1. Em
momentos de luto e de dor aguda, volve-se a mente as sábias palavras do rei
Salomão, chamado em tempos passados de o Pregador, quando este afirmara: “porque
na sepultura, para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem
sabedoria alguma” (Ec 9.10); ora, diante da morte, não há ciência, nem
conhecimento, pois, para a sepultura, destino natural de todos os seres
humanos, não há sabedoria e nem entendimento que nos faça compreender
corretamente o mistério que envolve a morte.
2. Mas,
diante da morte, temos a palavra esperança; isto é, diante de uma realidade
inexplicável, temos algum consolo ao defrontarmo-nos com a morte,
principalmente com a morte de uma pessoa querida; pois, diante da morte, ao se
evocar a terrível carranca da morte, somos compelidos àquilo que dissera o
profeta Jeremias em suas lamentações: “Quero trazer à memória o que me pode
dar esperança” (Lm 3.21); ora, diante da tristeza pela morte de um ente
querido, duas coisas são evocadas: primeiro, a realidade da vida eterna, fonte
de esperança e de consolo; segundo, a memória da pessoa querida nas lentes
daqueles que lhe foram próximos.
3. Primeiro,
a realidade da vida eterna; ora, nossa vida é um sopro (cf. Tg 2.14), isto é,
passa rapidamente; por isso, diante da reflexão sobre a vida ou diante da
realidade da morte, somos impelidos a pensar sobre as coisas eternas; e, sobre
isso, temos a bendita esperança da fé; da fé em Jesus Cristo, que nos leva a
crer na vida após a morte, na vida diante de Deus, na vida eterna àqueles que
creem em Jesus Cristo como Senhor e Salvador e que por Ele são recebidos no céu
após a morte. Para aqueles que nEle creem, a morte é o início da vida, tal como
dissera o Apóstolo: “tendo o desejo de partir e estar com Cristo, porque
isto é ainda muito melhor” (Fp 1.23). As palavras de Dietrich Bonhoeffer,
pastor luterano, que ao caminhar para o local onde seria enforcado pelos
nazistas, volvem a lembrança sobre a esperança do cristão diante da morte: “a
morte é apenas o início da vida”. Esta deve ser a esperança em momentos de
luto diante da morte, mesmo em meio as maiores dores e tormentas.
4. Segundo, a
memória da pessoa querida nas lentes daqueles que lhe foram próximos; e, não
somente a fé nos lega esperança em momentos de luto pela morte de um ente
querido, mas também se evocar a memória da pessoa querida a partir dos
testemunhos daqueles que de alguma forma lhe foram próximos; pois, como dissera
Petrus Bertius, “para os justos a sinceridade de seus labores é suficiente
para provar a excelência de sua virtude”; e, que melhor virtude poderia ser
evocada a uma querida professora do que simplesmente ser lembrada por seus
feitos e dedicação esmerada no grandioso labor do magistério, principalmente
pelo fato de ter sido uma excelente professora.
5. Por isso,
diante da memória de uma querida professora, a tristeza e as lágrimas são
evidentes, tal como dissera Virgílio: “há soldado que as lágrimas estanque?”[1];
logo, diante desta situação, se é convocada à honra e à decência todos aqueles
que foram conduzidos em ensinamentos durante suas aulas e em seus conselhos;
mas, como afirmara Sêneca: “grande força convoca minha voz, e uma maior a
contém”[2];
e, assim diante desta tristeza, parece que uma dor maior refreia a voz e contém
os rios da inteligência de fluírem com as mais belas palavras, que devem
expressar gratidão e honra em memória da querida professora.
6. Deste
modo, as inquietações deste momento, parecem impregnar a alma e a inteligência
de uma perplexidade grandíssima, como afirma Sêneca: “as inquietações leves
falam; as gigantescas ficam estupefatas”[3];
no entanto, mesmo diante de tal perplexidade, a honra deve-nos mover, mesmo que
de maneira imperfeita, a pronunciar palavras e rememorar os bons momentos ao
lado da querida professora, em honra de sua saudosa memória; pois, certamente
os seres humanos só chegam a ser alguém na vida, com princípios e bons valores,
porque tiverem bons professores. E o que dizer de uma professora, que mesmo com
rigidez, ensinou bons princípios e costumes, àqueles que ao que pareciam não os
tinham? Certamente, faltam palavras para poder descrever a importância e o
legado de um bom professor naqueles que realmente buscam o caminho da virtude e
da decência, o que a querida professora fizera de maneira grandiloquente.
7. Assim
sendo, ficam minhas breves palavras, descritas nestes termos, para lembrar a
memória de uma querida professora, que com esmero e destreza, me ensinou não
somente como professora, mas também como amiga; pois, quando era apenas um adolescente,
com cerca de 14 anos, me aconselhara e me ajudara, quando por muitas vezes,
me pus a ajudá-la; e, isto, em relação as coisas humanas, é uma das maiores
bênçãos que as gerações mais velhas podem conceder as gerações mais novas,
quando estes se põem a aprender com aqueles que tem o que ensinar. Albert
Schweitzer chamava a gratidão de “o segredo da vida”, pois ensina o
caminho da vida feliz; portanto, ao evocarmos a memória da querida professora,
mesmo diante de um momento de luto e tristeza, podemos com isso também, em
razão da memória abençoada daquela que nos deixou, pensar o que concerne ao
caminho da vida correta e virtuosa pelo exemplo e legado que a mesma nos
deixara.
Por isso,
pessoalmente, só tenho a dizer: querida professora Fátima, MUITÍSSIMO OBRIGADO!
Nenhum comentário:
Postar um comentário