Prefácio.
Hermann F. Kohlbrügge, fora um
pastor-teólogo do séc. XIX, mais conhecido por sua função como pregador; Barth
afirma que Kohlbrügge é um dos maiores teólogos do séc. XIX; mas, infelizmente,
Kohlbrügge não é conhecido; os livros sobre a história da teologia no séc. XIX,
com a exceção do livro de Barth, não mencionam e não se importam com
Kohlbrügge; na verdade, Kohlbrügge é um completo desconhecido, inclusive da
teologia reformada; mas, Kohlbrügge é tão grande que pode ser equiparado a
Calvino; por isso, se faz necessário recuperar Kohlbrügge, pois, seus sermões e
escritos são uma fonte límpida que brota da própria Escritura; e, se a Igreja
Reformada manteve-se firme no séc. XIX em relação a doutrina das Escrituras,
que tanto era atacada pelo liberalismo teológico (principalmente por teólogos
hegelianos), se deve em grande parte pela obra e pela influência de Kohlbrügge.
Entretanto, se a partir do séc.
XX, Kohlbrügge ficara totalmente esquecido, em sua época não era assim; os
grandes mestres da ciência teológica de sua época, reconheceram em Kohlbrügge
um grande teólogo; por exemplo, Abraham Kuyper, que era crítico de Kohlbrügge
em vários aspectos, prestou uma homenagem póstuma a Kohlbrügge no De
Standaart, com as seguintes palavras: “Um teólogo de rara profundidade,
um pregador de poder incomum, um estudioso das Escrituras como poucos”; e,
esta tríplice descrição de Kuyper, demonstram quem fora Kohlbrügge como
pastor-teólogo; por isso, Kohlbrügge, em se tratando da teologia reformada, foi
equiparado a Calvino; um estudioso afirmara: “precisamos de Kohlbrügge ao
lado de Calvino. Mas para evitar a unilateralidade, precisamos de Calvino ao
lado de Kohlbrügge”. E em relação a pregação e a profundidade nas
Escrituras, realmente Kohlbrügge está em pé de igualdade com Calvino;
Kohlbrügge foi um pregador tão fervoroso e bíblico quanto Calvino.
Estas descrições são um breve
panorama da importância e do legado de Kohlbrügge como pregador; por isso,
Kohlbrügge cativou tanto a Karl Barth, que procurou segui-lo em vários
aspectos, e que também procurou responder aos excessos de sua teologia; mas, uma
coisa se pode afirmar com resoluta convicção, a saber: Kohlbrügge foi um grande
pregador, e sua teologia emana de sua tarefa como pregador e pastor; os
singulares aspectos da teologia de Kohlbrügge são reafirmados em seus labores
pastorais, a partir dos quais, tudo o mais se relaciona; em tudo que escreveu e
pensou, foi para conduzir o povo de Deus a uma compreensão mais profunda da
Palavra e a uma vida piedosa diante de Deus.
E os sermões de Kohlbrügge, são
testemunho deste fato; sermões bíblicos e fervorosos, sermões de um poder
espiritual tão grande, que permanecem sendo de inestimável valor mesmo mais de
um século após terem sido proferidos.
E, entre estes muitos sermões,
muitos dos quais, sem edição adequada, existem quatro sermões sequenciais sobre
a oração que Kohlbrügge pregou em outubro de 1871; são sermões preciosos,
porque versam de uma maneira surpreendente sobre a oração; e os ensinamentos
bíblicos-teológicos destes sermões são pérolas de inestimável valor; e, em
especial, se faz necessário uma breve análise destes sermões sobre a oração;
Kohlbrügge, evidentemente, pregou sobre a oração em outras ocasiões; mas estes
quatro sermões, porque produzidos em série sobre o assunto, constituem-se um
testemunho precioso e grandiloquente sobre a teologia da oração e sobre o que
os cristãos devem compreender sobre a oração; neste quesito, pode-se falar de
um Kohlbrügge como um pregador que pode falar tão bem sobre a oração, porque
era um homem de oração.
Deste modo, adentrar-se-á a
análise destes quatro sermões de Kohlbrügge sobre a oração, e compreender quão
preciosos ensinamentos sobre a oração este “pregador de poder incomum”
pode fornecer à Igreja que pastoreava, e com isso, legar um tesouro à toda
cristandade.
Dito isso, que se possa aprender
e compreender o que Kohlbrügge falara sobre a oração, e com isso, também
compreender sobre a importância da oração; neste quesito, e em tantos outros,
aprender com Kohlbrügge é de tão grande importância quanto aprender sobre Calvino.
Soli Deo Gloria!
In Nomine Iesus!
26 de julho de 2024.
