está coordenado essencialmente junto de todos os homens.
E parece que não.
I. [Argumentos].
1. A Encarnação mostra que Cristo
está coordenado juntos dos homens; mas, especificamente, este está coordenado,
se refere aos eleitos; pois, aqueles que não o aceitam já estão condenados,
como diz a Escritura (cf. Jo 3.18); portanto, Cristo não está coordenado
essencialmente junto de todos os homens.
2. Ademais, diz o evangelista dos
segredos de Deus: “veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”
(Jo 1.11); logo, Cristo, como homem, veio para o que era seu, a saber, a vinha
do Senhor, Israel; portanto, ele está coordenado como homem ao que é seu, isto
é, ao povo eleito; portanto, Cristo não está coordenado essencialmente junto de
todos os homens.
3. Ademais, o Apóstolo diz: “como
também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dele em amor” (Ef 1.4); logo, se elegeu alguns,
então, a estes está coordenado, pois, o propósito da eleição é a santidade e a
idoneidade diante de Deus, nesta vida e na pátria celeste; portanto, Cristo
está coordenado aos eleitos e não junto de todos os homens.
4. Ademais, o hábito da
coordenação se manifesta em conformidade a quem está coordenado; ora, o hábito
dos eleitos é a vida na graça, enquanto o dos ímpios é a vida dominada pelo
Pecado; logo, Cristo, a fonte da graça, está coordenado apenas aos eleitos,
pois estes vivem de acordo com a Sua graça; portanto, não está coordenado junto
de todos os homens.
II. [Em Contrário].
1. Mas, em contrário, diz
o Apóstolo: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes
imputando os seus pecados, e pôs em nós a palavra da reconciliação” (2Co
5.19); portanto, ao reconciliar consigo todo o mundo, demonstra que está
coordenado, enquanto Salvador, junto de todos os homens, a saber, para
redimi-los e salvá-los; logo, Cristo está coordenado essencialmente junto de
todos os homens.
III. [Solução].
1. A encarnação de Cristo,
demonstra que Ele, ao ser humanamente substanciado, tornou-se homem, a fim de
redimir aos homens do Pecado; somente sendo homem, poderia se oferecer como
sacrifício em lugar dos homens pecadores; e, somente sendo Deus poderia dar
eficácia em Sua obra vicária; portanto, Cristo, enquanto homem, está coordenado
essencialmente junto de todos os homens, tanto em Sua natureza humana, quanto
em Sua obra vicária. Em Sua natureza humana, pois não era um anjo ou fantasma,
mas porque era verdadeiramente homem; em Sua obra vicária, porque veio para dar
a sua vida em resgate de muitos (cf. Mc 10.45).
2. Portanto, Cristo está
essencialmente, isto é, em Sua natureza, coordenado junto dos homens, ou seja, em
favor dos homens; em Sua natureza divina, movido com entranhas de misericórdia
pelos homens, a ponto de se humanar, o que demonstra o insondável amor de Deus
pela humanidade (cf. Jo 3.16); em Sua natureza humana, movido em amor
compassivo e sacrificial em favor da humanidade decaída no Pecado, pois,
convinha que em tudo Ele fosse semelhante aos homens (cf. Hb 2.17). Logo,
Cristo, está coordenado essencialmente junto de todos os homens.
IV. [Respostas aos Argumentos].
1. Quanto ao primeiro se responde
que Cristo enquanto humanamente substanciado, está coordenado junto de todos os
homens, pois, também é homem, e em relação a Sua obra vicária, pois, morreu em
favor de todos os homens; mas, como a eficácia de Seu sacrifício só é efetiva
naqueles que creem, então, os que creem, ao serem feitos filhos de Deus (cf. Jo
1.12), se tornam eleitos; logo, Cristo, não está coordenado somente aos
eleitos, mas a todos os homens, pois, Cristo morreu por todos. Portanto, como o
está coordenado refere-se primeiramente, a extensão da obra vicária, então,
corretamente se afirma que Cristo está coordenado a todos os homens.