I. O Legado de Kohlbrügge.
1. “Qualquer estudo de
princípios e procedimentos sobre a oração, de suas atividades e
empreendimentos, deve, primeiramente, ser orientado pela fé”[1];
ora, o estudo sobre a oração, feito da perspectiva bíblica ou da perspectiva da
compreensão de algum autor sobre a oração, deve ser feito em consonância com a
compreensão sobre a fé e com a compreensão sobre a realidade da oração, pois, a
fé viva e operante, é uma fé orante. Por isso, ao se adentrar na compreensão
sobre a oração, se tem de compreender este princípio, pois, onde não há a fé
verdadeira, não há oração e nem a compreensão sobre o que realmente é oração. A
fé é a base para a compreensão sobre a oração, assim para com os dogmas
sagrados.
2. E, nos quarteirões da história
da Igreja, muitos homens e mulheres falaram sobre a oração de maneira
grandiloquente; os padres da Igreja, os místicos, etc., falaram sobre a oração;
os reformadores, também falaram sobre a oração; os grandes nomes do período da
ortodoxia falaram sobre a oração; o pietismo recuperou o fulgor da oração
fervorosa; o moravianismo, da oração alegre e sincera diante de Deus, que se
manifesta na confiança inabalável em Deus mesmo diante dos mais terríveis
sofrimentos; logo, existem inúmeros testemunhos entre os cristãos fiéis a
respeito da oração; mas um em específico chama a atenção, porque provêm de um
grande pregador que ficou esquecido com o passar do tempo, mas que em se
tratando da teologia reformada, é de uma importância tão grande quanto Calvino.
3. Este pregador é Hermann F.
Kohlbrügge (1803-1875), pastor-teólogo do séc. XIX; Kohlbrügge, em tempos
atuais é um completo desconhecido; mas, sua vida e obra, deixaram uma marca
indelével na teologia do séc. XIX; Kohlbrügge é tão importante, que pode ser
equiparado a Calvino; com exceção de Schleiermacher, nenhum outro teólogo do
séc. XIX, tem esta honra; pois, Kohlbrügge, sem nenhum exagero, pode ser
comparado ou tido como um reformador[2];
na verdade, Kohlbrügge foi um exemplo de teologia bíblica sólida, desenvolvida
através do ministério pastoral e da proclamação do Evangelho durante décadas a
fio; e, este é o maior legado de Kohlbrügge para a cristandade, sua atividade
como pastor e pregador, em seus muitos sermões.
4. E, Kohlbrügge, em seus muitos
sermões estabeleceu proposições valiosas sobre a oração; mas, em especial chamam
a atenção quatro sermões, entre as centenas e mais centenas de sermões, que
foram sermões sequenciais sobre a oração, pregados em outubro de 1871; na
verdade, chamam a atenção não somente por terem sido sermões sequenciais, mas
por terem sido sermões pregados em 1871; e este ano se reveste de importância
vital na vida de Kohlbrügge; pois, Kohlbrügge era uma figura polêmica e várias
vezes entrou em conflito com as lideranças denominacionais da Holanda de sua
época, devido ao liberalismo teológico que estava tomando conta da Igreja
Reformada neste época; e isso, trouxe o desprezo por parte do estamento
eclesiástico com relação a Kohlbrügge.
5. Mas, em 1871, depois, de um
longo período de discussões e confusões, Kohlbrügge foi convidado por Abraham
Kuyper, que nesta época ainda era ministro da Igreja Reformada Holandesa, para
pregar numa Igreja em Amsterdã; evidentemente, para Kohlbrügge, ser convidado
por Kuyper, na época já um dos grandes teólogos reformados da Holanda, foi um
grande benefício, principalmente porque Kuyper era um jovem pastor e Kohlbrügge
era um veterano pastor e pregador; além do que, Kuyper enquanto foi pastor se
aconselhava com Kohlbrügge; Kuyper e os líderes da Igreja Reformada, esperavam
apenas algumas centenas de visitantes, devido a imagem de Kohlbrügge ter sido
manchada por invejas e maledicências; mas, além da Igreja local, mais de 3.000
pessoas foram a Zuiderkerk em Amsterdã para ouvi-lo pregar; o próprio
Kuyper ouvira Kohlbrügge pregar; e, é um fato curioso que a multidão foi ouvir
Kohlbrügge, apesar das mentiras que existiam em relação a seu nome,
demonstrando que não o foram ouvir porque era um pregador famoso (embora o
fosse), e nem porque era um propagador de novidades ou um jovem eloquente (pois
na época já era um idoso), mas porque era um homem cheio de Deus.
6. E, apenas quatro anos depois
Kohlbrügge viera a falecer, em 1875; e o próprio Kuyper, prestou-lhe uma
homenagem no De Standaart, afirmando: “Um teólogo de rara
profundidade, um pregador de poder incomum, um estudioso das Escrituras como
poucos”; e, o ano em que Kohlbrügge foi convidado por Kuyper para pregar,
foi o mesmo ano - um ano formidável para Kohlbrügge em se tratando de pregação
-, em que Kohlbrügge pregara os quatro sermões sequenciais sobre a oração, do
dia 01 ao dia 15 de outubro de 1871; em três domingos, Kohlbrügge pregara sobre
o tema da oração, e estes sermões, intitulados “Über das Gebet” (Sobre a
Oração), são pérolas de inestimável valor; portanto, se faz necessário analisar
as pressuposições de Kohlbrügge sobre a oração, de modo a se compreender os
ensinamentos preciosos e valiosos sobre este efusivo tema teológico, trabalhado
por tantos homens de Deus de maneira singular, entre os quais, a contribuição
de Kohlbrügge sobre o assunto permanece altaneira e sobre-excelente.
II. A Natureza da Oração.
7. Em primeiro lugar, se faz
necessário compreender o que Kohlbrügge falara sobre a natureza da oração; e a
teologia da oração de Kohlbrügge, pressupõe a regeneração; pois, é um dos
caracteres da teologia da oração de Kohlbrügge como um todo que a nova vida que
o Espírito Santo cria é expressa principalmente na oração[3];
assim, Kohlbrügge recupera a noção bíblica de que a oração é fruto da
regeneração, já que em sua época existiam aqueles que diziam-se “cristãos” e
“teólogos”, como David Strauss e outros teólogos hegelianos (veja bem,
“teólogos hegelianos”?), mas que não oravam; Kohlbrügge se colocou contra esta
tendência de maneira contundente, e, neste quesito, de maneira mais viva e
bíblica do que Ritschl (embora o resgate de Ritschl tenha tido um impacto maior
na alta-cultura teológica); e, lembre-se, que fora Ritschl que, no âmbito da
alta-cultura teológica, que trouxera de volta a noção de que a teologia é
teologia dos regenerados, isto é, é feita por aqueles que nasceram de novo pelo
Espírito (cf. Tt 2.4-5) e que vivem de acordo com as Escrituras.
8. Mas, voltemos a questão da
natureza da oração; e, sobre a natureza da oração, a partir da teologia de
Kohlbrügge, se evocam sete aspectos: (i) primeiro, a oração é evidência de um
coração grato pela salvação; (ii) segundo, um coração grato guarda a palavra do
Senhor; (iii) terceiro, a oração é a confissão do cristão da necessidade da
graça e da presença do Espírito Santo; (iv) quarto, a oração é a arma
espiritual do cristão; (v) quinto, a oração significa confiança em Deus; (vi)
sexto, a oração é uma questão do coração; (vii) sétimo, a oração que agrada a
Deus.
9. [i] Primeiro, a oração é
evidência de um coração grato pela salvação; só ora quem reconhece, com
profunda gratidão, a dádiva imerecida da salvação; a oração é um privilégio que
só os eleitos podem desfrutar; é bênção sem igual, que coloca o fiel diante do
trono de Deus; por isso, Kohlbrügge afirma: “A oração é na verdade uma
conversa com Deus em segredo, um falar com o Senhor, seja em palavras audíveis
ou em suspiros profundos do coração”[4].
A oração é falar com Deus, seja
de forma audível, com palavras e louvores, seja pelos suspiros mais profundos
do coração, isto é, quando as palavras audíveis não se encontram mais sentido
ou então o fiel se encontra sem forças para falá-las. Mas, fundamentalmente, a
oração é sempre um sinal de gratidão, pois, quem ora recorda-se das bênçãos do
Senhor; como afirma Kohlbrügge: “O fato de o recordarmos com carinho é um
sinal de gratidão”[5];
e, este também é o preceito sapencial: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e
não te esqueças de nenhum de teus benefícios” (Sl 103.2).
Logo, a oração é evidência de um
coração que rompe em efusiva e profunda alegria diante de Deus por ter recebido
tão grande salvação.
10. [ii] Segundo, um coração
grato guarda a Palavra do Senhor; ora, a gratidão é sinal de memória
consciente, isto é, de uma memória que busca guardar no coração o objeto amado;
por isso, aqueles que oram, também buscam guardar a Palavra do Senhor no coração,
e vice-versa; pois, a Palavra é instrumento para que o fiel evite pecar
gravemente contra o Senhor (cf. Sl 119.11).
Pois, a gratidão encontra mais
vigor e preciosidade, a medida que se guarda não somente o objeto amado na
lembrança, mas em função de se meditar e estudar o que concerne a este objeto
amado; por isso, Kohlbrügge aconselha: “Não se afaste da palavra, guarde o
Senhor na boa memória – essa é a parte mais nobre da gratidão”[6].
Ora, guardar a Palavra no coração, é a evidência da gratidão do fiel pela
salvação.
Portanto, aquele que guarda a
Palavra do Senhor no coração mostra uma gratidão verdadeira, pois, tal como
afirma Kohlbrügge, esta é a parte mais nobre da gratidão que se torna evidente
na oração e pela oração, amalgamada com o amor e o deleite pela Palavra de
Deus.