2. Quanto ao segundo se responde
que, embora tenha vindo para os seus, isto é, para Israel, quando os seus não o
receberam, a bênção então foi outorgada para todos os homens, como diz a
Escritura (cf. Rm 11.11); logo, Cristo está coordenado aos seus, mas como os
seus o rejeitaram, Sua obra foi estendida a todos os homens do mesmo como
Cristo está coordenado aos seus; logo, Cristo está essencialmente coordenado
junto de todos os homens: primeiro, a todos os homens indistintamente, pela
rejeição de Israel, e, também de maneira mais específica aos eleitos, isto é,
aos que nEle creem.
3. Quanto ao terceiro se responde
que, como Deus elegeu os fiéis antes da fundação do mundo (cf. Ef 1.4), Ele o
fez com o propósito de que a partir de Cristo, os eleitos vivessem em santidade
e de maneira irrepreensível; isto mostra a paternidade de Deus em relação ao
modo como Cristo está coordenado aos que nEle creem; logo, Cristo está
coordenado aos que nEle creem, nesta vida, a fim de os conduzir a viver em
santidade e idoneidade diante de Deus, e na pátria celeste, onde viverá
juntamente com os fiéis para toda a eternidade; portanto, como isto diz
respeito ao modo como Cristo está coordenado aos fiéis, não impugna o modo como
está coordenado junto de todos os homens; logo, etc.
4. Quanto ao quarto se responde
que, como Cristo está coordenado junto de todos os homens, o hábito de quem
está coordenado deve ser de acordo com aquilo que o coordena; logo, como Cristo
está coordenado junto de todos os homens, todos os homens deveriam estar
coordenados a Cristo; no entanto, como nem todos os homens creem em Cristo,
parece impugnar esta proposição; mas, o fato de Cristo está coordenado, diz
respeito a Cristo e não aos homens; logo, se os homens não estão a Ele
coordenados, isto não impugna que Ele está coordenado junto de todos os homens;
por isso, o hábito dos eleitos é a vida na graça, isto é, a vida pela fé, ou
seja, em ter a Cristo como Senhor e Salvador; enquanto que o hábito dos ímpios
é a vida dominada pelo Pecado, isto é, em não acreditar em Cristo como Senhor e
Salvador, ou seja, a vida na incredulidade; ora, os efeitos de Cristo está
coordenado junto de todos os homens, tanto diz respeito aos eleitos quanto aos
ímpios: aos eleitos para a salvação eterna, aos ímpios para a danação eterna;
portanto, Cristo está coordenado junto de todos os homens: para os eleitos, a
fim de levá-los ao céu (cf. Jo 14.1-3), para os ímpios para lançá-los no
inferno (cf. Sl 9.17); logo, difere apenas o modo desta coordenação: de um modo
aos eleitos, pois, estes aceitam e confessam a Cristo e se tornam participantes
das bênçãos que Cristo outorga a partir de Seu sacrifício vicário; de outro
modo aos ímpios, já que estes rejeitam a salvação propiciada no Filho de Deus;
portanto, etc.
V. [Resposta ao Em Contrário].
E, realmente, Cristo está
coordenado essencialmente junto de todos os homens, mas de dois modos diversos:
um aos fiéis, aqueles que nEle creem, enquanto Senhor e Salvador, os quais,
estão sob Seus cuidados amorosíssimos (cf. Jo 10.27-28); e, a estes Cristo está
coordenado como irmão (cf. Hb 2.11). E, o outro aos infiéis, aqueles que não
creem no Filho de Deus, os quais, Cristo ama, mas por rejeitá-lo não recebem da
eficácia salvífica de Sua obra vicária e, por isso, estão sob a ira de Deus
(cf. Jo 3.36); e, a estes Cristo está coordenado como justo juiz (cf. Jo
5.22-23).
<Dúbia II>
Acerca da segunda, procede-se
assim: se Cristo, substanciado super-substancialmente, opera as coisas humanas
sobre-humanamente.
E parece que não.
I. [Argumentos].
1. Se aquele que foi substanciado
super-substancialmente, se tornou humanamente substanciado, então, necessariamente,
opera as coisas humanas como homem; pois, o operar se dá de acordo com a
substância daquele que opera; logo, se foi humanamente substanciado, opera as
coisas humanas de modo humanamente substanciado; logo, Cristo não opera as
coisas humanas sobre-humanamente.