11. [iii] Terceiro, a oração é a
confissão do cristão da necessidade da graça e da presença do Espírito Santo; a
oração, é a forma do cristão confessar diante de Deus, de sua necessidade
constante da graça e da presença do Espírito; da graça, pois, é necessário para
que seja sustentado em sua vida e caminhada; do Espírito, pois, é Ele quem
ensina a verdade e que conduz o fiel aos pastos verdejantes do Bom Pastor; Kohlbrügge
assevera: “Mas Deus só quer dar a sua graça e o seu Espírito Santo àqueles
que continuamente lhe pedem com suspiros sinceros e lhe agradecem por isso”[7];
portanto, o próprio Deus quer outorgar mais de Sua graça e da presença do
Espírito àqueles que buscam, com sinceridade e perseverança, em rogos e
clamores, pelas dádivas infindas da graça.
Esta é a atitude constante
daquele que ora; é o hábito que permeia as orações daqueles que se achegam a
Deus em contrição e gratidão; assim, a oração é evidência de um coração
agradecido a Deus pela salvação, mas também é evidência de um coração sincero que
reconhece que precisa da graça e da presença do Espírito todos os dias; a
oração testemunha desta verdade grandiloqüente que permeia toda a vida cristã.
12. [iv] Quarto, a oração é a
arma espiritual do cristão; ora, tendo compreendido a natureza da oração no
fiel, se pode avançar para compreender outro aspecto desta natureza, a saber, a
oração como arma espiritual; pois, o cristão tem três inimigos ferrenhos: o
mundo, o sistema maligno dominado por Satanás (cf. 1Jo 5.19); a carne, que é
fraca e tende ao pecado e que luta diariamente contra o espírito (cf. Mt
26.41); e o Diabo, que segundo a Glosa tem por ofício a acusação, e que
luta contra os servos de Deus de dia e de noite (cf. Ap 12.10). E diante dos
inimigos do cristão - o mundo, a carne e o Diabo -, o cristão “não têm outra
arma contra estes, senão a oração”[8].
A oração é a arma espiritual do
cristão; é a arma espiritual que o permite lugar contra as hostes malignas que
buscam dominar este mundo; é a arma espiritual que outorga forças para os
cristãos para lutarem diariamente contra o pecado; é a arma espiritual que
permite ao cristão resistir as artimanhas do Diabo (cf. Ef 6.10), e resistir a
estas com perseverança ao ponto de o Diabo fugir (cf. Tg 4.7). A oração,
conjuntamente com a Palavra de Deus (cf. Ef 6.17s), são as únicas armas
espirituais que o cristão tem contra estes inimigos.
13. [v] Quinto, a oração
significa confiança em Deus; orar significa confiar em Deus, se fiar a Ele; e,
aquele que ora, o faz, com a plena confiança em quem Deus é; Kohlbrügge
assevera: “somente nós invocamos o único Deus verdadeiro, ou seja, o Deus
que fez o céu e a terra, que permanece fiel para sempre e nunca abandona as
obras das suas mãos, o único que conhece as nossas necessidades, o único que
pode ajudar e o único que quer ajudar, que inclina o seu ouvido aos nossos
gemidos mais profundos”[9];
por isso, aqueles que invocam a Deus, o fazem com a confiança de que Deus
verdadeiramente os ouve, e os ouvirá segundo Suas misericórdias; pois, aquele
que se chega a Deus deve ter fé de que Ele é galardoador dos que o buscam (cf.
Hb 11.6). Portanto, orar significa confiar em Deus; e só se confia em quem se
conhece de maneira adequada; por isso, quem ora, ora e confia nAquele a quem
ora. Logo, oração é confiança, expressa na atitude do fiel diante de Deus.
14. [vi] Sexto, a oração é uma
questão do coração; a oração não diz respeito a somente a razão, ou a somente a
emoção; mas a oração diz respeito ao coração; e o coração é chamado na
filosofia cosmonômica de centro supra-temporal do ser humano; assim, a oração
diz respeito ao aspecto mais profundo do ser humano, as suas entranhas mais
profundas; e o ser humano não tem sua raiz na razão ou na emoção; o ser humano
tem sua raiz no coração; portanto, a oração toca a raiz mais profunda do ser
humano; por isso, Kohlbrügge afirma: “Pois não é o que a razão e o
sentimento nos inspiram, mas sim o que Deus ligou aos nossos corações, isto é,
o que é uma questão do coração”[10];
logo, a oração é o que coloca as saídas da vida (cf. Pv 4.23) em contato
direito com Deus, para dEle receber as fontes da vida e da graça. Pois, a
oração traz um manancial sempre abundante e inesgotável para o coração a partir
da fonte eterna do Espírito Santo.