2. Ademais, o texto sagrado
atribui a Cristo coisas totalmente humanas, como: fome (cf. Mt 4.2), cansaço
(Lc 8.23), tristeza (Jo 11.35), etc.; logo, se Ele passou por estas situações,
significa que operou as coisas humanas como homem, pois, estas coisas são
totalmente humanas; portanto, Cristo não operou as coisas humanas
sobre-humanamente.
3. Ademais, diz o Apóstolo: “sendo
em forma de Deus, não teve por usurpação o ser igual a Deus” (Fp 2.6);
portanto, sendo igual a Deus, não teve por usurpação o ser igual a Deus
enquanto homem; logo, não operou sobre-humanamente as coisas humanas; portanto,
etc.
II. [Em Contrário].
1. Mas, em contrário, diz
a Escritura: “Jesus, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que
tendes visto e ouvido: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são
purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o
evangelho” (Lc 7.22); ora, somente quem opera as coisas humanas
sobre-humanamente consegue realizar estas obras; logo, Cristo operou as coisas
humanas sobre-humanamente.
III. [Solução].
1. A substância de algo demonstra
o que este algo é; ora, quando se diz que Cristo foi substanciado
super-substancialmente, isto designa que ele foi humanamente substanciado de
modo super-substancial, isto é, de modo pleno e total; a fórmula teológica
nicena afirma isso pela sentença: “verdadeiro homem”; logo, Cristo, foi
humanamente substanciado de modo super-substancial, isto é, de modo miraculoso,
ao ser concebido no ventre da Virgem santa; mas, ao ser humanamente
substanciado, operou as coisas humanas, tanto como homem, quanto como Deus;
pois, operou o que concerne a cada uma de suas duas naturezas de acordo com Seu
tríplice ofício.
2. Portanto, Cristo operou de
maneira humana e operou de maneira divina; operou de maneira humana, pois foi
humanamente substanciado; mas, ao mesmo tempo, operou de maneira divina, pois, fora
substanciado super-substancialmente, o que só poderia ocorrer sendo Deus; logo,
opera as coisas humanas sobre-humanamente, como se demonstra em seus vários
milagres e feitos poderosos, onde realiza tanto a obra concernente a natureza
humana quanto a obra concernente a natureza divina; e, isto se demonstra de
maneira mais grandiosa em Sua obra vicária: onde recebeu o peso dos pecados da
humanidade como homem, para redimir o cosmos, e deu eficácia a Seu sacrifício
como Deus, para suportar o peso da ira de Deus sobre o Pecado.
IV. [Respostas aos Argumentos].
1. Quanto ao primeiro se responde
que sendo Cristo substanciado super-substancialmente, ao se tornar homem, opera
as coisas humanas como homem; mas, por ser substanciado super-sunstancialmente,
continua sendo Deus, pois, somente Deus poderia ser deste modo substanciado e
permanecer com as naturezas de homem e Deus; portanto, como o operar se dá de
acordo com a substância daquele que opera, Cristo, ao ser humanamente
substanciado opera como homem; e ao ter sido substanciado
super-substancialmente, ao se tornar humanamente substanciado, opera como Deus,
pois, somente Deus pode se substanciar super-substancialmente, tornando-se
homem; logo, Cristo, enquanto homem, no que convinha, operou as coisas humanas
sobre-humanamente.
2. Quanto ao segundo se responde
que, embora o texto sagrado atribua coisas humanas a Cristo, tais como as
referidas, isto, evidentemente, se refere a Sua humanidade; mas, o texto
sagrado não somente atribui coisas humanas a Cristo, mas também coisas divinas,
tais como: curar enfermos (Mt 9.18-22), andar sobre as águas (Mt 14.22-26),
ressuscitar mortos (Lc 8.49-56) e ressuscitar da morte (Jo 10.18), etc.; logo,
Cristo opera as coisas humanas sobre-humanamente, pois, realiza Suas obras
enquanto homem, mas com o poder de Sua deidade velada em Sua carne.
3. Quanto ao terceiro se responde
que, Cristo, enquanto homem, não teve por usurpação o ser igual a Deus, isto é,
enquanto homem, não mostrou toda sua glória enquanto verdadeiro Deus, mas
submeteu-se a vontade de Deus Pai, e foi submisso em tudo, tal como o próprio
Apóstolo afirma (cf. Gl 4.4): nasceu de mulher e sob a lei, ou seja, viveu e
experienciou os aspectos todos da vida humana e o fez debaixo da lei; portanto,
enquanto homem não teve por usurpação o ser igual a Deus, mas enquanto Deus,
mostrou Sua glória mesmo como homem, pois operou as coisas humanas
sobre-humanamente, já que foi concebido sem Pecado e cumpriu cabalmente a lei,
o que somente Deus poderia fazer; logo, etc.
<Dúbia III>
Acerca da terceira, procede-se
assim: se ter nascido de uma virgem, demonstra que Cristo opera as coisas
humanas sobre-humanamente.
E parece que não.
I. [Argumentos].
1. A concepção de Cristo no
ventre da Virgem, pela Virtude do altíssimo demonstra que Cristo, ao ser
concebido, o foi por obra do Espírito Santo, e, por isso, nasceu como homem;
portanto, não operou seu nascimento de maneira sobre-humana; ora, se não operou
seu nascimento de maneira sobre-humana, tampouco opera as coisas humanas
sobre-humanamente.
2. Ademais, o operar é de acordo
com a natureza, isto é, de acordo com a existência; ora, a existência na carne
se dá na concepção; então, de acordo com o modo como é concebido, se dará o
modo de operar; logo, como foi concebido por obra do Espírito e nasceu da
Virgem, vai operar de acordo com o seu nascimento, isto é, como homem e de
acordo com sua natureza humana; portanto, não opera as coisas humanas
sobre-humanamente.
3. Ademais,
o operar as coisas humanas compete aos homens, tal como diz o salmista: “Os
céus são os céus do SENHOR; mas a terra, deu-a ele aos filhos dos homens” (Sl
115.16); logo, como o próprio Deus outorgou o operar as coisas humanas aos
homens, para que as operem humanamente, não convém que alguém as opere, mesmo
com o poder de Deus, de maneira sobre-humana; pois, isto tolheria a palavra de
Deus, que não erra e não mente; logo, Cristo, enquanto homem, não opera as
coisas humanas sobre-humanamente.
II. [Em Contrário].
1. Mas, em contrário, diz
o símbolo niceno: “foi feito carne pelo Espírito Santo da Virgem Maria e foi
feito homem”; logo, Cristo, foi feito carne pela obra do Espírito ao
fazer a Virgem Maria concebê-Lo como homem; ora, isto é operar as coisas
humanas sobre-humanamente, pois, o fazer conceber no ventre da Virgem é obra
divina e o ser concebido é obra humana; portanto, Cristo, em Sua concepção e
nascimento, demonstra operar as coisas humanas sobre-humanamente.
2. Além disso, o Apóstolo diz: “Aquele
que se manifestou em carne, etc.” (1Tm 3.16); logo, se se manifestou foi
por Sua vontade (cf. Jo 10.18); portanto, como Sua concepção e nascimento
demonstra o operar divino e humano, e o operar das coisas humanas
sobre-humanamente, então, o próprio Cristo, ao operar como homem, o faz
sobre-humanamente.
III. [Solução].
1. O fato de Cristo ter nascido
da Virgem por obra do Espírito Santo demonstra que opera as coisas humanas
tanto de maneira humana quanto de maneira divina; pois, ser concebido numa
Virgem, é obra divina; e, ser gestado, nascer e crescer, é obra humana, pois é
o que compete a natureza; logo, em Sua concepção e nascimento, Cristo opera as
coisas humanas sobre-humanamente, pois, nascer é algo humano, agora nascer sem
Pecado, é obra divina. Portanto, em Sua concepção, gestação, nascimento e vida,
Cristo opera as coisas humanas sobre-humanamente, pois, nestes aspectos se
compreende tanto o que compete a natureza humana quanto o que compete a
natureza divina.