15. [vii] Sétimo, a oração que
agrada a Deus; sendo que a oração diz respeito ao coração, então, a oração que
agrada a Deus provêm de um coração sincero (cf. 1Cr 29.17); de um coração que
vive em integridade diante de Deus e que guarda Sua palavra; além disso, a
oração que agrada a Deus é do pecador que reconhece sua miséria diante de Deus,
e que a Ele confessa sua necessidade da graça, pois, tal como o salmista
afirmou, Deus não rejeita um coração contrito e quebrantado (cf. Sl 51.17);
sobre isso, Kohlbrügge assevera: “Veja, isso também faz parte de uma oração
que agrada a Deus e é ouvida por ele: que reconheçamos plenamente a nossa
necessidade e a nossa miséria”[11];
logo, a oração que agrada a Deus, é a oração daquele que reconhece sua
necessidade e sua própria miséria diante de Deus; aliás, este o tipo de oração
que traz deleite para Deus, pois, a estes Deus justifica (cf. Lc 18.13-14).
16. Deste modo, se compreende a
partir destes aspectos dos dois primeiros sermões de Kohlbrügge sobre a oração,
alguns princípios sobre a natureza da oração; evidentemente, Kohlbrügge os
evocou de maneira pastoral, em sermões, tendo em vista a aplicabilidade para a
vida cristã; mas, conquanto sejam sermões simples, apresentam insights efusivos
e preciosos sobre alguns dos mais portentosos aspectos sobre a natureza da
oração.
Neste quesito, Kohlbrügge pode
ser colocado lado a lado com Calvino: pela limpidez de argumento, pela
vivacidade bíblica, pelo fervor espiritual e pela aguçada compreensão pastoral
sobre uma das maiores necessidades da vida cristã, a saber, a correta
compreensão sobre a oração.
III. A Oração e as Necessidades Físicas.
17. Em segundo lugar, se faz
necessário compreender o que Kohlbrügge falara sobre a oração e sua relação com
as necessidades físicas e espirituais; pois, se um dos caracteres fundamentais
da natureza da oração é aquele que crê se humilhar diante da majestade de Deus
(cf. Tg 4.10); e, neste humilhar, pedir e rogar a Deus em relação as
necessidades físicas e espirituais; a teologia da oração de Kohlbrügge também
ensina que no orar, a oração em si mesma, deve ser para pedir a Deus, com um
coração agradecido, que Ele supra as necessidades físicas e espirituais. E,
neste aspecto, se fazem-se duas distinções: a primeiro, a oração com relação as
necessidades físicas; a segunda, a oração com relação as necessidades
espirituais.
18. Em relação a primeira, a da
oração com relação as necessidades físicas, se faz cinco considerações: (i)
primeiro, o Senhor Jesus ensina-nos a pedir a Ele; (ii) segundo, a oração
também é para invocar a Deus para que Ele auxilie e supra o que nos falta em
relação as necessidades físicas; (iii) terceiro, a oração de petição a Deus
deve ser permeada por uma fé sóbria; (iv) quarto, a oração e as provações em
relação as necessidades físicas; (v) quinto, a oração de petição pelas
necessidades físicas é o reconhecimento de Deus e de Sua presença mesmo em
relação as coisas mais simples do cotidiano.
19. [i] Primeiro, o Senhor Jesus
ensina-nos a pedir a Ele para que supra as necessidades; a oração também é
petição; orar também é pedir a Deus para que Ele supra as nossas necessidades;
o próprio Senhor Jesus ensina isto na Oração Dominical; por isso, Kohlbrügge
afirma: “No que diz respeito às necessidades físicas, o Senhor Jesus Cristo
ensina-nos a pedir: 'o pão nosso de cada dia dá-nos hoje', e nisto resume tudo
o que nós, humanos, necessitamos para o nosso sustento físico”[12];
logo, orar também é pedir a Deus que Ele nos dê o “pão nosso de cada dia”;
assim, aquele que ora, o faz confiando em Deus na petição para suprir as
necessidades físicas; a confiança em Deus que se manifesta através da oração,
também é a confiança de que Ele suprirá todas as nossas necessidades.
20. [ii] Segundo, a oração também
é para invocar a Deus para que Ele auxilie e supra o que nos falta; orar é se
fiar a Deus confiando em Seu auxílio, confiando em Sua proteção; aquele que
ora, desfruta da presença de Deus e de Seu auxílio poderoso; pois, a oração faz
a alma se aquietar na confiança de que o Deus Todo-Poderoso auxilia os que a
Ele se achegam em contrição e fé; Kohlbrügge assevera: “Quando ele escreve
sobre ‘oração’, ele quer dizer que invocamos a Deus por tudo o que nos falta,
pelo que precisamos e onde queremos ajuda”[13];
logo, em três aspectos deve se concentrar o entendimento sobre a oração:
primeiro, pedir a Ele tudo o que nos falta; segundo, pedir a Ele o que
precisamos; terceiro, confessar a Ele onde queremos auxílio e ajuda. Portanto,
a oração é invocar a Deus por salvação e livramento, confiantes de que Ele virá
em auxílio ao fiel que a Ele clama.