2. Pois, o ser concebido de uma
Virgem, demonstra a obra divina; agora o estar concebido no ventre de uma
mulher, demonstra a obra humana; logo, ser filho de Maria, compete à obra
humana; e, ser Filho de Deus, compete à obra divina; portanto, o fato de Cristo
ter nascido da Virgem demonstra que Ele opera as coisas humanas de maneira
humana, bem como sobre-humanamente nas coisas que somente Deus pode realizar e
fazer, tais como: ser concebido numa Virgem, nascer sem Pecado, etc.
IV. [Respostas aos Argumentos].
1. Quanto ao primeiro se responde
que, Cristo ao ser concebido no ventre da Virgem, o foi por obra do Espírito
Santo, e, assim, foi humanamente substanciado; portanto, mesmo em Sua
humanidade, por ter sido eternamente gerado no seio do Pai, ao nascer, tendo
sido humanamente substanciado, o foi de forma super-substancial; ora, isto
concerne a obra divina; portanto, mesmo em Sua concepção e nascimento, operou
de maneira sobre-humana; ora, se operou Seu nascimento de maneira sobre-humana,
permanecendo homem, também opera as coisas humanas sobre-humanamente; pois, é
isto a que se refere o Apóstolo ao afirma: “Aquele que se manifestou em
carne, etc.” (1Tm 3.16).
2. Quanto ao segundo se responde
que, como Cristo foi concebido pelo Espírito Santo, seu operar será de modo a
ser guiado pelo Espírito Santo; mas, como fora concebido por uma mulher, seu
operar será de acordo com a natureza humana; logo, opera como homem e como
Deus, o que se entende a partir de Sua concepção e nascimento; pois, como o
operar é de acordo com a natureza, já que Cristo possui duas naturezas - uma
divina e a outra humana -, logo, em Seu operar, o fará tanto como homem quanto
como Deus; portanto, quando lhe convém opera as coisas humanas
sobre-humanamente.
3. Quanto ao terceiro se responde
que, conquanto o operar as coisas humanas compete aos homens, pois é esta a
ordenança divina, como Cristo foi humanamente substanciado, Ele opera como
homem as coisas humanas sobre-humanamente; portanto, como Cristo fora
humanamente substanciado, foi para operar as coisas humanas sobre-humanamente,
pois, como homem opera as coisas humanas e como Deus, as opera
sobre-humanamente; portanto, isto não tolhe a palavra de Deus, pois, Cristo
opera como homem, cumprindo a ordenança divina que Deus deu as coisas humanas
aos homens; logo, Cristo, enquanto homem, opera as coisas humanas de maneira
humana e sobre-humanamente.
<Dúbia IV>
Acerca da quarta, procede-se
assim: se Cristo, em seu operar para com os homens, opera ao mesmo tempo como
Deus e como homem.
E parece que não.
I. [Argumentos].
1. O operar se dá de acordo com a
natureza; ora, enquanto Deus, Cristo opera como Deus; enquanto homem, opera
como homem; e, como diz a fórmula teológica que em Cristo não se confundem as
duas naturezas, então, Ele opera o que concerne a cada natureza de acordo com a
mesma; logo, não opera as duas naturezas ao mesmo tempo; portanto, não opera ao
mesmo tempo como Deus e como homem.
2. Ademais, Cristo em Seu operar,
demonstra Sua filantropia para com os homens; ora, a filantropia verdadeira só
se demonstra por Ele ser verdadeiro homem; portanto, no que concerne a Sua
filantropia, Cristo opera como homem; ora, a filantropia humana não concerne a
natureza divina; portanto, Cristo não opera enquanto homem como Deus; logo, não
opera ao mesmo tempo como Deus e como homem.
II. [Em Contrário].
1. Mas, em contrário, diz
a Escritura: “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo
foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15); ora, o compadecer-se é
um operar para com os homens; e, Cristo se compadece não somente como Deus, mas
em ordem a que fora humanamente substanciado; mas, o permanecer sem pecado, é
um operar de Deus, pois, somente Deus não tem pecado; portanto, Cristo, opera
como homem e como Deus, ao se compadecer das fraquezas humanas, pois fizera
isso humanamente substanciado, porém sem pecado.