21. [iii] Terceiro, a oração de
petição a Deus deve ser permeada por uma fé sóbria; além de se compreender que
a oração deve ser também para pedir a Deus, se deve entender que esta petição
deve ser feita com uma fé sóbria; isto é, uma fé que baseia-se na Palavra para
rogar a Deus; por isso, Kohlbrügge afirma: “Para compreender e acreditar que
é verdade que podemos pedir a Deus todas as necessidades físicas de acordo com
o seu comando, o que precisamos é de uma fé sóbria”[14];
pois, muitos pedem sem sobriedade; para se utilizar do linguajar do Senhor
Jesus, muitos pedem uma pedra pensando que é um pão (cf. Mt 7.9-11), etc.;
portanto, a petição a Deus deve ser feita com uma fé sóbria, uma fé operante a
partir da Palavra de Deus; e, ao se pedir com uma fé sóbria, Deus concede o
pedido daquele que ora com fé e sinceridade ao rogar pelas necessidades físicas
de acordo com o comando de Deus, tal como o Senhor Jesus dissera: “Se vós
estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis o que
quiserdes, e vos será feito” (Jo 15.7).
22. [ív] Quarto, a oração e as
provações em relação as necessidades físicas; ora, a oração em relação as
necessidades físicas, as mais das vezes, defronta-se diretamente com as
provações; pois, são as provações que fazem com que o fiel vá orar a Deus
pedindo ajuda e auxílio; pois, as provações, além de fazer com que o fiel vá
orar, estas apontam para as necessidades espirituais; e na oração se compreende
isso de maneira límpida; Kohlbrügge afirma: “Eu disse que as necessidades
físicas são muitas vezes um guia para reconhecer as necessidades espirituais,
ou seja, é precisamente por isso que Deus lança sobre nós o cuidado, a
necessidade, a dor, a doença e a pobreza, para que sejamos levados à oração,
para que enquanto lhe pedimos o que necessitamos, não recebamos dele apenas
algo que sirva para o corpo, mas ainda por cima e muito mais o que é necessário
para a alma”[15];
ora, Deus permite que seus servos passem por cuidados, necessidades, dores,
doenças, pobrezas, etc., para que o fiel seja levado a oração, para que busquem-no
não somente em relação as necessidades físicas e diante das provações, mas para
que encontrem o verdadeiro conforto e consolo para a alma.
23. [v] Quinto, a oração de
petição pelas necessidades físicas é o reconhecimento de Deus e de Sua presença
mesmo em relação as coisas mais simples do cotidiano; ora, orar a Deus
rogando-lhe auxilio e ajuda, mesmo em relação as necessidades físicas, além de
ser evidência de uma fé sóbria, também demonstra o reconhecimento de Deus e de
Sua presença mesmo nas coisas mais simples do cotidiano; e a Escritura ensina:
“Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”
(Pv 3.6); por isso, Kohlbrügge afirmara: “Tudo que começa sem Deus segue em
frente sem a bênção de Deus e o fim disso é a maldição”[16];
ora, orar a Deus em relação as necessidades físicas, significa reconhecê-lo e
honrá-lo mesmo nas coisas mais simples do cotidiano, pois, tudo o que começa
com Deus segue em firmeza e com a bênção de Deus; mas, como diz Kohlbrügge: “o
que não começa com Deus termina com a morte”[17];
portanto, a oração de petição ensina à alma do fiel a reconhecer a bondade de
Deus e Sua providência, a fonte de todas as bênçãos e de tudo o que acontece de
bom; pois, o que não começa com Deus termina sem a bênção de Deus.
24. Assim sendo, a oração de petição faz parte da compreensão sobre a natureza da oração; o que, tanto ensina ao fiel sobre como deve viver diante de Deus, quanto ensina ao fiel a reconhecer Deus em todos os afazeres do dia a dia, e em todas as bênçãos que Deus lhe outorga; a oração, principalmente a oração de petição em relação as necessidades físicas, educa a alma do fiel a reconhecer Deus em tudo aquilo que recebe, mesmo as dádivas tidas como mais simples; pois, ter o pão de cada dia, é sinal da bênção de Deus.
IV. A Oração e as Necessidades Espirituais.
25. Em relação a segunda
distinção, a da oração com relação as necessidades espirituais, se constata que
muitas vezes, Deus permite seus servos passarem por lutas e provações com
relação as coisas físicas, para que possam se aperceber das necessidades espirituais;
por isso, ao se analisar o verdadeiro propósito da oração com relação as
necessidades físicas, se constata que sempre é em relação as necessidades
espirituais.
26. E, sobre isso, quatro
ponderações são feitas: (i) primeiro, a oração pelas necessidades espirituais,
de início, defronta-se com a possibilidade de o Senhor não responder da maneira
como desejaríamos; (ii) segundo, o fundamento da oração pelas necessidades
espirituais; (iii) terceiro, a nossa necessidade espiritual é que tenhamos
diante de nós o próprio Deus; (iv) quarto, a oração em relação as necessidades
espirituais é a oração que busca misericórdia e graça.