III. [Solução].
1. O operar de Cristo, de acordo
com suas duas naturezas, se dá de maneira integral, a saber: Cristo opera ao
mesmo tempo como homem e Deus; opera as coisas humanas como homem, mas as faz
sobre-humanamente; logo, em Seu operar para com os homens efetua o que concerne
a cada uma das duas naturezas, como se demonstra em seus muitos milagres, nos
quais, fica clarividente o operar humano, e o operar divino.
2. Pois, a operação de uma
natureza se dá de acordo com o efeito desta natureza no operar; ora, se Cristo
opera ao mesmo tempo como homem e como Deus, então, os efeitos de Sua operação
são concernentes ao ato operativo; logo, ao operar ao mesmo tempo como homem e
como Deus, opera o que concerne a cada natureza de maneira plena, cabal e
distinta, tal como se demonstra do milagre de andar por sobre as águas (cf. Mt
14.22-25): o andar concerne ao operar humano, mas, o andar sobre as águas
concerne ao operar divino, posto que o peso do corpo físico não submergiu na
água, demonstrando o domínio sobre as grandezas físicas e a soberania sobre os
elementos da natureza.
IV. [Respostas aos Argumentos].
1. Quanto ao primeiro se responde
que, Cristo, enquanto possuinte de duas naturezas, opera de acordo com cada uma
destas naturezas: como homem-Deus, e como Deus-homem; logo, opera como Deus e
como homem, sem confundir as naturezas e de acordo com o que concerne a cada
natureza; e isto, não tolhe a unidade destas naturezas e nem a sua distinção,
mas antes demonstra Sua glória como Verbo encarnado, pois, antes era Verbo
incriado. Pois, como Cristo fora feito carne pelo Espírito Santo, então, Ele
opera com o Poder do Espírito; mas como fora feito homem, Ele opera humanamente
substanciado. Portanto, opera o que concerne a cada natureza; logo, Cristo,
enquanto homem, opera ao mesmo tempo como Deus e como homem.
2. Quanto ao segundo se responde que, a filantropia de Cristo diz respeito a Seu amor e a misericórdia compassiva para com todos os homens, o que primeiro se demonstra em Seu amor divino; e depois, em Sua Encarnação e vida; ora, a filantropia de Cristo realmente se demonstra em sua humanidade; entretanto, a mesma se demonstra em Sua humanidade, porque sustentada por Sua divindade; logo, a filantropia de Cristo concerne ao Seu operar como homem, sustentado pelo poder divino; pois, a filantropia de Cristo diz respeito ao Seu imenso amor e diz respeito a demonstração apodítica deste amor, a saber, a Encarnação e a obra vicária, como diz o Apóstolo (cf. Rm 5.8); logo, em Seu operar, Cristo, enquanto homem demonstra Sua filantropia para com os homens; mas, como Seu operar também demonstra Sua natureza divina, então, Cristo, em Sua filantropia, opera como homem - pois é o que concerne a filantropia -, e opera como Deus - donde sustém e dá eficácia a Sua filantropia -, para sustentar e dar eficácia a Sua obra redentora.
[1] cf. Alberto Magno, Commentari In
Epistolas B. Dionysii Areopagitae, epist. IV, A, In: Op. Om., XIV,
884.
[2] A teologia apofática é que emerge
do conhecimento apofático que se pode ter de Deus; e, a respeito do
conhecimento apofático, o Pe. Dumitru Staniloae, afirma: “O conhecimento
apofático é capaz de fazer isso, pois, para ele, os atributos de Deus não são
meros objetos do pensamento, mas, em certa medida, experienciados diretamente.
Por exemplo: no conhecimento apofático, a infinitude, a omnipotência ou o amor
de Deus não se tratam apenas de uma noção intelectual, mas sim de uma questão
de experiência direta. Através do conhecimento apofático, o sujeito humano
experiencia, de um modo real, uma espécie de submersão na infinitude, na
omnipotência e no amor de Deus. Por meio do conhecimento apofático, o sujeito
humano não apenas conhece que Deus é infinito, omnipotente e amoroso, como
também experiencia-o”. Esta é a base sob a qual se desenvolve a teologia
apofática.
[3] cf. Alberto Magno, Op. Cit.,
epist. IV, F, In: Op. Om., XIV, 889.
[4] Karl Barth, Church Dogmatics I/2 [T. & T. Clark, 1956], §
15, pág. 122.
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