27. [i] Primeiro, a oração pelas
necessidades espirituais, de início, defronta-se com a possibilidade de o
Senhor não responder da maneira como desejaríamos; ora, aquele que ora, e faz
petições a Deus, em sinceridade e verdade, pode ter suas orações não
respondidas; pois, muitas vezes o fiel roga a Deus, e Deus no momento ou não
responde, ou então, lhe responde de outro modo; por isso, Kohlbrügge afirma: “Mesmo
que Deus não responda à oração do homem sincero como ele esperava, ele ainda
assim o deixará satisfeito com todos os seus caminhos”[18];
portanto, mesmo que Deus não responda as orações do modo como o fiel gostaria,
aquele que ora, coloca toda sua confiança em Deus, tendo a plena certeza que os
caminhos de Deus sempre são melhores, por mais difíceis que pareçam.
A oração que busca em Deus
fundamentalmente pelas necessidades espirituais, de graça, de poder de Deus, de
livramento, etc., defronta-se com a possibilidade de o Senhor não responder da
maneira como se deseja; logo, quando isso ocorre, é que se demonstra a
verdadeira fé, que descansa na soberania de Deus, mesmo quando Ele não responde
ou não parece ouvir as orações de seus servos. Pois, aquele que roga pelas
necessidades físicas, clama ainda mais pelas necessidades espirituais, já que o
bondoso Deus sempre concede sua graça de maneira abundante para aqueles que o
buscam com perseverança e afinco.
28. [ii] Segundo, o fundamento da
oração pelas necessidades espirituais; a oração pelas necessidades espirituais
tem um fundamento bem estabelecido; pois, se em relação as necessidades físicas
se tem o conselho bíblico para clamar e pedir a Deus, em relação as
necessidades espirituais se tem a assertiva do próprio Deus: “Inclinai os
ouvidos e vinde a mim; ouvi e a vossa alma viverá; porque convosco farei um
concerto perpétuo, dando-vos as firmes beneficências de Davi” (Is 55.3);
portanto, o fundamento da oração pelas necessidades espirituais se estabelece a
partir da graça de Deus; pois, como pecadores, necessitamos sempre da graça;
pois, pela graça é que somos salvos (cf. Ef 2.8-9). Por isso, Kohlbrügge
afirma: “a nossa necessidade espiritual consiste sobretudo no facto de
termos, recebido e posteriormente recebermos o perdão dos pecados”[19];
logo, o fundamento da oração pelas necessidades espirituais, é a graça
salvadora, o perdão dos pecados.
E, neste aspecto se deve limitar a razão do fundamento de nossas necessidades espirituais, como o próprio Kohlbrügge assevera: “Na verdade, não entendemos bem o que são as necessidades espirituais. Portanto, limitemo-nos a uma coisa; eu digo: perdão dos pecados”[20]; este é o tópico central da oração pelas necessidades espirituais, a confissão diante de Deus e o perdão dos pecados recebido através da fé em Cristo; pois, como diz Kohlbrügge, “onde há perdão dos pecados, há vida, há bem-aventurança, há verdadeira paz interior, há consolação”[21]; e justamente estes são os frutos benditos da oração pelas necessidades espirituais, que Deus outorga aos seus servos, quando estes buscam nEle o perdão dos pecados, a saber: vida, bem-aventurança, verdadeira paz interior, consolação, conforto, ânimo, renovação, poder espiritual, e todas as bênçãos espirituais (cf. Ef 1.3).
29. [iii] Terceiro, a nossa necessidade espiritual é que tenhamos diante de nós o próprio Deus; e, o fundamento da oração pelas necessidades espirituais é o perdão dos pecados, pois, os pecados fazem separação entre o fiel e Deus (cf. Is 59.2). Assim, a verdadeira necessidade espiritual do fiel, é o próprio Deus; donde, Kohlbrügge afirmar: “Ó querida alma, você deve ter o maná do céu, você deve ter água da rocha, você deve ter vestes, a veste nupcial, as vestes da salvação e a veste da justiça, para que você não seja encontrado nu; você deve ter uma morada, um abrigo na Jerusalém de cima!”[22]; pois, quem encontrou Deus, encontrou o manancial da vida, pois, encontrou as vestes da salvação; logo, a maior necessidade do fiel é ter diante de si o próprio Deus, estar em comunhão com Ele, para que a alma usufrua a delícia das bênçãos espirituais.
Por isso, sempre, como diz
Kohlbrügge, “a nossa necessidade espiritual é que tenhamos Deus, o Deus
vivo, diante dos nossos olhos”[23];
contemplar a Deus, a partir da comunhão com Ele, eis a maior necessidade do
fiel, sua maior alegria, sua maior dádiva; e esta é a maior necessidade que o
cristão tem, e, as mais das vezes, as necessidades físicas se o acometem,
conjuntamente com as provações, para lhe lembrar desta verdade inaudita que
muitas vezes o fiel esquece; mas, que o fiel, tenha sempre Deus diante de si e
esteja sempre diante de Deus, nunca se esquecendo desta necessidade primordial,
pois, este é o conselho do salmista: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e
não te esqueças de nenhum de seus benefícios” (Sl 103.2).
30. [iv] Quarto, a oração em
relação as necessidades espirituais é a oração que busca misericórdia e graça;
com isso, se chega a compreensão sobre um aspecto fundamental da oração em
relação as necessidades espirituais; pois, como a maior necessidade do fiel é
ter Deus diante de si, já que o fiel busca em Deus misericórdia, tal como
Kohlbrügge exorta: “Somos chamados e concitados a ir a Deus em busca de
misericórdia”[24];
e é um chamado diário, pois, as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã
(cf. Lm 3.22-23); e o fiel é chamado a buscá-las de maneira renovada todos os
dias, através da oração, donde recebe estas misericórdias, e através da
Palavra, onde conhece quais são estas misericórdias.
Além disso, a oração em relação
as necessidades espirituais é a oração que busca graça; pois, a graça opera de
várias maneiras e de diversos modos no fiel (cf. 1Pe 4.10); donde, a graça é
necessária para que o fiel seja cheio de toda plenitude de Deus, tal como
Kohlbrügge assevera: “mas a graça existe para que você seja preenchido com
toda a plenitude de Deus”[25];
logo, buscar a Deus por sua graça, por mais graça, pois graça é uma fonte
inesgotável, é uma maneira que o fiel tem de clamar a Deus para ser cheio de
Seu Espírito, da plenitude de todo o Seu poder, tal como o Apóstolo aconselha:
“E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do
Espírito” (Ef 5.18).
Com isso, o fiel que compreende
sua real necessidade de sempre estar diante de Deus e ter Deus diante de si,
sempre busca a graça para crescer e fortificar a fé. Pois, a graça, “é a
raiz de todos os nossos bens”[26];
então, ao buscar em Deus mais de sua graça, se busca fortificar e fortalecer no
coração e na mente esta graça, a raiz e a fonte de todos os nossos bens
espirituais.
***
31. Deste modo, foram delineados
os principais conselhos de Kohlbrügge a respeito da oração, a partir de seus
quatro sermões sequenciais pregados sobre a oração em outubro de 1871; e, com
isso, se foram evocadas estas simples análises, que tanto contribuem um pouco
mais sobre o tema sempre efusivo da teologia da oração, quanto apresentam pela
primeira vez aspectos sobre a teologia de Kohlbrügge na língua de Camões; na
verdade, Kohlbrügge é um grande teólogo que ficara esquecido, e seu legado em centenas
e mais centenas de sermões, e em seus escritos, constituem uma maiores
preciosidades da teologia reformada, pois, Kohlbrügge, como bem dissera Barth,
pode ser equiparado a Calvino; na verdade, Kohlbrügge, como dissera Kuyper, é “um
teólogo de rara profundidade, um pregador de poder incomum, um estudioso das
Escrituras como poucos”.
32. Termina aqui esta explicação sobre alguns insights de Kohlbrügge sobre a teologia da oração. Bendito seja Deus por todas as coisas. Amém.
[1] Edward M. Bounds, A Necessidade da Oração [São Paulo: Editora
Vida, 2016], pág. 9.
[2] cf. Karl Barth, Die Protestantische
Theologie im 19. Jahrhundert: Ihre Geschichte und ihre Vorgeschichte [Zollikon-Zürich:
Evangelischer Verlag, 1947], pág. 587.
[3] cf. P. Lic. Th. Stiasny, Die
Theologie Kohlbrügges [1935], pág. 97.
[4] Hermann F. Kohlbrügge, Über das Gebet – Erste Predigt [01/10/1871].
[5] Ibidem.
[6] Ibidem.
[7] Ibidem.
[8] Hermann F. Kohlbrügge, Über das Gebet – Zweite Predigt [08/10/1871].
[9] Ibidem.
[10] Ibidem.
[11] Ibidem.
[12] Hermann F. Kohlbrügge, Über das Gebet – Dritte Predigt
[15/10/1871].
[13] Ibidem.
[14] Ibidem.
[15] Ibidem.
[16] Ibidem.
[17] Ibidem.
[18] Hermann F. Kohlbrügge, Über das Gebet – Vierte Predigt
[15/10/1871].
[19] Ibidem.
[20] Ibidem.
[21] Ibidem.
[22] Ibidem.
[23] Ibidem.
[24] Ibidem.
[25] Ibidem.
[26] Tomás de Aquino, Comentário a Tessalonicenses
[Porto Alegre, RS: Concreta, 2015], 2ª Epis., cap. I, lect. 2, n. 26, pág. 129.
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